China bate recorde com crescimento menos acentuado

O mercado chinês de veículos bateu seu recorde de vendas em 2015, ao alcançar 24,6 milhões de unidades comercializadas, volume 4,7% superior ao do ano anterior, de acordo com informações do Flash de Motor, parceiro da Agência AutoData na Venezuela, citando como fonte a CAAM, associação das fabricantes locais.

Mas o ritmo de crescimento foi menos acentuado do que nos anos anteriores: em 2013 a alta sobre o ano anterior alcançou 13,9% e, em 2014, subiu mais 6,9%. Em 2009 o mercado chinês chegou a crescer 40%.

Segundo o Flash de Motor, a desaceleração desse crescimento foi provocada pela própria economia chinesa, que diminuiu o ritmo no primeiro semestre do ano passado – o período de abril a agosto foi o que as vendas do setor menos cresceram. Uma política de apoio ao setor, com redução de impostos para veículos menos poluentes, fez com que o mercado se recuperasse um pouco a partir de setembro.

De 1º de outubro a 31 de dezembro os impostos para compras de modelos menos poluentes, sobretudo híbridos e elétricos, caíram pela metade, de 10% para 5% do preço total do veículo. A política deu frutos, uma vez que as vendas de híbridos e elétricos triplicaram em 2015, alcançando 331,1 mil unidades.

Para 2016 a CAAM espera que os chineses adquiram 700 mil veículos com motorização híbrida ou elétrica, mais do que o dobro do ano passado. A previsão para o mercado geral é de aumento de 6% nas vendas, em ritmo superior ao praticado em 2015.

Marcas – A General Motors liderou o mercado chinês, ao comercializar 3,6 milhões de veículos, alta de 5,2%. A Volkswagen perdeu a liderança com a queda de 3,5% nos licenciamentos, para 3 milhões 550 mil unidades. Depois veio a Ford, com 1,1 milhão de unidades comercializadas, alta de 3%.

Venda de etanol quebra recorde em 2015

As vendas de etanol hidratado bateram recorde histórico no ano passado, para 11 bilhões de litros, alta de 39,2% ante 2014. O número é do Sindicom, Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes.

De acordo com a associação, em comunicado, o resultado se justifica perante o fato de que “na maior parte do ano os preços do etanol hidratado tiveram paridade favorável em relação à gasolina nos principais estados produtores – São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Desta forma o produto tornou-se opção preferida dos consumidores na hora de abastecer os seus veículos”.

A escolha, naturalmente, guarda relação direta com a tecnologia de motores flex fuel, presente em praticamente toda a frota nova de veículos no País – segundo dados da Anfavea em 2015 eles representaram 88,4% dos licenciamentos de automóveis e comerciais leves, índice pouco acima de 2014, 88,2%. Somados apenas estes dois anos, estes representam, em volume, mais de 5 milhões de veículos.

Já as vendas de gasolina sofreram retração de 8,6% no comparativo com 2014. O Sindicom também calculou a soma da comercialização total de gasolina e etanol hidratado considerando a equivalência energética dos produtos, e o resultado foi de redução de 1,7% ante 2014.

No óleo diesel nova baixa, esta de 5%, justificada pelo Sindicom como reflexo de menores produção industrial e atividade no setor de serviços.

O volume total de vendas de todos os combustíveis no Brasil em 2015 chegou a pouco mais de 101 bilhões de litros, redução de 3% na comparação com o ano anterior. As associadas do Sindicom representam cerca de 80% do volume de distribuição de combustíveis e lubrificantes no País.

Projeto de lei quer padronizar pneus dos carros

Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados quer padronizar os pneus dos modelos comercializados no mercado brasileiro. De autoria do parlamentar gaúcho Pompeo de Mattos, o PL 82/15 exige que os pneus dianteiros, traseiros e o estepe tenham dimensões idênticas.

Em entrevista à Agência Câmara, o deputado afirmou que a indústria tem adotado a prática de oferecer o estepe com dimensões diferentes das demais rodas e pneus. “Esse procedimento suscita dúvidas relativas à segurança do veículo que, em caso de emergência, trafegará com um pneu diferente dos demais. Certamente causará prejuízo ao consumidor que necessitar substituir uma roda ou pneu avariado pelo estepe”.

Caso descumpra a medida, a montadora deverá pagar ao consumidor uma multa de 10% no valor do veículo e substituir o equipamento por um de dimensões idênticas às demais rodas e pneus, sem custo ao consumidor.

Para Júnio Scarpa, diretor do comércio virtual KD Pneus, a medida traz mais segurança ao consumidor. Carlos Molina, gerente da loja, relatou reclamações de clientes, que são obrigados a rodar com o estepe diferente dos demais pneus por muitos dias.

“Eles rodam assim porque estão aguardando a chegada de pneus comprados conosco, uma vez que não conseguem encontrar algumas medidas especificas de SUVs e carros de alto padrão em regiões como a Norte e Nordeste do País”.

Na legislatura passada a Câmara chegou a analisar um projeto de teor idêntico, mas que foi arquivado. Este agora tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Defesa do Consumidor, de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, de Viação e Transporte e de Constituição, Justiça e Cidadania.

Ituran cresce unificando rastreamento a seguro

Certamente o ano passado não deixará saudades para o setor automotivo em geral. Para uma parte da cadeia de negócios, no entanto, especialmente a de seguros e rastreamento, pode-se afirmar sem exageros que 2015 foi um período excelente. A Ituran Brasil, empresa especializada em monitoramento de veículos, por exemplo, registrou avanço de 30% nos negócios ante 2014, com receita por volta de R$ 250 milhões/ano.

“E estimamos pelo menos o mesmo índice de crescimento nesse ano”, aposta Roberto Posternak, gerente comercial da companhia. “A percepção da crise faz com que o consumidor fique mais cauteloso com seu patrimônio. Em épocas assim também se verifica crescimento de roubos e furtos de veículos e o seguro e o rastreamento se tornam ferramentas de proteção.”

Muito do otimismo é resultado de um produto especialmente criado para atrair consumidor não atendido pela cobertura de um seguro convencional. Uma parceria com as seguradoras Mapfre e Cardif foi criado o Ituran Com Seguro, plano de cobertura para perda total proveniente apenas de roubo ou furto. Se o veículo não for recuperado pela Ituran, a indenização será de 100% do valor da tabela Fipe. No caso da recuperação e o bem se encontrar com mais de 75% de danos, também o valor da cobertura será integral. A apólice ainda oferece ao assegurado cinco chamadas anuais de emergência, como socorro mecânico, guincho ou transporte alternativo.

 “É espantoso, mas em torno de 70% da frota nacional de veículos não possui nenhum tipo de seguro. Os filtros das seguradoras, como perfil do cliente, idade do carro, região de trabalho e moradia usualmente tornam o valor do seguro inviável para muitos bolsos.”

É justamente neste universo carente de seguros que a Ituran avança. Para a modalidade criada não há exigência de análise de perfil, necessidade de vistoria prévia tampouco verificação nos órgãos de proteção ao crédito, além do aceite de veículos com até 20 anos de uso.

O cliente paga valores de R$ 70 a R$ 330 mensais, a depender do modelo do veículo. O plano ainda oferece coberturas adicionais para terceiros e/ou perda total por colisão, com acréscimo de R$ 40.

Abraciclo revisa para cima projeções para 2016

Mesmo com resultados abaixo da expectativa no ano passado, a Abraciclo fez uma pequena correção nas suas projeções para 2016, para cima. Segundo comunicado divulgado pela associação na quinta-feira, 14, a produção de motocicletas deverá crescer 2,5% este ano, para 1 milhão 295 mil unidades – ou 15 mil unidades a mais do que o número divulgado há pouco mais de um mês, em sua entrevista coletiva à imprensa de final de ano.

O curioso é que o volume produzido na Zona Franca de Manaus no ano passado ficou cerca 7 mil unidades abaixo do esperado pela associação: em vez de 1 milhão 270 mil unidades, saíram das linhas de montagem 1 milhão 263 mil motocicletas. Então a projeção de leve alta de 0,8% foi alterada para elevação de 2,5%.

Por outro lado, o varejo apresentou expectativas superiores às da associação que representa o setor de duas rodas brasileiro. A Abraciclo projetava 1 milhão 255 mil licenciamentos para o ano, mas 2015 fechou com 1 milhão 273 mil motocicletas emplacadas – ritmo ajudado pela nova lei que exige o licenciamento dos ciclomotores desde julho, antes não obrigatório.

No ano passado foram licenciados 64,7 mil ciclomotores, ante 17 mil unidades em 2014. Segundo a Abraciclo, muitos deles chegam a ter dois ou três anos de uso, mas foram emplacados por causa da Lei 13 145.

Para este ano o varejo deverá fechar com 1 milhão 280 mil motocicletas comercializadas, 20 mil unidades a mais do que a projeção de dezembro – mas com diferença de 0,1 ponto porcentual de crescimento, passando de 0,4% para 0,5%.

A projeção para as vendas no atacado permaneceu inalterada: 1 milhão 220 mil unidades. Só que como o resultado ficou abaixo das expectativas da associação – 1 milhão 190 mil unidades faturadas, ante 1 milhão 210 unidades projetadas – o porcentual de crescimento subiu de 0,8% para 2,5%.

Os números foram mantidos também para as exportações, que deverão alcançar 75 mil unidades este ano, um crescimento de 8,5% sobre os 69,1 mil embarques do ano passado, que ficou abaixo da expectativa de 73 mil divulgada pela Abraciclo no fim de 2015.

Ranking – A Honda liderou mais uma vez, com folga, as vendas de motocicletas no ano passado, com 984,7 mil unidades, ou 82,8% do mercado nacional. A Yamaha foi a segunda marca mais vendida, com 130,3 mil unidades e 11% de participação. Com 1,5% das vendas, a Suzuki encerrou o ano na terceira posição, com 18,4 mil unidades comercializadas.

Os três modelos mais vendidos são Honda: 192,3 mil NXR 160 Bros, 140,8 mil Biz 125 e 95,3 mil CG 150 Fan – a Abraciclo diferencia os diversos modelos de CG 150, Cargo, Fan, Start e Titan, que, juntos, comercializaram 292,7 mil unidades e lideraram as vendas, de acordo com a Fenabrave.

Honda transferirá CR-V do México para os Estados Unidos

A Honda North America anunciou nesta semana que transferirá a produção do utilitário CR-V do México para os Estados Unidos a partir do início de 2017. O SUV grande passará da linha de montagem de Guadalajara para a de Greensburg, no Estado de Indiana. O objetivo é abrir mais espaço para a produção do HR-V, que tomará o espaço deixado pelo CR-V no México – a planta estadunidense produz também o Civic.

Esta iniciativa deve afetar a oferta do CR-V no Brasil, uma vez que o modelo é atualmente importado do México sem imposto de importação, pelo acordo automotivo dos dois países. Como, porém, o País não tem o mesmo acordo com os Estados Unidos, o modelo passaria a recolher os 35% do imposto de importação.

De acordo com dados da Fenabrave o CR-V respondeu por duas mil unidades comercializadas no Brasil no ano passado, bem menos que as sete mil de 2014 – vítima da própria concorrência interna com o irmão menor HR-V.

A mudança na América do Norte pode ainda representar um reforço nos volumes do HR-V no Brasil, já que a Honda poderia trazê-lo sem imposto de importação ao País e a inauguração de sua segunda fábrica no País, em Itirapina, no Interior paulista, foi postergada indefinidamente. A fabricante já usa um pequeno reforço produtivo para o modelo vindo da Argentina.

Com a alteração a Honda terá duas fábricas no México produzindo o HR-V: além de Guadalajara, o modelo já deixa a linha de montagem da unidade de Celaya.

A atitude da montadora de origem nipônica representa na verdade um retorno da atividade produtiva do CR-V para os Estados Unidos. Até 2007 ele era produzido ali e o sedã Accord no México, mas houve uma inversão dos produtos nas respectivas plantas naquele ano. Foi a partir de então que o CR-V se popularizou no Brasil, com preço mais acessível a partir da isenção do imposto de importação.

Coincidentemente em dezembro a Honda lançou no Brasil a nova geração do Accord, a R$ 156 mil, em versão única com motor V6 3.5, 280 cv. Importado dos Estados Unidos.

 

Kia Motors e Chery ganham renovação de suas habilitações ao Inovar-Auto

A Kia Motors e a Chery receberam renovações de suas habilitações ao Inovar-Auto, o regime automotivo brasileiro.

A fabricante de origem coreana, desta forma, ganhou nova cota de 4,8 mil unidades/ano para importação sem cobrança adicional do IPI majorado em trinta pontos porcentuais, o teto desta cota. Este volume, de acordo com a Portaria 413 do MDIC, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, poderá ser utilizada livremente até 31 de dezembro de 2016.

Pela primeira vez, entretanto, a marca de origem coreana terá um volume adicional a importar com vantagens tributárias. Isso porque a Kia Motors inaugura neste primeiro trimestre fábrica no México, país que conta com acordo automotivo bilateral com o Brasil. Assim, os veículos vindos daquele país não pagarão imposto de importação.

No ano passado, de acordo com dados da Abeifa, a Kia Motors comercializou no Brasil quase 16 mil unidades, em queda de 33% ante as 23,8 mil de 2014. Ou seja: a empresa, representada no País pelo Grupo Gandini, arcou com os impostos cheios para cerca de 11 mil unidades, vez que todas são importadas de países com os quais o Brasil não tem acordo bilateral automotivo e a empresa não tem fábrica no País, tampouco projeto para tal.

Apesar disso o Sportage foi o modelo importado mais vendido do Brasil no ano passado, com 6,7 mil emplacamentos.

Neste 2016 a gama deverá ser reforçada pelos modelos Rio e a nova geração do Cerato, que serão produzidas em território mexicano. Mas de qualquer forma os volumes não deverão ser muito significativos, vez que até 2019 o comércio Brasil-México no setor automotivo ainda será regido por cotas, divididas por montadoras – definição que vem em 70% da Amia, a Anfavea local. Como a Kia ainda não produzia ali quando o acordo foi fechado, há um ano, a fabricante terá de se contentar com o que for possível dentro da cota estabelecida, que para 2016 é de US$ 1,6 bilhão, a contar a partir de março, para todas as empresas.

Chery – Já a situação da Chery é bem distinta, vez que a montadora de origem chinesa já é uma fabricante local, com unidade em Jacareí, no Vale do Paraíba. Ela também teve sua habilitação ao Inovar-Auto renovada até o fim do ano, mas neste caso recebe desconto no IPI a partir de cálculo sobre as compras locais.

Em dezembro a montadora mais uma vez apresentou uma revisão de seus planos de produção nacional, que agora preveem em março o novo QQ, um subcompacto, e três versões de carrocerias distintas do SUV Tiggo a partir do segundo semestre: a 5 primeiro, depois a 1 e mais tarde a 3.

O cronograma prevê de oito mil a dez mil unidades fabricadas no Brasil neste ano, sendo de 1 mil a dois mil destinadas ao Exterior. A fabricante não recebeu cota de importação nesta habilitação, específica para as operações locais, o que não a preocupa: a partir de agora a comercialização dos Chery no País será totalmente de produtos nacionais, abrindo mão dos modelos trazidos da China.

Montadoras e governo estadunidense preparam acordo para elevar segurança

O governo dos Estados Unidos e um grupo de montadoras deverão assinar na sexta-feira, 15, um acordo que estimulará mudanças na segurança dos veículos. Segundo a agência Reuters, que citou fontes das empresas e do governo, a adesão será voluntária e deverá criar uma nova era de cooperação entre montadoras e agências reguladoras, após um ano marcado por diversos recalls e investigações sobre falhas em veículos.

O acordo, em discussão há algumas semanas, procurará também melhorar a segurança cibernética dos veículos – que agora passaram a adotar muito mais softwares e, por isso, estão mais suscetíveis a ataques de hackers e vírus. A ideia é detectar defeitos em potencial em todo o veículo, desde a parte mecânica até a eletrônica. Segundo uma fonte, será criada uma força-tarefa da indústria e governo para melhorar a segurança automotiva.

Apesar do acordo voluntário, o administrador da NHTSA, órgão regulador da indústria e do trânsito nos Estados Unidos, Mark Rosekind, disse que a agência não mudará a postura e seguirá aplicando multas naqueles que não cumprirem com as regras de segurança. No ano passado foram convocados recalls de 64 milhões de veículos nos Estados Unidos, e boa parte das montadoras recebeu sanções financeiras da NHTSA.

Segundo a Reuters lideram as conversas sobre o acordo BMW, Daimler, Fiat Chrysler, Ford, General Motors, Honda, Hyundai, Nissan e Toyota. O teor será anunciado durante o Salão de Detroit por integrantes do governo e executivos das montadoras.

Indústria mexicana tem o melhor ano da história

Na contramão da indústria automotiva brasileira, os mexicanos comemoraram em 2015 o melhor ano da história do setor naquele país. Segundo a Amia, associação que representa as montadoras instaladas no México, a indústria registrou recordes em todos os indicadores: produção, vendas domésticas e exportações.

Saíram das linhas de montagem 3,4 milhões de unidades no ano passado, crescimento de 5,6% com relação ao resultado de 2014. As fábricas mexicanas superaram as brasileiras em 1 milhão de unidades em 2015.

As exportações representaram a maior fatia dessa produção, ao somarem 2,8 milhões de unidades no ano passado, um avanço de 4,4% com relação ao ano anterior. Os Estados Unidos foram, disparados, o melhor cliente dos veículos mexicanos: foram exportados para aquele país quase 2 milhões de unidades, ou 72,2% do total dos embarques.

Em segundo lugar ficou o Canadá, com 290,4 mil unidades, aumento de 8,6% e 10,5% de participação.

O Brasil, outrora terceiro maior cliente dos modelos mexicanos, fechou o ano como quarto maior importador, com 59,4 mil unidades – uma queda de 42,2% nas compras. Foi superado pela Alemanha, que elevou em 9,4% as compras mexicanas e fechou o ano com 94,1 mil importações.

O mercado mexicano alcançou 1,4 milhão de veículos, um avanço de 19% no período. Deste volume, 47% foram de veículos produzidos no México e 53% importados – boa parte do Brasil, que no ano passado elevou em 75% seus embarques para o país norte-americano, de acordo com a Anfavea.

Veículos com motor 1.0 perdem mercado pelo sexto ano seguido

A participação dos automóveis com motor 1.0 no total das vendas do mercado brasileiro em 2015 caiu pelo sexto ano seguido e alcançou o nível mais baixo dos últimos 22 anos: 33,8% do total comercializado, índice comparável apenas ao de 1993, 26,7%, ainda fase do início da popularização deste tipo de veículo no Brasil, também conhecido como Popular, nascido em 1990 com o Fiat Uno Mille.

Em 1994 a participação destes modelos nas vendas totais de automóveis já alcançava 39,7%.

De acordo com dados da Anfavea a queda dos 1.0 em 2015 ante 2014 foi a maior do mercado de automóveis: chegou aos 29%, portanto bem além da média, que foi de 24%. Ao todo 717 mil unidades foram vendidas neste ano ante 1 milhão um ano antes.

Como comparação os modelos com motor na faixa acima de 1.0 até 2.0 viram queda bem menor, de 20,9%, para 1 milhão 355 mil ante 1 milhão 714 mil um ano antes. E os acima de 2.0 caíram 28,3%, para 50,6 mil ante 70,6 mil.

Apenas do fim do primeiro semestre para o do segundo os 1.0 perderam mais de um ponto porcentual: em junho o índice estava em 34,9%. Em 2014 fora de 36,1% e em 2009, última vez em que o segmento conseguiu ganhar mercado na comparação com o ano anterior, alcançava 50,3%. O melhor ano foi 2001, com praticamente 70% das vendas.

O fim de modelos mais baratos com esta motorização, como Fiat Mille, VW Gol G4 e mais recentemente o Chevrolet Celta, ajudaram em muito o cenário atual – algo não compensado com lançamentos como o VW Up!, que só tem motores 1.0, agora também com opção turbo.

Como a faixa de entrada chegou a valores mais altos, também pela adoção obrigatória de equipamentos de segurança e fim dos descontos tributários, os tradicionais consumidores dos 1.0 caíram para os seminovos ou passaram a adquirir modelos com motorização um pouco mais elevada, como 1.4 ou 1.5, de pouca diferença no valor final da parcela mensal de um financiamento.

E isso apesar da recente adoção de novas e avançadas tecnologias para os motores 1.0, em particular a de três cilindros, como os de VW, Ford, Nissan e Hyundai, por exemplo, e também de uma faixa de cobrança de IPI mais reduzida.