A Comil encerrou as atividades de sua fábrica em Lorena, no Interior Paulista, região do Vale do Paraíba, inaugurada há apenas dois anos e na qual produzia modelos urbanos, transferidos de sua unidade em Erechim, Rio Grande do Sul.
Em nota, a empresa afirmou que “a paralisação das atividades de fabricação em Lorena [é] necessária devido à crise sem precedentes do mercado do ônibus. Ao longo dos últimos meses a companhia, funcionários e entidade sindical adotaram diversas ações na tentativa de superar ou minimizar o forte impacto da instabilidade econômica objetivando manter a atividade industrial. Infelizmente estas não foram suficientes para compensar a brutal queda no mercado de ônibus e a consequente redução no volume de produção, tornando insustentável a continuidade das atividades industriais da planta”.
O comunicado afirma ainda que a Comil “está envidando todos os esforços para minimizar os impactos decorrentes da decisão e garantir o cumprimento de todos os deveres trabalhistas e sociais. Serão mantidos alguns funcionários para realizar as atividades de transição e conservação do patrimônio”.
A empresa afirmou ainda que a unidade de Erechim segue operando normalmente.
Segundo informações à Agência AutoData fornecidas pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Lorena, José Luis Azevedo, os funcionários chegaram para trabalhar na manhã da quinta-feira, 28, mas em lugar de assumirem seus postos de trabalho foram convocados para reunião com representantes da empresa, que informaram o fim das atividades da unidade. Ainda não há informações sobre como ocorrerá o processo de dispensa dos 220 funcionários: o sindicato foi convocado para reunião na fábrica na manhã da sexta-feira, 29.
De acordo com Azevedo no ano passado algumas medidas como banco de horas e lay off foram tomadas na unidade, e em novembro houve aprovação de plano de adesão ao PPE a partir de 2 de janeiro. Mas, de acordo com o presidente do Sindicato, a empresa desistiu de participar do programa no fim de dezembro, alegando que não havia pedidos para manter a produção.
A unidade de Lorena da Comil, segundo ele, chegou a empregar quase quatrocentos funcionários, mas atualmente operava com pouco mais da metade.
A fábrica foi inaugurada em dezembro de 2013, com a presença do governador do Estado, fruto de investimento de R$ 110 milhões e cerca de um ano e meio de obras. Na ocasião a empresa estimava gerar quinhentos empregos diretos e 1 mil indiretos, com capacidade de produção de 12 ônibus urbanos por turno, dobrando sua capacidade para este tipo de veículo.
Em comunicado divulgado à época da inauguração a empresa afirmava que “a unidade de Lorena foi planejada para produzir veículos urbanos com alta qualidade, equipada com sistema de manufatura inovador, o que a chancela como a mais moderna planta da América Latina para a produção de ônibus”. O CEO Silvio Calegaro considerava então que “as características da planta a tornam totalmente apta a atender o crescimento da demanda por ônibus até 2016, motivada por eventos importantes como a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas, que já estão exigindo melhorias no transporte de pessoas nas grandes cidades”.
Segundo informações da Fabus a Comil produziu em 2015 ao todo 2 mil 129 ônibus no ano passado, queda de 34,7% ante as 3 mil 107 de 2014. Do total de 2015 os urbanos representaram 1 mil 121, redução de 16% ante 2014. De 1 mil 445. Os números de exportação cresceram no ano passado: foram 592 unidades, alta de 71% no comparativo com o ano anterior, sendo 189 urbanos, elevação de pouco mais de 900% ante as 18 de 2014.