A Volvo e o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba começarão nos próximos dias a negociar possíveis alternativas para a situação da fábrica na Capital paranaense, que tem excedente de pessoal. A ideia é reduzir em até 15% o efetivo da unidade, que atualmente emprega 3,4 mil trabalhadores, para adequar ao tamanho esperado para o mercado de caminhões semipesados e pesados, segmentos em que a Volvo atua por aqui, em 2016.
No ano passado 600 metalúrgicos aderiram ao PDV, Programa de Demissão Voluntária, alternativa escolhida pela montadora para reduzir o excedente de pessoal – meta alcançada com sucesso. Mas a expectativa para 2016 é de mais queda, de acordo com Bernardo Fedalto, diretor de caminhões da Volvo do Brasil.
“Deveremos ter nova retração, de 10% a 15%. Saímos de um mercado [de pesados e semipesados] de 70 mil unidades em 2014 para 42 mil em 2015, e este ano deveremos chegar a 35 mil caminhões”.
Segundo Carlos Morassutti, presidente interino do Grupo Volvo para a América Latina, há um acordo fechado com o sindicato que impede a companhia de demitir qualquer funcionário até março. Mas antes disso as duas partes sentarão à mesa para discutir alternativas.
“Vamos avaliar todas as possibilidades que usamos em 2015 e certamente serão necessárias em 2016: banco de horas, PPE, PDV, lay off…”
Esta semana os trabalhadores retornaram às linhas, após uma esticada no carnaval. A partir da segunda-feira, 22, porém, eles ficarão novamente em casa – de duas a três semanas, dependendo da linha de produto.
Resultado – No ano passado a Volvo comercializou 6,7 mil caminhões no mercado brasileiro, queda de 64,3% com relação a 2014. As exportações representaram em torno de 30% deste volume, ou 2,8 mil unidades, ante 2,5 mil caminhões exportados um ano antes.
“O mercado caiu muito, não estamos felizes”, disse Morassutti. “Mesmo assim o Brasil é o segundo maior mercado da marca Volvo no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos”.
O presidente interino revelou que a companhia olha para os demais mercados da América Latina. O objetivo é ampliar as exportações: “Até porque, com o real valorizado, é um negócio que está sendo lucrativo”.
Na divisão de chassis de ônibus as exportações já representaram 51% das vendas no ano passado. Segundo Luís Carlos Pimenta, presidente da Volvo Bus Latin America, foram exportadas 884 unidades, enquanto 864 ficaram no mercado doméstico. O resultado, porém, ficou 45% inferior ao de 2014, na soma total – caiu de 3,2 mil chassis para 1,7 mil unidades.
“Esperamos no mínimo a manutenção deste volume no mercado doméstico, que começou o ano bem devagar. Mas podemos ter algum crescimento nas exportações, uma vez que o primeiro trimestre apresentou um volume de pedidos mais forte do que o mesmo período do ano passado”.
Plano descartado – A intenção de trazer uma segunda marca do Grupo Volvo para o mercado brasileiro, anunciada em 2013, foi cancelada, de acordo com Morassutti. “O projeto foi abortado”.
O atual cenário do mercado brasileiro foi o argumento usado pelo executivo para explicar a decisão. Há três anos Roger Alm, então presidente do Grupo Volvo para a América Latina, havia anunciado que a companhia traria uma nova marca para o País, possivelmente para cobrir os segmentos mais leves do mercado, nos quais a montadora ainda não possui produtos no portfólio.
O Grupo Volvo possui cinco marcas de caminhões no mundo: além da sueca Volvo, compete com a francesa Renault Trucks, a japonesa UD – ex-Nissan Trucks – , a estadunidense Mack e a indiana Eicher. Destas, as quatro primeiras são comercializadas na América Latina. No Brasil, entretanto, são vendidos apenas caminhões Volvo.