A indústria de máquinas agrícolas e de construção fechou fevereiro com vendas internas de 2,3 mil unidades. Na comparação com janeiro, o resultado é quase um assombro: 50,4% a mais. Mas, na verdade, não é , como explica Ana Helena Andrade, vice-presidente da Anfavea: “Em janeiro as fabricantes estiveram praticamente paralisadas em função de férias coletivas, então esse dado não é uma boa referência”.
Os números do bimestre e a comparação com o desempenho no mesmo mês do ano passado mostram a realidade recente do setor. No acumulado dos primeiros dois meses do ano o mercado interno de máquinas encolheu 44,6%, para 3,9 mil unidades, frente ao primeiro bimestre de 2015. No comparativo entre os meses de fevereiro de 2015 e de 2016 o tombo é apenas um pouco menor, 36,5%.
Com o mercado interno patinando e as exportações ainda aquém do esperado – US$ 1,4 bilhão no bimestre, 7,5% a menos do que em igual período do ano passado – não haveria mesmo o porquê de as linhas de montagem retomarem ritmo mais acelerado neste início de ano.
A produção de máquinas em fevereiro chegou a 2,9 mil, quase 40% abaixo do que registrou um ano antes. O resultado do bimestre é ainda mais amargo. Foram fabricadas nesse período 4,5 mil undiades, 52% a menos do que nos dois primeiros meses do ano passado, com especial destaque negativo para as retroescavedeiras, cuja produção encolheu nada menos do 73%, de 1,1 mil em 2015 para 303 unidades .
O dramático cenário para as máquinas de construção é de fácil compreensão com a paralisação de obras civis de grande porte e a simultânea paralisação das compras governamentais. Já o encolhimento do segmento de máquinas agrícolas – 49,8 % menos tratores de rodas e 38,1 % colheitadeiras no bimestre – segue superando as piores expectativas.
Ana Helena Andrade credita parte do decréscimo do segmento no cenário político-econômico gerador de incertezas, mas somente parte. Do outro lado, lembra a vice-presidente da Anfavea, a uma agropecuária pujante, com projeções de novas safras recordes e PIB agrícula em elevação ano após ano, na ocntramáo, portanto, das vendas de maquinário, que encolheram cerca de 45% de 2013 para cá.
Assim, interpreta a vice-presidente da Anfavea, é natural que, cedo ou tarde, as vendas encontrem novamente patamares mais confortáveis para a indústria de máquinas, cuja capacidade produtiva instalada anual em três turnos é da ordem de 109 mil equipamentos.
A Anfavea projeta que suas associadas produzirão perto de 56,6 mil unidades em 2016, ligeiramente superior às 55,3 mil registradas em 2015, mas que representariam ociosidade média de 48% de ociosidade nas linhas de montagem.
“O atual círculo virtuoso da agricultura brasileira, que chega a ter três safras por ano, deve forçar a compra de máquinas porque maior produtividade exige equipamentos mais novos. Devemos ter safras recordes de grãos novamente este ano, por exemplo. A indústria de máquinas tem certeza de que agropecuária é muito maior do que essa crise de forte conteúdo psicológico também.”