Justiça condena réu por ameaças a Mauro Marcondes Machado e executivos da MMC

O Juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª. Vara da Justiça Federal em Brasília, DF, condenou o réu Halysson Carvalho a 4 anos e 3 meses de prisão no âmbito da Operação Zelotes – foi o primeiro caso de condenação envolvendo a investigação, ligada diretamente ao setor automotivo, por suspeita de compra de MPs que promoveram e estenderam benefícios fiscais a montadoras instaladas nas regiões Nordeste e Centro-Oeste do País.

A condenação do réu ocorreu, segundo a sentença, à qual a Agência AutoData teve acesso, pois segundo o juiz “entre os dias 15 e 20 de outubro de 2010, de forma consciente e voluntária, Halysson Carvalho constrangeu Mauro Marcondes Machado, mediante grave ameaça, a pagar vantagem indevida”.

À época Mauro Marcondes Machado era vice-presidente da Anfavea, na condição de representante da MMC na associação que reúne as montadoras no País.

A sentença traz íntegra de e-mail enviado pelo réu a Lilian Pina, secretária de Eduardo Souza Ramos, da MMC, representante local da Mitsubishi, em 15/12/2010. O texto afirma: “Dirijo-me, mais uma vez, à sua pessoa no intuito de resolver problemas com sua pessoa e com sua empresa. Refiro-me a MP 471 que foi tratada e beneficiada principalmente a MMC e CAOA (sic).

Por duas vezes o Sr. Mauro Marcondes Machado me recebeu a seu pedido e em outra oportunidade estive com o Sr. Carlos Alberto da Hyunday, ambos acharam que me levaram na conversa. Peço-lhe que intervenha nos honorários dos quais a MMC vem pagando e a CAOA não: os Deputados e Senadores dentre escritórios e outros os quais não convém citar nomes, agora, através do Sr. Mauro Marcondes. Onde este vem desviando recursos os quais não tem chegado às pessoas devidas. Inclusive comunico ao senhor do acordo para aprovação da MP 471, valor este do seu conhecimento, que o Sr. Mauro Marcondes alega ter entregado a pessoas do atual governo, PT, a quantia de R$ 4 milhões o qual não é verdade; sem contar outros fatos. (sic)

Através deste e-mail, quero comunicar e pedir desculpas, mas me sinto prejudicado pelo tratamento dado pelas pessoas envolvidas neste e-mail. Aviso-lhe a contar desta segunda-feira, dia 18/10/2010 que é quando o senhor estará no Brasil, dou até o dia 21/10/2010 para que me seja repassada a quantia de US$ 1 milhão e meio.” (sic)

Ainda na sentença o juiz afirma que “a segunda fase da cobrança incisiva realizada por Halysson seria consideravelmente mais ameaçadora e ampla, uma vez que não se destinaria apenas a Mauro Marcondes mas aos próprios representantes da MMC”.

Em outro e-mail enviado à secretária, segundo a sentença, Halysson escreveu: “não temos mais conversa com o Sr. Mauro Marcondes, ainda hoje passo o telefone para fazerem contato amanhã e combinar hora e local do pagamento combinado, não estou brincando e não armem nada”. (sic)

O juiz considerou: “Não tenho dúvidas que Halysson Carvalho efetivamente se utilizou de grave ameaça, inclusive à integridade física de Mauro Marcondes e Cristina Mautoni [sua esposa e sócia], para a cobrança dos valores referentes à medida provisória 471/09; e tais ameaças foram capazes de preocupar Mauro Marcondes e Cristina Mautoni, de forma a leva-los a procurar, com urgência, auxílio de profissional com envolvimento na área de segurança”.

Há ainda a conclusão de que “como ressaltado pelo Ministério Público Federal, ainda que se considere que Halysson não teria conhecimento das pretensas ilicitudes do processo de edição da Medida Provisória em contento, a própria natureza para o qual fora contratado, bem como o modo pelo qual este fora executado, denotam que ele possuía efetiva consciência da ilicitude de sua conduta”.

O juiz ainda considerou que pelo fato do réu estar preso há mais de 4 meses, por apresentar quadro de depressão e filha menor de idade com problemas de saúde, tem o direito de apelar da sentença em liberdade.

Momento difícil da indústria de caminhões é tema de AutoData de abril

A indústria brasileira de caminhões tenta driblar aquela já é considerada como a pior crise de toda a sua história no Brasil. Em reportagem de capa, assinada por Décio Costa, a revista AutoData de abril mostra um quadro completo de como o setor está agindo diante do mercado em queda, bem como as ações em curso para fortalecer caixa e equilibrar a produção à demanda.

Para acessar a mais recente edição da publicação em computadores, basta acessar diretamente este link, via portal AutoData: arquivos/autodatadigital/320-2016-04. Esta revista pode ser lida ainda, no seu formato original, em smartphones e tablets, tanto aqueles com sistema Android quanto iOs – neste caso é só abrir o app AutoData e baixar a edição mais recente. Para quem ainda não tem o aplicativo em seu dispositivo móvel, basta fazer o download gratuitamente na Platy Store ou na App Store.

A edição de abril traz ainda na seção From the Top entrevista exclusiva com José Luis Valls, chairman da Nissan para América Latina, que revelou plano para exportar metade da produção de Resende a partir de 2018, além da perspectiva do futuro Kicks responder por 30% das vendas da marca no País no ano que vem.

Destaque também para a cobertura da inauguração da fábrica de automóveis da Mercedes-Benz em Iracemápolis, no Interior paulista, do Seminário de Compras promovido pela AutoData, a demanda crescente por aço de alta resistência e alumínio – o que significa que nossos automóveis caminham firme rumo aos padrões internacionais – e muito mais. Confira.

Luiz Moan e a lei das probabilidades

Na segunda-feira, 25, Luiz Moan encerra oficialmente seu mandato como o décimo-sétimo presidente da Anfavea e passa a faixa a Antonio Megale, da Volkswagen. Mais do que um movimento simbólico, este fato marcará também uma espécie de despedida do executivo da rotina diária do setor automotivo brasileiro.

Pois pouco mais de um mês depois, 31 de maio, Moan entregará também seu cargo de diretor de assuntos institucionais na General Motors do Brasil, onde bateu ponto pelos últimos 25 anos. E então se dedicará a algo que programa há bom tempo e que usualmente se considera, basicamente, como ‘curtir a vida’.

“Trabalho desde os 11 anos”, argumentou Moan, prestes a completar 61, em entrevista exclusiva à Agência AutoData. “E destes 50 anos, 40 foram no setor automotivo” – ele soma passagens por VW e pela própria Anfavea antes da GM.

Como bom economista Moan já traçara anteriormente plano claro e objetivo para os tempos de aposentadoria: a ideia original era trabalhar por cerca de 45 anos e pelos 20 seguintes aproveitar os benefícios. Mas perto do prazo final surgiu o indicativo de que a presidência da Anfavea estava no horizonte, o que causou atraso de 6 anos no cronograma. “Eu encarei a presidência como uma missão. Me preparei para ela. E, agora, ela está cumprida.”

A prova de que Moan está falando sério é a ausência de seu nome da lista dos vice-presidentes da nova gestão, algo tradicionalíssimo na história da associação que reúne as montadoras do País: em seu lugar a relação traz Marcos Munhoz a ocupar o posto a que a GM tem direito.

Novamente a evocar a veia de economista, Moan prefere considerar que lhe restam 14 dos 20 anos originalmente previstos para as benesses da aposentaria, em lugar de simplesmente empurrar o período de duas décadas pelos anos adiante. A missão número um, de qualquer forma, já está plenamente definida: curtir os dois netos, hoje com 4 e 6 anos.

A missão número dois será viajar – algo que poderia causar estranheza a interlocutor que conhece a rotina de um executivo do setor automotivo dedicado à área institucional, na qual viagens são tão comuns quanto um cafezinho no corredor com os colegas do escritório. “De todos os Estados brasileiros só não estive em Roraima. Pelo mundo estive em inúmeras cidades, de inúmeros países. Posso dizer que conheço esses lugares? Não. Conheço, no máximo, o aeroporto, um hotel e o caminho entre estes dois.”

Ele cita o exemplo do Rio Grande do Sul: “Fiquei muito tempo lá, por ocasião de todo o processo envolvendo a fábrica de Gravataí, mas não conheço o Estado de verdade. Não o visitei com calma, como deve ser”. E assim está desenhada mais uma estratégia para a diversão pós-trabalho duro: “Farei catorze viagens nacionais e catorze internacionais, cada uma delas por ano” – são 14 anos, afinal, lembra-se? O próprio Rio Grande do Sul e Portugal despontam como os primeiros destinos, ainda não confirmados.

Missão número três será adotar uma rotina mais serena, comum: caminhar – novos tênis já providenciados –, “ler os jornais na hora em que eu quiser”, já que hoje o faz por volta de 6h, assim que chegam à porta de casa, e, pasme, dirigir. “Atualmente prefiro nem guiar carros, pois imagine se acontece um acidente: o presidente da Anfavea envolvido em uma colisão de trânsito. Não ficaria bem.”

O período não será de todo moleza, entretanto, admite Moan: desafios mundanos, por assim dizer, o espreitam. Na lista estão aprender a usar um smartphone, sacar dinheiro em caixas eletrônicos, pagar contas, fazer check-in… “por incrível que pareça são coisas que realmente não sei fazer, pois há anos ficam a cargo das secretárias. É algo com o qual terei que me adaptar”.

Mas a racionalidade não se deixa enganar e Moan também tem planos para o caso das necessidades profissionais tão vigentes nos últimos 50 anos continuem a lhe cutucar mesmo neste período de planejada tranquilidade. Nesta hipótese estão serviços rápidos de consultoria, “mas sem envolvimento direto com os contatos que fiz ao longo destes anos”, ajuda técnica e até mesmo financeira a grupo de funcionários que assuma empresa em situação falimentar, não necessariamente do setor automotivo, e o estudo da chamada Lei das Probabilidades.

Sim, é isso mesmo: estudo da Lei das Probabilidades, e em especial sua relação com os prêmios de loterias, como a Mega-Sena. “Sei que não vou encontrar a resposta, mas vou tentar mesmo assim”, assegura Moan. Bem verdade que, para executivo ainda na linha de frente da batalha diária de uma empresa do setor automotivo, alguns anos atrás deste quase ex-presidente da Anfavea na escala profissional, é iniciativa que soa como coisa de quem não tem o que fazer; e pode até ser.

Mas vai que ele descobre a resposta…

 

Brasil e Alemanha firmam acordo para incentivar eletromobilidade no País

O governo alemão firmou acordo com o brasileiro para incentivar a eletromobilidade no território nacional. De acordo com informações do site do Mdic, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as duas nações assinaram um acordo de cooperação técnica que engloba um projeto de quatro anos e investimento de € 5 milhões do BMZ, Ministério de Cooperação Internacional e Desenvolvimento Econômico da Alemanha.

Este projeto será coordenado pelo Mdic, intermediado pela Agência de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores e apoiado pela GIZ, Agência de Cooperação do governo alemão. Dentre as ações previstas estão a criação de diretrizes para linhas de financiamento, o apoio à disseminação de tecnologias inovadoras e consultoria ao governo brasileiro, associações e representações do setor privado sobre a gestão da frota de veículos elétricos e híbridos.

“A Alemanha já possui know-how em tecnologias de propulsão mais eficientes”, afirmou Margarete Gandini, diretora do Departamento de Indústrias para a Mobilidade e Logística do Mdic, ao portal do ministério. “A contribuição deles vai ser de extrema importância para o desenvolvimento de políticas públicas e criação de novos modelos de negócios”.

Segundo Gandini a eletromobilidade, que já é uma realidade mundial, tem duas vertentes importantes: a da indústria e a da mobilidade logística. “A política industrial de abastecimento deve estar voltada a soluções e entregas que englobem essas duas vertentes”.

Na quinta-feira, 10, equipes do Brasil e da Alemanha de diversos órgãos se reuniram em Brasília, DF, para discutir o cenário brasileiro e quais medidas podem ser tomadas no Workshop Propulsão Eficiente em Áreas Urbanas.

No ano passado, como forma de incentivar o uso de veículos mais eficientes, o governo reduziu o imposto de importação de veículos híbridos e elétricos. De toda forma a presença deles no mercado nacional ainda é tímida: no primeiro bimestre foram licenciadas apenas 122 unidades, seis a menos do que no mesmo período de 2015.

Produção cai e interrompe sequência de recordes no México

A sequência de recordes da indústria automotiva mexicana foi parcialmente interrompida em fevereiro com a queda de 4,1% na produção, comparado com igual mês do ano passado. Segundo a Amia, associação que representa as montadoras instaladas naquele país, saíram das linhas de montagem 271,3 mil veículos no mês passado, ante 282,9 mil unidades produzidas em fevereiro de 2015.

O resultado de fevereiro deixou negativo também o balanço do acumulado: no primeiro bimestre a produção no México chegou a 538,8 mil unidades, recuo de 1,9% sobre os 549,3 mil veículos produzidos em janeiro e fevereiro do ano passado.

As exportações baixaram 1,2% no mês passado, para 219,7 mil unidades. O saldo, porém, segue positivo no acumulado do ano, com 432,9 mil embarques, alta de 1,3% sobre o primeiro bimestre de 2015 – e, aqui retornam os recordes: foi o maior volume de exportações para os dois primeiros meses do ano na história da indústria mexicana.

Assim como foram recorde para fevereiro também as 110,8 mil unidades comercializadas no mês passado, volume 13,5% superior ao de igual período de 2015. No bimestre, nova marca histórica: nunca antes na história os mexicanos haviam consumido tantos veículos como em janeiro e fevereiro deste ano, 230,5 mil unidades. O crescimento com relação ao primeiro bimestre do ano passado foi de 14,5%.

Dos veículos comercializados no mercado mexicano no primeiro bimestre, 44% foram produzidos no próprio país, ao passo que 56% foram importados.

Itaesbra ganha prêmio global da General Motors

A Itaesbra, sediada em Diadema, no Grande ABCD, está em festa: foi nomeada como uma das 110 melhores empresas fornecedoras globais pela matriz da General Motors no Supplier of the Year 2015, anunciado na quinta-feira, 10. A cerimônia de premiação aconteceu no Cobo Hall, em Detroit.

A empresa produz peças e painéis metálicos estampados para carrocerias e outros. Foi fundada em 1956.

Esta foi a vigésima-quarta edição do reconhecimento global de fornecedores promovido pela matriz estadunidense da General Motors, e foi a que teve o maior número de fornecedores reconhecidos, de 17 países. Segundo a montadora o aumento de empresas premiadas foi de cerca de 40% – na edição 2014 foram 79 laureadas, sendo que, destas, mais da metade conseguiu repetir o reconhecimento na edição 2015.

Os vencedores foram nomeados por equipes globais da GM de compras, engenharia, qualidade, manufatura e logística.

Pela primeira vez a GM premiou fornecedores por iniciativas ligadas à inovação. Receberam o reconhecimento cinco empresas: Autoneum, Delphi, Delta Electronics. Gentex e Fanuc.

 

Audi Q3 ganha linha exclusiva em São José dos Pinhais

O Q3 entrou para a história como o segundo modelo Audi fabricado no Brasil: antes apenas o A3, em versões hatch e sedã, ostentava este título.

O SUV já está sendo produzido na unidade compartilhada com a Volkswagen em São José dos Pinhais, no Paraná. E ganhou uma linha nova, exclusiva. Segundo comunicado da montadora, “o modelo foi o mais vendido em sua categoria no mercado brasileiro em 2015 e é um produto-chave para estratégia da marca no País”.

A fabricante afirma que a nova linha para produção do modelo “é equipada com máquinas e robôs altamente tecnológicos”. A fabricação local do Q3, assegura a Audi, “segue os mais altos padrões de qualidade da marca no mundo”. Houve treinamento dos operadores em conjunto com a matriz, na Alemanha, além de troca de conhecimentos com outras plantas.

Na nota Bernd Martens, membro do Conselho Administrativo da Audi AG responsável por compras, considerou que “a produção local do Q3 reforça a estratégia de crescimento global da marca”. E Jörg Hofmann, presidente e CEO da Audi do Brasil, reforçou que “alcançamos a liderança do segmento premium no Brasil em 2015 tendo o Q3 como o segundo modelo mais vendido, atrás apenas do A3 Sedan. Este resultado confirma que fizemos a escolha certa dos modelos para produção no Brasil” – o A3 a ser fabricado localmente em outubro do ano passado em duas versões, com motor 2.0 de 220 cv e 1.4 TFSI Flex de 150 cv.

 

Agrale montará os caminhões Foton em Caxias do Sul

A Foton encontrou o parceiro que procurava desde o ano passado: na quinta-feira, 10, a Agrale anunciou que fechou acordo para montar provisoriamente os caminhões da marca chinesa. A unidade 2 da Agrale, em Caxias do Sul, RS, será responsável pela operação, prevista para começar em julho e prosseguir até o primeiro semestre do ano que vem, quando está estimada a inauguração da fábrica da Foton em Guaíba, RS.

Em comunicado a Agrale afirmou que será responsável por toda a operação da produção, desde o recebimento de componentes, passando por montagem, testes e controle qualidade até a entrega do produto final.

As duas partes saem ganhando no acordo: a Agrale otimiza o uso de seus ativos, em ociosidade devido à atual situação do mercado de caminhões – que caiu 35% no primeiro bimestre com relação ao mesmo período do ano passado – e a Foton abrevia os prazos de nacionalização de sua linha de veículos.

Em outra nota, que não citou o acordo com a Agrale, o presidente do Conselho da Foton, Luiz Carlos Mendonça de Barros, afirmou que os primeiros veículos da série pré-operacional já foram aprovados em testes, com elevado grau de componentes nacionais.

Alguns fornecedores da Foton são conhecidos: motores Cummins, eixos Dana, transmissão ZF, freios Knorr-Bremse, rodas Maxion, embreagem Sachs, pneus Pirelli, tanques de combustível Bepo, baterias Heliar, dentre outros. A cabine será importada da China.

Segundo a Agrale, as instalações estão prontas para montar os caminhões Foton – na unidade 2 de Caxias do Sul a companhia já produz as linhas A, S e LX Agrale, além de chassis de ônibus e o utilitário Marruá. Para seu diretor-presidente, Hugo Zattera, o negócio representa a consolidação da expertise internacional da empresa e comprova seu elevado padrão de qualidade e processos fabris. 

Zattera lembrou, em nota, que a Agrale firmou uma parceria de quinze anos para montar caminhões médios e pesados da International na mesma Caxias do Sul. “Agora, essa excelência como montadora de veículos é destacada novamente pela escolha da Foton”.

Foton consegue empréstimo do BNDES e dá sequência às obras em Guaíba

Com mais de um ano de atraso a Foton Caminhões conseguiu a aprovação do financiamento para erguer sua fábrica em Guaíba, no terreno em que originalmente seria construída a unidade gaúcha da Ford – que acabou indo para Camaçari, na Bahia. Na quinta-feira, 10, executivos da companhia comunicaram o Governo do Rio Grande do Sul que o BNDES aprovou o empréstimo de R$ 65 milhões e as obras finalmente avançarão.

Segundo o presidente do conselho da empresa, Luiz Carlos Mendonça de Barros, toda a infraestrutura da fábrica está pronta – terraplanagem feita, terreno cercado e exigências ambientais todas cumpridas. “O terreno está pronto agora para receber as instalações industriais”, afirmou, em nota.

Houve tempo de sobra para toda a preparação. Foi em abril de 2014, há quase dois anos, que a companhia organizou cerimônia para marcar o início das obras. Na ocasião Mendonça de Barros estimou para o início de 2016 a produção do primeiro veículo – agora a previsão é para o primeiro semestre de 2017.

O motivo no atraso, conforme explicou o CEO Bernardo Hamacek em entrevista à Agência AutoData em setembro do ano passado, foi a demora na liberação desse empréstimo pelo BNDES. Ele esperava para o mês seguinte e, assim, começar a produzir em Guaíba a partir de novembro deste ano. Como o BNDES só aprovou agora, a inauguração foi novamente postergada.

Na entrevista Hamacek afirmou também que negociava com duas montadoras a produção por tempo determinado de seus caminhões em uma linha de montagem alugada. Na quinta-feira, 10, a Agrale anunciou que montará os modelos Foton em sua fábrica de Caxias do Sul, RS.

Em nota, Mendonça de Barros afirmou que “os primeiros veículos da série pré-operacional, com elevado grau de componentes nacionais, já foram aprovados nos testes exigidos pelas autoridades competentes para seu registro”.

O empresário comentou também o fato de começar a produzir em um momento cheio de incertezas políticas e dificuldades econômicas. Segundo ele, a Foton manterá intactos seus planos de longo prazo no Brasil: “Acreditamos tanto no extraordinário potencial do mercado brasileiro como na incrível capacidade de retomada de crescimento econômico, tão logo os empresários observem sinais de estabilidade”.

A Foton investe R$ 250 milhões para começar sua operação brasileira, dos quais R$ 160 milhões para a construção da fábrica com capacidade para produzir 20 mil unidades por ano e os R$ 90 milhões restantes para uma área de desenvolvimento de produtos.

Além de comunicar a aprovação do empréstimo, a Foton assinou com o governo estadual um aditivo ao Protocolo de Intenções para incorporar, na fábrica, uma linha de produção de vans e SUVs.

Vendas de usados esboçam reação em fevereiro

O mercado de veículos usados apresentou uma leve reação em fevereiro: segundo dados divulgados pela Fenabrave na quinta-feira, 10, as transferências de automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus avançaram 0,6% na comparação com o mesmo mês de 2015, para 724,7 mil unidades – em fevereiro do ano passado foram registradas 720,2 mil transferências.

Com relação a janeiro, porém, o segmento registrou recuo de 1,5% sobre as 735,7 mil unidades usadas comercializadas.

Da mesma forma permaneceu negativo o saldo no acumulado. No primeiro bimestre foram registradas 1 milhão 460 mil transferências, ante as 1 milhão 543 mil de janeiro e fevereiro do ano passado, recuo de 5,4%.

O segmento de automóveis e comerciais leves puxou o resultado para baixo. Em fevereiro, na comparação com janeiro, a queda chegou a 2,1%, para 698,8 mil unidades – e o crescimento com relação ao mesmo mês de 2014 foi de 0,5%. No acumulado, queda de 5,5%, para 1 milhão 410 mil veículos.

Por outro lado, as vendas de caminhões avançaram nas comparações mensal, 3,8%, e anual, 3,9%, alcançando 22,8 mil unidades comercializadas. Da mesma forma o saldo é positivo no acumulado do bimestre, quando os 44,8 mil caminhões usados vendidos representam crescimento de 0,3% com relação ao mesmo período do ano passado.

Em chassis de ônibus o desempenho foi positivo na comparação de fevereiro com janeiro, alta de 20%, para 3 mil chassis. Com relação a fevereiro de 2015 a queda chegou a 3,9%, enquanto no bimestre o saldo ficou 9% negativo, com 5,6 mil chassis comercializados.

As vendas de motocicletas usadas também esboçaram reação: em fevereiro foram 204,3 mil transferências, alta de 3,8% na comparação anual e de 3% na mensal. O bimestre, porém, ainda fechou no vermelho: recuo de 1,5%, com 402,6 mil unidades comercializadas.

Em nota a Fenauto, associação que representa o setor de revendedores de veículos usados e seminovos, afirmou estar acompanhando com atenção e cautela os movimentos do mercado, que continua com muitas incertezas. O presidente Ilídio dos Santos pede cautela:

“Ainda não temos claras as perspectivas que nortearão a nossa economia neste ano. Justamente por isso temos a percepção de que o consumidor ainda está muito cauteloso em assumir um financiamento com a compra de um veículo seminovo ou usado”.