Arteb fecha a fábrica de Gravataí, RS

Após entrar em recuperação judicial e demitir cerca de trezentos trabalhadores em São Bernardo do Campo, SP, a Arteb, tradicional fornecedora de sistemas de iluminação para a indústria automotiva, fechou as portas de sua fábrica de Gravataí, RS, segundo informações do sindicato dos metalúrgicos local.

Os trabalhadores foram notificados na quarta-feira, 16. A Arteb alega que a General Motors, para quem fornecia 70% da produção da fábrica gaúcha, rompeu o contrato de forma unilateral, fazendo com que a autopeça perdesse sua principal fonte de receita.

Segundo Valcir Ascari, presidente do SINMGRA, todos os 170 funcionários da fábrica foram demitidos – outros 35 já tinham seu contrato rescindido no começo do mês, para ajustar o quadro de trabalho à atual demanda. Ele prevê dificuldades na negociação por causa do processo de recuperação judicial pelo qual passa a empresa, mas prometeu negociar a reintegração dos demitidos.

“Queremos debater com a montadora e tentar fazê-la voltar atrás. São 170 pais e mães de família que estão perdendo o seu emprego”.

FBI alerta para vulnerabilidade de carros a ataques de hackers

Parece coisa de filme de ação ao melhor estilo James Bond, o 007, mas é a pura realidade dos tempos atuais: o FBI, órgão estadunidense de segurança, soltou um alerta chamando a atenção para a vulnerabilidade dos veículos atuais a invasão de hackers. Para o FBI é de fato possível que veículos sejam invadidos e controlados por computador de forma remota, aproveitando-se de redes sem fio ou wireless.

Para ver o alerta do FBI na íntegra, clique aqui: http://www.ic3.gov/media/2016/160317.aspx.

De acordo com o texto, já há provas concretas da possibilidade de invasão eletrônica. O FBI citou um estudo no qual foi possível controlar remotamente um veículo e acessar diversas funções. Em baixa velocidade, foi possível desligar o motor, desativar os freios e mover a direção. Em qualquer velocidade, conseguiu-se acesso às travas das portas, sinal de seta, velocímetro, rádio, ar-condicionado e GPS.

O FBI alertou as montadoras, os fabricantes de autopeças e de acessórios automotivos para o aftermarket, em especial aqueles que oferecem sistemas que se conectam com smartphones, para que “se mantenham atentos para potenciais casos de falha em cybersegurança relacionadas a tecnologias de conexão veicular”.

Em meados do ano passado a FCA Fiat Chrysler Automobiles convocou o primeiro recall da história relacionado à cybersegurança: 1,4 milhão de unidades foram chamadas para atualização de software depois que uma revista especializada em tecnologia conseguiu, com auxílio de especialistas, acessar comandos de um Jeep Cherokee 2014 remotamente, com o uso de um computador e uma conexão à internet.

 

 

Renault lança Oroch na Argentina

A Renault do Brasil abriu um novo mercado de exportação: a Oroch, picape derivada do SUV Duster produzida em São José dos Pinhais, no Paraná, começou a ser comercializada na Argentina.

A montadora iniciou um sistema de pré-venda para o utilitário, que abriu na sexta-feira, 18, e prosseguirá até 20 de abril. Os preços vão de 299 mil pesos para a versão Dynamique 1.6 a 340 mil pesos a Outsider Plus 2.0.

A oferta da Oroch na Argentina é um pouco diferente daquela no Brasil. Aqui são duas versões, Expression, de entrada, e Dynamique, mais completa. Na Argentina são cinco, sendo que a de entrada é a Dynamique 1.6, seguida pela Outsider 1.6, Dynamique 2.0, Privilege 2.0 e a topo de linha Outsider Plus 2.0.

A oferta dos dois motores é a mesma do Brasil, mas na Argentina são movidos apenas a gasolina enquanto que no país de origem ambos são flex.

No país vizinho há para a picape ainda dois pacotes de opcionais para instalação nas concessionárias: além do Outsider há também a Work, que inclui extensor de caçamba, grade de proteção para as lanternas traseiras, rede para carga, caixa multiuso, cinta para amarração de carga e gancho de reboque.

Outro modelo produzido no Brasil que está em sistema de pré-venda na Argentina é o Jeep Renegade. Naquele país está sendo ofertado, por enquanto, apenas na versão Sport com motor 1.8 gasolina, por 399 mil pesos.

Volvo exporta 70% da produção de ônibus no trimestre

Com a retração que persiste no mercado interno a participação das exportações nas vendas da Volvo Bus do Brasil chegarão a 70% neste primeiro trimestre, situação inversa da vivida pela empresa no mesmo período do ano passado. A informação é do presidente da Volvo Bus América Latina, Luiz Carlos Pimenta, que prevê até pequeno crescimento nas vendas totais deste ano em função do crescimento dos embarques para países da região.

“Nossas vendas totais ficaram em 2 mil unidades no ano passado e poderemos até crescer um pouco este ano graças às exportações”, comentou Pimenta, sem arriscar palpite quanto ao índice de alta. Segundo ele em 2015 as vendas externas ficaram próximas de 1 mil unidades e este ano devem ficar um pouco acima desse patamar, favorecendo o resultado final da empresa.

Pimenta participou na quinta-feira, 17, em Curitiba, PR, do lançamento do modelo de chassis de ônibus rodoviário B310R, com configuração 4×2 e 310 cv de potência, destinado a aplicações que vão desde fretamento até viagens interestaduais de média distância. Sua configuração, segundo Idam Stival, coordenador de engenharia de vendas Volvo Bus América Latina, permite carrocerias com até quatorze metros de comprimento.

O evento contou com a participação do presidente do presidente mundial da Volvo Bus, Hakan Agnevall, que comentou rapidamente sobre a crise no mercado brasileiro, ressalvando que “vamos superar isso e focar no atendimento ao cliente”. Destacou, ainda, a importância da América Latina nos negócios da companhia, informando que a região responde por 17% das vendas da Volvo no mundo.

Também o presidente da Volvo Bus Americas, Ralph Acs, fez questão de falar que a empresa continua acreditando no Brasil: “Pensamos não só no hoje e por isso continuamos investindo, tanto é que estamos aqui apresentando o B310R. Sabemos que no longo prazo o mercado brasileiro e os demais da América Latina são promissores.”

Com relação às exportações, Pimenta revelou que as vendas crescerão este ano para países da América Central e também para o Chile, Argentina e Peru, que têm ampliado compras principalmente no segmento rodoviário. Ele reconheceu que a situação do mercado interno é difícil, lembrando que as vendas locais caíram de 2,3 mil unidades em 2014 para poucos mais de 1 mil em 2015.

Mas acredita que a regulamentação no segmento de rodoviários sairá em breve e o mercado interno ainda terá tempo de reagir. A empresa tem 24% desse segmento, no qual conquistou a vice-liderança no ano passado. “Nossa meta é ser líder.”

Na sexta-feira, 18, a Volvo inaugurou uma fase de testes de ônibus híbrido articulado, o Hibriplus, que terá duração de seis meses. O ônibus é equipado com wi-fi e ar condicionado, uma novidade no transporte urbano da cidade. Os testes com os híbridos articulados fazem parte de um memorando de entendimento da Suécia com a Capital paranaense para promoção do desenvolvimento sustentável.

Saída do Salão do Automóvel do Anhembi será oficializada dia 30

Finalmente a Reed Exhbitions Alcantara Machado tornará oficial a informação que os assinantes da Agência AutoData já sabem há nada menos do que seis meses: a mudança de endereço do Salão do Automóvel de São Paulo, que já em sua edição 2016, agendada para abrir as portas em 10 de novembro, uma quinta-feira, prosseguindo até o outro domingo, 20.

A empresa convocou coletiva de imprensa para a quarta-feira, 30, em São Paulo, onde revelará que o evento sai do Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi, onde está desde 1970, e vai para o São Paulo Expo, antigo Centro de Exposições Imigrantes, na Zona Sul da cidade, próximo ao início da Rodovia dos Imigrantes.

Para reler a revelação da Agência AutoData a respeito, publicada com primazia global em setembro do ano passado, clique aqui: noticias/21459/adeus-anhembi-salao-do-automovel-2016-sera-no-sao-paulo-expo.

São esperados na coletiva as presenças do presidente da Anfavea, Luiz Moan, e do recém-empossado presidente da Abeifa, José Luiz Gandini. As duas associações são apoiadoras do evento.

Na ocasião a Reed afirmará que a mudança será benéfica ao público, pois o novo endereço, atualmente em reformas para expansão da área de exposição e do estacionamento, carrega promessas de ar-condicionado, wi-fi e condições melhores para os visitantes em geral.

O anúncio não será surpresa para as montadoras expositoras, pois a Reed já se reuniu com todas para tratar da mudança do Salão para o São Paulo Expo. E nem todas estão satisfeitas – algumas já reclamam da disposição geográfica do novo local, que tem em sua planta um formato mais retangular do que do Anhembi, que é mais quadrado. Algumas montadoras entendem que no São Paulo Expo há áreas que são menos privilegiadas no quesito circulação de público do que outras, fazendo com que os estandes ali instalados sejam menos notados – e portanto menos visitados – do que outros.

Moto Honda inaugura concessionária com museu

Os clientes que frequentarem a recém-inaugurada concessionária Honda Dream Moto Remaza, na Avenida Ibirapuera, Zona Sul de São Paulo, encontrarão uma agradável novidade: ao lado das motocicletas zero quilômetro e usadas à venda foi instalado um museu, que terá exposição permanente de modelos que fazem parte da história da marca.

O prédio da concessionária, oficialmente inaugurada na quarta-feira, 16, possui 1,9 mil m² e dispõe de showroom de vendas, oficina para atendimento pós-venda, uma boutique de roupa e acessórios e um lounge decorado, que será usado como sala de espera e espaço para treinamentos, reuniões e apresentações de produtos.

Além, é claro, do Collection Hall, nome que a Moto Remaza deu ao seu museu. Todos os meses serão expostos de 20 a 25 modelos clássicos da Honda, de um acervo que pertence à concessionária e foi restaurado com critérios de máxima qualidade e originalidade. Em nota a empresa confirmou a exposição de clássicos como a CB 750 K0 de 1969, Monkey de 1969, CG 1976, CG 125 comemorativa de 35 anos, Turuna 125 de 1979, CB 50, CB 125, CB 350, ML 125, XL 250R de 1982 e modelos que competiram na Fórmula 400 e Fórmula Honda.

A ideia é tornar o espaço um local para ponto de vendas e encontro de apaixonados pelo mundo Honda, segundo informa a Moto Remaza em comunicado.

O showroom também foi dividido em três áreas: um para o Conceito Dream, composto pelas motocicletas de alta cilindrada, um para os modelos menores da linha e uma área dedicada aos produtos fora de estrada.

Resende será base exportadora da Nissan na região

A exportação de um pequeno lote do compacto March para o Paraguai neste mês é base de um projeto mais amplo da Nissan do Brasil de abastecer os principais mercados da América do Sul a partir da fábrica de Resende, RJ.

“É um projeto-piloto”, informou o chairman da Nissan para a América Latina, José Luis Valls, em entrevista à AutoData, que será publicada na íntegra na próxima edição da revista, em abril.

“Testamos todo o processo logístico da operação, assim como as homologações e regulamentações envolvidas na exportação.”

O objetivo, segundo o executivo, é chegar em 2018 com a metade da produção de Resende destinada ao mercado externo. Além do Paraguai o March seguirá ao longo deste ano para Uruguai, Peru e Chile. As vendas para a Argentina começam no fim deste ano ou início do próximo.

A Nissan não exportava a partir do Braisl desde 2008, época em que mandava a picape Frontier, produzida em São José dos Pinhais, PR, para o México, utilizando a estrutura da Renault . “O teste-piloto para o Paraguai, que envolve dezenove unidades, foi a primeira exportação de fato da Nissan brasileira.”

A substituição dos produtos mexicanos que atualmente abastecem a América do Sul pelos veículos brasileiros se dará de forma gradual. “Esse é caminho para fortalecer Resende”, comentou Valls, lembrando que a fábrica fluminense tem capacidade para 200 mil veículos/ano e produziu pouco mais de 47 mil no passado.

A Nissan tem participação de 18% nas vendas do mercado paraguaio, de 10% no Peru e 9% no Chile. No Brasil respondeu por modestos 2,3% dos automóveis e comerciais leves negociados no mercado interno no ano passado, com 60 mil unidades comercializadas, 15 mil delas importadas.

A Nissan inaugurou no ano passado escritórios próprios no Chile e na Argentina, onde produzirá nova picape de grande porte a partir de 2018.

De acordo com Valls, a meta é crescer 10% em vendas no País este ano e elevar o market share para 2,6%. O executivo projeta novo salto em 2017, quando quer atingir participação de 3% e disporá do Kicks, SUV compacto que será lançado até o fim deste ano.

A produção do novo modelo em Resende demanda investimento de R$ 750 milhões e a criação de seiscentos postos de trabalho. “Acreditamos que o Kicks responderá por 30% dos nossos emplacamentos, grande parte representado vendas adicionais , já que não temos nada nesse segmento, o que mais cresce no Brasil e no mundo.”

Volkswagen investiu R$ 200 milhões para produzir a nova Saveiro

Com visual diferente do Gol e Voyage pela primeira vez desde que começou a ser produzida no Brasil, em julho de 1982, a nova Saveiro consumiu R$ 200 milhões em investimentos da Volkswagen, boa parte na fábrica de São Bernardo de Campo, SP, onde está instalada a linha de produção da picape.

As áreas de Estamparia, Armação, Pintura e Montagem Final passaram por alterações e ganharam novos itens tecnológicos. A companhia não revelou quanto foi aplicado na unidade – o investimento de R$ 200 milhões agregou também o desenvolvimento do produto, que agora tem capô e lanternas dianteiras exclusivos, dentre outros itens.

A Estamparia ganhou novos equipamentos de medição e uma esteira para a inspeção de peças da superfície. Na área de Armação, um dispositivo inédito foi instalado para a junção das peças da tampa dianteira da Saveiro.

O modelo é oferecido em oito cores: as sólidas branco, preto e vermelho, as metálicas azul, cinza e prata e as especiais laranja e azul ravenna, exclusivas para a versão aventureira Cross. Para pintar a picape a área de Pintura da fábrica da Anchieta ganhou dispositivos para colocação dos apliques do veiculo e teve seus robôs reprogramados.

Mas foi a Montagem Final que recebeu mais novidades: além dos dispositivos para encaixar o painel, uma das grandes novidades do modelo – e que pode receber os sistemas de infotainment da marca –, a área ganhou um manipulador, que facilita o processo de montagem do conjunto frontal, e equipamentos para a montagem do novo porta-luvas e do logo na tampa da traseira da picape.

A Volkswagen não revelou metas de vendas para a nova Saveiro, que no ano passado teve 54 mil unidades comercializadas. Desde 1982 foram mais de 1,1 milhão de picapes produzidas, das quais cerca de 200 mil exportadas para mais de 60 países, em especial os da América do Sul.

Saveiro ganha identidade própria

As alterações aplicadas no design da Volkswagen Saveiro deixaram a dianteira do modelo diferente de seu irmão de plataforma. Criada com base no Gol, o modelo mais vendido na história da indústria automotiva brasileira, a picape seguia desde 1982 as mudanças visuais da família de compactos da marca, composta também pelo Voyage.

Com o recente facelift do hatch e do sedã, apresentado pela VW no mês passado, eram esperadas mudanças também na picape. Mas a companhia surpreendeu: deu, pela primeira vez na história, uma identidade visual distinta ao modelo.

As diferenças são facilmente reconhecidas: a grade dianteira da Saveiro é maior, mais parecida com a da Amarok e dos SUVs da marca, e acomoda o emblema da VW. No Gol a grade é menor – e, por isso, o símbolo da marca vaza. As lanternas da Saveiro também são maiores e menos arredondadas, assim como os faróis de milha.

Para-choque e capô também são diferentes – as peças usadas na Saveiro não são as mesmas do Gol e Voyage. “Buscamos desvincular a picape do Gol e aproximar o visual da Amarok”, explicou Guilherme Knop, supervisor de design da marca.

Por dentro, porém, a Saveiro recebeu as alterações do Gol e Voyage e a ampla oferta de itens de infotainment – com exceção, porém, de sua versão de entrada, agora chamada Robust, que manteve o painel antigo. Henrique Sampaio, gerente de marketing de produto da VW, explica a decisão: “Foi uma opção para manter o custo-benefício”.

A Robust, que representa 30% do mix de vendas – e, deste, 90% para frotistas –, de série não oferece rádio, ar-condicionado ou direção hidráulica, apenas como opcionais. Por dentro do capô o motor EA 111 gera até 104 cavalos na única opção de cabine simples, por R$ 43,5 mil.

A Trendline já oferece direção hidráulica e vidros elétricos e o painel modificado da família de compactos VW, além de ser a única versão disponível em cabine simples, estendida ou dupla. De R$ 47,9 mil a R$ 56,8 mil. Responde por 40% do mix.

Topo de linha, responsável por 10% do mix, a Highline tem apenas cabine dupla, mas já oferece como opcionais os sistemas de infotainment da VW. Por R$ 66,1 mil.

Há ainda a Saveiro Cross, que traz o visual aventureiro para a gama. Esta ganhou motor novo, o EA 211 16V que alcança até 120 cv. Por R$ 69,3 mil com a cabine dupla, ou R$ 66,1 mil com a estendida. Sampaio afirmou que a linha Cross representa 20% do mix de vendas da Saveiro, que no ano passado alcançou 54 mil unidades. Para este ano, porém, o executivo preferiu não fazer projeções.

Expectativa mantida – O vice-presidente de vendas e marketing Jorge Portugal, porém, afirmou que ainda mantém a estimativa de mercado de 2,1 milhões de unidades para 2016, embora admita que, ao fim do trimestre, poderá rever esse número.

O que não mudará é a meta de mercado da marca, que espera alavancar as vendas após o lançamento do Gol e Voyage, que começaram a chegar às concessionárias, e da Saveiro. Portugal afirmou que a VW quer terminar o ano com 15% das vendas do País – um pouco acima do desempenho registrado no bimestre, quando fechou com 13,4% de participação.

"Falta só uma faísca."

A frase do título, curta, singela, objetiva, permeia otimismo e não guerra civil. É elaborada por conhecido executivo da indústria de veículos. Como não pode, em função de contemporâneos policies da companhia para a qual trabalha, interferir ou dar palpite nos assuntos internos dos países onde está instalada, prefere recomendáveis raciocínios em off the record:

“É mais do que chegada a hora de políticos de boa vontade estabelecerem um princípio de governo de coalizão em nome dos melhores interesses do País e aplicarem, em conjunto, política de choque de realidade. O que nos falta, apenas, é a volta da confiança.”

É claro que ele entende a crise política que contamina as atividades econômicas do ponto de vista do setor automotivo, que é, mais do que antigo raio X, a soma dos efeitos de tomografia e ressonância magnética de última geração.

“A minha convicção é a de que, assim que essa equação política estiver bem encaminhada, a recuperação das margens do setor será algo que acontecerá muito rapidamente. E é disso que precisamos, com urgência. Pois a incerteza política amplifica as encrencas econômicas.”

A reação a isto é, obviamente, pela falta de confiança inerente, o não investimento por parte de agentes econômicos, a não compra por parte dos consumidores. E a apresentação de resultados pífios por parte da indústria, do comércio, do setor de serviços inclusive no que diz respeito à mão de obra empregada e à sua possibilidade de retorno a índices mais positivos.

E é, também, a causa de olhar enviesado do mercado diante do futuro, que no ritmo atual guarda a tendência de ser ainda mais negativo.

Gráficos que o executivo mostra são demonstração claríssima do tamanho da encrenca. Em 2011 os resultados de vendas, produção e faturamento do setor automobilístico foram 3,6 milhões de unidades, 3,4 milhões de unidades e R$ 156,7 bilhões – que quatro anos depois tornaram-se 2,6 milhões de unidades, 2,4 milhões de unidades e R$ 111,7 bilhões, uma estimativa.

Nesses mesmos anos, 2011 e 2015, as remessas para as matrizes foram R$ 5,6 bilhões e R$ 271 milhões. E os empréstimos intercompanies, na mesma relação, foram US$ 1,1 bilhão e US$ 5,5 bilhões.

Note-se que a evolução das remessas, nos três últimos anos, é sintoma de decadência: R$ 2,2 bilhões em 2013, R$ 814 milhões em 2014 e R$ 271 milhões no ano passado.
Ele ressalta os empréstimos intercompanies: US$ 1,7 bilhão em 2013, US$ 3 bilhões em 2014, US$ 5,5 bilhões no ano passado, dinheiro requisitado para reforço de caixa das empresas – e isto significa que o faturamento não tem pago as contas.

Junte-se a isso o valor de equities – investimentos a título de aumento de capital – remetidos para cá pelas matrizes durante o ano passado, US$ 4,5 bilhões. Síntese: em 2015 mais de US$ 10 bilhões foram injetados nas operações automobilísticas brasileiras pelas matrizes apenas para mantê-las.

No caso de caminhões a queda foi, em vendas, de 172,9 mil unidades para 71,6 mil, e na produção de 223,6 mil unidades para 74,1 mil unidades – e os repasses do BNDES caíram de R$ 23,4 bilhões para R$ 8,9 bilhões.

O executivo lembra que o Brasil não está sozinho na convivência com encrencas econômicas. Lembra a queda no preço de commodities, das quais muitos países são intrinsecamente dependentes, lembra que ajustes fiscais não necessariamente trazem popularidades para os governos, lembra que o sistema financeiro brasileiro, ressabiado, recuou os alfos do crédito, lembra que a União Européia está muito preocupada com as perdas de seu sistema financeiro – e lembra que um dos candidatos a presidente dos Estados Unidos propõe-se a jogar acordos internacionais no lixo.

E lembra o executivo que em instantes como esse sempre surgem vozes sugerindo a recessão global, o pior dos mundos, como se fosse profecia autorrealizável – que alimenta a desaceleração das atividades e os vieses de baixa.
“Ou seja: em condições normais o Brasil já está sob forte pressão interna e imagine-se quando se leva em conta o panorama mundial. É claro que o sistema financeiro senta no dinheiro e trava as suas políticas de crédito, pois todos querem estar líquidos.”

Destaca o executivo as atuais dificuldades que têm as empresas para planejar suas atividades futuras, aqueles planos de negócios que envolvem pelo menos cinco anos à frente: se os planejadores não têm ideia de como serão as vendas não imaginam, também, quanto custará a operação…

Mais: as curvas de desempenho mostram que também as vendas diretas a frotistas passaram a ser declinantes no ano passado, não gerando mais algum tipo de compensação diante da queda daquelas ao mercado interno. Conclusão: as forças do varejo também sucumbem ao ambiente econômico, e promoções, redução de preços, feirões não dão mais o mesmo resultado.
“Enfim: as margens não pagam mais os custos fixos.”

Para este ano o executivo estima que a capacidade ociosa total do setor seja de coisa de 49%, contra estimados 43% do ano passado.