A relevância do principal cliente das montadoras fica maior a cada ano. Em 2015 as locadoras de veículos compraram 338,8 mil automóveis e comerciais leves, 13,6% do total comercializado no mercado brasileiro – que fechou o ano passado com cerca de 2,5 milhões de unidades.
Segundo a Abla, associação que representa o setor de locação de veículos, a fatia foi a maior da história no País.
Em 2014, antigo recorde, 12,5% dos 3,3 milhões de veículos leves licenciados no mercado nacional foram para locadoras de veículos, ou 415 mil unidades. As compras do setor, portanto, caíram abaixo da média: 18,4%, ante o recuo de 24,2% do mercado.
Desde 2012 a participação das locadoras no mercado quase dobrou. Naquele ano fechou em 7,9% e subiu para 8,4% no ano seguinte, até fechar em 13,6% do ano passado. Se depender das estimativas da Abla, a fatia aumentará este ano para um novo recorde.
“A expectativa é manter o volume de compras do ano passado”, afirmou Paulo Miguel Jr, conselheiro da Abla. “Não dá para pensar em crescimento com a situação do País, mas pior do que está não vai ficar”.
Como a projeção da Anfavea é comercializar 2,3 milhões de veículos leves, as locadoras deverão abocanhar em torno de 14% a 15% do mercado nacional neste ano. Só não será mais porque a falta de crédito afastou as empresas das compras no ano passado e continuarão prejudicando os negócios este ano.
Miguel Jr explicou que o crédito afeta as locadoras nos dois lados: para comprar e vender veículos. Isso porque para fazer a renovação da frota as empresas precisam passar para frente os seminovos que estavam em operação de aluguel, cuja demanda para aquisição também fica prejudicada pela restrição dos bancos com os financiamentos. “O crédito está caro, escasso e de difícil acesso para as empresas e consumidores”.
Mas o principal negócio das locadoras, a locação de carro, vai bem. No ano passado o faturamento do setor somou R$ 16,2 bilhões, acima dos R$ 14,7 bilhões apurados pela Abla no ano passado. Não significa, porém, crescimento: a apuração da pesquisa da associação neste ano chegou a 7,5 mil empresas, ante 5,6 mil do ano passado – e não foram lojas abertas, mas um maior alcance do levantamento.
Do mesmo modo o número de empregados também foi superior em 2015, de 450,9 mil para 472,1 mil pessoas, também com a base de comparação distorcida pela abrangência maior do estudo.
O que pode se dizer de concreto é que houve uma mudança no perfil da locação, ainda bastante dependente do negócio de terceirização de frotas. Em 2014, 57% das locações foram para frotas terceirizadas, fatia que caiu 1 ponto porcentual no ano passado. O turismo de negócios também apresentou recuo, de 25% para 21%, enquanto o turismo de lazer cresceu de 18% para 23%.
“Com a alta do dólar as viagens internas cresceram, puxando também a locação de veículos. Por outro lado perdemos clientes terceirizados e o turismo de negócios também caiu com a crise. Hoje muita gente trocou as reuniões presenciais por, por exemplo, teleconferências, para reduzir os custos”.
Marcas – A Fiat foi, mais uma vez, a marca preferida das locadoras, embora tenha perdido espaço. Em 2014 fechou com 19% das vendas, fatia que caiu para 16,5% no ano passado.
Boa parte desse mercado foi perdido pela nova vice-líder, a Renault: em 2014 foi apenas a quarta marca mais presente nas locadoras e fechou 2015 na segunda posição. A participação subiu de 7,9% para 12%.
“A Renault aumentou a agressividade no segmento de locação, além de apresentar modelos que foram bem aceitos pelas empresas e consumidores”.
Antiga vice-líder, a Volkswagen caiu para a terceira posição, com redução de participação de 16,2% para 10,5% no ano passado. A Ford subiu da quinta para a quarta posição, aumentando a fatia de 3,2% para 7,9%.
A General Motors, por sua vez, caiu da terceira para a quinta posição, com 7% das vendas para o setor – em 2014 fechou com 8,3%.