BMW exportará X1 para os Estados Unidos

A partir de julho o mercado estadunidense voltará a importar veículos produzidos no Brasil, mais especificamente em Araquari, SC, onde foi instalada a primeira fábrica da BMW na América Latina. A companhia fechou seu primeiro contrato de exportação a partir da unidade catarinense justamente com os Estados Unidos, onde há demanda maior do que a oferta pelo X1.

O anúncio oficial foi feito na quarta-feira, 20, um dia após a reunião que formalizou o acordo em Brasília, DF, onde compareceram membros do governo federal e da companhia, dentre eles o presidente Helder Boavida. Segundo a BMW serão enviadas 10 mil unidades do X1, em diferentes configurações, a partir de julho. O contrato demandará também a contratação de 300 trabalhadores temporários em Araquari, dedicados exclusivamente ao projeto, que se somarão aos 700 funcionários da fábrica.

“Iniciamos um novo e significativo capítulo do BMW Group Brasil”, afirmou, em nota, o presidente Boavida. “Além de fortalecer a nossa posição no mercado, a iniciativa demonstra que a fábrica de Araquari atende a todos os requisitos de qualidade e eficiência exigidos pelo Grupo, estando apta a fornecer veículos para outros mercados, dentre eles o estadunidense, reconhecidamente um dos mais exigentes do mundo”.

Segundo a companhia houve um aumento expressivo de demanda pelo BMW X1 naquele país, atualmente atendido pela fábrica de Regensburg, na Alemanha. Como há espaço de sobra na fábrica de Araquari – e o câmbio colabora –, decidiu-se complementar o volume com produtos made in Brazil.

A decisão vai contra a vontade inicial da própria BMW: ao inaugurar a fábrica, há um ano e meio, a companhia afirmou priorizar o mercado doméstico devido à falta de competitividade do mercado brasileiro. Alguns poucos embarques estavam previstos apenas em 2020, de acordo com o cronograma inicial.

Mas desde setembro do ano passado a companhia já estudava programa de exportações, conforme afirmou Arturo Piñeiro, presidente à época, em entrevista à Agência AutoData. Na ocasião o executivo deu pistas de que mercados próximos como os da América Latina estavam, a princípio descartados, e que Estados Unidos, Europa e até mesmo China eram favoritos a receber os veículos brasileiros.

Os consumidores americanos terão a sua disposição três versões do X1 XDrive 28i made in Brazil, todas equipadas com o motor de quatro cilindros 2,8 litros movido a gasolina.

Produção mexicana recua 5% no trimestre

A produção de veículos mexicanos, que bateu recordes no ano passado, encerrou o primeiro trimestre em retração de 5,1% na comparação com igual período de 2015, com 805,7 mil unidades produzidas. A diferença de um ano para o outro foi de 43,4 mil unidades, segundo dados divulgados pela Amia, associação que representa as montadoras de veículos daquele país.

Em comunicado a associação justificou a queda por paradas técnicas em março, promovidas por diversas fábricas locais, e o feriado da semana santa, que em 2015 ocorreu em abril e neste ano caiu no mês passado.

Em março saíram das linhas de montagem 267 mil unidades, queda de 11% na comparação com igual mês de 2015.

O ritmo das linhas refletiu nos embarques, 4,6% inferiores no trimestre. Foram exportados 657,1 mil veículos, 31,4 mil unidades a menos do que nos primeiros três meses do ano passado. Em março os embarques caíram 14,2%, para 224,2 mil unidades. Assim como fez com a produção, a Amia justificou a queda com as paradas programadas e a semana santa adiantada.

Os Estados Unidos seguem como maior cliente dos veículos mexicanos, com 75,7% do total do trimestre, ou 497,2 mil unidades, incremento de 3,1%. O Brasil caiu da quinta para a sexta posição, com queda de 64,7% no volume, para 5,8 mil unidades – foi superado pela Argentina, que no ano passado ocupava a oitava posição e agora está em quarto no ranking.

O mercado doméstico mexicano segue direção contrária: encerrou o primeiro trimestre com crescimento de 13,4%, para 347,3 mil unidades. Desde volume 44% foram modelos produzidos no México e 56% importados.

Em março a alta nas vendas internas chegou a 11,4%, para 116,9 mil veículos.

St. Ângelo aos japoneses da Toyota: fiquem calmos.

O CEO da Toyota América Latina e Caribe da Toyota, Steve St. Ângelo, admitiu durante o lançamento do Etios 2017, na terça-feira, 19, que os problemas brasileiros nas áreas política e econômica preocupam os executivos da matriz japonesa. Mas explica que o fato de a montadora estar ganhando participação no País ajuda a acalmar os ânimos por lá.

“Os dirigentes da companhia no Japão acompanham as notícias do Brasil pelos jornais e é claro que se preocupam com a situação vivida hoje no País. Mas todos os meses eu vou para lá e a primeira coisa que digo quando questionado sobre os problemas atuais é ‘fiquem calmos, fiquem calmos’. O Brasil é um País muito grande e vai se recuperar. A situação política vai se acalmar e não há razão para pânico.”

St. Ângelo destacou que o momento favorável da Toyota no mercado brasileiro ajuda a acalmar os ânimos: “Fechamos o trimestre com 8,5% de participação [em 2015, 6,8%] e especificamente no mês de março atingimos market share de 9,4%, um índice importante considerando o contexto atual do mercado local”.

Outro ponto destacado pelo executivo é que a Toyota está aproveitando o momento atual para aprimorar o relacionamento com funcionários, fornecedores e rede. “Não fizemos lay-off, não demitimos. O que estamos fazendo é aprimorar nossas operações e nossas relações com toda a cadeia para sairmos fortalecidos da crise. Estamos usando esse período economicamente difícil para ficarmos mais fortes.”

O CEO da América Latina e Caribe, no posto desde 2013, época em que a Toyota tinha apenas 3,1% de participação no mercado brasileiro, revelou ainda que em dezembro alguns executivos japoneses vieram para o Brasil e ficaram bem impressionados com a situação da empresa por aqui:

“Veio inclusive o chefe de Relações Humanas e as informações depois repassadas para a matriz foram positivas. O principal executivo de RH do grupo ficou favoravelmente impressionado com as relações estáveis que mantemos com sindicatos de trabalhadores, fornecedores e concessionárias, reforçando na matriz a posição de que estamos bem no Brasil”.

Em seu discurso durante a apresentação do Etios 2017, St. Ângelo mostrou uma série de dados positivos em relação ao futuro do País, destacando, dentre outros itens, que a população brasileira vai crescer 5% até 2020, com crescimento ainda maior da população economicamente ativa, estimada em 10%:

“O ano está sendo difícil e os próximos também serão. Mas tenho muita confiança no Brasil e na região e nosso objetivo é o de alcançarmos crescimento sustentável ao longo dos anos. Se mantivermos nosso foco independentemente da crise política e dos problemas econômicos toda essa situação não afetará nosso futuro”.

O executivo revelou ainda que tem por objetivo ampliar as exportações a partir do Brasil. “Há vários países que querem o Etios e estamos estudando vários cenários. Meu sonho, em particular, é ver o Brasil como a base de exportação do Corolla para todos os países da região. Mas para isso temos de ser mais competitivos e é nesse sentido que estamos trabalhando. Criamos um espaço, que chamamos de sala de custos, que tem por objetivo analisar item por item de nossos produtos para identificar onde podemos cortar gastos e, assim, melhorar nossa produtividade.”

 

Etios agora com motor brasileiro

Equipado com os novos motores 1.3 e 1.5 Flexfuel Dual VVT-i DOHC de 16 válvulas, produzidos na fábrica de Porto Feliz, SP, que tem inauguração oficial prevista para maio, o Toyota Etios 2017 começa a ser vendido no dia 28 de abril com preço a partir de R$ 44 mil na versão X 1.3, cerca de R$ 2 mil a mais do que custava antes. Apesar da pequena elevação a fabricante acredita que as vendas do modelo crescerão este ano perto de 10%.

“Nossa meta é chegar a 68 mil Etios emplacados em 2016 ante os 62 mil de 2015”, comentou o presidente da Toyota do Brasil, Koji Kondo, no lançamento da linha 2017 na terça-feira, 19, em Mogi das Cruzes, SP. O aumento de preço, segundo ele, decorre de inovações incorporadas à linha, incluindo os novos motores, “9% mais econômicos do que os anteriores”, importados do Japão.

Passam a ser itens de série em toda a linha 2017 do Etios novidades como o Toyota Smart Screen, computador de bordo, banco traseiro com encosto rebatível, direção eletroassistida progressiva com nova calibração, ar-condicionado, abertura interna do porta-malas e do tanque de combustível, chave com comando das quatro portas e vidros dianteiros e traseiros com acionamento elétrico.

Outra novidade da linha é a oferta de transmissão automática para todas as versões – antes só havia a opção de câmbio manual. A empresa estima que 40% das vendas serão de câmbio automático, que vem do Japão, e o restante da nova transmissão manual de seis marchas que está sendo produzida no Brasil pela Aisin. Até a linha 2016 o câmbio era de cinco marchas.

Disponível com dois tipos de motores, 1.3 e 1.5, o Etios é oferecido em ambos os casos nas versões X, XS e XLS. A mais cara, a XLS 1.5 automática, custa R$ 60,3 mil. Na versão mais barata com transmissão automática, X, o preço é de R$ 47,5 mil. “É o compacto automático mais acessível do mercado brasileiro”, garantiu no lançamento o vice-presidente executivo da Toyota do Brasil, Miguel Fonseca.

Mercado – O presidente da Toyota do Brasil falou das dificuldades pelas quais passa o mercado brasileiro no momento, mas destacou que a empresa, em particular, enfrenta situação mais favorável: cresceu 1% no primeiro trimestre e teve participação ampliada de 6,8% em 2015 para 8,6% este ano.

A empresa quer pelo menos manter o market share conquistado no primeiro trimestre ao longo do ano, com venda de 170 mil unidades, um pouco abaixo das 176 mil do ano passado. A produção também cairá um pouco, de 166 mil para 160 mil, acredita Kondo, que prevê um mercado total de automóveis e comerciais leves de 2 milhões de veículos. Com relação às exportações do Etios o presidente da Toyota do Brasil prevê crescimento de 20%, com volume de 27 mil unidades este ano ante as 22,5 mil de 2015.

O modelo está sendo exportado para a Argentina, Uruguai e Paraguai e há planos de embarcá-lo para outros países da América do Sul. Apesar de todas as dificuldades do momento, a Toyota tem mantido dois turnos de produção, não tem nenhum programa de afastamento de funcionários em vigência e tampouco demitiu. Das 160 mil unidades totais a serem produzidas este ano 55% serão do Etios em Sorocaba e 45% do Corolla em Indaiatuba, também no Interior paulista.

Com relação ao atual momento politico-econômico do País Kondo preferiu não entrar em pormenores, destacando apenas que a empresa continua acreditando no potencial do Brasil, tanto assim que não alterou seus planos de investimento local, dentre os quais ampliação da capacidade produtiva de Sorocaba, de 70 mil para 108 mil unidades/ano. No segundo semestre inaugurará em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, um Centro de Desenvolvimento e Pesquisa, com reforço da engenharia brasileira em seus projetos para a região.

“Independentemente do que acontecer no País temos flexibilidade suficiente para alterar nosso processo produtivo e atender a demanda do mercado caso ela cresça.”

Mercedes-Benz amplia rede específica para vans

A Mercedes-Benz, em parceira com a Rodobens, deu mais um passo em sua estratégia de crescimento no segmento de vans ao inaugurar mais uma Van Center no País. Localizada em Curitiba, PR, a nova loja é a sétima do tipo e a primeira da região Sul. A concessionária é resultado de investimento de R$ 2 milhões e possui mais 1 mil m² de área construída, por onde se espalham showroom e oficinas.

De acordo com Carlos Garcia, gerente sênior de vans da Mercedes-Benz do Brasil, o endereço recém-aberto oferece forte potencial, pois a Capital paranaense representa o terceiro maior mercado para vans, atrás somente de São Paulo e Rio de Janeiro.

“O conceito surgiu em 2012, quando a empresa definiu os planos de crescer no segmento de comerciais leves, com ampliação de produtos e rede específica.”

Segundo Garcia as Vans Center possuem identidade visual própria para serem facilmente reconhecidas e todo pessoal especializado no segmento de van, da recepção às oficinas. “Frequentemente o cliente é um pequeno empreendedor, com demandas, necessidades e desejos diferentes de outros segmentos de veículos comerciais.”

O atendimento focado no negócio de vans deve se intensificar daqui para frente na Mercedes-Benz. Segundo o gerente da fabricante, desde o lançamento do Vito, em outubro do ano passado, o plano é consolidar uma rede especializada e, nas praças onde for possível, até mesmo tirar das revendas de pesados o negócio de vans.

“O comercial leve é um veículo mais urbano. A rede preferencialmente deve se localizar mais no centro das cidades e não nos arredores, como habitualmente ocorre com as concessionárias de caminhões. Depois, em função das limitações de circulação, a tendência é entregar cada vez menos mercadorias por veículo. É de se esperar que o cliente queira mais conforto, com o pós-venda mais perto dele.”

Foi assim que aconteceu em Curitiba. Em comum acordo com outros dois grupos locais representantes da Mercedes-Benz, a Rodobens abriu mão do negócio caminhão para se dedicar às vans, enquanto os concorrentes focam somente nos veículos pesados.

De acordo com dados da Mercedes-Benz, no ano passado a fabricante alcançou 24,5% de participação do mercado de comerciais leves no País, crescimento de três pontos porcentuais em relação ao período anterior.

Mercado deverá cair para 11 mil unidades

O mercado brasileiro de chassis de ônibus deverá fechar o ano com volume próximo a 11 mil unidades, em torno de 35% abaixo do resultado de 2015, segundo projeções dos executivos que participaram do painel Montadoras de Ônibus no Workshop AutoData Tendências Setoriais Ônibus, realizado na segunda-feira, 18, no Milenium Centro de Convenções em São Paulo, SP.

A expectativa deles é manter o ritmo do primeiro trimestre nos demais meses do ano. “Não temos muitas esperanças em recuperação ainda em 2016”, afirmou Luís Carlos Pimenta, presidente da Volvo Bus. “As encomendas para urbanos já vieram, uma vez que os prefeitos não poderão mais inaugurar nada por causa das eleições. Em rodoviários as coisas estão travadas por questões regulatórias. Junte isso a um ambiente político e econômico desfavorável e não há como crer em recuperação”.

Para Jorge Carrer, gerente executivo de vendas de ônibus da MAN Latin America, o crescimento da inadimplência dos clientes nos últimos meses vem dificultando a concessão de crédito ao setor. “Isso desestimula o negócio e contribuiu para a queda nas vendas, que ficará próxima dos 30%, para 11 a 12 mil unidades”.

Segundo Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz, o mercado brasileiro deveria oscilar na casa das 25 a 26 mil unidades. Está, portanto, abaixo da metade. “Essa crise não é igual às demais. O impacto foi maior e ela está mais duradoura, impactando todos os segmentos”.

Silvio Munhoz, diretor de ônibus da Scania, afirmou que os clientes não estão demonstrando mais pessimismo. “Já passou dessa fase: agora vemos inconformismo e incerteza. Precisamos passar mais otimismo aos clientes, enxergar o lado cheio do copo”.

Embora ainda não esteja no horizonte, a recuperação virá com percalços, na avaliação dos executivos. Barbosa, da M-B, vê dois desafios: encontrar o cliente e encontrar crédito disponível para ele.

Já Pimenta se queixou do parque de fornecedores. Segundo ele muitos estão quebrando e fechando as portas. “Atender o conteúdo local poderá ser um grande desafio no futuro bem próximo”.

Embarque de ônibus encarroçados cresce 12% no trimestre

O presidente da Fabus, Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus, José Antônio Fernandes Martins, informou no Painel Encarroçadoras do Workshop Tendências Setoriais Ônibus que as exportações do setor cresceram 12% no primeiro trimestre e a tendência é de aceleração dos negócios ao longo do ano.

“Estamos prevendo um acréscimo de 20% a 25% nas vendas externas de ônibus encarroçados este ano em relação a 2015”, destacou Martins. “Deveremos exportar na faixa de 4,5 mil a 4,8 mil unidades, ante as 3,8 mil de 2015. Estamos reconquistando mercados perdidos no passado, como Oriente Médio e África, e começamos a crescer na região latino-americana”

As notícias positivas no setor, porém, páram por aí. Há 56 anos atuando na área o presidente da Fabus disse nunca ter visto uma crise tão profunda no mercado de ônibus como a atual. As vendas internas no primeiro trimestre caíram 53%, baixando de 4,3 mil no ano passado para 2 mil 55 este ano.

Destacou ser difícil fazer previsões para o mercado interno diante do atual momento político/econômico, ressaltando ser necessário restabelecer condições adequadas de crédito para que o setor se recupere. O custo de um financiamento, incluindo juro e taxas dos  bancos, beira os 17%, revelou Martins.

Também participante do Painel Encarroçadoras, o gerente comercial da Marcopolo, Luis Roberto Fonseca Ribeiro, concordou integralmente com a análise do presidente da Fabus:

“Nosso principal obstáculo é o custo do financimento e a falta de disponibilidade de dinheiro. Em dois anos a prestação de um ônibus urbano dobrou, ou seja, a capacidade de investimento das empresas caiu pela metade.”

Outra questão debatida no painel foi o excesso de capacidade ociosa no setor, em torno de 60% a 65%, segundo a Fabus. De acordo com o diretor industrial da Caio Induscar, Maurício Lourenço da Cunha, isso tem gerado uma guerra de preços no setor que poderá ter consequências negativas no futuro:

“A guerra de preços é grande, há um verdadeiro desespero no mercado. O risco é de nem todos sobreviverem após a atual crise” 

Exportações representam um container lotado de desafios

O canal de exportações é importante e necessário para a indústria nacional de ônibus, mas traz consigo um volume tamanho de desafios que seria capaz de encher sozinho um container. É o que se pode concluir da palestra do executivo Marcos Forgioni, vice-presidente de mercados internacionais da MAN Latin America, parte do programa do Workshop AutoData Tendências Setoriais Ônibus, realizado na segunda-feira, 18, em São Paulo, no Milenium Centro de Convenções.

“Cada país, cada mercado, tem a sua peculiaridade. Há inúmeras legislações, regras, encarroçadores. Sem o apoio firme da engenharia em cada local não é possível fazer negócios.”

E ele sabe bem do que está falando: a MAN LA exporta para um grande volume de mercados, sempre a partir da unidade de Resende, RJ – sejam veículos prontos ou kits SKD, parcialmente desmontados, que também podem variar dependendo do cliente externo – e conta com nada menos do que 182 concessionárias fora do Brasil, em especial América Latina e África. Na lista estão, por exemplo, México, Argentina, Colômbia, Equador, Paraguai, Uruguai, Venezuela e África do Sul. E no segundo semestre chega o reforço da Nigéria.

E é aí que começa a encrenca: cada um tem sua própria legislação no que se refere às especificações para ônibus e, em alguns casos, até mais do que uma. “É uma miríade de normas, e não só de emissões”, afirmou Forgioni.

No caso dos motores apenas na América Latina há países que ainda estão no Euro 1 enquanto outros já chegaram ao Euro 5, e todo esse recheio ainda está contemplado na região, do Euro 2 ao 4 dependendo do mercado. Para o futuro o quadro é ainda mais embolado: há quem queira saltar direto do Euro 1 para o 4, enquanto outros já estudam partir para o Euro 6.

“Hoje em Resende produzimos veículos Euro 2, Euro 3 mecânico, Euro 3 eletrônico, Euro 4 e Euro 5. É complicado, pois o parque de fornecedores não aguenta tamanha variação com volumes pequenos.”

E não fica por aí: há outras leis com relação às demais características que os ônibus devem seguir em cada país, que igualmente variam bastante. “No Equador, por exemplo, recentemente determinou-se que deve-se seguir os padrões europeus de parachoques, assentos e iluminação externa.”

Os BRTs também não tem vida fácil: o executivo conta, apenas na América Latina, vinte agências gestoras em oito países. “Alguns querem porta do lado esquerdo, outros do lado direito, piso alto, piso baixo…”

Apesar de todos estes complicadores, a expectativa é boa. Pelos cálculos apresentados na palestra os negócios com ônibus no Exterior cresceram 4% no primeiro trimestre com relação ao mesmo período do ano passado, para cerca de 3,4 mil unidades.

E o volume pode ser ainda melhor: segundo Forgioni as negociações com o Irã poderão chegar a bom resultado. “Tudo é questão de ter um business case que faça sentido, e estamos perto disso. Acredito em novidades boas em breve.”

 

Cenário está pior do que o projetado

Com o encerramento do primeiro trimestre a indústria de ônibus se debruça sobre planilhas para rever as estimativas para a produção, vendas e exportação em 2016. A situação dos primeiros três meses ficou pior do que imaginavam os executivos no mercado doméstico e no ritmo das fábricas e só há alguma esperança de melhora nas exportações, embora sem perspectiva de crescimento suficiente para compensar o declínio interno.

Em palestra durante o Workshop AutoData Ônibus, na segunda-feira, 18, no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo, SP, o vice-presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, admitiu que a associação revisará os números em breve. “O desempenho do trimestre indica que o resultado será pior do que o que projetamos. Estamos passando pela maior crise da história da indústria de veículos comerciais no Brasil”.

Segundo Moraes o setor já passou por outras crises no mercado nacional, mas nenhuma foi ao mesmo tempo tão intensa e prolongada.

Ao fim do ano passado a Anfavea projetou queda de 16% nas vendas domésticas, para 14,1 mil chassis. A produção sofreria uma redução de 17%, para 21,3 mil unidades, enquanto as exportações cederiam 36%, para 7,2 mil unidades.

“Nas exportações há um viés de alta: as equipes estão fazendo as malas e pegando avião para as diversas partes do mundo, América, África ou Oriente Médio, em busca de novos negócios. Mas não é tão simples assim e enfrentamos forte concorrência dos chineses”.

Pesa a favor do Brasil a expertise na produção de chassis. O país é, segundo Moraes, o quarto principal fabricante de ônibus do mundo, embora tenha encerrado o trimestre com elevada ociosidade, na casa dos 80%.

Por outro lado o desempenho doméstico deverá ficar bem abaixo das projeções da associação. Moraes acredita em ritmo semelhante ao do primeiro trimestre no decorrer do ano, o que projetaria um mercado na casa das 11 mil unidades – no ano passado foram comercializados 16,8 mil chassis.

Honda: sem fábrica nova e com vendas 20% menores em 2016.

Em 2015 o lançamento do utilitário esportivo compacto HR-V fez a Honda se descolar da queda de 25% na venda estrutural de veículos e alavancou seus resultados em 11%. Este ano, porém, nenhum milagre deve ser capaz de impedir a queda nas vendas e segundo Roberto Akiyama, vice-presidente da Honda Automóveis do Brasil, a previsão é de retração de 20%.

A Honda foi uma das cinco montadoras que cresceu em 2015. A que atribui os bons números?
Inauguramos um novo segmento na Honda com o lançamento do HR-V. O utilitário esportivo compacto foi muito bem recebido e respondeu por um terço das nossas vendas em 2015. Além disso tivemos o lançamento das novas versões dos modelos Fit e City. Nosso portfólio sem dúvida contribuiu para que escapássemos da queda geral de 25% do mercado de veículos.

Essa tendência continua este ano? A empresa deve escapar de uma nova retração?
Não. Infelizmente prevemos uma queda de 20% nas nossas vendas em 2016, para cerca de 125 mil veículos. Aproximadamente 13% da retração deve vir em decorrência da situação do mercado, que vive um compasso de espera com a crise de confiança do consumidor. A outra parcela da queda é responsabilidade nossa, por causa do lançamento do novo Civic, que começará a ser fabricado em Sumaré no segundo semestre. É normal que em momentos de renovação da linha haja uma queda na produção para a adaptação da linha de montagem. Em 2015 comercializamos 31 mil unidades do Civic e para este ano, modelo antigo e o novo, prevemos vender 20 mil.

A Honda suspendeu a inauguração da fábrica de Itirapina, no Interior de São Paulo. Por que a empresa tomou essa decisão?
A unidade de Itirapina dobraria nossa capacidade de produção no Brasil, para 240 mil veículos por ano, com um investimento de R$ 1 bilhão. Ela seria responsável por desafogar a produção de Sumaré e ampliar a capacidade de produção de modelos como o HR-V. No entanto a inauguração, que estava prevista para o primeiro semestre deste ano, já não tem mais data para ser realizada. Só faremos isso quando o mercado sinalizar uma recuperação. Já está tudo pronto, mas não contratamos os funcionários, que devem somar 2 mil, para não termos de lidar com questões de ajustes de mão de obra, como lay-off e férias coletivas. Optamos por esperar para não inflar nossos estoques de maneira artificial, forçar a rede de concessionárias a fazer promoções e acabar reduzindo o valor do produto de quem já comprou um carro nosso.

O que esperar do mercado brasileiro em 2016?
Acompanhamos a projeção da Anfavea e prevemos um mercado de 2,3 milhões de unidades, em queda de 7,5%. Voltaremos ao patamar de 2007. Temos uma capacidade ociosa média de 50%, e isso não é bom. O mercado brasileiro vive uma crise de confiança com a instabilidade política e econômica.

As exportações podem ser um alento?
Nós somos responsáveis pelo abastecimento da América do Sul. Com a mudança de governo na Argentina as negociações estão avançando rapidamente e acredito que logo tenhamos bons acordos. Atualmente nossa remessa é de 2 mil veículos por mês, mas há potencial para ampliar muito esse número. Estamos otimistas.

Como está o desempenho global da Honda?
Mercados como China e Estados Unidos estão crescendo muito. As demais regiões estão moderadas, mas sem grandes sustos. A América do Sul, por causa do Brasil, é o maior ponto de atenção da Honda nesse momento. Precisamos convencer a matriz de que nosso mercado é cíclico e logo voltará a crescer, por isso não cancelamos nenhum investimento de longo prazo e em novas tecnologias.