Gandini faz do fim do IPI majorado sua principal bandeira na Abeifa

O empresário José Luiz Gandini já definiu a principal bandeira de sua quinta gestão à frente da Abeifa: o fim dos trinta pontos porcentuais de IPI majorado incidentes nos veículos importados. E de preferência bem antes de 2017, quando está prevista a queda dessa tributação excedente e das cotas destinadas a importadores e fabricantes.

Em sua primeira entrevista coletiva como presidente nessa nova gestão, na quarta-feira, 4, Gandini pediu isonomia dos importados com nacionais – não citou, no entanto, a retirada também dos 35% de imposto de importação – e apresentou diversos dados para provar que o IPI majorado e as cotas não fazem mais sentido, uma vez que o dólar médio do primeiro quadrimestre ficou em R$ 3,80.

“Até entendi esse ato do governo na ocasião”, afirmou o empresário, lembrando de 2011, quando, da noite para o dia, foi criada taxa de 30 pontos porcentuais de IPI. “Quando foi anunciado o IPI majorado o dólar estava R$ 1,71”.

Em 2011, último ano sem IPI majorado, a Abeifa registrou 199 mil unidades comercializadas. Para este ano as associadas projetam fechar o ano com pouco mais de 39 mil veículos licenciados, queda de 35% com relação ao ano passado – retração superior á do mercado, que deverá fechar na casa de 27% de baixa, segundo as projeções da associação.

Somadas todas as cotas das associadas da Abeifa é possível importar 35,7 mil unidades sem a cobrança do IPI majorado. Caso a projeção divulgada pro Gandini se concretize, pouco mais de 3 mil unidades pagarão o imposto excedente. “É impraticável importar fora da cota”.

Gandini apresentou também outros dados comparativos de 2011 com 2016 para reforçar sua opinião. Eram 848 as concessionárias das filiadas à Abeifa antes do IPI majorado, número que hoje caiu para 450 casas. De 35 mil postos de trabalho sobraram 13,5 mil empregos diretos gerados pelos importadores. E a arrecadação do governo com o setor, que foi de R$ 6,5 bilhões em 2011, fechará em cerca de R$ 2,1 bilhões este ano.

“Queremos a imediata suspensão do IPI majorado”, afirmou Gandini. Mas o próprio empresário admitiu que a sua luta será árdua, uma vez que a situação política do País está completamente indefinida. “A ideia é criar uma proposta conjunta com a Anfavea e derrubar esses trinta pontos porcentuais. Queremos que o veículo importado tenha o mesmo tratamento que o nacional”.

Ele acredita que os números apresentados pela Abeifa – queda de 44,6% no quadrimestre, de 22,9 mil unidades de janeiro a abril do ano passado para 12,7 mil veículos no mesmo período de 2016 – poderiam ser melhores sem o imposto majorado. “Eu recebo pedido de novas concessões, mas não posso nomear ninguém porque não teria volume para abastecer”.

Mercado de ônibus retorna a níveis de 1994

Foram comercializados apenas 916 chassis de ônibus no mercado brasileiro em abril, segundo dados divulgados pela Anfavea na quinta-feira, 5. Dos quatro primeiros meses do ano apenas em um, janeiro, o segmento registrou mais de 1 mil licenciamentos mensais.

O volume de abril representa uma queda de 41,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado e um recuo de 7,2% na comparação com abril. Mais: remete a volumes comercializados em 1994, 22 anos atrás, segundo o vice-presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.

“Não estamos conseguindo vender 1 mil unidades em um mês”, afirmou, durante entrevista coletiva à imprensa. De janeiro a abril o mercado soma 3,6 mil licenciamentos, queda de 46,3% na comparação com o mesmo período de 2015 – que já havia caído mais de 25% com relação ao ano anterior.

Comportamento semelhante apresenta a produção, que acumulou 5,9 mil chassis de janeiro a abril, queda de 39,2% com relação a igual período do ano passado. Em abril saíram das linhas de montagem 1,6 mil chassis, recuo de 23,1% na comparação anual e de 4,2% na mensal.

As exportações, por outro lado, sinalizam recuperação: em abril os embarques somaram 697 unidades, avanço de 34,8% sobre o volume exportado no mesmo mês do ano passado, embora 4% inferior ao resultado de março. No acumulado o saldo é positivo em 15,3%, com 2,3 mil unidades exportadas.

Fenabrave revê projeção e estima queda de 20% nas vendas

Ao fim do primeiro quadrimestre, sem perspectiva de reversão no cenário negativo do setor automotivo brasileiro, a Fenabrave revisou para baixo suas estimativas de vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus. E bem para baixo: dos 5,8% de queda divulgados no começo do ano as projeções passaram para recuo de 20% no setor, ou pouco mais de 2 milhões 50 mil unidades.

O segmento de automóveis e comerciais leves terá, segundo os cálculos da associação, recuo de 20%, para 1 milhão 981 mil unidades. As vendas de caminhões deverão recuar 23%, para 55,3 mil unidades, enquanto os licenciamentos de chassis de ônibus cederão 21%, para pouco mais de 16 mil unidades.

Segundo Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave, as revisões foram alteradas com base em duas vertentes: as pioras nos cenários econômico e político: “A crise política agrava ainda mais a situação econômica. Não fosse isso, a economia não estaria tão ruim”.

O impacto no setor automotivo foi grande. As vendas de veículos recuaram 25,7% em abril, comparado com o mesmo mês do ano passado, para 162,9 mil unidades. Com relação a março a queda foi de 9,1% – explicada pela menor quantidade de dias úteis: a média diária, de cerca de 8 mil licenciamentos por dia, foi mantida.

No acumulado do ano o setor registra queda de 27,9%, com 644,3 mil veículos comercializados.

Em automóveis e comerciais leves a queda acumulada chegou a 27,6%, para 622,6 mil unidades. Em abril os brasileiros consumiram 157,6 mil veículos do segmento, ou 25,5% a menos do que em igual mês do ano passado – na comparação com março o recuo foi de 9,1%.

No segmento de caminhões o quadrimestre fechou com retração de 31,7%, com 17,2 mil unidades vendidas. No mês passado foram 4,2 mil caminhões vendidos, quedas de 27,8% na comparação anual e 13,1% na mensal.

Já as vendas de chassis de ônibus recuaram 46,1% no acumulado do ano, para 4,5 mil unidades. Em abril foram 1,1 mil unidades licenciadas, recuo de 41% na comparação anual e 4,5% na mensal.

O mercado de motocicletas fechou os primeiros quatro meses do ano em retração de 12,8%. Foram comercializadas 379,6 mil unidades. No mês passado a queda anual foi de 16,7%, com 93,5 mil motocicletas emplacadas – com relação a março, recuo de 9,5%.

Para o segmento de duas rodas a Fenabrave projetou 5% de queda nas vendas, para 1,2 milhão de unidades.

Concessionárias – Segundo os cálculos da associação foram fechadas 1 mil 423 revendas, de todos os segmentos, desde dezembro de 2014. No mesmo período foram abertas outras 392 lojas, o que dá um saldo de 1 mil 31 concessionárias a menos, segundo Assumpção Jr. “O setor cortou cerca de 48,5 mil empregos”.

Kicks chega ao mercado dia 5 de agosto

Produzido no México desde março, o Nissan Kicks será vendido no Brasil a partir de 5 agosto, dia da abertura dos Jogos Olímpicos 2016. Sua produção em Resende, RJ, só será iniciada no primeiro trimestre de 2017, conforme revelou José Luis Valls, vice-presidente sênior da Nissan para a América Latina, na apresentação oficial do novo SUV compacto da marca na segunda-feira, 2, no Rio de Janeiro.

“Nossa meta é vender de 2,5 mil a 3 mil unidades/mês do novo modelo”, comentou Valls, dizendo acreditar que o Kicks representará vendas adicionais para a Nissan no País. “Mundialmente somos muito forte no segmento de crossovers e seu lançamento no Brasil certamente atrairá novos consumidores para a marca, pois não temos nenhum produto do gênero por aqui.”

Apesar de produzido no México, o Kicks terá lançamento mundial no Brasil em julho, um mês antes do início das suas vendas. O presidente da Nissan do Brasil, François Dossa, disse que a empresa optou por fabricá-lo primeiro em Aguascalientes por ser uma fábrica mais antiga e considerada referência para a companhia: “Uma das nossas características é a obsessão por qualidade. Nossa fábrica de Resende tem apenas dois anos, enquanto a mexicana já completou setenta”.

Dossa garantiu, no entanto, que dentro do ano fiscal 2016, que termina em março do ano que vem, o modelo já estará sendo produzindo no Brasil, com o mesmo padrão e preço do que vem agora do México. Lembrou, ainda, que o Complexo Industrial de Resende recebe investimento de R$ 750 milhões, ou US$ 192 milhões, para receber o projeto. Com o novo produto e o lançamento em junho de versões do March e Versa com câmbio CVT [transmissão continuamente variável], a Nissan quer ampliar vendas e participação de mercado este ano no Brasil.

Sem revelar a meta de emplacamentos, Dossa disse que a Nissan almeja market share de pelo menos 3%, ante os 2,6% do ano passado. Segundo José Luis Valls, a empresa acredita que o mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves encerrará o ano na faixa de 2 milhões a 2,1 milhões de unidades. Se chegar nos 3%, portanto, a Nissan venderá em torno de 60 mil a 63 mil veículos. Valls lembrou que o segmento de SUVs é o que mais cresce no mundo e também no Brasil: “Nos últimos cinco anos a venda de crossovers no mercado brasileiro teve alta de 200%”.

Após ser mostrado para a imprensa na segunda-feira, 2, o novo SUV compacto da Nissan foi apresentado ao público na terça-feira, 3, em Brasília, no primeiro dia do Revezamento da Tocha Olímpica Rio 2016, que é patrocinado pela montadora. Carro oficial dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, o Kicks também é o carro comando do revezamento e rodará 95 dias por todo o Brasil acompanhando de perto os condutores da tocha. De acordo com Dossa, a produção do modelo no México até agosto, quando terá vendas iniciadas no Brasil, será de 11 mil unidades.

Exportação – As exportações do Kicks para países da América Latina será iniciada ainda este ano a partir das operações mexicanas. Mas assim que sua produção for iniciada em Resende o Brasil também passará a exportar o modelo. “Em um primeiro momento as duas fábricas vão abastecer a região. Mas a ideia no futuro é fazer do Brasil a base de exportação para todos os países abaixo do México”, informou José Luis Valls, adiantando ainda que futuramente outras parte dos mundo receberão o modelo, totalizando oitenta mercados.

A versão final de produção do Kicks, segundo os executivos da montadora, manteve o mesmo design conceitual do Kicks Concept, visto pela primeira vez no Salão do Automóvel de São Paulo de 2014. O modelo é resultado de um trabalho conjunto das equipes do NDA, Nissan Design América, em San Diego, Estados Unidos, e do estúdio satélite da Nissan, o NDA-R, Nissan Design América – Rio , com a coordenação do Centro Mundial de Design da Nissan, no Japão.

O Kicks chega ao mercado brasileiro com motor flex 1.6. Esteticamente incorpora a grade frontal V-motion, faróis dianteiros e traseiros em formato de bumerangue e o teto flutuante que dá a impressão de estender o para-brisa até o fim dos vidros laterais. Dentre as tecnologias oferecidas pelo Kicks, os executivos da Nissan destacaram o Around View Monitor [monitor com visão 360°] e o Moving Object Detection [detecção de objetos em movimento], que se utilizam de quatro câmeras integradas para exibir uma visão total do carro e alertar ao condutor no caso de qualquer perigo que tenha passado despercebido.

Esta é a primeira vez, segundo Valls, que um veículo é oferecido nesse segmento do mercado brasileiro com tais dispositivos. O Kicks tem 4m295 de comprimento, 1m760 de largura e 1m590 mde altura. Seu entre-eixos é de 2m610 e sua distância do solo, segundo a fabricante, é de 200 mm.

Programa de renovação de frota retorna à estaca zero

Além de aprofundar a crise econômica brasileira, o cenário de incertezas da política nacional jogou outro balde de água fria no setor automotivo. O tão aguardado programa de renovação de frota, discutido há pelo menos três anos por agentes dos setores público e privado, voltou à estaca zero com a possibilidade de troca de governo e não há garantia que possa sair no curto prazo.

“Lamentavelmente o projeto está parado”, afirmou Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave. “Não sabemos como isso caminhará com o novo governo. Voltamos à estaca zero”.

No começo do ano o empresário estava otimista. Chegou a anunciar, em janeiro, que o projeto sairia em semanas, o que acabou não ocorrendo – e acabou por prejudicar ainda mais a situação do setor, que via com otimismo a possibilidade de alavancar as vendas com a substituição de modelos antigos por novos.

A Fenabrave calcula que 500 mil veículos 0 KM, dentre automóveis, comerciais leves, caminhões, chassis de ônibus e motocicletas poderiam ser comercializados por ano com a entrada em vigor do programa de renovação de frota.

As movimentações políticas atrasaram também outro projeto de interesse do setor, o Renave, Registro Nacional de Veículos em Estoque. Criado para reduzir a burocracia e os custos nas transferências de veículos usados, sua regulamentação estava prevista para março deste ano, mas a troca do ministro das Cidades prejudicou seu andamento.

“Se essa questão política for rapidamente resolvida, o Renave deverá entrar em vigor a partir do segundo semestre”, disse Assumpção Jr.

Educação e meio ambiente como ferramentas de estratégia social

A Ford fez festança em Camaçari, BA, na primeira segunda-feira de abril, no espaço generoso, e inesperado, do Teatro da Cidade do Saber. Além das autoridades, como o prefeito Ademar Delgado, e de representantes da Ford, como Steve Armstrong, presidente para a América do Sul, e Jim Vella, presidente do Ford Fund – que patrocinou a festa – estavam lá 94 participantes do Programa Ford de Educação para Jovens em sua primeira formatura.

O prefeito da cidade passou por algum aperto no fim da solenidade, abordado por funcionários municipais em greve que se manifestavam na porta do teatro. Mas o pessoal da Ford, os formandos e suas famílias nem prestaram atenção à saia-justa do prefeito Delgado: viviam dia aventurado.

O Programa Ford de Educação é um dos que a companhia banca na cidade, dentro da diretiva global de inserção nas comunidades onde está presente. Outro evento foi o início da distribuição de mochilas ecossustentáveis, dotadas de kits de cadernos e lápis, para os 10 mil alunos da rede pública de ensino de Camaçari, uma parceria com o Projeto Axé, baseado em Salvador, ONG especializada na assistência a crianças.

Para a gerente de relações corporativas da companhia, Adriane Rocha, que tem sob sua responsabilidade as ações de responsabilidade social, a presença de Armstrong e de Vella são o melhor espelho da importância daquela manhã em Camaçari – Vella dirige o braço filantrópico da FoMoCo:

“Elegemos educação e meio ambiente como eixos fundamentais de atuação, pois a crença da companhia é a de que são questões estratégicas para a qualidade de vida das futuras gerações. E também para incentivar as capacitações necessárias para a criação das inovações do futuro”.

Texto distribuído durante o evento vai além: “A Ford busca fazer a diferença na vida das pessoas, inspirando seus empregados, encantando seus consumidores, recompensando seus acionistas e contribuindo para fazer do mundo um lugar melhor”.

E o próprio Jim Vella contou que “melhorar a vida das pessoas faz parte da agenda Ford, uma abordagem estratégica nos lugares onde mantemos operações, sempre com parceiros locais, sempre gente com reputação”. Assim, de acordo com Adriane Rocha, os programas sociais da empresa foram mantidos, e alguns até ampliados, independente dos tempos difíceis, desafiadores – pois fazem parte da agenda e não devem, nem podem, ser abandonados:

“Queremos, sempre, ampliar o espectro de nossa participação, mas com reconhecimento, com algo mais. Em síntese desejamos, sempre, dar mais qualidade à cadeia de valor. Foi o que aconteceu com o projeto das mochilas”.

A agregação de valor, no caso do Programa de Educação para Jovens é manifesto. Em Camaçari havia o sentimento de que a estrutura de educação local não preparava a rapaziada para a vida, nem para a indústria nem para o comércio, e a empresa rapidamente entendeu qual era a necessidade. Para a primeira turma foram selecionados cem estudantes da rede estadual, de 17 a 21 anos, de boas notas e com disposição para ir além.

Adriane Rocha observa o envolvimento de toda a rede escolar de ensino médio, “atenta a destacar aqueles que realmente se dedicavam aos estudos”. O Sesi, Serviço Social da Indústria, foi o parceiro no projeto, que contempla 4 horas de aula todo dia e exige frequência mínima de 75%. Os alunos recebem “orientações comportamentais, noções de saúde e de segurança no trabalho, administração financeira, formação pessoal e social, ética, gerenciamento do seu tempo, informática básica, matemática, lógica, inglês, comunicação”.

Foram 310 horas de envolvimento dessa primeira turma com o projeto, com sua formação técnica, parceria com o Senai, Serviço Nacional de Aprendizado Industrial, dirigida para o desenvolvimento de auxiliares nas áreas de administração, elétrica, mecânica de veículos leves e mecânica de manutenção de equipamentos industriais.

O fim do curso coincidiu com a possibilidade de os alunos entrarem no processo de seleção do Programa Jovem Aprendiz, que contempla estágio na unidade Ford de Camaçari.

Naquela mesma segunda-feira, à tarde, Ford e Projeto Axé promoveram work shop, na sede da ONG, no Pelourinho, em Salvador, sobre o processo que, afinal, produz mochilas a partir do uniforme industrial dos empregados da fábrica de Camaçari, que antes eram incinerados – aquelas 10 mil que começaram a ser distribuídas pela manhã.

E aí, mais uma vez, aparece a evidência de projeto que funciona, desde 2014, debaixo do impacto da criação de valor na cadeia, recorda Adriane Rocha:

“No caso nós, Ford, cedemos o fardamento usado depois de devidamente higienizado e o pessoal do Axé seleciona e capacita mulheres, basicamente mães de crianças que frequentam os seus próprios projetos sociais. Elas, então, animam as oficinas de corte e de costura e participam diretamente do processo de produção das mochilas. Recebem uma bolsa-auxílio, transporte e alimentação no Axé. E tem mais: elas passam a deter algum conhecimento que pode vir a ser fonte de renda”.

Enfim: algo, no caso os uniformes, em ciclo de decadência, é transformado em algo superior, no caso as mochilas, por meio de esforços e trabalhos integrados, como as crianças que levam suas mães, muitas vezes em situação de vulnerabilidade, ao Projeto Axé para conviver e aprender algo novo. Na outra ponta estão os alunos da rede pública de ensino de Camaçari.

As mochilas já reproduziram um ciclo virtuoso, gerando no Axé novo curso, a que chamaram de desenvolvimento de produtos sustentáveis – também de olho na melhoria de vida de centenas de mulheres de baixa renda de Camaçari e de Salvador.

Desta forma o estímulo às cadeias produtivas sustentáveis acaba por gerar renda por meio do conhecimento e do trabalho.

Como observa Adriane Rocha “ao longo do tempo essas mulheres, com mais autoestima, passam a ter condições de criar suas próprias peças e de produzir uma renda extra”. Ao longo de 2015, por exemplo, foram dezenove mulheres envolvidas no projeto das mochilas ecossustentáveis.

GM demite trezentos em Gravataí

Cerca de trezentos metalúrgicos que retornariam ao trabalho na fábrica da General Motors em Gravataí, RS, na segunda-feira, 2, após cinco meses afastados em lay off foram dispensados pela montadora por meio de telegramas. Eles fazem parte de um grupo de oitocentos funcionários que em dezembro entraram em lay off, para ajustar a produção da fábrica à demanda do mercado.

A informação, divulgada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, foi confirmada pela companhia que, em nota, afirmou que “durante o período do acordo mais da metade destes empregados retornou ao trabalho, pois a esperada recuperação do mercado, infelizmente, não aconteceu”.

A GM ainda completou: “Na realidade houve queda de mais de 26% nas vendas da indústria apenas nos primeiros quatro meses de 2016”.

O sindicato, por sua vez, rebateu o argumento da montadora: nas suas contas as vendas de Onix e Prisma, os dois modelos produzidos em Gravataí, saltaram de 27,5 mil unidades no primeiro trimestre de 2015 para 32,3 mil veículos nos primeiros três meses de 2016.

O presidente Valcir Ascari afirmou que a entidade buscará na justiça a manutenção do emprego dos demitidos com pedido de instauração de dissidio coletivo no TRT local, além de pressionar a diretoria da GM:

“Vamos ao tribunal com muito fundamento, mostrando que os motivos alegados pela montadora para demitir os trabalhadores são inconsistentes. Entendemos que não há necessidade de demitir trezentos pais e mães de família”.

O sindicalista apresentou também dados do Dieese que, segundo ele, comprovam que não há necessidade da GM demitir. Nos últimos doze meses a GM desligou cerca de oitocentos funcionários de Gravataí, dos quais 102 apenas no primeiro trimestre do ano. “Esses ajustes já seriam suficientes para manter o quadro atual, sem necessidade de novos desligamentos”.

Acordo no ABCD – Em São Caetano do Sul, onde está a principal fábrica e sede da GM no Brasil, os trabalhadores que estavam afastados tiveram o lay off prorrogado por cinco meses, com possibilidade de nova extensão por mais quatro meses. Em contrapartida os funcionários da fábrica não receberão reajuste salarial este ano, mas terão dois abonos durante o ano para compensar as perdas inflacionárias.

A GM confirmou o acordo. Em nota, afirmou ter sido “positivo, pois pode conciliar as necessidades de ajuste ao mercado em queda com o interesse dos empregados”.

Brasil e Peru antecipam livre comércio para veículos leves e picapes

Os governos de Brasil e Peru firmaram na sexta-feira, 29, Acordo de Ampliação Econômico-Comercial. Assinado em Lima, capital do país andino, pelos ministros brasileiros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, e das Relações Exteriores, Mauro Vieira, inclui a antecipação do livre comércio de veículos leves e picapes pelos dois países, anteriormente prevista para ocorrer somente em 2019.

Para Antônio Megale, presidente da Anfavea, “o acordo de livre comércio com o Peru é uma grande notícia e representa mais um passo no sentido de ampliar os mercados internacionais para o Brasil. Vivemos uma oportunidade muito favorável para exportar e temos tecnologia e capacidade instalada para atender novos parceiros comerciais”.

Segundo o MDIC o efeito da medida é imediato. Em comunicado o ministério afirmou que “o mercado de veículos leves [peruano] representa cerca de 160 mil unidades. Hoje o Brasil participa com apenas 3% e pode, na condição de livre-comércio estabelecida, ampliar as vendas para o país andino”.

Segundo dados da Oica em 2015 o mercado total peruano fechou em 172,5 mil unidades. O melhor ano foi 2013, 201 mil unidades, mas o avanço é notável: em 2005 foram comercializadas no país apenas 23 mil veículos.

Outra oportunidade para a indústria automotiva brasileira no Peru é que os termos acertados ainda contemplam o primeiro acordo internacional de compras governamentais pelo Brasil. Isso significa que as licitações peruanas de bens e serviços passam a estar automaticamente abertas para as empresas brasileiras – que até então enfrentavam exigência de depósito prévio e outras burocracias. Uma das áreas esperadas para licitação pelo governo peruano é justamente a de transportes. Da mesma forma, agora empresas peruanas poderão participar das licitações brasileiras.

 

Honda premia melhores fornecedores

A Honda realizou na quinta-feira, 28, a 18ª. edição de seu reconhecimento anual de fornecedores. Foram 25 empresas reconhecidas em oito categorias.

Segundo a fabricante, a avaliação levou em conta critérios de qualidade, atendimento, custos, desempenho no desenvolvimento de produtos para novos modelos e preservação do meio ambiente. A montadora, em nota, afirmou que “reconhece os fornecedores que mais se destacaram no cumprimento das metas anuais, agradecendo e estimulando-os a aprimorarem os bons resultados e motivando os demais a almejarem a conquista desse reconhecimento”.

Também de acordo com a Honda, “devido à constante busca pela nacionalização de itens e aumento da competitividade o fortalecimento da parceria com os fornecedores representa, além da melhoria contínua dos produtos da marca, um círculo virtuoso de crescimento conjunto”.

Com a inauguração do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, em 2014, na planta de Sumaré, a montadora “intensificou o investimento em capacitação técnica e comprometimento conjunto para o desenvolvimento de novas ideias e produtos que superem as expectativas dos clientes”.

Confira a lista dos vencedores:

Mercado fecha quadrimestre com recuo de 28%

Os licenciamentos de automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus somaram 644,2 mil unidades no primeiro quadrimestre, de acordo com dados preliminares do Renavam obtidos pela Agência AutoData. O volume foi 28% inferior ao resultado de igual período do ano passado, quando os brasileiros consumiram 893,8 mil veículos.

O quadrimestre tem volume mais baixo de veículos vendidos desde os primeiros quatro meses de 2006, quando a indústria registrou 548,8 mil licenciamentos.

Mais: somadas, as vendas de veículos de janeiro a abril não alcançam o volume de licenciamentos do primeiro trimestre do ano passado, quando foram emplacados 674,4 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus.

Em abril foram comercializadas 162,8 mil unidades, volume 25,7% inferior ao de igual mês do ano passado, que registrou 219,4 mil emplacamentos. Com relação a março e suas 179,3 mil unidades comercializadas houve recuo de 9,2%, justificado pela menor quantidade de dias úteis – 22 em março, 20 em abril.

Dentre tantos resultados negativos, ao menos um alento: o índice médio diário de licenciamento permaneceu em 8,1 mil unidades no mês passado, estável tanto com relação a março quanto com fevereiro. Em abril de 2015 a média diária de vendas chegou a 10,9 mil unidades.

Não houve também mudanças no ranking de automóveis e comerciais leves: a General Motors manteve a liderança, seguida por Fiat e Volkswagen. A Ford permaneceu na sexta posição, atrás de Hyundai e Toyota.

Os resultados oficiais e comentários sobre o desempenho do mercado serão divulgados pela Fenabrave em coletiva à imprensa na terça-feira, 3, com cobertura completa da Agência AutoData.