Projeção revista. E para baixo.

Depois de ter registrado queda de 27,9% nas vendas domésticas de veículos nos quatro primeiros meses de 2016, em comparação com o mesmo período do ano passado, a Fenabrave abriu esta semana revendo para baixo sua projeção para este ano. E muito para baixo.

Alarico Assumpção Júnior, presidente da entidade, iniciou este ano com projeção de queda de 5,8% nas vendas de veículos em 2016 – o que, aliás, já representaria um mau resultado na medida em que significaria a manutenção para baixo da curva de tendência de comercialização do setor.

Pois bem: de acordo com a nova projeção da Fenabrave a queda das vendas de veículos neste ano poderá ser quase de três a quatro vezes maior do que o inicialmente projetado: 18% nos automóveis, 27% nos comerciais leves, 22% em caminhões e 23% nos ônibus.

A se confirmar esta nova projeção da entidade será o quarto ano seguido de queda nas vendas do setor, com o agravante de que, desta vez, a queda acentuada de vendas se dará sobre uma base já deteriorada pela redução igualmente acentuada de 26% registrada no ano passado.

Do pico, 3,8 milhões de veículos comercializados em 2012, ao vale, 2 milhões 50 mil unidades a serem licenciadas este ano, o mercado brasileiro terá se reduzido praticamente pela metade em quatro anos. Ou até além da metade, se tomados, em particular, os segmentos de caminhões e ônibus.

Quando o processo se iniciou, em 2013, o máximo que os executivos do setor projetavam para o futuro era leve marolinha. Queda no ano inferior a 10%, fruto de uma espécie de ajuste mais estrutural do que conjuntural após um longo período de rápido e acentuado crescimento.

Como o poço era mais fundo, muito mais fundo do que inicialmente se projetava, desde então, a cada novo ano, estes mesmos executivos se perguntam, no momento de fazer a aposta do budget, se este fundo já teria, enfim, sido alcançado. E o ano seguinte se encarrega de mostrar que, infelizmente, ainda não.

Trata-se de um quadro que comprova, mais uma vez, o quanto as vendas de veículos, sobretudo as de automóveis, comerciais leves e caminhões, são umbilicalmente dependentes da disponibilidade de crédito e da confiança dos consumidores com relação ao futuro.

Foi justamente o agravamento do cenário nestas duas frentes que acabou transformando aquela marolinha projetada inicialmente no verdadeiro desastre que se seguiu e a todos colheu de surpresa.

Tudo se iniciou quando os bancos reagiram a uma pequena elevação da inadimplência nos financiamentos de automóveis com aumento da seletividade e com elevação das taxas de juros. Tudo casado com redução praticamente pela metade nos prazos com os quais operavam.

Nos caminhões o próprio governo encarregou-se de trocar juros negativos e financiamento de 100% do valor dos veículos por outro sistema com juros reais e obrigatoriedade de uma entrada que, dependendo do porte da empresa solicitante do crédito, poderia chegar a 50% do valor. E como a troca de sistema feita de supetão, o mercado literalmente parou do dia para noite.

O rumo do inferno estava devidamente traçado. Sem crédito as vendas de automóveis caíram. Sem vendas a produção foi reduzida. Sem produção vieram as férias coletivas e as demissões. Com as demissões a inadimplência aumentou.

E, em resposta, os bancos ficaram ainda mais seletivos, aumentaram ainda mais os juros e reduziram ainda mais o prazo. E com a redução ainda maior do crédito as vendas caíram ainda mais e…

As demissões trouxeram, também, a insegurança dos consumidores com relação à manutenção do emprego e, por decorrência, a tendência de evitar ao máximo contrair qualquer tipo de financiamento de mais logo prazo.

E como estes consumidores, assustados, pararam de comprar, as vendas caíram. E como as vendas caíram…

Na área dos caminhões outro fator, bem concreto, acentuou a rampa rumo ao inferno: na medida em que a economia foi esfriando as cargas diminuíram e a frota já existente nas transportadoras passou a ficar até ociosa.

Felizmente, muito em decorrência dos novos players que foram atraídos por aquele mercado de quase 4 milhões de unidades anuais e se instaram no País, os lançamentos de novos produtos continuam sendo realizados. Tanto de automóveis quanto de comerciais leves, caminhões e ônibus.

É toda uma nova geração de veículos que está passando a ser oferecida aos consumidores com inegáveis avanços tecnológicos diante dos anteriores, sobretudo na área de motorização, design e conectividade.

Em época normais este tipo de lançamento costuma gerar desejo de compra, o primeiro passo para a movimentação do mercado. No quadro econômico atual, todavia, com o desemprego alcançando calculadas 11 milhões de pessoas, projeção de um PIB novamente negativo e de um quadro político entravado, por maior que seja o desejo de compra o medo do futuro permanece dando as cartas.

Mas o desejo de compra, de qualquer forma, continua sendo gerado e aguçado com tantos novos lançamentos. Desejo que permanece sendo o primeiro passo, pronto para ser dado pelo consumidor na hora em que a poeira baixar e o Brasil voltar minimamente ao normal. E esta poeira, com certeza, vai baixar. É só uma questão de tempo. Talvez até de pouco tempo.

Internet muda jeito de vender carros

Em 2013 um consumidor visitava, em média, 3,6 concessionárias antes de comprar um veículo. Com o passar dos anos – e uma grande ajuda da internet – este número caiu e chegou a 2,6 visitas no ano passado, segundo dados da Fenabrave.

O papel crescente do ambiente on line nas vendas de veículos foi tema de pesquisa realizada pelo Yahoo no Brasil pela primeira vez. O estudo mapeou cerca de 1 mil consumidores de serviços de internet da companhia, como e-mail, acesso a conteúdo jornalístico, blogs e afins, mecanismos de buscas e concluiu que 95% dos usuários usam recursos on line para decidir sobre a compra do automóvel.

A interação dos consumidores com a internet transforma o papel das concessionárias, que precisam fornecer informações mais precisas, conta Leonardo Khede, diretor de vendas do Yahoo Brasil, que conversou sobre o tema com exclusividade com AutoData:

 

Quais foram os dados mapeados pelo Yahoo?

Fizemos um cruzamento de dados e mapeamos o perfil de consumidores de veículos por meio do BrightRoll, nosso conjunto de ferramentas programáticas de compra e venda de mídia do Yahoo. Monitoramos esses usuários e notamos que 95% usam a internet antes de comprar um carro, sendo que 67% utilizam a rede para pesquisar e comparar modelos e preços, 44% usam para ler avaliações e opiniões, 36% acessam a internet para visitar sites de carros ou marcas de automóveis, 28% obtêm informações ou cotações sobre seguros de automóveis, 21% configuram o modelo que desejam de seu carro e 20% agendam um test drive. A disponibilidade de informações na rede mudou o jeito de vender carros.

 

Como as empresas do setor automotivo podem utilizar esses dados?

As montadoras adquirem nosso banco de dados e podem fazer uma aproximação mais assertiva com os clientes. Por exemplo: para uma campanha de Dia das Mães podemos fornecer quem são as clientes que são mães e pesquisaram veículos recentemente. Podemos ajudar no encontro do cliente com a empresa.

 

A pesquisa traz algum dado referente ao comportamento do mercado automotivo nos próximos meses?

Três em cada dez pessoas entrevistadas planejam comprar um veículo no ano que vem, e a maioria espera gastar menos de R$ 60 mil em sua próxima compra. Além disso 66% das pessoas entrevistadas já possuem um veículo. Fiat, Chevrolet, Volkswagen e Ford, nessa ordem, são as marcas mais buscadas em nosso sistema.

 

Como o uso da internet modifica o perfil de vendas de veículos nas concessionárias?

Os consumidores chegam às revendas com um nível de informação mais elevado. Por terem pesquisado na rede já sabem preço, motorização e têm até noções de comparativos com outras marcas. Ficou mais difícil vender carros, pois o grau de conhecimento e de exigência dos clientes está maior. A tendência é que as montadoras invistam cada vez mais para fornecer treinamento qualificado e técnico aos funcionários de suas concessionárias.

 

É possível que a internet substitua parte das concessionárias?

Essa pode ser uma tendência, mas estamos falando em muitos anos e em um mercado mais maduro. Porém sempre haverá pontos físicos para a finalização da venda e realização de test drive. O que pode acontecer é a redução do número de concessionárias, que serão substituídas pelo ambiente digital.

 

As montadoras estão investindo mais no segmento digital?

As companhias já notaram a importância desse ambiente há muitos anos. Mas o movimento tem acentuado especialmente desde 2015, por causa da crise econômica. A internet possibilita mais assertividade e as empresas têm direcionado investimentos para esse canal. Notamos um aumento expressivo no volume de contratação de anúncios de montadoras nas nossas ferramentas digitais.

 

Queda da produção alivia, mas ainda é representativa

Ainda que mantendo quadro temerário, os números de abril trouxeram um leve, levíssimo, sinal de melhora nos índices produtivos de veículos no Brasil. O primeiro quadrimestre terminou com 658 mil 745 unidades saindo das linhas de produção, segundo dados da Anfavea revelados em coletiva à imprensa na quinta-feira, 5, em São Paulo.

Este volume representa redução de 25,8% ante mesmo período do ano passado, quando foram fabricados no Brasil 887 mil 843 veículos. Para Antonio Megale, novo presidente da associação, este resultado é “bastante preocupante”.

Entretanto o índice revela uma ligeira recuperação ante os meses anteriores de 2016 e, por incrível que possa parecer, é o melhor resultado registrado este ano no comparativo com 2015 neste quesito. No primeiro bimestre a retração fora de 31,6%, e no primeiro trimestre de 27,8%. O acumulado do quadrimestre é mais positivo, por assim dizer, também ante janeiro, menor 29,3%.

Abril, isoladamente, respondeu por 169 mil 813 unidades fabricadas na soma de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. O volume é 22,9% menor do que o mesmo mês de 2015 e 13,6% abaixo de março.

O nível de emprego no setor automotivo se manteve estável em abril ante março, com aproximadamente 128,4 mil postos de trabalho ativos. Mas na comparação com o mesmo mês de 2015 a queda é de 8%, ou 11 mil empregos a menos. Megale afirmou que hoje 35,6 mil funcionários estão afastados de alguma forma – 29,6 mil pelo PPE e 6 mil em lay off. “Esse volume representa quase 30% da força total de trabalho. As montadoras estão fazendo todos os esforços possíveis para manter o quadro, que é altamente capacitado e treinado. A situação é delicada.”

Fábricas farão ações para desovar estoque, afirma Megale

As montadoras promoverão neste mês de maio ações para reduzir os estoques, afirmou na quinta-feira, 5, durante divulgação dos resultados da indústria automotiva na quinta-feira, 5, em São Paulo, o presidente da Anfavea, Antonio Megale.

Essas ações deverão ocorrer nas duas pontas da indústria, explicou o dirigente: de um lado ações mais agressivas de venda, como promoções e feirões, que já começaram a voltar à cena em abril, mesmo que timidamente, e de outro redução dos volumes de produção, que já não andam grande coisa – a baixa no acumulado do primeiro quadrimestre foi de quase 26%.

No mês passado os níveis de estoque caíram levemente, mas Megale afirmou que “ainda estão bastante acima do que a indústria considera ideal”. Estão nos pátios 251,7 mil autoveículos, sendo 174,8 mil nas concessionárias e 76,9 mil nas fábricas. Este volume é suficiente para 46 dias de venda, 32 e 14, respectivamente. Em março os números apontavam 259,1 mil veículos estocados, o que representava 48 dias de comercialização.

Os números de abril, de qualquer forma, não foram exatamente animadores. O mês fechou com 162 mil 939 autoveículos licenciados, queda de 25,7% ante mesmo mês de 2015 e de 9,1% ante março, neste caso por uma questão de dias úteis, já que a média diária se manteve estável, ligeiramente acima de 8 mil.

No primeiro quadrimestre foram comercializados no País 644 mil 250 unidades, queda de 27,9% ante as 893 mil 729 da soma de janeiro a abril do ano passado. No período anualizado, de maio de 2015 a abril de 2016, a queda é ainda mais aprofundada, de 29,4%, para 2,3 milhões de licenciamentos.

Segundos os dados da Anfavea observa-se uma queda maior nas vendas dos modelos importados neste ano: de janeiro a abril a redução atingiu 37,3%, para 91,1 mil unidades, ante baixa de 26% nos nacionais, para 550,1 mil. Com isso a participação dos modelos trazidos do Exterior – inclusive pelas montadoras com fábrica no Brasil – no total das vendas atingiu índice de somente 14,6% no quadrimestre, ante 16,1% no total de 2015.

Em 2014 esta participação foi de 17,6% e em 2013 de 18,8%.

Exportações crescem 24,3% no quadrimestre

As exportações de veículos mantêm-se em alta em número de unidades, mas a receita ainda é negativa no acumulado do quadrimestre por causa da queda nos embarques de caminhões e máquinas agrícolas. “O problema é o mix”, disse na quinta-feira, 5, o presidente da Anfavea, Antônio Megale. “Estamos exportando mais produtos de menor valor agregado e, por isso, o faturamento não acompanha o volume.”

Foram exportados 37,8 mil veículos em abril, totalizando 136,3 mil nos primeiros quatro meses do ano, alta de 24,3% em relação aos 109,7 mil embarcados no mesmo período de 2015. As vendas externas de automóveis e comerciais leves cresceram 26,2%, acumulando 128,3 mil unidades, e também as de ônibus tiveram expansão, de 15,3%, atingindo quase 2,3 unidades. Já as exportações de caminhões caíram 4,2%, em um total de 5,8 mil no quadrimestre.

No caso das máquinas agrícolas e rodoviárias a queda foi de 23,3%, com o embarque de 2,5 mil unidades de janeiro a abril. A receita total, incluindo veículos e máquinas, atingiu US$ 3 bilhões 22 milhões no período, decréscimo de 7,6% no comparativo com os US$ 3 bilhões 269 milhões exportados no primeiro quadrimestre do ano passado.

Apesar de a receita ainda ser inferior à de 2015 a Anfavea acredita em melhorias nos negócios externos nos próximos meses. “Tivemos avanços importantes por parte do governo nas negociações bilaterais”, comentou Megale. “No final do ano passado foram fechados acordos com o Uruguai e mais recentemente com Colômbia e Peru, gerando boas expectativas quanto ao fechamento de novos contratos de exportação.”

Também importante, segundo o presidente da Anfavea, as negociações em curso com os países africanos. A entidade tem trabalhado junto com o governo para detectar quais os melhores mercados para se estabelecer parcerias bilaterais.

Com relação à queda nas exportações de caminhões, o representante dessa área na Anfavea, Luiz Carlos Moraes, explicou que a venda de veículos pesados em outros países demanda maior tempo de negociações, pois envolve criação de estrutura de vendas e serviços nos mercados para os quais serão realizados os embarques. Mas garantiu que todas as montadoras de pesados, incluindo caminhões e ônibus, estão empenhadas em ampliar as vendas externas, viajando mundo afora em busca de novos negócios.

 

 

Vendas de caminhões continuam em níveis baixos

Em abril foram emplacados 4,2 mil caminhões no mercado brasileiro, um recuo de 27,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado – e 13,2% abaixo do resultado de março. Os números divulgados pela Anfavea na quinta-feira, 4, em coletiva à imprensa em São Paulo, apontam a manutenção dos baixos volumes no segmento que, segundo o vice-presidente da associação, Luiz Carlos Moraes, vive “situação dramática, retornando a volumes de 1999”.

No quadrimestre foram licenciados 17,3 mil caminhões, volume 31% abaixo do registrado nos primeiros quatro meses do ano passado.

“Em 2011, melhor ano da indústria, registrávamos vendas médias de 14 mil unidades mensais. Estamos de volta à década de 90, sem conseguir repassar aos clientes os investimentos promovidos para nos adequar às tecnologias de emissões Euro 5 e com os custos de 2016”.

A produção acompanha a tendência do mercado doméstico. Em abril saíram das linhas de montagem 5,2 mil caminhões, 24,3% abaixo do mesmo mês do ano passado e volume 9,2% inferior ao de março. Nos primeiros quatro meses as fábricas entregaram 20,4 mil unidades, volume 32,4% inferior ao de igual período de 2015.

As exportações de caminhões ainda não reagiram, ao contrário do que vem ocorrendo nos demais segmentos da indústria. De janeiro a abril foram embarcados 5,8 mil caminhões, queda de 4,2% com relação ao primeiro quadrimestre de 2015. Já no mês passado, foram 1,7 mil embarques, alta de 1,7% na comparação e 6,9% na mensal.

“Exportação de caminhão não é um negócio que se fecha da noite para o dia. Nossos executivos estão com as malas nas mãos, procurando novos mercados, mas é complicado. Diferentemente de outros segmentos, o negócio envolve também financiamentos, que não é fácil de fechar”.

Mercedes-Benz premia seus fornecedores

A Mercedes-Benz do Brasil realizou na noite da terça-feira, 3, em sua fábrica em São Bernardo do Campo, SP, cerimônia do tradicional Prêmio Interação, desta vez em sua 24ª. edição, que neste ano reconheceu os principais parceiros fornecedores da marca ao longo de 2015 em cinco categorias: inovação tecnológica, qualidade, excelência em custos, logística e materiais indiretos e serviços.  

Paralelamente a empresa realizou também a entrega de três troféus alusivos ao seu 6º. Prêmio de Responsabilidade Ambiental.  Ao todo doze empresas foram homenageadas no evento nos dois prêmios: Continental, Eaton, Krongsberg, Wabco, Yazaki, Tupy, Voith, Cosan, Accenture, Iochpe-Maxion, Multi-Car Rio e Algar.

A Iochpe-Maxion, divisão Componentes Estruturais, que tem sua sede na cidade de Cruzeiro, Interior de São Paulo, recebeu o Prêmio Interação Especial 2015. Esta empresa iniciou suas atividades em 1918 e, segundo a Mercedes, foi uma das grandes incentivadoras para o início das atividades da montadora alemã para se instalar no Brasil.

O Prêmio Interação Mercedes-Benz é considerado hoje o mais tradicional e importante prêmio de fornecedores do segmento de veículos comerciais no Brasil. O evento, que tradicionalmente acontece em todo mês de dezembro, neste ano foi trazido para este início de maio para coincidir com o início das comemorações de 60 anos de atividades da montadora no Brasil. A festa reuniu mais de seiscentos executivos das principais fabricantes de autopeças do Brasil.

Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil, aproveitou a ocasião para mais uma vez reforçar a posição de que a montadora continua apostando firme no futuro do Brasil. “Estamos atravessando uma das piores crises que este País já viveu neste segmento de veículos comerciais. Mas temos a convicção de que os fundamentos da economia brasileira são fortes e que este momento negativo se reverterá rapidamente no futuro, Por isto, renovamos nosso compromisso de continuar investindo no Brasil.”

Schiemer lembrou que a Mercedes-Benz é hoje uma das empresas que mais investem no Brasil. “Foram mais de R$ 2,5 bilhões de 2010 a 2015, além de mais de R$ 600 milhões na construção de nossa fábrica de automóveis em Iracemápolis, que inauguramos recentemente, e mais de R$ 730 milhões para modernização das plantas de São Bernardo do Campo e Juiz de Fora até 2018.”

O executivo também aproveitou o evento e a presença de seus mais importantes fornecedores para mandar um recado duro para os fabricantes de aço instalados no Brasil. “Os fornecedores de aço estão praticando reajustes de preços que são incompatíveis com a atual realidade do mercado. Não podemos aceitar nem suportar isto e, por esta razão, já estamos solicitando à Anfavea e ao Sindipeças para se posicionarem oficialmente a respeito.”

 Segundo informaram à AutoData alguns dos principais fornecedores da Mercedes-Benz presentes ao evento os reajustes estão, hoje, na casa dos 12% a 15%, dependendo do tipo de insumo adquirido.

Erodes Berbetz, diretor de compras da montadora, disse que os próximos anos serão muito desafiadores tanto para a montadora como para parceiros fornecedores. “A retomada será um pouco lenta. O momento difícil que estamos passando hoje, no Brasil, é desafiador e, por isso, precisamos estar unidos para conseguirmos atravessar este período turbulento e para estarmos preparados para quando a retomada das vendas acontecer.”

Segundo ele a montadora conta com a parceria de seus fornecedores neste momento delicado do mercado brasileiro para tentar superar os obstáculos e, assim, alcançar novos resultados e conquistas no futuro . “Temos certeza que a união de forças nos trará maior competitividade no futuro.”

No mercado, disputa é pelo terceiro lugar

Chevrolet Onix e Hyundai HB20, nesta ordem, demonstram uma constância impressionante no primeiro quadrimestre de 2016 no mercado interno: os dois se mantiveram inabaláveis como o campeão e o vice no ranking dos mais vendidos no período, sem qualquer flutuação nesta sequência de janeiro a abril. Com isso, sobra para os concorrentes apenas digladiar-se pelo último degrau do pódio.

E aqui a disputa está interessante: foram três modelos de três marcas a disputar a posição ao longo do primeiro quadrimestre. O Fiat Palio levou em janeiro, o Ford Ka em fevereiro e março e o VW Gol neste abril. A posição de cada um no último mês mostra como a variação neste caso é forte mês a mês, bem diferente dos dois ponteiros – o Ka foi sétimo e o Palio apenas o décimo-primeiro.

Nas brigas particulares por segmento o Honda HR-V mais uma vez abriu distância do Jeep Renegade, quinto e décimo-segundo, respectivamente, deixando o ex-campeão Ford EcoSport em vigésimo e o Renault Duster em um longínquo vigésimo-quinto. Nas picapes a Toro mostrou que vai dar trabalho, alçando o décimo-terceiro no geral e segundo da faixa, atrás apenas da Strada, sexta na soma total, com Hilux em décimo-novo , S10 em vigésimo-sexto e Oroch mais dez posições atrás.

O Toyota Corolla novamente é destaque, em quarto no geral, representando mais uma vez, de forma espantosa, o sedã mais vendido do País no mês – o representante desta carroceria mais próximo, Prisma, foi oitavo e HB20S o décimo-quarto.

O Fiat Mobi, com vendas iniciadas na segunda metade do mês, registrou 1 mil licenciamentos em abril, o que lhe conferiu a trigésimo-oitavo posto. Ainda assim já foi melhor que o Ford Fiesta, Citroën C3 e Peugeot 208.

 

BMW Motorrad terá fábrica própria em Manaus

O Grupo BMW inaugurará no segundo semestre sua segunda fábrica no Brasil, desta vez da divisão Motorrad, de motocicletas. Como é tradição no segmento o local escolhido foi a Zona Franca de Manaus, na Capital do Amazonas, local que oferece benefícios fiscais para a montagem deste tipo de produto – e onde está localizada a atual linha de produção nacional da marca, dentro da fábrica da Dafra Motos.

Com a fábrica própria a BMW encerrará a parceria com a Dafra, transferindo a produção dos oito modelos para o local próprio. Também será montada ali a nova G 310 R, primeiro modelo BMW com motor abaixo de 500 cm³ de cilindrada e que marca a entrada da Motorrad em um novo segmento. E, também, o responsável pelo investimento na nova unidade.

A expectativa da companhia é produzir 10 mil motocicletas, somados todos os modelos, já no ano que vem, primeiro cheio de produção. Segundo os cálculos da BMW serão gerados 170 postos de trabalho.

“Com nossa estratégia de crescimento global reforçaremos a nossa presença em mercados estratégicos, como o Brasil”, afirmou, em nota, Stephan Schaller, presidente global da BMW Motorrad. “Nesse contexto a G 310 R desempenhará um papel fundamental na atração de novos públicos para a marca”.

A parceria BMW-Dafra começou em 2009 com a produção da F 650 GS. Foi a primeira BMW Motorrad produzida fora da Alemanha – depois dela vieram outros sete modelos, sendo o último o S 1000 R, em setembro do ano passado. Em comunicado a BMW afirmou que a transição de operações ocorrerá de forma gradual e não prejudicará o abastecimento ao mercado local.

Também em comunicado a Dafra afirmou que se sente honrada de ter produzido os modelos BMW nos últimos sete anos e desejou sucesso à companhia na nova empreitada. “[A parceria] foi encerrada de modo positivo recentemente e neste momento aguardamos tão somente a aprovação dos órgãos governamentais envolvidos”.

Plano Safra traz alento ao setor de máquinas agrícolas

Apesar de crescimento de 4,9% em abril com relação a março, o mercado de máquinas agrícolas e rodoviárias continua com desempenho altamente negativo no ano, registrando queda de 40,8% nas vendas do primeiro quadrimestre em relação ao mesmo período de 2015. Foram vendidas no atacado 2,8 mil máquinas no mês passado, totalizando 9,5 mil nos primeiros quatro meses. Há um ano o setor comercializou em idêntico período 16,1 mil unidades.

Os número são preocupantes, como disse na quinta-feira, 5, Antônio Megale, mas a recente divulgação do Plano Safra 2016/2017, com recursos de R$ 200 bilhões, e também do Plano Safra da Agricultura Familiar para o mesmo período trazem novo alento ao setor.

“Temos batido muito na tecla da previsibilidade e, nesse sentido, a divulgação dos novos planos de safra, com definição das verbas e das regras de financiamento, é muito positiva.” De acordo com Megale, houve aumento de apenas 1 ponto porcentual na taxa de juro e as demais condições foram todas mantidas. “O agricultor vendeu bem a safra e tem hoje condições de compra, mas faltava previsibilidade para ele voltar a investir.”

Também positiva para o setor de máquinas agrícolas a realização da Agrishow na semana passada em Ribeirão Preto, SP. A representante da Anfavea para essa área, Ana Helena Correa de Andrade, disse que a Agrishow foi “um exemplo de estado da arte no setor agrícola”, com ampla diversidade de produtos e marcas e a mostra do que há de mais avançado tecnologicamente no setor:

“Houve grande interesse pelos produtos apresentados e a decisão de compra acontece a partir de agora favorecendo os negócios nos próximos meses. Temos um agricultor capitalizado e o temor, antes da divulgação dos novos planos de safra, era o de não ter recursos para custeio. Agora ficou mais fácil para o agricultor tomar a decisão de investir e, por isso, temos expectativa favorável em relação ao mercado”.

Além da queda no mercado interno o segmento de máquinas agrícolas e rodoviárias também não consegue emplacar novos negócios externos. Suas exportações caíram 23,3% no quadrimestre, com 2,5 mil unidades embarcadas para fora este ano, e com isso a produção também é negativa. Foram produzidas nos primeiros quatro meses 11,2 mil unidades, 46,8% a menos do que as 21 mil fabricadas no mesmo período de 2015.