O segmento de automóveis premium tem potencial para responder por 2% a 3% das vendas do mercado brasileiro, afirmou Luis Curi, diretor da Abeifa, associação que representa as importadoras – e algumas fabricantes – de veículos em sua apresentação que abriu o Workshop AutoData Veículos Premium, no Auditório da KPMG, em São Paulo.
“Em um mercado de 3 milhões de unidades, patamar ao qual acreditamos retornar rapidamente, essa fatia representaria de 60 a 90 mil unidades por ano”.
Ainda seria um volume e porcentual tímido, avaliou o executivo, que também é presidente da Chery. Curi lembrou que nos Estados Unidos esse tipo de automóvel responde por 10% das vendas anuais, mas aqui existem limitações como a infraestrutura viária e a segurança urbana deficitária. “Uma distribuição de renda mais justa contribuiria para melhorar o nível de vendas do segmento”.
Em 2016, no entanto, o cenário é desfavorável para o segmento premium. De janeiro a abril as vendas cederam 14,3%. A expectativa da Abeifa é encerrar o ano com recuo de 25% a 30% nos licenciamentos do segmento – os premium de entrada, na casa dos R$ 120 mil, poderão ter queda ainda maior, de 38%.
A falta de confiança do consumidor diante do cenário adverso da economia brasileira foi usada para justificar o encolhimento do segmento, que vinha em trajetória crescente desde 2010, quando respondia por 0,9% do mercado. Com exceção de 2012, quando as quedas caíram – devido à chegada do IPI majorado e demora na regulamentação do Inovar-Auto –, o segmento ganhou participação todos os anos, até chegar aos 2,6% do ano passado.
Curi salientou ainda que os veículos premium contribuem para elevar a exigência do consumidor brasileiro e é porta de entrada para diversas mudanças na indústria – como design mais atrativo, novas tecnologias, novos materiais, novos padrões de acabamento, conectividade, segurança veicular, novas referências em carros compactos e novos padrões de atendimento na rede de concessionários e pós-vendas.
Nova marca – O próprio executivo trabalha para concorrer dentro deste segmento, devido ao seu enorme potencial doméstico. A marca chinesa Qoros, da Chery, deverá desembarcar no mercado brasileiro muito em breve, segundo Curi. “No primeiro momento será importado. Depois, talvez, possamos seguir os passos das demais marcas”.
O executivo afirmou que, por ser uma marca premium, é possível colocar os padrões de preços em patamares mais elevados – até porque o design, acabamento e itens oferecidos também estão degraus acima dos encontrados nos modelos mais baratos. “Na China os modelos da Qoros têm preços semelhantes aos dos concorrentes tradicionais, como Audi, BMW e Mercedes-Benz”.