Nova queda no segmento de importados

Com apenas 2 mil 856 unidades comercializadas no mês passado, as dezoito marcas filiadas à Abeifa, Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores, totalizaram 15,4 mil veículos emplacados no acumulado de janeiro a maio, retração de 44,2% em relação 27,8 mil do mesmo período de 2015.

As vendas de maio foram 5,6% inferiores às de abril, quando o segmento superou 2,8 mil unidades, e 44,2% abaixo das realizadas no mesmo mês do ano passado – 4,8 mil. Ao divulgar o resultado do setor na segunda-feira, 6, o presidente da Abeifa, José Luiz Gandini, voltou a culpar o IPI majorado pelo péssimo desempenho do setor:

“Reconhecemos que o mercado interno de veículos automotores está temporariamente em baixa, mas no caso dos importados a situação é agravada com os 30 pontos oorcentuais a mais no IPI para os carros comercializados fora do sistema de cotas. E o dólar na casa de R$ 3,60 só agrava esse quadro”.

Gandini disse que a diretoria da Abeifa espera que o governo federal reveja o IPÌ adicional para as importados, “medida criada pela administração anterior sem qualquer critério e que contraria inclusive e frontalmente as normas da OMC, Organização Mundial do Comércio”.

A entidade defende a adoção de medidas urgentes para evitar maiores problemas para as importadoras e suas redes de concessionárias: “Volto a insistir que o setor de importados não pode esperar até dezembro de 2017 o fim dos 30 pontos percentuais do IPI”.
Das dezoito associadas da Abeifa, quatro marcas têm produção local – BMW, Chery, Mini e Suzuki. Elas fecharam o mês passado com 1 mil 231 unidades emplacadas, total que representou alta de 46,4% em relação a abril, mas queda de 65,7% se comparado com maio de 2015, quando foram emplacadas 3,6 mil unidades nacionais. No acumulado do ano as quatro emplacaram 3,9 mil veículos, queda de 47,8% ante os 7,5 mil dos primeiros cinco meses do ano passado.
Com os totais somados – importados e produção nacional –, a participação das filiadas à Abeifa no mercado interno é de 2,42% no mês de maio e de 2,47% nos primeiros cinco meses do ano.

Nada a ver com Macunaíma

Ao mesmo tempo em que registra, nos últimos quatros anos, queda de quase 50% em suas vendas domésticas a indústria automobilística permanece inaugurando novas fábricas e lançando continuamente novos produtos. A incoerência é, contudo, apenas aparente. Trata-se, na verdade, do resultado final de investimentos definidos e aprovados nos primeiros anos desta década – ainda nos bons tempos em que o Brasil se colocava como o quarto maior mercado de automóveis do mundo, à frente até do da Alemanha, o maior da Europa.

A contar de 2013, todavia, este será o quarto ano seguido de queda nas vendas domésticas. Com o tempo aquilo que se imaginava ser nada muito mais do que um leve ajuste após um período de anos e anos de crescimento constante acabou por se revelar a maior crise que este setor já enfrentou.

E crise dupla, na medida em que a maior queda de vendas se deu exatamente no momento em que novas fábricas estavam sendo construídas, seja por montadoras há muito já instaladas no País seja por outras, novas, que chegavam atraída por um mercado potencial que parecia apontar na direção de 5 milhões de unidades vendidas por ano.

O resultado prático é que as fábricas de automóveis operam, hoje, na média, com cerca de 50% de ociosidade, índice que sobe para perto de 80% no caso das de caminhões e ônibus.

É sabido que fazer carreira em qualquer montadora ou grande empresa fabricante de componentes não é nada fácil. Exige muita dedicação, excelente formação e, sobretudo, invejável capacidade de enxergar a realidade e interpretar corretamente os cenários à frente.

Como explicar, então, que os principais executivos de todas as principais montadoras do mundo, americanas, europeias ou asiáticas, puderam errar tanto com relação ao Brasil e ao real potencial de seu mercado?

É de conhecimento geral que países emergentes ou em desenvolvimento, enclave no qual o Brasil se inclui, não se movem exatamente de acordo com os manuais clássicos da economia e da política, aqueles que estão na base do ensino no chamado lado desenvolvido do mundo.

Com elástica capacidade de incorporar novos consumidores ao mercado de qualquer tipo de produto ou serviço mas, ao mesmo tempo, umbilicalmente dependente da disponibilidade de crédito, a alternância de ciclos nos países emergentes é relativamente normal. Às vezes para cima, outras tantas para baixo.

A primeira lição que qualquer executivo de empresa multinacional aprende quando chega ao Brasil é a de que, aqui, mais do que o resultado do ano em curso, o que importa, de fato, é a curva de tendência. Quando ela estiver voltada para cima é hora de acelerar forte. Mas quando ela apontar para baixo…

E é isto o que explica tantas novas fábricas inauguradas ao longo do ano passado e dos primeiros meses deste ano – a próxima, a da Land Rover, o será em 14 de junho, menos de noventa dias depois da inauguração da nova fábrica de automóveis da Mercedes-Benz e da nova unidade produtora de motores da Toyota, dentre tantas outras.

Quando a maior parte das decisões referentes a estas novas fábricas foram tomadas a curva ainda estava embicada para cima. Bem para cima.

Mesmo depois de 2013, com as vendas já em queda, a interpretação continuava sendo a de que se estava diante de uma leve acomodação de mercado, absolutamente natural depois de tanto tempo seguido de crescimento. Ou seja: permanecia firme a convicção de que, no médio prazo, a curva continuava embicada para cima. Era só uma questão de tempo.

Na verdade, mesmo no ano passado, já às voltas com redução de 25% nas vendas de automóveis e de 50% nas de caminhões e ônibus, a chegada da PPE foi saudada tanto pelas montadoras quanto pelos sindicatos dos trabalhadores como uma forma de ganhar tempo até que, no início deste ano, a curva voltasse a apontar para o alto. Alto pequeno. Talvez até menor do que 5%. Mas já para o alto.

A realidade foi bem diferente. Bem pior. Muito pior: a bordo de uma grande e inesperada instabilidade política, da insegurança dos consumidores gerada por milhões de demissões, de taxas ainda mais elevadas de juros e de crédito bancário ainda mais restrito, o que chegou, este ano, foi nova queda na faixa dos dois dígitos. Possivelmente acima de 20%.

Mais uma vez todas aqueles ilustres cavalheiros em postos de comando no setor automotivo, todos de tão sólida formação, erraram completamente suas previsões.

Ou será que não? Tanto os fabricantes de caminhões quanto os produtores de automóveis mantém firme a aposta de que, apesar de todos os pesares de curto prazo, de curtíssimo prazo, os fundamentos continuam todos a postos.

E muito bem postos: a agricultura permanece registrando recordes, as obras de infraestrutura ainda terão de ser feitas e a relação automóvel por habitante continua sendo, de longe, a mais baixa no mundo dos países emergentes.

Neste contexto o Brasil real nada teria a ver com esta versão Macunaíma que hoje vivemos, sobretudo na Capital Federal. Mas seria, sim, o outro, aquele com a curva de tendência devidamente embicada para cima.

O Brasil real seria, em síntese, aquele que serviu de base para todos os investimentos que agora estão resultando em tantas novas fábricas, em tantos novos empregos que permanecem apenas em potencial.

Na base das dificuldades de hoje estaria, enfim, aquele mesmo ajuste previsto para acontecer após quase uma década de crescimento constante. Com duração e efeitos maiores do que os inicialmente projetados por ter extrapolado as fronteiras da economia e se espraiado também para a esfera política. Mas, ainda assim, apenas um ajuste. Nada muito mais do que um acidente de percurso.

Será? Faz, no mínimo, algum sentido.  Vale cruzar os dedos.

 

Setor automotivo celebra novo governo com cautela

O início do governo provisório foi recebido com otimismo – e cautela – pelo setor automotivo. Com vendas 26,6% menores nos primeiros cinco meses deste ano com relação ao mesmo período de 2015, o setor espera que a nova postura econômica ajude a tirar as montadoras da situação delicada de hoje. Com capacidade ociosa de 50% a indústria voltou a patamares observados em 2005.

Segundo o presidente da Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Antônio Megale, ainda é cedo para prever como as mudanças no governo impactarão na venda de veículos. Porém o otimismo é evidente. A associação já dava 2016 como um ano perdido e agora acredita que os últimos meses podem começar a sinalizar uma retomada nas vendas: “A nomeação da equipe econômica foi bem recebida e isso pode tranquilizar os investidores”;

Para ele um dos pontos principais apresentados pela nova gestão é a questão do avanço na área de comércio exterior: “As exportações têm sido fundamentais para reduzir a capacidade ociosa no País. A nova equipe já afirmou que quer fechar mais contratos bilaterais e buscar novas parcerias”.

Megale disse que ainda não se reuniu com novos integrantes do governo, mas a Anfavea já solicitou encontro para tratar das demandas do setor.

“Devemos nos encontrar nas próximas semanas. Não estamos contando com nenhum incentivo, como redução de IPI, pois sabemos que o momento é de cortes severos.”

O executivo acredita que os próximos dois meses serão decisivos para a retomada de confiança.

Na avaliação de Valdner Papa, consultor do setor automotivo e professor das faculdades Dom Cabral e ESPM, a mudança do governo pode resultar em uma previsibilidade fundamental para o setor. Afinal de contas as montadoras trabalham sempre no longo prazo. Por exemplo: em 2012 a Anfavea previa um mercado nacional de 5 milhões de unidades para 2017 – o que deve ficar abaixo dos 3 milhões este ano. Para atender às previsões mágicas as montadoras investiram e ampliaram a capacidade, que agora está ociosa: “As previsões não se concretizaram. Vivemos em um cenário instável nos últimos anos e isso comprometeu a indústria”.

O consultor destaca que a venda de veículos é movida pela confiança dos consumidores:

“É natural observar essa queda nas vendas. O desemprego aumentou, o poder de renda caiu, a inflação cresceu. Enquanto essa equação não mudar não haverá mágica”.

Para ele um dos acenos mais positivos da nova equipe é a questão do ajuste fiscal. Isso porque o segmento é extremamente dependente do crédito: “Nós sangraremos. Será um período difícil”.

Papa ressalta que atualmente as condicionantes dos bancos estão rígidas e sem flexibilidade, com aprovações muito baixas: “Com os ajustes deve haver uma recuperação gradativa do emprego e uma consequente baixa na inadimplência, o que deixaria as instituições financeiras mais maleáveis e o crédito voltaria a girar”.

Papa ressalta que as mudanças não acontecerão da noite para o dia:

“Na minha avaliação o caminho é longo. O segmento de caminhões deve ser o primeiro a sentir uma melhora, no início de 2017. Havendo carga para transportar, tudo começa a girar. Acredito em alta de 3% a 5% do mercado de veículos no ano que vem”.

Letícia Costa, sócia da Prada Consultoria, não é tão otimista com uma retomada já em 2017. Para ela é cedo para avaliar o tamanho da mudança com o novo governo.

“Ainda não sabemos as manobras que o antigo governo tentará fazer para voltar ao poder e isso pode deixar o cenário conturbado. Até agora temos nomeações e discursos. Precisamos esperar para ver se essa equipe terá poder de fogo.”

Segundo ela iniciativas como as relacionadas às agências regulatórias já começam a dar mais credibilidade ao País: “Isso pode atrair investidores com um maior rigor fiscal”.

Outra tendência do novo governo apontada como positiva para o setor automotivo é a reforma trabalhista: “Poderemos ter uma negociação sobre a CLT, o que traria mais flexibilidade para a mão-de-obra. Isso seria bom para lidar com os ciclos da indústria. Precisamos esperar para ver e esse pode ser um período penoso”.

 

Certificação é condição para a oficina crescer

A frota brasileira circulante conta hoje com aproximadamente 45 milhões de veículos, dos quais 90% possuem, pelo menos, mais de dois anos de uso. Como todos sabem, neste momento de retração, as perspectivas passam longe da renovação da frota. Prova disso é que somente 2 milhões de veículos serão comercializados no Brasil, na projeção para 2016.

Tal cenário representa uma oportunidade para a área de serviços automotivos, que evidentemente tem o compromisso de manter os padrões de qualidade e de segurança adotados pelos segmentos produtivos, que contemplam das montadoras aos fabricantes de matéria prima, passando pelos sistemistas e o restante da cadeia.

Fato é que o mesmo rigor de exigências deve chegar às concessionárias, lojas de autopeças e centros de reparação. A sensibilidade dos gestores desta área de serviços automotivos precisa ser aguçada para ao mesmo tempo acompanhar as práticas dos segmentos produtivos para a qualidade e a segurança e atender as altas expectativas do cliente final, ou seja, do consumidor.

Neste sentido é preciso intensificar, com urgência, o movimento para a adoção de um padrão de qualidade em toda a cadeia automotiva. Pensando nisto, o IQA, Instituto da Qualidade Automotiva, com o apoio do Sindirepa, desenvolveu trabalho para avaliação e certificação voluntárias das oficinas de reparação. O Instituto entende que a certificação da qualidade é um método robusto e seguro para aprimorar negócios e aumentar a satisfação dos consumidores.

Neste setor toda oficina com pelo menos três funcionários pode ser certificada. O foco é aprimorar e melhorar continuamente os processos, dar suporte técnico aos gestores para que adotem conceitos de empresa na administração de seus negócios e, assim, tenham todo o controle dos processos.

Uma vez certificada a oficina colhe resultados – que não são poucos – como o aumento da satisfação dos clientes, a redução dos custos via eliminação dos desperdícios, sejam de tempo, material, mão de obra ou fluxo de trabalho, a ampliação das possibilidades de permanência no mercado e a maior interação e o comprometimento da equipe.

Mesmo não sendo obrigatória a certificação é instrumento de segurança para o cliente porque atesta a qualidade dos serviços, afinal toda oficina certificada passa por avaliação muito ampla de um órgão imparcial, idôneo e competente sobre todos os pontos de gestão e organização da empresa, o que possibilita ao gestor ter o controle das informações.

Ter processos adequados é diferencial para a empresa não somente se manter no mercado mas fisgar novos negócios, uma vez que a oficina certificada pode prestar serviços para grandes empresas e órgãos públicos. Dessa maneira a certificação é vista como passaporte para um mercado mais maduro.

O dono do negócio precisa ter consciência porque a certificação voluntária depende muito de querer e acreditar. Além de vontade precisa ter cabeça de administrador para conseguir enxergar todos esses benefícios. Com mais de vinte anos de experiência o IQA sabe que os resultados aparecem à medida que os passos são realizados.

Ingo Pelikan é presidente, e Sérgio Fabiano é gerente de Serviços Automotivos, do IQA, Instituto da Qualidade Automotiva

Mercedes-Benz vende superarticulados para o Rio

A Mercedes-Benz do Brasil comemora a liderança no segmento de ônibus urbano com a venda de cinquenta unidades do chassi superarticulado 0 500 MDA para operadores do sistema BRT, Bus Rapid Transit, do Rio Janeiro. Agora já são 68 veículos negociados nos últimos seis meses. Os ônibus serão utilizados nos corredores Transoeste, Transcarioca e no Transolímpico, que será inaugurado em julho.

De acordo com Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, com esse novo negócio já são 271 ônibus da marca, dentre superarticulados, articulados e padrons, que estarão em circulação no sistema BRT carioca.  “São produtos que asseguram melhoria da qualidade do transporte e da mobilidade urbana para população, turistas e o grande número de pessoas atraídas por eventos esportivos na cidade”, diz o executivo.

Barbosa afirma que,  apesar da crise no mercado de ônibus, com queda de cerca de 45 45% no acumulado dos primeiros cinco meses com relação ao mesmo período de 2015, a Mercedes-Benz está conseguindo ampliar participação no segmento. O market share da empresa, da ordem de 44,1% em 2013, subiu para 52,5% no ano passado e está em 55,3% no acumulado deste ano – 56% nos rodoviários e 71,6% nos urbanos. No Rio de Janeiro, em particular, a presença da marca é ainda mais expressiva, com participação nos urbanos de 80%.

Segundo Barbosa, o superarticulado O 500 MDA é uma solução inovadora desenvolvida pelo Centro de Desenvolvimento Tecnológico da empresa, localizado na fábrica de São Bernardo do Campo, SP, centro mundial de competência da Daimler para chassis de ônibus.”O O 500 vem se consolidando cada vez mais como solução eficaz e rentável para o transporte coletivo de massa em sistemas como BRT, corredores e faixas exclusivas”, comenta Barbosa. “Com 23 metros de comprimento, quatro eixos e 4º eixo direcional, o superarticulado facilita manobras, assegurando conforto e segurança para o motorista e usuários.”

Dependendo do modelo e da configuração interna o 0 500 oferece capacidade superior a duzentos passageiros. “É um  produto que oferece alta capacidade de transporte com baixo custo operacional, atuando com eficiência tanto no pico quanto no entrepico da demanda de passageiros.”

Para divulgar a venda dessa meia centena de seu superarticulado a Mercedes-Benz promoveu encontro com a imprensa na linha Transolímpica, ainda a ser inaugurada, e no Centro de Operações do Sistema BRT no Rio de e Janeiro. Apesar das obras ainda em curso, os responsáveis pelo novo corredor garantem que será inaugurado até o fim de julho, antes portanto da abertura dos Jogo Olímpicos, em 5 de agosto.

A parceria da empresa com o sistema BRT do Rio de Janeiro vem desde 2012, quando o primeiro corredor – o Transoeste – entrou em operação. “Temos acompanhado o crescimento do sistema e as novas demandas da população, conhecendo de perto as reais necessidades dos usuários, o que é uma referência muito importante para nossos futuros desenvolvimentos”, diz Barbosa, que recorda que o superarticulado O 500 já circula também nos principais sistemas de transporte coletivo urbano de grandes regiões metropolitanas, como São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Curitiba.

“Tanto no BRT, como em sistemas por corredores ou faixas exclusivas, nossa participação é extremamente expressiva. No primeiro quadrimestre de 2016 chegou a 70% nos urbanos”, reforça Barbosa. “Só nos últimos três anos vendemos 1 mil unidades do superarticulado, sendo 90% para a cidade de São Paulo.”

Segue o drama das vendas em queda

De janeiro a maio o mercado brasileiro absorveu 811,8 mil  automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, retração de 26,6% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando registrou 1 milhão 106 mil unidades.Apenas em maio foram 167,5 mil veículos emplacados, volume 21,2% menor do que as 212,7 mil unidades licenciadas no mesmo mês de 2015. O resultado mensal, porém, registrou pequeno crescimento de 2,8% com relação a abril.Os dados são da Fenabrave, Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, divulgados na quinta-feira, 2.

Os emplacamentos de automóveis e comerciais leves no acumulado até maio somaram 784,8 mil  unidades, queda de 26,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram negociadas 1 milhão 65 mil 211 unidades.

Somente em maio o mercado interno absorveu 162,2 mil automóveis e comerciais leves, retração de 20,9% com relação ao mesmo mês de 2015. O resultado mensal, no entanto, se mostrou melhor do que as vendas de abril, quando foram emplacadas 157,6 mil unidades, o que representou  pequeno avanço de 2,9%.

A General Motors encerrou o período na liderança de vendas dos segmentos com 19,5% de participação, seguida pela Fiat com fatia de 15,0%, Volkswagen, 13,5%, Hyundai, 10,1% e Toyota, 8,9%.

Pesados – No segmento de caminhões o cenário também não é nada agradável. Bem ao contrário: segue a forte curva descendente dos últimos meses. Até maio as vendas somaram exatos 21 mil 265 veículos, baixa de 31,8% na comparação com os mesmos cinco meses do ano passado, período no qual foram emplacados 31 mil 183 mil caminhões.

O desempenho isolado de maio, contudo, mostrou vendas de somente 4 mil 84 unidades, queda de 32,2% frente ao mesmo mês de 2015. Na comparação com abril, mais um recuo, ainda que bem menos: 2,5%.

Nos cinco primeiros meses do ano a Mercedes-Benz encabeça as vendas de caminhões com 30,5% dos veículos negociados. A MAN Latin America seguiu a concorrente líder bem de perto e deteve 27,1% , à frente da Ford, que encerrou o período com 15,2% de participação, Volvo, 11,7%, Scania, 7,7%, e Iveco, 5,7%.

No segmento de ônibus o resultado das vendas no acumulado é ainda pior, com queda de nada menos que 42,8%. De janeiro a maio foram negociadas 5 mil 745 unidades contra as 10 mil licenciadas no mesmo período do ano passado.

Apenas em maio ganharam as ruas do País 1 mil 255 ônibus, volume 26,6% menor do que as 1,7 mil unidades emplacadas no mesmo mês de 2015. Contra abril, porém, quando foram licenciados 1 mil 145 ônibus, a curva é ascendente: alta de 9,6%.

Também no segmento de ônibus a Mercedes-Benz encerrou o período até maio na liderança, com 58,6% do mercado. Atrás dela estiveram os produtos da Volkswagen Caminhões e Ônibus, com 14,4% dos négocios, seguidos pela Marcopolo, com 12,6%, Iveco, 4,9%, Volvo, 4,3%, Agrale, 3,1% e Scania, com 1,7%.

Quando da divulgação dos resultados do primeiro quadrimestre, no início de maio, a Fenabrave revisou para baixo suas estimativas de vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Dos 5,8% de queda estimados no início do ano a entidade passou a considerar recuo de 20% nas vendas internas, ou pouco mais de 2 milhões 50 mil unidades negociadas em 2016.

Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave, justificou as revisões com base na piora dos cenários econômico e político: “A crise política agrava ainda mais a situação econômica. Não fosse isso, a economia não estaria tão ruim”.

Negócios da Bosch chegam a R$ 6 bilhões na América Latina

Desnecessário afirmar  que o mercado automotivo brasileiro não tem ajudado muito, para não dizer atrapalhado bastante, o desempenho das operações de empresas do setor automotivo na América Latina nos últimos dois anos. Mesmo assim há quem comemore o resultado regional no ano passado. É o caso Bosch, que, segundo declara em nota oficial, “cresceu mais do que o esperado na América Latina em 2015”, “apesar do desenvolvimento econômico desfavorável na região”.

As vendas líquidas totais do Grupo Bosch, incluindo as exportações e as vendas das empresas coligadas, cresceram em torno de 6,6%, atingindo cerca de R$ 6 bilhões. Bem pouco dessa evolução a creditar ao setor automotivo, a julgar pela declaração de  Besaliel Botelho, presidente do conglomerado na América Latina:

“Os negócios nos setores de bens de consumo, energia e tecnologia predial e tecnologia industrial apresentam boas perspectivas e continuam a ser os importantes indutores do nosso desenvolvimento na região. Contudo, o segmento de soluções para mobilidade se manteve desafiador e impactou os nossos resultados, exceção para os negócios de reposição automotiva que registraram bom desenvolvimento em 2015”.

 Naturalmente, tudo sob a destacada influência dos combalidos negócios internos do mercado automotivo brasileiro, o maior na região. As operações do Grupo Bosch no País foram responsáveis por perto de 80% do volume das vendas na América Latina, cerca R$ 4,7 bilhões, algo como 30% do total gerados a partir das exportações de produtos e serviços, sobretudo para países latino-americanos, além dos Estados Unidos e  Europa.

 A empresa, de qualquer forma, prefere não especificar e afirma que a situação econômica na América Latina tem imposto série de desafios. “Acreditamos que a estabilidade política é crucial para retomar o crescimento da economia e recuperar a credibilidade dos investidores e dos consumidores”, ressalta Botelho.

Apesar disso, a região continua a ser região estratégica, diz a Bosch, que atua na região desde o início do século passado. Em 2016, afirma o conglomerado alemão, espera crescimento moderado na região “pautado, principalmente, pelo aumento das exportações, alavancadas pelo efeito do câmbio e o contínuo desenvolvimento dos negócios não automotivos.”

A empresa investiu mais de R$1,7 bilhão em suas operações na América Latina. Só para este ano calcula algo como R$ 150 milhões, recursos que serão utilizados principalmente na modernização das linhas de produção. Após o recorde de 2015, o Grupo Bosch persegue marca ainda superior ester ano. Espera vendas globais de 3% e 5% maiores.

A Bosch tem operações na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Panamá, Peru e Venezuela. No ano passado, abriu escritórios comerciais no Equador e Costa Rica e planeja iniciar operação no Uruguai ainda este ano.

A empresa antecipa que o leque de mercados na região poderá crescer um tanto mais. Cuba, República Dominicana e Paraguai já constam como próximos alvos para expansão no curto prazo. Em Cuba a Bosch já persegue oportunidades com auxílio de distribuidores locais de autopeças e ferramentas elétricas. 

Vendas na Argentina em alta de 29%

O mercado argentino acumula o quinto mês consecutivo do ano com alta nas vendas de veículos. De janeiro a maio, os concessionários receberam pouco mais de 283 mil unidades, crescimento de 28,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Somente em maio, a venda no atacado somou 60,3 mil automóveis e utilitários, expansão de 19,8% na comparação com maio de um ano antes. Os dados são da Adefa, a associação que representa as montadoras instaladas naquele país.

A produção, no entanto, recuou 12,5% no período de cinco meses. Até maio saíram das linhas de montagem argentina 182,4 mil unidades contra 208,4 mil nos mesmos primeiros cinco meses de 2015. Isoladamente em maio, a produção somou 39,8 mil automóveis e utilitários, 9,6% menor do que em maio do ano passado.

Nos cinco primeiros meses de 2016 o setor automotivo argentino exportou 74,1 mil unidades, volume 25,% inferior ao registrado no mesmo resultado acumulado do ano passado. No comparativo mensal de um ano antes o resultado também é negativo. Em maio embarcaram da Argentina 18,2 mil unidades, recuo de 15,5%.

O Brasil é de longe o maior parceiro, respondendo até agora 79,8% das exportações argentinas, acumulando compras de 59,1 mil no período dos cinco primeiros meses do ano, volume 21,3% menor do que o volume exportado no mesmo período do ano passado.

Depois do Brasil, o México é o maior o destino dos veículos feitos da Argentina, com quase 10% de participação.

Chery abre lay off por cinco meses

A Chery e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região chegaram a um acordo para abertura de lay-off por cinco meses na fábrica em Jacareí, SP, informa a entidade representante dos trabalhadores. De acordo com o sindicato o prazo começa em 15 de julho e vai até 15 de dezembro. A montadora, porém, suspenderá as atividades já a partir da próxima segunda-feira, dia 4.

A própria fabricante não revela pormenores a respeito do acerto. Alega que falta protocolar o acordo no Ministério do Trabalho, “o que deve ocorrer nos próximos dias” e somente a partir desse procedimento poderá ser definido o início do período do lay-off.

O sindicato, no entanto, garante que 180 dos cerca de quatrocentos funcionários da Chery foram incuídos no regime especial. Permanecerão na fábrica apenas funcionários da administração e aqueles responsáveis pela manutenção.

O acordo atende à reivindicação dos trabalhadores para garantia de estabilidade de emprego até fevereiro de 2017, diz a entidade. Com o lay-off, parte dos salários será paga pelo governo federal e o restante pela empresa. O FGTS passará a ser depositado na conta bancária dos trabalhadores. 

“A Chery é uma montadora com total capacidade de garantir direitos e salários. As negociações com a empresa foi para que os trabalhadores tivessem todos os seus direitos garantidos. A conquista da estabilidade foi um ponto fundamental para a assinatura do acordo”, disse Guirá Guimarães, diretor do sindicato, que já afirmara que alguns trabalhadores estavam em regime de licença remunerada há cerca de um mês.

A fábrica de Jacareí, a primeira operação completa da montadora fora da China, foi inaugurada oficialmente em agosto de 2014, após investimento US$400 milhões de dólares. Inicialmente a unidade tem capacidade para produzir 50 mil veículos/ ano ou até três vezes mais em uma segunda etapa.

Lá são fabricados três modelos – Celer hatch, Celer sedã e o compacto New QQ. Um quarto modelo planejado para lá, o utilitário esportivo Tiggo, deve ser apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro. A adequação da linha de montagem para a produção do SUV, inclusive, é uma das justificativas da Chery, além dos altos estoques, para a interrupção da operação.

Não há dados oficiais recentes sobre o ritmo de produção na fábrica. Em dezembro, Luís Cury, vice-presidente da Chery Brasil, projetava fabricar de 8 mil a 10 mil veículos em 2016, de 1 mil a 2 mil unidades destinadas ao Exterior.

Nos primeiros cinco meses do ano, contudo, foram licenciados no mercado interno apenas 991 veículos da marca – 527 unidades deles importados –, segundo a Abeifa, Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores .

Embora inaugurada em agosto de 2014, o primeiro carro nacional da Chery saiu da linha em fevereiro do ano passado e logo em seguida, semanas depois, a empresa enfrentou sua primeira greve, que durou mais de trinta dias. Logo na sequência um raio atingiu a cabine de força da fábrica, provocando nova paralisação. Em seus dez primeiros meses de funcionamento a fábrica ficou paralisada durante quase quatro deles.

Caminhões Ford têm novo sistema de monitoramento

Em tempos de vendas em forte baixa os fabricantes de caminhões têm lançado mão de novidades no pós-venda para atrair clientes e, paralelamente, garantir fluxo em sua rede de revendedores.  Esta semana, por exemplo, a Ford Caminhões passou a oferecer um novo serviço de monitoramento para seus veículos. Batizado de  FordTrac Segurança, o sistema é  instalado já na linha de produção da  fábrica da montadora em São Bernardo do Campo, SP, e basta ao usuário ativá-lo  para ter monitoramento, bloqueio e serviço de pronta-resposta.

Paulo Koga, da área de Programas de Serviço da Ford Caminhões, aposta na eficiência e custo do novo serviço: “É uma garantia ao proprietário do veículo. Cito caso recente na empresa Rodoveiga Transportes, do Rio Grande do Sul, que em menos de 50 minutos recuperou um Cargo 1119 encontrado a  20 quilômetros do local do roubo. É o sistema de rastreamento e bloqueio mais seguro e barato do mercado”.

O dispositivo conta com bloqueio eletrônico feito diretamente pela rede de comunicação eletrônica do caminhão, serviço de pronta-resposta em todo o País e aplicativo móvel, denominado Supervisor Mobile.  O cliente pode monitorar os veículos de sua frota por smartphone ou tablet, nas plataformas iOS e Android, e tem acesso às principais funcionalidades do produto.

Pesquisas da montadora indicaram que a maioria dos clientes prioriza, mesmo, funções de segurança, como monitoramento, bloqueio e serviço de pronta-resposta, afirma Koga.

Todos os caminhões Ford, das linhas Cargo e Série F, já vêm com o módulo do de fábrica, evitando que o cliente gaste com a aquisição e instalação. A ativação é rápida – feita por meio da rede de telefonia celular, sem a necessidade de intervenção no veículo –, realizada na própria concessionária, onde o proprietário define ainda por quanto tempo quer contar com o serviço, de um a cinco anos.