Diesel em veículos de passeio divide opiniões de fabricantes de motores

Os representantes das produtoras de motores a diesel têm opiniões diferentes quando o assunto é o uso do combustível em veículos de passeio. Diante da possibilidade da aprovação de uma lei que libera a comercialização de carros a diesel no Brasil, pela Câmara dos Deputados, executivos da Cummins, FPT Industrial, MWM e Power Systems Research falaram sobre o assunto durante o Seminário AutoData Revisão das Perspectivas 2016, realizado no Centro de Convenções Milenium, em São Paulo, na segunda-feira, 13.

Marco Aurélio Rangel, presidente da FPT Industrial, afirmou que o uso de motores a diesel em veículos de passeio representa o “futuro da mobilidade”. Segundo ele, um dos principais pilares da indústria automotiva é a busca pela eficiência energética. “Estamos falando do motor que traz melhor eficiência energética por grama de combustível utilizado”, defendeu.

José Eduardo Luzzi, presidente da MWM, também é apoiador da causa. “Estamos no único país do mundo que proíbe o uso do diesel em veículos de passeio. Isso por si só já é motivo para a gente apoiar a causa. O importante é o consumidor ter opções”, disse.
A restrição ao consumo do diesel para veículos leves existe desde os anos 1970 para reduzir a dependência ao petróleo importado. Apenas veículos utilitários – caminhões, ônibus, picapes com capacidade de carga superior a 1 tonelada, além de veículos com tração 4×4 – podem usar o combustível. 

Segundo Luzzi, os motivos da proibição possuem 40 anos de atraso. “Não há mais base para mantermos essa proibição”, disse. Segundo ele, a aprovação pode abrir novos nichos de mercado e aumentar o nível de atividade local. “O projeto de lei trata de uma liberação gradativa, para segmentos como o de táxis e veículos de trabalho. Seria uma introdução planejada”, afirmou.

Maurício Rossi, diretor de vendas da Cummins, contrariou os concorrentes e disse que o assunto precisa ser tratado com cautela. “Temos de lembrar a importância do etanol e pensar no futuro dessa tecnologia. Acredito que essa discussão é complexa e demanda muita discussão.”

Ainda no time dos cautelosos está Carlos Briganti, diretor para América Latina da consultoria Power Systems Research. Para ele a aprovação do diesel pode ser premeditada e não necessariamente as empresas estariam aptas para produzir motores com essa tecnologia. “Levaria um tempo para ter escala. Não seria atrativo em um primeiro momento”, resumiu.

O presidente da Anfavea, Antonio Megale, também participou do evento e expressou preo­cupação com o tema. A instituição é contrária a aprovação do uso do diesel nos veículos de passeio. “Investimos muito para atender às demandas de eficiência energética do Inovar-Auto e esse passo iria ao desencontro de tudo o que fizemos até aqui”, afirmou. Ele defendeu que sob a perspectiva ambiental, mais carros a diesel na rua ampliariam os efeitos da mudança climática, já que substituiriam uma parcela do etanol, que possui claros benefícios comprovados.

Capacidade Ociosa – Apesar da discussão sobre o diesel em automóveis estar em evidência, as fabricantes de motores também expressaram preocupações com os resultados do segmento. Todas relataram capacidade ociosa de cerca de 50%. Em comum, os executivos relataram que as exportações tem sido um alento para amenizar o cenário interno.

A MWM, que recentemente encerrou sua operação de motores em Canoas, RS, tem investido fortemente na remessa de seus produtos para o exterior. “Realocamos nossos recursos de engenharia, assistência técnica e pós-venda para os mercados externos. Refizemos nossa estratégia olhando os mercados potenciais fora do Brasil”, disse Luzzi.

A Cummins também precisou arrumar a casa para enfrentar o período delicado. “Mudamos de tamanho. Reestruturamos áreas da empresa, como a de componentes, e eliminamos níveis hierárquicos. A ideia é ter uma empresa mais simples”, disse. A companhia espera produzir de 28 mil a 30 mil motores em 2016, metade de sua capacidade.

Segundo Rangel, da FPT, a expectativa da companhia está alinhada com as projeções da Anfavea, que falam em queda de 19% na venda de veículos neste ano. Menos veículos, menos motores. “Nem mesmo as obras de infraestrutura relacionadas aos Jogos Olímpicos conseguiram animar o mercado”, avaliou.

Sinais do início da recuperação nos pesados

O presidente da MAN, Roberto Cortes, acredita que o segmento de caminhões chegou ao fundo do poço e, portanto, os próximos meses deverão sinalizar o início da recuperação.

“Apesar de ainda ser um ano de queda, os volumes de vendas já são diferentes do começo do ano. Se o mercado absorveu de 3,5 mil a 4 mil unidades mensais, agora o patamar está de 4 mil a 5 mil”, observou o executivo durante sua apresentação no Seminário AutoData – Revisão das Perpectivas, realizado no Centro de Convenções Milenium, em São Paulo. “A partir deste mês deve crescer a média de venda e não será surpresa se o segundo semestre for pelo menos 15% maior do que o primeiro.”

De acordo com o dirigente da MAN, de abril para cá o cenário econômico é outro, com melhoria nos indicadores dos relatórios das instituições financeiras, como câmbio, juros, inflação e PIB. “Somente um ambiente mais favorável para se ter retorno do crédito, da confiança do empresário e da população em geral.”

Cortes voltou a destacar a dimensão da crise e que jamais viveu outra tão acentuada quanto a atual, especialmente no setor de caminhões. Para o executivo há uma conjunção de fatores única que torna o ambiente dramático para a indústria. “Em vez de o País crescer 3% ao ano, como se esperava a partir de 2013, temos uma baixa de 3,8%. Ou seja, a variação negativa acumulada é muito maior.”

Pressão – Depois, como lembrou o presidente da montadora de Resende, RJ, nos últimos quatro anos ocorreu maior pressão nos custos, com elevação, em média, de 50%. “Aumento nos custos sem repasse integral nos preços aliado a uma queda de vendas da ordem de 70% no período sem repasse dos custos no preço é mortal. Isso tudo nos leva a um volume de vendas do século passado, do fim da década de 1990.”

Para superar o momento difícil, o presidente da MAN disse que teve de tomar medidas de sobrevivência, como redução da jornada de trabalho na fábrica de Resende, hoje com um turno em quatro dias na semana produzindo oitenta caminhões e ônibus por dia, ajustes com PPE, suspensão temporária de trabalho, férias coletivas e PDV. “Redimensionamos nossa fábrica, reduzimos a empresa pela metade e apertamos o cinto para reduzir em 30%, no mínimo, nossas despesas, além de aumentar os preços de nossos produtos a fim de minimizar perdas.”

Quando indagado a respeito do ano que vem para os segmentos de caminhões e ônibus, Cortes preferiu destacar mais uma vez que o mercado de pesados chegou ao fundo do poço e que, a partir daí, começa a se recuperar. “Acredito que só no fim de 2018 veremos o mercado recuperado. Até lá temos de ver o que acontecerá e ter otimismo moderado, do tipo o pior já passou.”

Cortes também lembrou que o período exige uma nova maneira de trabalhar e enxergar o mundo. Assim introduziu processo na companhia que procura proporcionar uma ambiente com menos burocracia e hierarquia. “O Vire a chave – É hora de dar partida a uma nova era foi a maneira que encontramos de enfrentar o momento e pensar no futuro, com executivos mais jovens, novos produtos e busca de mercados.”

Recorde de recuperações judiciais nas autopeças

O número de recuperações judiciais na indústria de autopeças brasileira atingiu recorde de 26 pedidos no acumulado deste ano – durante 2015 inteiro houve um total de 28. A informação foi divulgada pelo presidente do Sindipeças, Dan Ioschpe, durante o Seminário Revisão das Perspectivas 2016 realizado em São Paulo, na segunda-feira, 13, oportunidade em que fez um balanço deste ano e também adiantou as projeções da entidade para 2017.

“Apesar das recuperações judiciais ainda temos um setor de autopeças vigoroso, que se prepara para o futuro. Há alguns fechando, mas tem gente comprando, como também outros abrindo linhas de novos produtos. Os investimentos este ano atingirão R$ 1 bilhão 510 milhões. Não é muito, considerando os anos anteriores, mas mostra que o setor não está parado”.

Ioschpe não quis arriscar números quanto à questão da recuperações judiciais, se tendem a crescer ou se o setor já concluiu processo de depuração: “Não dá para falar. Tem caso de empresa que ninguém esperava e, de repente, entra em processo de recuperações judicial”. Admitiu, no entanto, que uma possível estabilidade no segundo semestre pode trazer mais alento ao setor.

O presidente do Sindipeças esteve na semana passada com o ministro do MDIC, Marcos Pereira, para conversar sobre os problemas da cadeia fornecedora: “Não há negociação, houve uma conversa. O que precisamos é de uma política setorial que propicie maior competitividade à indústria. É fundamental termos previsibilidade”.

Projeções – O Sindipeças projeta faturamento da indústria de autopeças em torno de R$ 63 milhões este ano, 4,5% de queda em relação aos R$ 65,9 bilhões obtidos no ano passado. Para 2017 espera-se o início de uma retomada, com receita projetada em R$ 64,7 bilhões. O nível de mão de obra baixará de 171,5 mil funcionários em 2015 para 164 mil este ano, mas para o próximo espera-se chegar a 164,4 mil.

As exportações já mostram sinais positivos este ano. A expectativa é chegar a US$ 7 bilhões 950 milhões, ante os R$ 7 bilhões 560 milhões do ano passado, e para 2017 a projeção indica novo salto, para US$ 8 bilhões 420 milhões. Como as importações, na contrapartida, estão caindo, o déficit comercial do setor é menor a cada ano. Reduzirá de US$ 5,5 bilhões em 2015 para US$ 4 bilhões agora em 2016 e a expectativa é de que baixe ainda mais em 2017, para US$ 3,2 bilhões.

Conforme dados divulgados por Ioschpe, o Sindipeças está prevendo retomada gradual do setor automotivo a partir de 2017. A entidade projeta queda de 13% este ano na produção de automóveis, para 1 milhão 765 mil unidades, e alta de 4% no ano que vem, com 1 milhão 830 mil unidades a serem fabricados no País.

No caso dos comerciais leves o recuo deste ano deve ficar na faixa de 8%, para 290 mil unidades, e o crescimento no próximo é estimado em 2%, 295 mil comerciais leves. Também o segmento de caminhões tende a reagir em 2017 com alta de 2%, enquanto as vendas de ônibus deverão ficar estáveis em 19 mil unidades.

“Com relação a este ano estamos mais pessimistas do que a Anfavea, pois prevemos queda de 13% na produção de automóveis e eles projetam 5,5%”, comentou Iochpe. “Mas acreditamos que na virada do ano estaremos próximos de começar alguma recuperação. Achamos que em 2017 os dados macroeconômicos serão mais positivos, com o fim da alta do desemprego, inflação mais baixa e consequentemente juros menores. Se não houver grandes erros poderemos ter melhoras na virada do ano.”

MAR-I não deve gerar antecipação de vendas de máquinas e equipamentos

A obrigatoriedade de comercialização de motores Tier 3 não deve gerar antecipação de compra de máquinas e equipamentos. A avaliação é do presidente da CNH Industrial, Vilmar Fistarol, que palestrou no Seminário Revisão das Perspectivas 2016, promovido na segunda-feira, 13, pela AutoData.

Segundo ele, a nova tecnologia que passa a ser obrigatória a partir de janeiro de 2017 para veículos fora de estrada não deve aquecer o mercado. A partir desta data todos os motores destinados às máquinas agrícolas novas, em produção ou importadas, com potência igual ou maior de 75 kW, deverão atender aos limites da fase MAR-I do Proconve. “Esse movimento foi amplamente visto no segmento de caminhões, quando migramos para a tecnologia Euro 5, mas não deve se repetir no campo.”

Para Fistarol, mesmo com os consumidores sabendo que os modelos podem ficar com valores mais elevados devido às novas motorizações, a ausência de crédito e as incertezas da economia devem atrapalhar o movimento de antecipação de compra.

“Estamos perdendo muitas oportunidades por conta da situação econômica. Também não vimos as vendas aumentarem para as obras das Olimpíadas. É uma pena para o País”, afirmou.

O executivo mostrou-se cauteloso em relação ao futuro do mercado de máquinas e equipamentos do Brasil. “O cenário de 2016 não pode continuar. Não sabemos quanto tempo vamos levar para retomar os patamares do início da década, mas é fato que já chegamos ao fundo do poço”, disse. “Devemos começar a ver melhoras tímidas em 2017”.

Segundo ele, a chegada do novo governo sinaliza mudanças importantes para a indústria. “Precisamos de um ambiente político que faça ecoar as necessidades do mercado. É tempo de executar, não de criar nada”, ressaltou.

Agronegócio – Fistarol apresentou projeções que levam a crer que há ainda muito espaço para crescimento nas vendas de máquinas. A maioria dos índices relacionada ao agronegócio, como o necessário aumento da produção mundial de alimentos nas próximas décadas, sendo o Brasil responsável natural por suprir boa parte dessa demanda. “É o único setor que ainda cresce no Brasil. E estamos sempre buscando inovações.”

Recentemente a companhia investiu US$ 40 milhões para o lançamento de uma nova linha de colheitadeiras de grãos que promete maior produtividade com menor consumo de combustível. “Não deixamos de investir porque apostamos que o mercado brasileiro de máquinas passará por um novo processo de consolidação. Queremos estar prontos para quando isso acontecer.”

Sistemistas: obsessão por conectividade.

Segundo seus principais executivos, as empresas sistemistas instaladas no Brasil têm um desafio em comum: pensar no futuro enquanto driblam o presente, que, acreditam, pode começar a melhorar a partir do fim do ano em função de alguns sinais que têm recebido dos clientes. Mesmo com a economia fragilizada, as inovações em conectividade não podem esperar. Representantes das companhias falaram sobre o assunto durante o Seminário Revisão das Perspectivas 2016.

Besaliel Botelho, presidente da Bosch, afirmou que nos últimos dez anos a companhia investiu R$ 1,7 bilhão para o desenvolvimento de novas tecnologias no País. “E este ano serão mais R$ 150 milhões”, assegurou, complementando que as novas tecnologias colaboraram para amenizar os resultados ruins nos últimos meses. “Conseguimos aumentar 30% nossas exportações em 2015, ante 2014, por termos produtos globalizados e modernos.”

O presidente da Delphi, Paulo Santos, ressaltou que as últimas três aquisições da companhia estadunidense no mundo foram de empresas de tecnologia. “É uma sinalização global e não podemos perder esse movimento”, afirmou.
As novas tecnologias de conectividade, segurança e motorização podem colaborar com a retomada do mercado nacional. “As vendas de seminovos em alta comprovam a demanda reprimida. Com novas tecnologias podemos atrair e reconquistar clientes”, pondera.

Marcelo Machado, vice-presidente automotivo da Schaefller, também destacou que a companhia investe constantemente em startups ao redor do mundo em busca de inovações: “Procuramos novas ideias constantemente. O desafio é fazer isso em um momento de vendas em baixa, mas não podemos esperar”.

Segundo Ricardo Bacelar, diretor da consultoria KPMG, a obsessão das sistemistas por novas tecnologias ajudará a construir um novo conceito de veículo, rapidamente. De acordo com Bacelar, atualmente o porcentual de conectividade embarcado nos veículos representa cerca de 10% dos custos.

“Em dez anos esse patamar será de pelo menos 60% a 65%. O carro que conhecemos hoje será algo completamente diferente em 2026”, afirmou.

Retomada lenta e gradual

O atual momento pelo qual atravessa o segmento de caminhões é dramático, no entanto, já se percebe no ar o começo de um retorno da confiança do consumidor, o mais importante item no processo de decisão de compra. Essa foi a impressão unânime dentre os participantes de painel a respeito do mercado de caminhões no Seminário AutoData Revisão das Perspectivas 2016, ocorrido na segunda-feira, 13, no Centro de Convenções Milenium, em São Paulo.

Ari Carvalho, diretor de vendas e marketing caminhões da Mercedes-Benz, lembrou que apesar do mercado grande, como o brasileiro, sem confiança o consumidor não compra e ainda vê muita indefinição, fazendo com que o comprador ainda espere para ver o que vai acontecer com País no cenário político-econômico, mas “se ainda não chegamos no fundo do poço, estamos muito perto dele.”

Da mesma maneira, João Pimentel, diretor da operação Ford Caminhões para a América do Sul, acredita nos sinais de melhora que estão surgindo no mercado, como o aquecimento de negócios ocorrido no segmento de máquinas em virtude da Agrishow. “É um dado importante, porque são notícias assim que começam a puxar o mercado.”

Bernardo Fedalto, diretor de vendas de caminhões da Volvo, reforçou a melhoria nos números da macroeconomia divulgados nos últimos dias, o que faz com que ele acredita que o mercado de caminhões terá um aquecimento ainda este ano e, como seus pares, reforça: “A confiança do empresário está voltando, mas o processo de decisão de compra pode demorar um pouco mais. Por isso não acredito em uma reação a curtíssimo prazo, mas movimento maior lá por agosto, setembro, isso ainda se as medidas da nova equipe econômica do governo interino realmente forem introduzidas.”

O vice-presidente de vendas da Iveco para a América Latina, Marco Borba, também concorda com o representante da Volvo, e completa ao dizer que pelo menos agora há uma linha de ação da nova equipe econômica e “pode fazer com que a confiança volta, porque o desastre ocorrido até agora no segmento não foi falta de mercado”.

Todos os representantes, porém, trabalham em um cenário de recuperação lenta e gradual, embora eles concordem com capacidade do segmento de reagir rápido, como costuma acontecer historicamente com o mercado de caminhões. “É uma questão de oportunidades, de elas serem capazes de gerar demandas, como concessões, obras de infraestrutura, safras agrícolas. Entretanto, o mais importante agora é destravar a economia.”

Borba, da Iveco, também acredita que esse longo período de baixa no mercado de caminhões pode estar gerando uma demanda reprimida, podendo acelerar um pouco as compras e enfatiza também que o consumidor ainda não se adequou às novas regras de financiamento com a extinção do PSI. “Com essa nova realidade, o empresário está custando mais a se adequar, o que sinaliza um retomada de maneira mais gradual.”

Toyota opera com apenas treze dias de estoque

Apesar da crise atual do mercado, a Toyota espera repetir este ano o mesmo volume de produção de 2015, na faixa de 174 mil veículos, e prevê queda de apenas 2,3% em suas vendas internas, que devem ficar em 172 mil unidades ante as 176 mil do ano passado. Ao participar do Seminário Revisão das Perspectivas 2016 na segunda-feira, 13, o vice-presidente executivo da Toyota do Brasil, Miguel Fonseca, falou dos diferenciais da marca em relação à concorrência e disse que o mercado brasileiro já chegou ao fundo do poço: “Uma das nossas vantagens neste momento é a de não atuar no segmento de entrada, aquele dos compactos 1.0, que este ano retraiu 45%, acima, portanto, da queda média do mercado. Além disso, renovamos todos nosso portfólio e mantemos uma política junto à rede de concessionários de controle da oferta e demanda que nos permite operar com apenas treze dias de estoque, incluindo os veículos em trânsito”.

Esses três dias representam menos de 1/3 da média de estoque hoje do mercado, que encontra-se na faixa de quarenta a 42 dias. “Temos uma estrutura enxuta e mantemos nossa produção em linha com nossos objetivo”, destacou Fonseca.

Sem citar números, Fonseca também comentou que a rede da marca ampliou venda de usados e de acessórios e vem atravessando a crise sem perda de rentabilidade. Tanto é que no ano passado houve abertura de dez novos pontos de venda sem alterar o total de concessionários, ampliando a área de cobertura no País.

Fonseca disse que a Toyota é otimista com relação ao futuro do Brasil. Para ele, o País tem fundamentos econômicos muito fortes e é um dos mais avançados em matrizes energéticas. Defendeu, dentre outras medidas, a adoção do programa de renovação de frota que em outros países, principalmente europeus e também nos Estados Unidos, foi fundamental para aquecer vendas em período de crise.

Fundo do poço – Na sua avaliação, o mercado já chegou ao fundo do poço e a tendência agora é de estabilidade. Não arriscou número de crescimento para 2017, mas admitiu que já no ano que vem a Toyota poderá apertar o botão que colocará em operação o projeto de ampliação de sua capacidade da fábrica de Sorocaba, SP, onde produz o Etios. A empresa já concluiu os investimentos e as obras que elevam de 74 mil para 108 mil a produção daquela unidade industrial, mas deixou o projeto em suspenso por causa da retração do mercado brasileiro.

Fonseca também comentou sobre veículos híbridos, elétricos e afins, garantindo que a Toyota não descartou a hipótese de futuramente vir a produzir modelos do gênero no País. Segundo ele, até 2030 perto de 58% dos veículos no mundo serão desse tipo. Na América Latina a Toyota prevê que naquela ocasião terá 40% de sua oferta com base em modelos híbridos, elétricos e similares.

“Não temos projeto industrial no momento, mas a localiação no futuro será uma necessidade”, comentou. Mesmo porque, pelas previsões da Toyota, até 2050 não haverá mais veículo movido só a combustão.

Fabus acredita no Caminho da Escola Urbano

O presidente da Fabus, José Martins, revelou durante o Seminário Revisão das Perspectivas 2016, na segunda-feira, 13, que até o fim de julho a ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, deverá concluir as especificações dos veículos – ônibus e vans – que atenderão ao programa Caminho da Escola Urbano.

“Estamos em contato direto com a ABNT e também com o BNDES. Nossa proposta ao BNDES é a de que seja criado um financiamento específico para esse segmento escolar nos moldes do programa Pró-Caminhoneiro, ou seja, que contemple não só pessoas jurídicas, mas também pessoas físicas.”

De acordo com Martins, levantamento feito junto a orgãos ligados ao trânsito dá conta de que cerca de 110 mil veículos são utilizados hoje para transporte escolar em áreas urbanas. “Se sair o programa acredito que em oito anos poderemos vender 110 mil vans e ônibus para renovação da frota atual”, comentou Martins.

Em painel sobre o mercado de ônibus que teve a participação do presidente da Fabus e do diretor de vendas de ônibus da Mercedes-Benz, Walter Barbosa, foi consensual a análise de que o maior problema hoje no segmento é a falta de crédito. Até maio, pelos dados da Fabus, as vendas de ônibus caíram 38% no comparativo com o mesmo período de 2015. O que tem compensado em parte essa queda são as exportações que devem crescer 15% no ano.

Barbosa, da Mercedes-Benz, confirmou o bom momento para a exportação de ônibus. “Somos líderes em vendas externas nesse segmento e atendemos mais de cinquenta países. Já no ano passado nossas exportações cresceram 5,2% e este ano o ritmo de vendas continua bom.”

Jaguar Land Rover inaugura sua fábrica brasileira

A Jaguar Land Rover inaugurou na terça-feira, 14, sua primeira fábrica nas Américas – e também a pioneira em voo solo fora do Reino Unido. A unidade de Itatiaia, na região sul-fluminense, consumiu R$ 750 milhões em investimentos e começou a enviar para a rede Land Rover os primeiros Range Rover Evoque nacionais. Os carros são montados também na Índia e China, mas por meio de joint venture. No mercado indiano a linha fica dentro de uma unidade industrial da Tata Motors, sua controladora. Na China a parceria é com a Chery.

Com capacidade para produzir até 24 mil unidades em dois turnos, a fábrica brasileira começa a operar com o objetivo de alcançar a metade disso. Sem precisar data, Frank Wittemann, presidente da JLR, estima chegar lá no “médio prazo”, embora um pouco depois do inicialmente imaginado. “Esperávamos chegar ao topo do primeiro turno mais rápido, mas estamos confiantes de que o mercado retome logo.”

O projeto da planta fluminense englobou série de projetos ambientais, como o recolhimento de águas pluviais e o plantio de mais de 1,2 mil árvores nativas para melhorar o ecossistema do entorno. A JLR pretende obter o certificado LEED de sustentabilidade e ser a primeira fábrica de automóveis no Brasil a conquistar o selo.
A produção em Itatiaia começou no ritmo de um carro por hora – quando alcançar o topo, serão nove unidades a cada sessenta minutos. O sistema de produção é o SKD: até a carroceria é importada e chega armada e pintada, necessitando uma desmontagem logo no início da linha.

Alguns itens já são nacionais, como os vidros Pilkington, os bancos Johnson Controls e as baterias e sistemas de exaustão. A vizinha Benteler, instalada em Porto Real, RJ, entrega também conjunto montado de chassi, motor e transmissão, porém, com grande quantidade de componentes importados.

Tudo atende às exigências do Inovar-Auto, um dos principais motivadores da chegada da JLR ao Brasil. Mas não o único, de acordo com Wolfgang Stadler, diretor global de manufatura da companhia e um dos executivos presentes à cerimônia de inauguração:
“A Jaguar Land Rover acredita que a produção deve seguir os mercados. E o Brasil é o segundo mais importante das Américas, atrás apenas dos Estados Unidos”.

A empresa é líder de mercado no Brasil na categoria de utilitários esportivos premium, respondendo por 33% de todas as vendas nesse segmento, ressalta a JLR. O segmento premium, no entanto, tem ainda tímida participação aqui, da ordem de 2,5% do mercado nacional de automóveis, enquanto em mercados maduros essa relação beira os 10%.

No ano passado a companhia vendeu em torno de 10 mil unidades no mercado interno, somadas as duas marcas. O objetivo deste ano é pelo menos igualar esse resultado e voltar a crescer a partir de 2017. De janeiro a maio a empresa negociou 3 mil 69 veículos Land Rover e 283 unidades Jaguar.

Stadler minimizou os efeitos da situação econômica do País e disse que a fábrica foi pensada no longo prazo. De fato está claro que a JLR não poupou no projeto: há muito espaço dentro dos galpões, onde podem ser colocadas mais uma ou duas linhas no futuro sem grandes necessidades de readequação.

Além do Evoque, que já está chegando às revendas ainda este mês, será produzido em Itatiaia o Range Rover Sport, com início programado para as próximas semanas. Esses dois modelos respondem por 70% das vendas no Brasil.

Stadler, porém, garantiu que não há outros modelos planejados para a fábrica no curto prazo. Não deixaria de ser uma alteração de plano, já que a fabricação do sedã Jaguar XE era tida como certa, segundo apurou a Agência AutoData
Exportar também está momentaneamente fora dos planos, assegura Stadler: “Não descartamos no futuro, mas atualmente não há estudos a respeito”.

A planta também inclui o primeiro centro educacional da Jaguar Land Rover fora do Reino Unido, que manterá série de atividades em salas de aulas para até 12 mil crianças de escolas locais por ano. “Esse centro é apenas um passo que estamos dando para entregar programas educacionais interessantes a crianças de diversas idades. A nossa ambição é incentivá-los a considerar uma carreira na indústria automotiva no futuro”.

O novo centro educacional é coordenado em parceria com o Senai e oferecerá programas de educação para crianças de 5 e 18 anos. Os cursos são voltados para áreas como engenharia, manufatura e outras atividades relacionadas ao setor automotivo.

Fora da matriz – A empresa também criou o programa Inspirando os Trabalhadores de Amanhã no ano passado e, dos mais de cem alunos que já completaram o curso, doze foram contratados na nova fábrica. O programa oferece experiência de trabalho, formação e qualificações de empregabilidade para pessoas desempregadas. É o primeiro projeto do gênero que a empresa adota fora de sua matriz, no Reino Unido.

Ainda como parte das comemorações que marcam a inauguração da unidade de Itatiaia, a Jaguar Land Rover promoverá uma expedição com os primeiros veículos Range Rover Evoque e Discovery Sport produzidos na planta. Os dois modelos percorrerão, pelo chamado programa My Land, milhares de quilômetros pelo País.

Volvo VM fora de estrada

A Volvo ampliou sua família de caminhões VM com o lançamento de um modelo específico para atender às necessidades de transporte de carga nas aplicações fora de estrada. O novo veículo tem capacidade para 32 toneladas, 5,3 toneladas a mais do que a versão anterior.

De acordo com a fabricante, a novidade, desenvolvida e produzida na fábrica de Curitiba, PR, possui a maior capacidade de carga útil de sua categoria e chega para cumprir operações específicas no segmento fora de estrada “É um setor que precisa de caminhões com capacidade de carga intermediária e adequada a aplicações onde a intensidade e a severidade não exigem um veículo de maior potência”, diz em nota o gerente de engenharia de vendas da Volvo América Latina, Álvaro Menocim.

O caminhão é equipado com motor de 330 cv e configurado como 6×4. Compartilha diversos componentes da linha FMX, tradicional família de caminhões da Volvo indicada para as aplicações do transporte pesados em condições severas. Assim, o novo VM traz eixo de tração com redução nos cubos, eixo dianteiro de viga reta e caixa de transmissão automatizada I-Shift.

O compartilhamento de componentes permitiu à Volvo introduzir diversos aperfeiçoamentos no VM. O eixo dianteiro, por exemplo, na versão anterior suportava 6,7 toneladas, agora está apto para 8 toneladas. Os eixos traseiros também antes eram projetados para 20 toneladas, agora podem suportar 24 toneladas. No caso dos eixos traseiros ainda, além da redução nos cubos, foi introduzido bloqueio de diferencial entre as rodas e entre eixos.

Segundo a fabricante as diversas adequações no modelo permitiram aumentar em 20% a capacidade do novo VM. Assim, o caminhão teve seu PBT técnico elevado de 26,7 toneladas para 32 toneladas. “Ousamos dizer que é o melhor veículo em sua classe”, atreveu-se em nota Bernardo Fedalto, diretor de caminhões da Volvo no Brasil.

O novo VM será oferecido no Brasil e em todos os demais países da América Latina que aplicam a norma Euro 5 de emissões. As primeiras unidades serão enviadas para a rede de concessionárias da marca ainda este mês.