Produção local não barateia veículos

Em outubro de 2015 Holger Marquardt foi nomeado diretor geral de marketing e vendas de automóveis da Mercedes-Benz do Brasil depois de 26 anos na companhia e de passagens por vários países, como África do Sul, China e Portugal. Em pouco mais de oito meses por aqui ele já inaugurou uma fábrica e assistiu suas vendas crescerem 47% em 2015, para 17,5 mil unidades, e depois caírem 30% nos primeiros cinco meses de 2016. Na direção de uma das maiores marcas premium de automóveis no Brasil, Marquardt prevê um ano complicado, aposta na flexibilidade da fábrica de Iracemápolis, SP, para manter a rentabilidade da operação no País e alerta: carros não ficarão mais baratos depois da produção local. Confira a entrevista:

A inauguração da fábrica de Iracemápolis, em março, aconteceu em um momento ruim?
Seria pior ter inaugurado a fábrica há dois anos, quando o mercado ainda estava bom, pois teríamos nos programado para ter dois turnos e produzir muito mais. Iniciar as operações neste momento nos trouxe um ar de realismo, que nos dá tempo para programar e crescer junto com o mercado. A fábrica tem capacidade produtiva de 20 mil unidades por ano em dois turnos. Neste primeiro momento estamos trabalhando em um turno e produzindo um modelo, o sedã Classe C. No segundo semestre iniciaremos a produção do utilitário GLA. Os dois modelos respondem por quase metade das nossas vendas no País. Temos flexibilidade para produzir mais modelos e estamos estudando essa opção. Tudo depende da recuperação do mercado.

As exportações tem sido um alento para muitas empresas. As remessas para a América do Sul estão nos seus planos?
Neste momento toda a produção é para o mercado local. Mercados como Argentina e Colômbia, abastecidos por Estados Unidos e Alemanha, estão no nosso radar. Porém ainda não há nada concreto.

Com a fábrica local a tendência é a de que os preços dos veículos fabricados aqui fiquem mais baratos?
Você viu a concorrência fazendo isso? Nós também não faremos. As despesas com oscilações do câmbio e mão de obra impedem que os valores sejam reduzidos. Atendemos às normas de nacionalização previstas no Inovar-Auto, mas ainda importamos peças. Temos uma política de preços transparente e no início do ano reajustamos nossa tabela em 6,5%. Com a produção local miramos o longo prazo. Queremos estar presentes em um mercado promissor.

Quais são as projeções de vendas da Mercedes-Benz neste ano?
Teremos 27 lançamentos este ano: novas versões, motorizações e modelos completamente novos. Mesmo assim será difícil conter uma queda puxada pela retração geral no mercado.

Em 2015 o mercado de veículos premium cresceu 20%. Como deve ser agora?
No ano passado o segmento cresceu na contramão da indústria de veículos, pois não requer muito crédito. Apenas cerca de 20% dos nossos clientes fazem financiamentos. Porém o alongamento da crise e a falta de definição política e econômica acabam comprometendo nossas vendas, pois os clientes estão inseguros. Precisamos de estabilidade para que eles voltem a gastar. No primeiro trimestre nossas vendas caíram 19,7%, enquanto o mercado geral caiu 21,5%. Com isso conseguimos elevar nosso market share em 1 ponto porcentual, para 30,5%. Acreditamos que o mercado cairá cerca de 20% este ano. Nós e a concorrência surfaremos na mesma onda.

Caso a economia não se recupere rapidamente quais são os planos da Mercedes-Benz?
Sou otimista e realista. Torço para que a economia se reestabeleça já em 2017, mas caso isso não aconteça teremos de reprogramar nossa estratégia. Com a flexibilidade da fábrica isso fica mais fácil. Também é importante contar com o apoio da matriz. Eles nos deixam trabalhar e entendem que o mercado brasileiro é de longo prazo. Estão apostando em nós e não precisamos ficar nos explicando o tempo todo.

A operação brasileira da Mercedes-Benz é rentável?
Há mercados bem mais rentáveis do que o nosso. O Brasil ocupa algum lugar da décima à vigésima posição no volume global de vendas da Mercedes-Benz. Em 2015 nossa rentabilidade ficou em cerca de 10%. No primeiro trimestre deste ano os números começaram a cair e não sabemos como chegaremos até o fim do ano.

Qual é o potencial do mercado de automóveis premium no Brasil?
No ano passado tivemos 50 mil unidades vendidas. Acredito que o crescimento deve ser orgânico, de 3% a 4% por ano. Em cinco anos devemos ter um mercado de cerca de 70 mil unidades. É nesse número que miramos nossa estratégia.

Saldo de crédito cai 14% no ano

Se já há sinais de retomada da confiança do consumidor como admitiram executivos de montadoras e sistemistas no Congresso Revisão das Perspectivas 2016, ainda não há reflexo desse fator favorável à venda na área de crédito. Dados divulgados pela Anef, Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras, na quinta-feira, 16, indicam que o saldo das carteiras de CDC e leasing sofreram queda de 14% no acumulado de doze meses, chegando a R$ 174 bilhões no primeiro quadrimestre de 2016.

O total de recursos liberados no período, de R$ 25,3 bilhões, recuou cerca de 20%. Em abril, segundo o levantamento da Anef, foram liberados R$ 5,9 bilhões para operações de CDC, valor que representa 11,2% de queda em relação ao mesmo mês do ano passado.

Embora os números ainda sejam negativos, o presidente da entidade que representa as instituições financeiras das montadoras, Gilson Carvalho, acredita que antes do fim do ano haja reversão do atual quadro: “Apesar do cenário, que ainda se projeta de forma negativa, há uma expectativa de que a concessão de crédito seja retomada no último trimestre. A demanda que ficou reprimida nos últimos meses pode voltar ao mercado”, avalia Carvalho.

O saldo das carteiras de veículos tanto para pessoas físicas quanto jurídicas respondeu em abril por 2,9% do PIB, índice que há um ano equivalia a 3,5%. Um decréscimo, portanto, de 0,6 ponto percentual. O montante movimentado pelo setor automotivo é responsável por 5,5% do total do crédito que o SFN, Sistema Financeiro Nacional, oferece e 11% do total das operações de crédito de recursos livres.

Taxas – Durante o primeiro quadrimestre do ano as taxas praticadas pelos bancos de montadoras mantiveram-se dentre as mais atraentes do sistema financeiro para o consumidor. Em abril, o juro médio ficou em 1,74% ao mês e 23% ao ano. Já a taxa média dos bancos independentes atingiu, respectivamente, 1,96% e 26,8%,.

O prazo médio das concessões se manteve em 41 meses, um a menos do que o registrado no período de 2013 a 2015. Os planos máximos oferecidos pelos bancos aos consumidores seguem em sessenta meses

FCA inaugura laboratório de inovação veicular em Pernambuco

Exatamente um ano após abrir as portas da fábrica de Goiana, a primeira sob sua chancela global, a FCA coloca mais um pilar na forte atuação que pretende ter em Pernambuco. A empresa inaugurou nesta quinta-feira, 16, em conjunto com o Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco, CIn-UFPE, em Recife, o Laboratório de Inovação Veicular, Live.

A nova estrutura, que integra o pacote de contrapartidas que a empresa assumiu ao escolher Goiana para abrigar o Complexo Automotivo Jeep, desenvolverá pesquisas aplicadas em tecnologia automotiva e contribuirá para a capacitação profissional de alunos da universidade.

A instalação do Live e os projetos que serão encaminhados nele consumirão R$ 6,6 milhões em quatros anos, período do acordo técnico firmado entre a montadora e o CIn-UFPE. Os recursos se enquadram nos benefícios para pesquisa e desenvolvimento do programa Inovar-Auto e cerca de 60% deles serão financiados pelo BNDES. O laboratório pretende desenvolver softwares embarcados, criar protótipos e validar seus usos tanto em modelos digitais quanto físicos.

Para isso contam no local com avançada rede de computadores e bancadas de eletrônica, além de equipamentos de medição e duas estruturas de experimentação para testes dos protótipos criados em automóveis reais.

O Live inicia sua operação com um corpo de dezesseis profissionais, dentre professores, engenheiros, técnicos, estagiários, além de pesquisadores que antes passaram por aprendizado intensivo em desenvolvimento de automóveis, ministrado pela área de arquitetura eletroeletrônica da FCA.

Todos os trabalhos do LIVE serão acompanhados por profissionais da própria montadora, além da equipe dedicada. “Diversos departamentos da empresa estarão envolvidos nas pesquisas, dependendo da área de conhecimento que o projeto exija”, esclarece Alexandre Abreu, gerente de engenharia da FCA.

A estrutura pernambucana integrará a rede de centros de pesquisa da FCA, que já conta com unidades em Betim, MG, nos Estados Unidos e Itália. A intenção é de as bases brasileiras integrem e desenvolvam projetos globais do conglomerado.

Tem mais – O Live é a segunda investida da FCA para desenvolver tecnologias em Pernambuco. Em dezembro do ano passado inaugurou, no chamado Porto Digital, também em Recife, seu Centro de Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação e Engenharia Automotiva, o quarto do gênero no mundo e responsável pelo desenvolvimento de softwares automotivos para controle de motores e transmissões.

A empresa trabalha ainda tem outros três complexos no Estado: um centro de testes veiculares em Jaboatão dos Guararapes, outra unidade de projetos em Cabo do Santo Agostinho e um campo de provas em Goiana, próximo à fábrica que já produz o Jeep Renegade e a picape Fiat Toro.

Nissan abre pré-venda do Kicks na internet

Oficialmente, levará ainda mais de um mês para que a rede de concessionárias brasileiras da Nissan receba as primeiras unidades do Kicks. Mas o futuro SUV compacto nacional, cujo início de vendas está previsto para 5 de agosto, é, de longe, o produto que mais tem requerido a atenção dos responsáveis pelo mar­keting da montadora.

Carro oficial do revezamento da tocha olímpica que percorre todo o País, ele agora merece uma campanha de pré-venda. A partir desta sexta-feira, 17 de junho, os interessados em adquirir o modelo que será produzido em Resende, RJ, podem reservar uma das 1 mil unidades da série especial de lançamento batizada Rio 2016.

O Brasil é o primeiro mercado a dispor do modelo, cuja versão final foi apresentada mundialmente em 2 de maio, no Rio de Janeiro. A montadora, porém, tem planos audaciosos para o Kicks, pretende vendê-lo, num primeiro momento, em diversos países da América Latina e, depois, gradativamente em outros oitenta países.

Ronaldo Znidarsis, vice-presidente de vendas e marketing da Nissan, afirma que a pré-venda não teve outra motivação a não ser responder às muitas consultas que fábrica e revendedores têm recebido desde que as primeiras imagens do carro e informações sobre sua produção e venda começaram a ganhar espaço nos meios de comunicação. “Há um movimento muito grande” disse o executivo, sem, contudo, revelar qualquer número.

A reserva de compra poderá ser feita somente por intermédio do site www.nissankicks.com.br, que estará conectado ao estoque das concessionárias. Após selecionar uma delas, o comprador terá acesso às cores disponíveis, que no caso da série especial são apenas branco com teto laranja, branco ou cinza, à faixa de preço e ao valor do sinal que garante a reserva. Após preencher um cadastro, o interessado será contatado pela própria montadora que o encaminhará para finalizar a compra na concessionária previamente indicada.

Além de adquirir um carro da série especial, que é identificada na grade dianteira com a numeração de produção de cada uma das 1 mil unidades, a montadora não anunciou qualquer outra vantagem para os primeiros compradores. Eles nem mesmo poderão ter o gostinho de desfilar antes daqueles que recorrerão às revendas a partir do lançamento. Isso porque a montadora assegura que a entrega dos Kicks Rio 2016 só acontecerá mesmo em agosto.

Embora o Brasil seja o primeiro mercado a receber o SUV compacto, caberá à operação mexicana da empresa o privilégio de ser a primeira a fabricá-lo. Os Kicks vendidos a partir de agosto já estão sendo produzidos desde março em Aguascalientes. As primeiras unidades nacionais sairão da fábrica de Resende somente no início de 2017. A Nissan projeta vender de 2,5 mil a 3 mil unidades mensais do novo modelo, que dispõe de motor 1.6 flex de 114 cavalos de potência e câmbio Xtronic CVT.

De fora – François Dossa, presidente da Nissan do Brasil, disse que a empresa optou por fabricá-lo primeiro em Aguascalientes por ser uma fábrica mais antiga e considerada referência para a companhia: “Uma das nossas características é a obsessão por qualidade. Nossa fábrica de Resende tem apenas dois anos, enquanto a mexicana já completou setenta”.

Dossa garantiu, no entanto, que dentro do ano fiscal 2016, que termina em março do ano que vem, o modelo já estará na linha de montagem fluminense, com o mesmo padrão e preço das unidades importadas agora do México, que fabricará perto de 11 mil unidades antes do lançamento em agosto.

Assim que começar a fabricar o Kicks aqui a empresa pretende iniciar os embarques para paí­ses da América Latina a partir das duas unidades industriais. Com a evolução do ritmo no sul-fluminense a ideia é que apenas a operação brasileira seja fornecedora do SUV para todos os países abaixo do México.

Pirelli é campeã do Ranking Autodata de Qualidade e Parceria 2016

O Ranking AutoData de Qualidade e Parceria chegou à sua terceira edição. Neste ano a Pirelli foi a campeã deste importante reconhecimento empresarial que foi iniciado em 2014. Outros destaques principais foram a NGK, Bosch, Schaeffler, Magneti Marelli, Mahle, Grupo Continental, Maxion Wheels, Rassini e SKF que completaram, pela ordem, a lista dos dez principais fornecedores deste ano.

O ranking é feito por meio de estudo da presença e frequência dos fornecedores dos diversos grupos e segmentos nos prêmios do setor automotivo brasileiro ofertados pelas montadoras de veículos, pelas principais entidades representativas do setor, como o Sindirepa, Sindicato da Indústria da Reparação, e também pela AutoData Editora no triênio 2014/2016.

O objetivo principal deste ranking é divulgar e tornar público todos os anos quais foram, pela ordem de importância, as cinquenta principais empresas fornecedoras do setor automotivo brasileiro em termos de qualidade e parceria na opinião das montadoras e entidades de classe do setor. O objetivo do ranking é o de servir como um termômetro da evolução de cada fornecedor e sua imagem no País.

O Ranking AutoData de Qualidade e Parceria, desta vez em sua versão 2016, e sua relação de cinquenta empresas, representa o que de mais importante e competente aconteceu no setor automotivo no triênio 2014/2016 em termos de relacionamento fornecedores/montadoras e foi retirado de uma lista total de quase trezentas empresas mencionadas nos diversos prêmios recebidos ao longo deste período.

Para se chegar ao resultado atribuiu-se notas diferenciadas em relação aos diversos patamares de prêmios concedidos no setor. As notas obedeceram a uma ordem lógica de importância. Assim, primeiro foram levados em conta os títulos de caráter global, depois os reconhecimentos como empresa do ano – os chamados melhores dos melhores – os prêmios específicos de categoria e, por fim, os certificados ou menções.

Os prêmios do Sindirepa, por serem os únicos que refletem o mercado de reposição, tiveram notas diferenciadas, assim como o Prêmio AutoData, que também é considerado como especial. Nos casos em que a soma levou ao empate de pontos, o critério de desempate foi a posição do ranking anterior.

Toyota mira nos híbridos como objeto de desejo

A Toyota apresentou a ideia e mostrou o seu meio. A ideia: popularizar o conceito do carro híbrido, ”expandir o conhecimento dos consumidores brasileiros”. O meio: o Prius 2016. O local escolhido para a convenção de imprensa foi Brasília, DF, na segunda e terça-feira, 6 e 7, onde a Embaixada do Japão abriu suas portas para palestras sobre a tecnologia híbrida. O carro, avaliado em R$ 172 mil, será vendido por R$ 119 mil 950.

A projeção para as vendas, feita pelo vice-presidente executivo Miguel Fonseca, é de seiscentas unidades este ano e 1,1 mil no seu primeiro ano cheio, 2017.

No Brasil os números referentes a veículos híbridos são extremamente modestos, nada além de 0,14% do total – menos de oitocentas unidades do Prius desde 2011 – e, nem de longe, refletem os esforços de empresas, como a própria Toyota e a Ford, com o Fusion, por exemplo, de investirem globalmente nessa tecnologia, que reúne, no caso do Prius, motor a combustão interna movido a gasolina de 98 cv e motor elétrico de 72 cv.

O embaixador Kunio Umeda cumpriu uma de suas tarefas, que é expor o valor acumulado do conhecimento gerado no Japão, e de certa forma resumiu uma das dificuldades dos híbridos desde o início: garantir o valor de revenda em função do custo. Ele garantiu o apoio de seu governo ”à tecnologia consolidada que reduz a emissão de gás carbônico e de outras fontes de poluição e que representa, hoje, 20% do total de compras no Japão”.

No caso da Toyota tecnologia híbrida faz parte de sua política estratégica depois de quase 9 milhões de unidades produzidas desde 1997. Stephen St.Angelo, CEO para a América Latina e Caribe e chairman para o Brasil, disse, alto e forte, que ”o futuro é híbrido” e que a frota de 9 milhões de unidades Toyota híbridas foram as responsáveis pelo não lançamento na atmosfera de 67 milhões de toneladas de CO2 e pelo não consumo de 25 bilhões de litros de gasolina nesse período.
”Temos um compromisso corporativo: até 2050 não produziremos mais veículos dotados de motor de combustão interna. Nós, aqui, no Brasil, estamos muito atrasados nesse processo, uns vinte anos atrasados.” É um compromisso e tanto, que envolve híbridos, plug ins e células de combustível – inclusive para a linha de veículos comerciais.

St.Angelo exemplificou com a cidade de São Paulo e o seu para-e-anda as virtudes de economia, conforto e respeito ao meio ambiente dos veículos dotados da tecnologia híbrida – ”Sem contar, é claro, com o seu baixo custo de manutenção”.

Presidente da Toyota no Brasil Koji Kondo também bateu na tecla do compromisso estratégico da companhia, que qualificou como ”desafio ambiental global Toyota”. Isso implica não só veículos com emissões zero mas unidades produtivas idem e idem nos centros de reciclagem: ”Trabalhamos para que a sociedade viva em harmonia com a natureza”.

Kondo destacou, dirigindo-se ao embaixador Umeda, a forte cooperação do governo japonês diante de projetos que envolvem tecnologia híbrida. Por meio da concessão de atrativos e de incentivos para os consumidores, como redução específica de impostos. Lembrou a colaboração do governo brasileiro com a causa híbrida: redução do imposto de importação, devolução de parte do IPVA cobrado pelos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro e dispensa do rodízio em São Paulo.

Um dos pleitos atuais é a redução do IPI, imposto sobre produtos industrializados, contra a possibilidade de se produzir aqui veículos dotados de tecnologia híbrida. Para demonstrar a boa ideia o que empresas já fazem são empréstimos de carros híbridos para integrar a frota de empresas públicas.

O vice-presidente Miguel Fonseca lançou o olhar para vantagens e desvantagens das várias tecnologias alternativas à combustão interna disponíveis, levando em conta produto, preço, frota, rede de concessionárias, vendas, pós-vendas, comunicação. Para ele os híbridos representam o coração de todas as alternativas pelas suas características unidas de baixo consumo com baixa emissão.

”No Brasil pavimentaremos nosso caminho demonstrando o desempenho e a eficiência da tecnologia híbrida.”

O carro – O Prius 2016, de quarta geração, tem uma nova plataforma, a TNGA, de Toyota New Global Architecture, que lhe permite design diferenciado, quase arrojado. Com centro de gravidade mais baixo o seu Cx, coeficiente de penetração aerodinâmica baixou de 0,25 para 0,24 – o menor de todos os sedãs hatch do mercado internacional.

A potência combinada dos dois motores é estimada em 123 cv, com eficiência energética de pelo menos 40%. O motor a gasolina é o 1.8 VVT-i de ciclo Atkinson com 14,2 kgfm de torque a 3,6 mil rpm, de novos desenho e peso e de tamanho menor. O motor elétrico tem 16,6 kgfm de torque.

Em regime de teste o Prius cumpriu a aceleração de 0 a 100 km/h em 11 segundos. De acordo com o Inmetro seu consumo é o mais eficiente do País, com 18,9 km/l em trânsito urbano e de 17 km/l em estrada.

Com relação ao modelo atual o Prius traz, como coisa nova ar-condicionado dual zone dotado de comando S-Flow, que permite concentrar o fluxo de ar nas áreas ocupadas por pessoas, carregador de celular sem fio, sistema de navegação integrado, display projetado no para-brisas colorido. Estará na rede de concessionárias Toyota a partir da quarta-feira, 8.

Cresce a fatia do consórcio nas vendas de automóveis

A participação do consórcio na venda de carros novos está em alta. Dados da Abac, Associação Brasileira das Administradoras de Consórcio, divulgados na terça-feira, 7, indicam que o segmento teve participação de 34,4% no total comercializado no primeiro quadrimestre do ano, índice que era de 23,7% no mesmo período do ano passado. Um acréscimo de 10,7 pontos porcentuais.

O número de contemplados no primeiro quadrimestre chegou a 182 mil, de um total de 530 mil automóveis comercializados. No mesmo comparativo de 2015, foram 169 mil de 712,3 mil. Com isso o volume de crédito liberado pelo sistema para esse segmento subiu, no mesmo comparativo, de R$ 7,38 bilhões para R$ 6,86 bilhões.

Na avaliação do presidente da Abac, Paulo Roberto Rossi, “o aumento reflete a mudança gradual e consolidada do comportamento de consumidores interessados em adquirir esses bens por meio de consórcio”.

Também cresceu no acumulado dos primeiros quatro meses o número de participantes ativos no consórcio de automóveis e comerciais leves, que passou de 3 milhões e 50 mil em 2015 para 3 milhões 250 mil este ano, alta de 6,6%.

Já o número de comercialização de novas cotas de automóveis e comerciais leves caiu este ano 6,5%, atingindo 297,3 mil no primeiro quadrimestre ante 318 mil de janeiro a abril de 2015. O total de crédito comercializado baixou de R$ 11,7 bilhões para R$ 13,7 bilhões no mesmo comparativo, conseqüência, em parte da queda do tíquete médio – o valor médio da cota do mês –, que era de R$ 43,3 mil e agora está em R$ 39 mil.

Recuperação – O presidente da Abac ressalta, no entanto, que apesar da queda no comparativo anual do volume de venda de novas cotas, ao longo deste ano tem sido crescente o número de interessados no consórcio de veículos. De acordo com Paulo Rossi, de janeiro a abril houve de alta de 5,4% no segmento de leves e de 34,6% no de pesados: “As vendas saltaram de 74 mil cotas de automóveis e comerciais leves em janeiro para 78 mil em abril. As de veículos pesados foram, respectivamente, de 2,6 mil para 3,5 mil”.

No caso dos veículos pesados também verifica-se crescimentoeste ano no número de participantes. O acréscimo foi de 7,4%, com um total de 284,3 mil participantes nos primeiros quatro meses deste ano ante os 264,6 mil do mesmo período de 2015.

Nos pesados o número de contemplados e o volume de crédito liberado mantiveram-se praticamente estáveis. As contemplações até abril chegaram a 10,9 mil este ano, ante 10,8 mil no primeiro quadrimestre de 2015, e o volume de crédito foi de, respectivamente, R$ 1,52 bilhão e R$ 1,51 bilhão.

Já a venda de novas cotas na área de pesados teve queda de 17,5%. No primeiro quadrimestre do ano passado foram comercializadas 14,3 mil e neste ano, também no acumulado de janeiro a abril, 11,8 mil. Também caiu o tíquete médio mensal – de R$ 190,3 mil para R$ 148,8 mil.

 

Mercedes-Benz preserva liderança de vendas

A Mercedes-Benz segue como líder no ranking de vendas de caminhões no mercado nacional ao fim de cinco meses. As 6 mil 436 unidades negociadas no período representou 31% do mercado e ampliou ainda mais a diferença para vice-líder MAN, agora em 571 unidades a mais vendidas.

A fabricante de São Bernardo do Campo, SP, também é a montadora que até o momento registra menos queda: 17,5% diante de um mercado que caiu até maio 31,2%.

No período a MAN vendeu 5 mil 765 caminhões, experimentando uma queda de 33,3% sobre os mesmos primeiros cinco meses do ano passado.

A Ford, apesar da queda de 45,5% nos cinco primeiros meses do ano frente ao mesmo período do ano passado, conseguiu preservar a terceira posição do ranking com 3 mil 230 unidades negociadas. O resultado fabricante é suficiente para afastar qualquer ameaça da Volvo, na quarta posição com 2 mil 490 caminhões vendidas. A montadora de Curitiba, SP, porém, perdeu em menos mercado do que a concorrente de São Bernardo de um ano para cá: 29,8%.

O resultado da Volvo também garante boa distância da rival sueca Scania, na quinta posição, com vendas no acumulado até maio de 1 mil 648 unidades e queda de 21,4% na comparação ao seu desempenho do ano passado. Fecham a lista a Iveco, em lugar, a DAF na sétima, a RAM na oitava, Agrale, na nona e International da lanterna.

Da lista dos dez fabricantes que mais vendem caminhões no País, a DAF foi a única que registrou crescimento no período: alta de 62,6%.

Chassis –  No segmento de ônibus a liderança das vendas é da Mercedes-Benz e muito à frente das concorrentes. A fabricante encerrou os cinco primeiros meses do ano com 52,62% do mercado ao negociar 2 mil 474 chassis, o que representou uma queda de 39% ante o mesmo período do ano passado.

Em segundo lugar no ranking aparece a MAN, com 823 chassis vendidos no período, o que representou 17.5% de participação. A montadora de Resende, RJ, no entanto, experimenta uma queda acima do mercado em geral, de 55,8% e forte ameaça da Agrale, a terceira colocada com 17,4% do mercado e 818 unidades vendidas no período. Melhor consolo tem a fabricante de Sul que registra menor baixa, de 27,20% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Completam a lista a Volvo, na quarta posição, seguida pela Iveco, Scania e International. Vale o destaque do crescimento no acumulado de vendas da Scania, de 18,6% em relação aos mesmos cinco primeiros meses do ano passado. A soma de 102 chassis negociados no período garantiu 2,16% do mercado até maio.

Hyundai o quarto lugar em vendas

As vendas internas de maio não alteraram o ranking das montadoras fabricantes de automóveis e comerciais leves que vem se repetindo nos últimos meses. Ao contrário, ao que tudo indica, reforçaram que o Brasil pode mesmo ter um novo quarteto na liderança, com a Hyundai – ou mesmo a Toyota – ocupando o histórico lugar da Ford.

A marca coreana, novamente, deteve no período a quarta maior fatia, com exatos 10,1 %, ou 79,2 mil veículos negociados, 9 mil a mais do que a quinta colocada, a Toyota, que tem 8,9% de participação no acumulado de 2016. A Ford segue na sexta posição, com 8,5% e 66,7 mil veículos licenciados no período.

A diferença entre a quarta e a sexta colocadas, sobretudo, pode ser explicada pela enorme variação que obtiveram na comparação com o mesmo período do ano passado. Enquanto as vendas da Hyndai recuaram 3,9% em cinco meses, as da Ford  despencaram 41,4%, a maior queda  entre as dez maiores fabricantes do País em 2016.  

Se a disputa entre Hyundai e Toyota pelo quarto posto ainda passa longe de uma definição, o trio que lidera o mercado mantém uma distância folgada para elas.  A Volkswagen, a terceira do ranking, negociou  105,8 mil automóveis e comerciais leves até maio, 36,5% menos do que em igual período do ano passado. Ainda assim a diferença para a Hyundai é muito significativa: maios de 26 mil automóveis e comerciais leves de vantagem.

General Motors, com 16,5% de participação, e Fiat, com 13,5%, seguem respectivamente como primeira e segunda colocadas no ano. A montadora italiana, porém, tem bem mais com o que se preocupar. O fraco desempenho inicial do subcompacto Mobi, que em dois meses de mercado registrou pouco mais de 3,5 unidades negociadas, não tem compensado a saída do Uno Vivace de produção.

Depois da Ford, a Fiat é a marca que registra a maior queda no ano dentre aquelas que ocupam os dez primeiro lugares: as 118,2 mil unidades vendidas de janeiro a maio foram 40,9% inferiores às do mesmo período do ano passado.

Mas a FCA, detentora da Fiat, tem o que comemorar: sua outra grande marca aqui, a Jeep,  somou 22,2 mil veículos vendidos no acumulado de cinco meses, 382,9% a mais do que no mesmo período de 2015, deteve a nona posição no período e 2,8% de participação.      

Anfavea quer negociar nova política industrial

Após mostrar as novas projeções da Anfavea para este ano, indicando queda de 5,5% na produção e de 19% nas vendas internas, o presidente da entidade, Antônio Megale, defendeu em sua palestra no Seminário Revisão das Perspectivas 2016, na manhã da segunda-feira, 13, a definição de uma nova política industrial para o setor. Ele disse já haver conversas com o governo nesse sentido, mas ressaltou que é preciso acelerar o processo de debate: “Já estamos atrasados nesta discussão. O Inovar-Auto tem metas estabelecidas para 2017 e precisamos definir novos rumos. É hora de nos prepararmos para o futuro”. Megale ressaltou os pontos positivos do programa, dentre os quais a melhoria de eficiciência energética dos automóveis nacionais e maiores investimentos em P&D, mas admitiu pontos falhos principalmente no que diz respeito à base fornecedora de componentes.

Na sua avaliação, a indústria de autopeças não foi devidamente contemplada no Inovar-Auto: “Temos de definir medidas para fortalecer a base fornecedora, para garantir que toda a cadeia automotiva seja mais competitiva. É nessa linha, principalmente, que vamos discutir com o governo. Temos de dar continuidade aos pontos positivos e atacar os negativos”.

O presidente da Anfavea defendeu ainda uma política industrial com regras e propostas menos complexas do que as contidas no Inovar-Auto. “Há regulamentações desse programa não implantadas até hoje devido à sua complexidade”. De qualquer forma, o Inovar-Auto trouxe de positivo investimentos de R$ 85 bilhões no período 2012/2018, dos quais R$ 15 bilhões direcionados à P&D.

Balanço – Em 2012 havia 57 unidades industriais no País, hoje são 67, incluindo a da Jaguar Land Rover que inaugura nesta terça-feira, 14, fábrica no Rio de Janeiro. Em contrapartida, o mercado retraiu 33% de 2013 até agora, gerando 52% de capacidade ociosa no setor como um todo. A previsão da Anfavea para este ano é a de um mercado interno de 2 milhões 80 mil veículos, volume 19% inferior ao obtido em 2015. A produção deverá alcançar 2 milhões 290 mil unidades, queda de 5,5% em relação ao ano passado.

Megale reconheceu que a situação é bastante difícil, mas disse que começam a aparecer os primeiros sinais de que as coisas vão melhorar. De positivo falou das exportações em alta, com perspectiva de crescerem 21,5% este ano, total de 507 mil unidades embarcadas até dezembro.
Com relação ao futuro de curto prazo, Megale disse esperar estabilização do cenário político-econômico, retomada da confiança da população e dos investidores, previsibilidade das regras e busca de novos parcerias bilaterais com vigência efetiva dos acordos negociados: “O Brasil fechou acordo com a Colômbia e o Peru, mas nos dois casos a parceria ainda não foi colocada em prática.”

O presidente da Anfavea defendeu ainda a necessidade de haver uma adequação da carga tributária, destacando ser necessário criar condições para que o setor no futuro venha a crescer de forma sólida e consistente.