A partir dos números acumulados do Renavam até o dia 25 o vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da MAN, Ricardo Alouche, prevê que o mercado de caminhões em julho chegue a 4,5 mil unidades, ou seja, 7% acima das 4,2 mil emplacadas em junho. Ao participar na terça-feira, 26, do Workshop Tendências Setoriais Caminhões promovido pela AutoData no auditorio da KPMG, em São Paulo, Alouche disse acreditar que o fundo do poço chegou:
“Acredito que o atual momento é um dos mais importantes dos últimos tempos. Apesar de ainda ser um período crítico para o mercado, começamos a ver boas perspectivas para o Brasil. Começamos a vislumbrar a retomada da confiança”, destacou o vice-presidente da MAN.
O executivo aproveitou o workshop para fazer uma análise da situação econômica do Brasil de 2009, quando o País decolou e passou a ter reconhecimento mundial, até os dias atuais: “Após melhorias em todas as áreas e o expressivo crescimento da Classe C ao longo de alguns anos a situação no País começou a se transformar em 2012 até chegar a situação atual. A expectativa, agora, é de retomada do otimismo com as definições na área política até o fim de agosto”.
Alouche lembrou ainda que ao longo da história da Volkswagen Caminhões, iniciada em 1981, o mercado passou por muitas crises: “Foram exatamente dezoito, algumas mais severas, outras nem tanto. Agora estamos no momento da crise de confiança. Mas a economia é cíclica. Os períodos de prosperidade são seguidos de retração e o ciclo seguinte é sempre de recuperação”.
Ao longo de toda a sua palestra o vice-presidente da MAN tentou imprimir uma linha de otimismo em relação ao futuro do mercado e do País. “As projeções atuais do PIB começam a mostrar reversão da curva, com o FMI, por exemplo, projetando alta de 0,5% em 2017. Em nossa opinião, o Brasil está preparado para voltar a crescer, voltar a viver um novo ciclo de expansão.”
Bons indicadores – Na avaliação de Alouche, os conceitos básicos de sustentação estão presentes no País e se baseiam em três pilares: social, institucional e político. “Está faltando só um pilar, que é justamente a indústria reagir. Mas diante de alguns sinais positivos, como melhoria do saldo comercial, retomada da confiança e perspectiva de crescimento do PIB no próximo ano, começam a ser criadas condições favoráveis à retomada da economia.”
O vice-presidente da MAN também falou em demanda reprimida, dizendo acreditar que quem comprou no pico do mercado, em 2011, já esteja pensando em renovar frota: “Só não está comprando ainda por causa das incertezas políticas”. Sua projeção é de que as vendas neste segundo semestre sejam 18% maiores do que as do primeiro e para 2017 estima crescimento de 20%.
O mercado, acredita o executivo, deve entrar num ciclo de recuperação com condições de crescer de forma consistente nos próximos anos: “Não acreditamos que o mercado caia mais do que já caiu e nem que vá ter soluços. Estamos enxergando uma luz no final do túnel. Alguns podem até falar que é um trem, mas eu prefiro acreditar que efetivamente estamos vendo a luz no final do túnel”.
Para o vice-presidente da MAN, o maior desafio hoje da indústria refere-se à recuperação das margens de comercialização. “É uma questão matemática. De 2011 até agora acumulamos uma defasagem de 20% entre aumento de custos e aumento de preços. Seja por evolução tecnológica dos produtos, seja por reajuste de preços dos nossos fornecedores, caso do aço por exemplo. É uma situação insustentável.”
O executivo disse haver necessidade de todas as marcas enfrentarem a possibilidade de crescimento de forma serena e realista, assumindo o desafio de recompor margem. Preferindo não falar em guerra de preços, mas sim em questão de sobrevivência, comentou que todos têm de pagar luz, empregados etc. e, por isso, o preço não sobe:
“Mas no nosso caso já temos perdido alguns negócios por não concordar em reduzir ainda mais o preço praticado. Decidimos que infelizmente temos de começar a impulsionar o preço para cima”, destacou Alouche.