A Localiza, maior locadora de veículos da América Latina, está ajudando a engordar as vendas diretas das montadoras, que já respondem por mais de um quarto do mercado. Apenas neste ano, a companhia comprará mais de 60 mil veículos no total. “Já compramos 30 mil veículos novos no primeiro semestre e vamos adquirir mais do que isso até o fim do ano”, afirma o CEO da Localiza, Eugênio Mattar.
A renovação de frota da Localiza acontece em média a cada 14 meses para os carros de aluguel e a cada 32 meses para os veículos de frota. “Neste ano vamos comprar mais carros devido ao aquecimento no mercado de seminovos e de aluguel”, justifica Mattar.
O segmento de seminovos da Localiza vive dias promissores. Enquanto o mercado de veículos leves zero quilômetro registra queda em torno de 25%, a venda de usados cai apenas 2% no país. No segundo trimestre foram vendidos 13,8 mil carros pela empresa, 2 mil a menos do que no mesmo período de 2015. “Só não vendemos mais carros no segundo trimestre porque não tínhamos. O segmento de aluguel cresceu e não havia mais frota disponível para a venda”, relata.
Segundo Mattar, apesar de ser um negócio de cifras altas, que movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano, a venda de seminovos não traz margens altas para a companhia. Mesmo comprando com desconto das montadoras, o executivo alega que a depreciação e a manutenção acabam equiparando os gastos e deixando a conta quase nula. “Este não é nosso negócio. Pensar que ganhamos dinheiro com isso é uma falsa ilusão. Estamos falando de um carregamento de ativo que precisa rodar na empresa”, afirma. Mesmo assim, a Localiza pretende expandir o número de lojas de seminovos no país. Atualmente são 78 unidades em 48 cidades.
Negócio de aluguel – De acordo Mattar, a crise econômica acabou, sem querer, colaborando para que o volume de aluguel de veículos se fortalecesse. “A renda dos brasileiros diminuiu e a posse de carros passou a pesar mais no orçamento. Com isso, o aluguel de veículos pode deixar de ser só uma opção para viagens ou finais de semana para entrar no dia a dia das pessoas”, avalia o CEO da Localiza.
Para pegar carona nesse movimento de vendas menores da indústria automotiva, a Localiza precisou deixar seus preços mais atrativos. “Reduzimos o valor dos aluguéis em 20% a 60%, dependendo da quantidade de dias e combinação realizada pelo cliente”, diz. Por exemplo, o aluguel de um carro básico nas 494 unidades da marca custa, em média, R$ 120 por dia, mas quando contratado por uma semana o montante cai para cerca de R$ 60 a diária.
Gestão – Para Mattar, a parte de gestão de frota também ganhou fôlego com a crise. No segundo trimestre a receita do segmento subiu 6,4% em relação ao mesmo período de 2015. “Muitas empresas precisaram se desfazer de suas frotas para se capitalizar e acabaram procurando nossos serviços”, conta. Em contrapartida, com a redução do quadro de funcionários, outras companhias diminuíram os contratos com a Localiza. “Precisamos rever muitos contratos. Além disso, temos concorrentes muito fortes nesse segmento”, lembra Mattar. “O trabalho não pode parar”.