Localiza comprará mais 30 mil veículos em 2016

A Localiza, maior locadora de veículos da América Latina, está ajudando a engordar as vendas diretas das montadoras, que já respondem por mais de um quarto do mercado. Apenas neste ano, a companhia comprará mais de 60 mil veículos no total. “Já compramos 30 mil veículos novos no primeiro semestre e vamos adquirir mais do que isso até o fim do ano”, afirma o CEO da Localiza, Eugênio Mattar.

A renovação de frota da Localiza acontece em média a cada 14 meses para os carros de aluguel e a cada 32 meses para os veículos de frota. “Neste ano vamos comprar mais carros devido ao aquecimento no mercado de seminovos e de aluguel”, justifica Mattar.

O segmento de seminovos da Localiza vive dias promissores. Enquanto o mercado de veículos leves zero quilômetro registra queda em torno de 25%, a venda de usados cai apenas 2% no país. No segundo trimestre foram vendidos 13,8 mil carros pela empresa, 2 mil a menos do que no mesmo período de 2015.  “Só não vendemos mais carros no segundo trimestre porque não tínhamos. O segmento de aluguel cresceu e não havia mais frota disponível para a venda”, relata.

Segundo Mattar, apesar de ser um negócio de cifras altas, que movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano, a venda de seminovos não traz margens altas para a companhia. Mesmo comprando com desconto das montadoras, o executivo alega que a depreciação e a manutenção acabam equiparando os gastos e deixando a conta quase nula. “Este não é nosso negócio. Pensar que ganhamos dinheiro com isso é uma falsa ilusão. Estamos falando de um carregamento de ativo que precisa rodar na empresa”, afirma. Mesmo assim, a Localiza pretende expandir o número de lojas de seminovos no país. Atualmente são 78 unidades em 48 cidades.

Negócio de aluguel – 
De acordo Mattar, a crise econômica acabou, sem querer, colaborando para que o volume de aluguel de veículos se fortalecesse. “A renda dos brasileiros diminuiu e a posse de carros passou a pesar mais no orçamento. Com isso, o aluguel de veículos pode deixar de ser só uma opção para viagens ou finais de semana para entrar no dia a dia das pessoas”, avalia o CEO da Localiza.

Para pegar carona nesse movimento de vendas menores da indústria automotiva, a Localiza precisou deixar seus preços mais atrativos. “Reduzimos o valor dos aluguéis em 20% a 60%, dependendo da quantidade de dias e combinação realizada pelo cliente”, diz. Por exemplo, o aluguel de um carro básico nas 494 unidades da marca custa, em média, R$ 120 por dia, mas quando contratado por uma semana o montante cai para cerca de R$ 60 a diária.

Gestão – Para Mattar, a parte de gestão de frota também ganhou fôlego com a crise. No segundo trimestre a receita do segmento subiu 6,4% em relação ao mesmo período de 2015. “Muitas empresas precisaram se desfazer de suas frotas para se capitalizar e acabaram procurando nossos serviços”, conta. Em contrapartida, com a redução do quadro de funcionários, outras companhias diminuíram os contratos com a Localiza. “Precisamos rever muitos contratos. Além disso, temos concorrentes muito fortes nesse segmento”, lembra Mattar. “O trabalho não pode parar”.

Crescendo em plena crise

Dos dez automóveis mais vendidos no mercado interno este ano, dois registram crescimento em total de emplacamentos, sem dúvida um grande feito em um mercado que na média cai 24,4%. São eles o Chevrolet Onix, que se consolida na liderança do ranking por modelo ano acumulado de janeiro a julho, e o Hyundai HB20, que subiu da terceira colocação em 2015 para a vice-liderança este ano.

Também merecem destaque na lista dos dez mais vendidos no País os SUVs Honda HR-V e o Jeep Renegade. Só que no caso deles o comparativo anual fica prejudicado porque ambos chegaram ao mercado no fim do primeiro trimestre de 2015. De qualquer forma é relevante o posicionamento deles no ranking por modelo de 2016.

O HR-V subiu da 18ª para a 8ª colocação e o Jeep Renegade saltou da 30ª para a 11ª posição. O SUV da Honda vendeu 35,2 mil unidades de janeiro a julho deste ano, contra 22 mil de março a julho de 2015, e o Renegade teve 30,4 mil emplacamentos este ano, ante 10,2 mil até julho de 2015.

O Onix, agora em primeiro lugar, teve vendas ampliadas de 74 mil unidades nos primeiros sete meses do ano passado para 80,1 mil no mesmo período de 2016, alta de 8,2%. Enquanto isso as vendas do Fiat Palio – que era líder em 2015 e agora ocupa a 5ª posição – baixaram de 74 mil para 38 mil unidades, queda de quase 50%. Já o HB20, que passou do terceiro para o segundo lugar, emplacou 8% a mais este ano, atingindo 65,6 mil unidades ante 60,8 mil de janeiro a julho do ano passado.

O Ford Ka, apesar de ter número de emplacamentos reduzido de 55,2 mil para 41,7 mil, conseguiu melhorar sua posição no ranking do 4º para o 3º lugar. Também o Volkswagen Gol, que teve emplacamentos reduzidos de 52,1 mil para 38,9 mil unidades, galgou um degrau no ranking por modelo e este ano é o 4º colocado.

Outro modelo que melhorou de posição dentre os dez mais vendidos foi o Toyota Corolla, que passou da 7ª para a 6ª posição, com volume de venda praticamente estável – 37,8 mil unidades nos primeiros sete meses deste ano contra 38 mil no mesmo período de 2015. O Chevrolet Prisma aparece em 7º lugar, com 37 mil unidades, e o Renault Sandero em 10º, com 32,1 mil emplacamentos.

No que diz respeito ao balanço específico de julho, não houve alteração entre os cinco primeiros colocados em relação à posição que ocupam no acumulado dos sete meses do ano. São eles Onix, HB20, Ford Ka, Gol e Palio. Já o Prisma, no mês, ultrapassou o Corolla, ocupando a 6ª colocação, e o Sandero aparece em 9º lugar, na frente do Renegade e HR-V.

Mercedes-Benz comunica dispensa de 1870 trabalhadores

A Mercedes-Benz comunicou oficialmente que dispensará a 1870 trabalhadores de sua fábrica de São Bernardo do Campo, SP. A empresa argumenta que a continuidade da retração do mercado interno nos últimos quatro anos forçou a decisão. Em junho e julho 630 trabalhadores aderiram ao Programa de Demissão Voluntária da empresa, o que contribuiu para o menor número de dispensas anunciado ao sindicato na terça-feira, 2.

“Nesse momento, diante de um cenário que tem se agravado cada vez mais, não temos outra alternativa a não ser a redução do quadro de pessoal dessa fábrica. A Mercedes-Benz continua em negociação junto ao Sindicato dos Trabalhadores para discutir o tema”, afirmou a montadora em nota oficial. A reação dos trabalhadores foi imediata. Em assembleia realizada na manhã desta quinta-feira,04, decidiram paralisar as atividades por um dia como forma de protesto.

“Procuramos a empresa logo após tomarmos conhecimento do comunicado e tentamos apresentar medidas alternativas. Sabemos que há queda na produção, mas acreditamos que existam outras formas de atravessar este período, como a renovação do PPE, lay-off ou outros instrumentos que preservem empregos”, afirmou o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Aroaldo Oliveira.

O dirigente disse também que o sindicato está disposto a dicutir a adoção de alguns elementos similares aos do acordo aprovado na Volkswagen nesta semana. “A fábrica, no entanto, não está aceitando essas alternativas, pois alega estar carregando o excedente de mão de obra há muito tempo. Não podemos aceitar essa decisão. Vamos insistir na busca de soluções”.

As dispensas serão possíveis somente a partir de setembro, já que os trabalhadores contam com a estabilidade prevista pelo PPE encerrado em maio. A montadora, que dispõe de cerca de 9,8 mil funcionários, afirma ter 1,4 mil funcionários em licença remunerada desde fevereiro. “Ainda assim”, afirma, “a fábrica continua operando com um dia a menos na semana com a concessão de folga remunerada para os demais funcionários das áreas produtivas”.

A montadora recorda ue, desde 2014, adota diversas medidas de flexibilidade e gestão de mão de obra para gerenciar o excedente de mais de 2,5 mil pessoas na fábrica de São Bernardo do Campo.  “Além do PPE, com estabilidade de emprego por um ano na unidade, também oferecemos diversos PDVs” e “ programas com bons incentivos para desligamentos voluntários”.

Os trabalhadores devem retornar ao trabalho nesta sexta-feira. O sindicalista, contudo, que “o processo de mobilização continuará até que a empresa aceite iniciar uma negociação na busca de alternativas que preservem o emprego”.

ZF anuncia oferta pública para a compra da Haldex

Após comprar a TRW no ano passado, a ZF quer ampliar ainda mais suas operações mundiais e anunciou na segunda-feira, 8, uma oferta pública para a compra da sueca Haldex Aktiebolag, fornecedora de produtos de frenagem e sistemas de suspensão a ar para veículos comerciais, listada na Nasdaq de Estocolmo. A ZF ofereceu SEK 100 (moeda sueca) por ação da Haldex em espécie, precificando a empresa em SEK 4,4 bilhões, valor superior a US$ 500 milhões.

Além de ter tido a oferta recomendada unanimemente pelo Conselho de Administração da Haldex, ela foi aceita por Göran Carlson, presidente do conselho de administração da empresa e seu maior acionista. O executivo representa 5,7% do número total de ações e votos no conselho da empresa.

A combinação de negócios entre Haldex e a ZF representa uma oportunidade para ambas as empresas, além de expandir conjuntamente seu valor para o cliente no fornecimento de veículos comerciais especialmente em driveline e chassis, incluindo o negócio de freios e suspensão a ar, assim como megatendências futuras em mobilidade, como previsto na estratégia para 2025 da ZF.

Com os sistemas de freios da Haldex para veículos comerciais, a ZF, segundo a própria fabricante, poderá atender a toda a cadeia funcional de veículos comerciais, “de forma alinhada à sua meta de tecnologia, que é de fazer com que os veículos vejam, pensem e ajam autonomamente”.

Além disso, poderá transferir as tecnologias de eficiência de consumo de combustível, direção autônoma e segurança conhecidas em carros de passeio para veículos comerciais, o que contribuirá para a mobilidade mais segura no trânsito.

“Acreditamos que as empresas são realmente complementares e que sua combinação oferecerá um valor único para todas as partes interessadas”, disse Stefan Sommer, CEO da ZF. “Estamos confiantes em nossa capacidade de contribuir com a continuidade do desenvolvimento da Haldex sob o ponto de vista de sua liderança tecnológica, alcance global e acesso ao cliente, combinados com sua eficiente gestão.” 

Magnus Johansson, membro e porta-voz do Board da Haldex, disse, por sua vez, que as competências sólidas da ZF em desenvolvimento de eletrônicos e software, assim como seu alcance global e o acesso a clientes, “oferecem uma oportunidade para fortalecer ainda mais a Haldex, permitindo, assim, que a companhia continue seu desenvolvimento futuro de sistemas de frenagem e expansão de seu portfólio atual de produtos.”

Segundo Johansson, com a oferta os acionistas da Haldex terão uma oportunidade de agregar valor aos seus investimentos, “com ágio significativo de preços comercializados recentemente, levando em consideração ainda o ágio da oferta da SAF-Holanda”.

A oferta se condiciona, entre outras coisas, à aceitação dos acionistas da Haldex no que diz respeito à ZF tornar-se proprietária de mais de 90% das ações emitidas e em circulação na Haldex. A transação anunciada está também sujeita à aprovação das autoridades de concorrência. Em breve, a ZF registrará a transação com as autoridades competentes.

Futura política industrial manterá pilares do Inovar-Auto

O que virá depois do Inovar-Auto? A pergunta, que há meses incomoda dirigentes e executivos do setor automotivo, começou a ser respondida nesta quinta-feira, 4, por Antônio Megale, presidente da Anfavea. Durante entrevista coletiva para divulgação do desempenho do setor em julho, o dirigente afirmou que, apesar de discussões ainda incipientes, o governo terá uma política industrial de longo prazo a partir de 2018.

“Não será um Inovar-Auto 2, mas uma política industrial que vai além dele e que pelo menos garantirá conquistas dos programa atual”, revelou executivo, acrescentando que a entidade defende que a futura política estabeleça regras por pelo menos dez anos, com eventuais ajustes depois dos cinco primeiros. “Isso evitará que as empresas decidam investimentos, depois adiem ou cancelem, e depois novamente os retomem, como acontece hoje.”

Megale diz ter certeza que o governo manterá dois pilares do Inovar-Auto na nova política: eficiência energética e apoio a pesquisa, desenvolvimento e engenharia local. Mas um terceiro ponto foi ainda mais enfatizado pelo presidente da Anfavea: “ Haverá um terceiro pilar que é a recuperação da cadeia de fornecedores de autopeças. A nova política terá medidas que prevejam o fortalecimento dessas empresas”.

Enquanto o setor aguarda a definição de novas regras que nortearão o futuro próximo da indústria automotiva, as linhas de montagem seguem o ritmo do mercado interno. Em julho, foram fabricados 189,9 mil veículos, segundo melhor resultado mensal de 2016, atrás apenas das 196,5 mil unidades registradas em março. O volume superou em 4,7% a produção de junho, mas foi 15,3% menos do que a do mesmo mês do ano passado.

No acumulado dos sete primeiros meses a produção brasileira de veículos superou 1,205 milhão de unidades, recuo de 20,4% frente aos volumes de janeiro a julho de 2015. A entidade, ainda assim, mantém sua previsão de que o setor fechará o ano com 2,296 milhões de veículos fabricados, queda de apenas 5,5% frente ao consolidado no ano passado.

Um julho prejudicado por quebra de produção pontual de algumas montadoras por falta componentes, o segundo semestre historicamente mais aquecido de vendas no mercado interno e exportações em elevação sustentam a expectativa da entidade de linhas menos ociosas daqui até o fim do ano.

Ainda assim, para chegar aos imaginados quase 2,3 milhões de veículos, a média mensal de agosto a dezembro terá que se aproximar de 218 mil unidades, volume alcançado pela última vez em agosto do ano passado, quando foram fabricados 217,8 mil veículos.

Com a ociosidade média por volta 50% – acima de 70% no caso dos fabricantes de caminhões e ônibus – a indústria segue reduzindo seu quadro de trabalhadores. No mês passado foram eliminados 1,2 mil postos de trabalho, 0,9% do efetivo. O setor fechou o mês com 126,8 mil funcionários, sendo que 26 mil deles estavam enquadrados em programas da lay-off e PPE.

Melhor mês do ano em vendas internas

Apesar do crescimento de 5% nas vendas internas de julho sobre junho, o presidente da Anfavea, Antônio Megale, disse na quinta-feira, 4, que o setor ainda está em compasso de espera para ver o que acontece com a economia. Parte do crescimento, segundo o executivo, pode ser atribuída aos problemas de emplacamento em junho, quando vários Detrans de São Paulo paralisaram atividades.

De qualquer forma, os 181,4 mil veículos comercializados no mês passado representaram o melhor desempenho mensal do ano e o quarto mês consecutivo de alta. No comparativo com 2015, porém, os dados ainda são negativos. Verifica-se queda de 20,3% em relação a julho do ano passado e de 24,7% no acumulado do ano. “É o pior julho desde 2006”, lembrou Megale.

Nos primeiros sete meses do ano foram emplacados 1 milhão 165 mil veículos, volume que no mesmo período do ano passado chegou a 1 milhão 546 mil. Um dado positivo citado por Megale refere-se à expansão de 22% na vendas de veículos seminovos no período de janeiro a julho deste ano:

“A vontade de comprar carro novo se mantém. O que está havendo é uma adequação do mercado, uma substituição clara do 0 km pelo seminovo”. Na avaliação do presidente da Anfavea, ainda há um temor do consumidor com relação ao desemprego e, por isso, muitos vêm adiando a compra do carro novo. “Mas o desejo de tê-lo continua.”

Crédito – Outro indicador que Megale apresentou como positivo e que pode sinalizar melhoria antes do fim do ano é o aumento da participação do financiamento nas vendas totais de veículos. “Ela cresceu de 51,8% em junho para 53,2% em julho. É um aumento pequeno, mas pode ser um indicativo de retomada nessa área.”

De acordo com o presidente da Anfavea, o índice tradicional de participação dos financiamentos no total vendido no País situa-se na faixa de 60% a 65%. Os 51,8% registrados em julho foi o mais baixo de toda a história do setor.

Com relação aos estoques, Megale disse que ainda há um esforço das montadoras no sentido de reduzir o número de veículos nos pátios das redes e das fábricas. Segundo levantamento da Anfavea, julho fechou com estoque de 222,2 mil unidades, 3,4 mil a menos do que em junho, mas o equivalente aos mesmo 37 dias de venda do mês anterior, o que indica estabilidade. Em maio o estoque estava em 39 dias de venda.

A Anfavea mantém projeção para o ano de queda de 19% nas vendas para o mercado interno, estimando, assim, chegar a 2 milhões 80 mil veículos emplacados em 2016, contra os 2 milhões 569 mil de 2015. Para atingir a meta o setor terá de comercializar uma média mensal de 183 mil veículos nos cinco meses faltantes do ano.

Vendas de caminhões crescem 11,5% em julho

O mercado interno de caminhões em julho experimentou um aquecimento nas vendas de 11,5% em relação a junho, com 4 684 unidades negociadas. As vendas permanecem no patamar registrado ao longo do período.

Na comparação com julho do ano passado, porém, quando foram emplacadas 6 495 unidades, a queda ainda se apresenta acentuada, de 27,9%. “Sem aquecimento na economia, o transportador ainda segura as compras”, afirma Marco Saltini, vice-presidente da Anfavea, durante divulgação do balanço do setor automotivo na quinta-feira, 4.

A retração também é expressiva na análise entre os desempenhos dos acumulados dos anos. De janeiro a julho, as vendas de caminhões alcançaram 30 272 unidades, queda 30,9% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o mercado absorveu 43 787 unidades.

A reação observada no mês de julho nas vendas de caminhões, contudo, não trouxe alento na produção. Em julho, as fábricas montaram 5 091 unidades, queda de 8,6% em relação a junho e de 22,9% na comparação com julho do ano passado, quando foram produzidas 6 599 unidades.

No acumulado dos sete meses, 36 390 caminhões saíram das linhas de produção, baixa de 24,5% em relação ao volume registrado de um ano antes. “A produção de caminhões ainda preocupa muito, com esforço grande das montadoras em adequar seus estoques à realidade do mercado”, observa Antonio Megale, presidente da Anfavea. “Hoje, a capacidade ociosa das fábricas de caminhões no País está em torno de 70%.”

Os únicos dados positivos no segmento de caminhões se limitam às exportações, mas ainda assim perdura queda no acumulado do ano. Em julho, as montadoras embarcaram 1 880 caminhões, alta de 9,4% em relação a junho e de 6% na comparação com julho do ano passado. Nos sete primeiros meses do ano, o volume enviado para fora soma 11 256 unidades, retração 5,9%.

Ônibus – O segmento de ônibus também experimentou certa reação em julho. No mês foram negociados 1 701 chassis, significativa altas de 73,2% sobre junho e de 19,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

No acumulado do ano, no entanto, ainda persiste uma queda de 33,4%. No período o mercado absorveu 7 384 unidades contra 11 083 vendidas um ano antes.

Como a realidade atual do segmento de caminhões, a produção de chassis também não seguiu a alta nas vendas. Em julho as montadoras produziram 1 635 unidades, quedas de 10,4% na comparação com junho e de 13,7% com relação a julho de 2015. No acumulado do ano a retração ainda é expressiva, de 31%. De janeiro julho saíram das linhas 10 874 chassis contra 15 760 registrados há um ano.

São as exportações que proporcionam algum alento nos resultados do segmento. Em julho embarcaram 1 062 chassis, altas de 13,5% sobre junho e de 48,1% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

Também no acumulado do ano o saldo é positivo. Nos sete primeiros meses do ano embarcaram 4 904 chassis, alta de 23,2% sobre o mesmo período do ano passado.

Até julho, alta de 20% nas exportações

A indústria automobilística brasileira exportou 272,2 mil veículos este ano, registrando crescimento de 20% em relação aos 226,7 mil embarcados no período de janeiro a julho de 2015. No mês passado foram exportadas 45,5 mil unidades, alta de 5% sobre junho e de 61% em relação a julho de 2015.

Ao divulgar os dados na quinta-feira, 4, o presidente da Anfavea, Antônio Megale, disse que os números registrados até agora dão suporte à projeção da entidade de encerrar 2016 com mais de 500 mil veículos exportados, um crescimento de 21,5% sobre 2015.

Apesar do balanço positivo em volume embarcado, a receita do setor com exportações ainda registra queda no ano. Até julho o faturamento com as vendas externas atingiu R$ 5,75 bilhões, o que representa queda de 8,1% em relação aos US$ 6,29 bilhões dos primeiros sete meses do ano passado.

O problema, segundo Megale, é o mix de produtos exportados. Enquanto as exportações de automóveis crescem 21,5% no ano, as de caminhões registram queda de 5,9% e as de máquinas agrícolas e rodoviárias, num total de 5,1 mil unidades embarcadas de janeiro a julho, caem 16,2%.

Projeção mantida – A entidade, no entanto, ainda mantém meta de atingir em 2016 receita bem próxima à de 2015, na faixa de US$ 10,4 bilhões. “Estamos avançando em vários mercados e há dois acordos bilaterais já concluídos, com Colômbia e Peru, que só precisam ser internalizados”, comentou Megale. “Além disso, a renovação do acordo com a Argentina, nosso principal parceiro e atualmente com as vendas internas em alta, é mais um dado positivo nessa área.”

O presidente da Anfavea lembrou ainda que há negociações em andamento com outros países da América do Sul e também da África. Também positiva a intenção do Irã de comprar veículos do Brasil, o que foi anunciado no início do ano e gerou negociações com montadoras brasileiras ainda em andamento. “Sabemos que algumas negociações estão avançadas.”

No caso das máquinas agrícolas e rodoviárias, a vice-presidente da Anfavea, Ana Helena de Andrade, comentou que para alavancar exportações nessa área seria necessário a concessão de crédito pelo governo brasileiro:

“O espaço que as montadoras brasileiras tinham na América do Sul acabou sendo ocupado por fábricas de fora, inclusive algumas de marcas que têm produção aqui. Temos máquinas de qualidade e adequadas aos mercados da nossa região. Estamos negociando com o BNDES linhas de financiamento para atrair compradores externos, o que consideramos essencial para incrementar nossas exportações”.

Máquinas: venda estável.

As vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias pouco a pouco revelam alguma melhoria. Em julho foram negociadas 4 017 unidades, queda de 1,2% com relação a junho, mas uma pequena alta de 1,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

Ao se observar o resultado mês a mês, porém, os volumes de vendas apresentam crescimento. O ano começou registrando vendas de 1,6 mil unidades, passou fevereiro, março e abril no patamar de 2 mil unidades e desde junho ficou estável na casa das 4 mil. Está longe dos resultados de ano anteriores, mas pelo menos mostram uma tendência.

“Agora temos regras claras para o Plano Safra, como também recursos”, revela Ana Helena Correa de Andrade”, vice-presidente da Anfavea durante divulgação dos resultados do setor automotivo na quinta-feira, 4. “Os financiamento estiveram parados no mês de junho e, mesmo assim, o segmento conseguiu se manter no patamar de 4 mil unidades, indicando que podemos ter volumes melhores até o fim do ano.”

Certo, porém, que não serão resultados capazes de reverter a queda do acumulado. De janeiro a julho foram vendidas 21 073 unidades, retração de 26,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.

A produção do segmento também segue estável, conforme pontual Antônio Megale, presidente da Anfavea, “ajustada às vendas”. Em julho as fabricantes produziram 4 746 unidades, alta de 3,5% sobre junho, mas queda de 7,4% na comparação com julho do ano passado.

No acumulado do ano, o volume de produção alcançou 24 634 unidades, baixa de 30,8% com relação ao mesmo período do ano passado, quando foram produzidas 35 586 máquinas agrícolas e rodoviárias.

Mesmo nas exportações, negócio que tem levado algum alívio a outros segmentos, o resultado apresentado pelas máquinas não nada animador. Em julho embarcaram 755 unidades, quedas de 24,3% em relação a junho e de 5,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

“O quadro das exportações de máquinas é declinante ao longo do tempo”, resume a vice-presidente Ana Helena. “Vale lembrar também que em função da nossa pouca competitividade de tempos atrás, os mercados externo foram ocupados por outros fornecedores. Para retomar esse mercado temos de mostrar outras vantagens. Reconquistar mercado não é uma tarefa que se faz da noite para o dia.”

No acumulado do ano os embarques de máquinas somam 5 146 unidades, queda de 16,2 % na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram enviadas 6 141 unidades.

Chegam os Sprinter 2017

A Mercedes-Benz aos poucos reduz o hiato existente entre os produtos do mercado nacional e os da Europa. Na noite de terça-feira, 2, a fabricante deu mais uma passo nesse sentido ao lançar a nova linha 2017 da segunda geração dos utilitários Sprinter. Além da aparência igual às ofertas europeias, os modelos também receberam ajustes tecnológicos a fim de proporcionar uma ferramenta mais adequada para garantir produtividade e rentabilidade aos diversos negócios a que se propõem.

A família se apresenta a partir de três configurações – van, cabine-chassi e furgão – e, segundo a fabricante, possibilidade de entregar até sessenta versões ao combinar rodados simples ou duplos, compacidades de carga ou de passageiros, distância de entre-eixos e pacote de equipamentos.

Basicamente, a linha comporta a Sprinter 313 CDI com motor de 129 cv e PBT para até 3 500 kg, a 415 CDI, com motor de 146 cv e capacidade para 3 880 kg e, finalmente, a 515 CDI, equipada com o mesmo motor de 146 cv, mas com PBT de 5 000 kg.

“É um produto capaz de atender qualquer tipo de negócio sobre rodas”, ressalta Carlos Garcia, gerente sênior de vans da Mercedes-Benz. “O cliente Sprinter também tem estrutura de venda e pós-venda dedicada, como os Vans Center e concessionárias exclusiva, e três linhas de peças de reposição à disposição.”

A fabricante entende que para melhor promover o negócio do seu cliente o produto tem de entregar mais conforto e segurança, os aspectos que mais ganharam destaque na linha 2017 do Sprinter.

Ao novo utilitário foi incorporada uma coleção de recursos e dispositivos que tanto favorecem o bem-estar quanto evitam acidentes. Além de ABS e airbags, a gama traz ESP adaptativo, sistema que reúne controle de estabilidade, de tração e sensores de distribuição da força de frenagem entre as rodas, BAS, que reduz a distância de frenagem caso identifique situação de emergência, sensores que evitam capotamentos e o chamado assistente de vento lateral, que impede desvios da trajetória do veículo ocasionados pela força do vento.

Algumas conveniências introduzidas também asseguram a segurança, como o farol de circulação diurna que se acende ao dar a partida no veículo, faróis de neblina com assistente direcional, ou seja, ilumina curvas e sistema que em dias de chuva limpa regularmente os discos de freios, bastando para isso o limpador de para-brisa estar acionado.

Por dentro dos Sprinter, os revestimentos possuem novo padrão, semelhante ao do utilitário Vito. Nas versões para passageiros os assentos ficaram 40 milímetros mais largos e os encostos 25 mm mais altos. O volante é ajustável e com controles de acesso ao áudio. O interior foi concebido para também funcionar como escritório, com amplos porta-objetos.

“Pensamos em entregar um veículo que realmente facilite a vida da pessoa, além de favorecer a produtividade de seu negócio”, resume Ana Paula Teixeira, gerente de marketing de produtos de vans. “Com o crescimento das entregas rápidas e fracionadas nas grandes cidades, seja por seu modelo urbano ou pela legislação, o veículo comercial ganha cada vez mais relevância e passa a ser uma ferramenta.”

O gerente sênior de vans Garcia prefere não revelar o investimento realizado na atualização da linha Sprinter, se limitando a mencionar que o início da fabricação do Vito, na Argentina, onde o Sprinter também é produzido, tornou a “fábrica muito flexível”.

Mercado – De acordo com as contas da Mercedes-Benz, os Sprinter vêm galgando cada vez mais espaço no mercado. Em 2011 a linha tinha 14,3% de participação e, de lá para cá, avançou 12 pontos porcentuais, chegando em julho com 26,3% da vendas internas. Os novos utilitários já estão disponíveis na rede a partir de R$ 102 mil.