Quando a Toyota lançou o Prius há quase duas décadas, seu então presidente, Hiroshi Okuda descreveu o primeiro veículo híbrido do mundo produzido em série como “a resposta da Toyota para o desafio da mudança”. Ele falava sobre a crescente preocupação com o meio ambiente, os recursos naturais cada vez mais limitados e o aumento da população mundial – questões preocupantes que são exponencialmente agravadas à medida que a demanda por veículos cresce.
Foi um ato de coragem: a Toyota queria proteger o meio ambiente e seu objetivo era tornar seus veículos parte da solução e não mais parte do problema. E, assim como outros esforços ambientais que mudam o mundo, esse lançamento gerou uma grande dose de incerteza.
Se você pensar sobre isso, essa incerteza (esse “desafio de mudança”) também poderia descrever a mentalidade dos consumidores à época, que precisaram de coragem para investir em um veículo híbrido. O mesmo aconteceu com os governos de países como o Japão, que também tiveram a coragem de conceder incentivos, o que acabou facilitando o mercado de híbridos (mais tarde, esses mesmos veículos ajudariam o governo a atingir suas metas de melhoria de qualidade do ar). Ou até mesmo outras indústrias do setor automobilístico, muitas das quais passaram a ver toda essa movimentação sem saber se a “onda dos híbridos” era passageira ou realmente algo que veio para ficar.
Quando você, porém, tem tanta certeza de alguma coisa, do mesmo jeito que nós da Toyota temos (neste caso, proteger o meio ambiente), você aceita correr riscos. O Prius começou o movimento dos veículos híbridos especialmente no Japão, na América do Norte e Europa. Hoje, eles representam 40% das vendas da Toyota no Japão e mais de 50% na Europa Ocidental. E os números continuam crescendo.
Em sua estreia, em 1997, o Prius era vendido em apenas quatro concessionárias no Japão. Hoje, ele pode ser adquirido em mais de noventa países. A Toyota já vendeu mais de 9 milhões de veículos híbridos, incluindo quase 6 milhões de Prius, no mundo todo. Nós calculamos que, até 30 de abril de 2016, o uso de veículos híbridos evitou a emissão de cerca de 67 milhões de toneladas de CO2. Do mesmo modo, nossos modelos híbridos economizaram aproximadamente 25 bilhões de litros de gasolina.
Geração após geração, o Prius tem criado um futuro onde os veículos são agora parte de uma solução ambiental. Além disso, no ano passado, a Toyota lançou seu veículo movido à célula de combustível, o Mirai (palavra que significa “futuro” em japonês). Ele pode viajar cerca de 500 km com uma única carga de hidrogênio, seu reabastecimento pode ser feito em menos de cinco minutos e seu escapamento emite apenas vapor d’água.
Eu acredito que nós estamos vivendo um momento de virada na América Latina, onde também somos confrontados diariamente com problemas ambientais, como a qualidade do ar e o trânsito intenso de nossas grandes cidades. Neste momento, as vendas dos híbridos não são relevantes para a indústria automobilística da região. Eles representam menos de 1% de nossas vendas, e participação dos híbridos no mercado total de veículos também não é relevante. Então, posso dizer que enfrentamos ao mesmo tempo o desafio da mudança e também o desafio de não mudar.
Se seguirmos o exemplo de outros países na adoção de veículos híbridos e usufruir de seus benefícios, isso exigirá a cooperação dos governos para fornecer incentivos para carros com melhor consumo de combustíveis e baixas emissões; universidades e escolas, que terão que ensinar a próxima geração de engenheiros que vão construir esse futuro; os meios de comunicação, que poderão ajudar a informar os consumidores; além dos próprios consumidores, que devem tomar a decisão de investir em um híbrido.
Ou podemos simplesmente optar em não mudar e permanecer fiéis aos tradicionais veículos à combustão. Esta decisão irá provavelmente resultar em restrições de circulação nas áreas urbanas, em uma tentativa dos governos em controlar a qualidade do ar (como o rodízio de veículos que já acontece na cidade de São Paulo). Outro resultado provável seria condenar nosso belo continente a continuar para sempre usando uma tecnologia do século 20, sem acompanhar a evolução que está acontecendo no resto do mundo.
Mas, independentemente do caminho que escolhermos – mudar ou não mudar –, eventualmente, nós teremos que tomar uma decisão. A Toyota tem uma visão que acompanha a transformação da indústria automobilística. Até o ano de 2050, toda a nossa linha de produtos será composta de apenas híbridos ou veículos movidos por célula de combustível. Então, em 2049, quando você entrar em uma concessionária Toyota, simplesmente não haverá opção para comprar um carro com um único motor de combustão.
Outras montadoras também anunciaram seus planos de parar de fabricar nos próximos anos veículos tradicionais, movidos a gasolina ou diesel. Essa é uma decisão sem volta que implica num enorme impacto positivo na qualidade do ar, com uma redução estimada em 90% das emissões de CO2 geradas por veículos novos!
A Toyota lançou três gerações do Prius, cada uma representando um enorme salto de tecnologia em desempenho e inovação. Além disso, nós acabamos de lançar a quarta geração do Prius em um evento no Brasil. Ele é verdadeiramente um veículo incrível.
Eu acredito que a América Latina tem um grande potencial e pode levar o resto do mundo a adotar essas tecnologias, pois esse continente tem a capacidade de produzir energia limpa como nenhum outro.
Estou empenhado em ajudar a catalisar esse potencial e contribuir para um mundo melhor, através da tecnologia da Toyota, usando a paixão que a Toyota tem pelas pessoas. Acredito que podemos optar pelo desafio de mudar. Ele irá resultar em um futuro mais brilhante (e mais limpo).
Steve St Angelo, presidente e CEO da Toyota para América Latina e Caribe