Não é mais novidade para ninguém que as vendas de carro desceram ladeira abaixo nos últimos anos. No acumulado do ano até julho, o volume de automóveis e comerciais leves caiu 24,4% na comparação com o mesmo período de 2015. Mas apesar da retração, há cinco cidades brasileiras onde os índices ainda são positivos, de acordo com um levantamento realizado pela consultoria Jato Dynamics.
Belo Horizonte é um dos oásis para a indústria automotiva. A cidade já registra 99 525 emplacamentos neste ano, um volume 2,1% maior na comparação com o mesmo intervalo de 2015. Segundo Milad Kalume Neto, gerente de desenvolvimento de negócios da Jato Dynamics, a cidade conta com as vendas diretas a seu favor. “Os carros da Localiza, companhia de aluguel de veículos, são emplacados na cidade e isso ajuda a engordar as estatísticas”, diz. Apenas neste ano, a companhia já adquiriu 30 mil unidades e pretende comprar outros 30 mil veículos até o fim do ano.
São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, é outro raro terreno positivo. Por lá foram comercializados 3 722 veículos este ano, volume 0,6% maior que no mesmo período de 2015. Alguns fatores ajudam a explicar porque a venda de carros não acompanhou a tendência de queda observada no país: a cidade de 160 mil habitantes possui o maior IDH, índice que mede a qualidade de vida, e uma renda média per capita acima de R$ 2 mil, praticamente o dobro do restante do País. “Além disso, a cidade é sede da General Motors há oito décadas e nutre uma relação muito próxima com a montadora, que lidera as vendas por lá”, avalia Kalume Neto.
Pequenos oásis – Dá para contar nos dedos as outras cidades onde a venda de carros não caiu. A lista fica completa com municípios dos estados de São Paulo, Pará e Goiás, todos com menos de 100 mil habitantes. “Normalmente os municípios com menos de 100 mil habitantes são cidades vinculadas a um polo maior e os carros são extremamente necessários”, revela o gerente. “É praticamente uma questão de sobrevivência. Apesar de não representarem grandes volumes, esses municípios estão cada vez mais dentro das estratégias das montadoras.”
Com 85 mil habitantes, Avaré, no Interior paulista, viu o volume de emplacamento subir 15,1% neste ano, com 680 unidades vendidas. Já a pequena Santo Antônio do Descoberto, em Góias, com 67 mil habitantes, emplacou 14 veículos, o suficiente para as vendas subirem 7,7%. Para finalizar, os 99 mil habitantes de Breves, PA, compraram 29 carros até julho, em alta de 3,6% frente a igual período de 2015.
Apostas das montadoras por possuírem as menores taxa de motorização do País, as regiões Norte e Nordeste não conseguiram bancar as expectativas nos últimos anos. Enquanto o País possui uma média de um carro para cada cinco habitantes, no Norte a relação é de 13,7 pessoas por carro e no Nordeste, de 12,1. O potencial das regiões chamou atenção das montadoras, que abriram unidades e concessionárias nas regiões no auge da indústria. Mas o aumento do desemprego, a queda do poder aquisitivo e a restrição de crédito nos últimos anos comprometeram a arrancada.
A região Norte acumula a maior queda de vendas do Brasil, com 31,4% na comparação com janeiro a julho de 2015. Foram negociados 55 mil carros por lá. Enquanto isso, o Nordeste detém o segundo pior desempenho, com retração de 30% e 178 mil unidades emplacadas.
Na sequência aparece a região Centro-Oeste, com recuo de 29,4% e 109 mil unidades, seguida pelo Sul, em queda de 23,6% e 209,6 mil veículos vendidos até julho. O Sudeste foi a região que caiu menos, 20,9%, e manteve-se como o maior mercado do País, com 574,6 mil unidades licenciadas nos sete primeiros meses de 2016.
Ampliando um pouco mais a análise, é possível notar que apenas quatro estados caíram menos do que a média nacional. São eles: Minas Gerais (-11,9%), Santa Catarina (-21,7%), São Paulo (-22,9%) e Paraná (-23,9%). Em contrapartida, Acre e Maranhão tiveram as maiores retrações, de 39,2% e 34,6%, respectivamente.