Honda vende 2 mil Civic antes do lançamento

Apesar do lançamento oficial na rede Honda ser apenas na quinta-feira, 25, já foram vendidas 2 mil unidades do Civic Geração 10, que chega com a missão de recolocar o modelo na disputa pela liderança do segmento e sedãs médios no País. A pré-venda foi aberta dia 30 de julho e para efetuar a compra o consumidor teve de deixar um sinal de 10% do valor do carro, garantindo assim prioridade na retirada do produto a partir da sua chegada nas concessionárias da marca.

Os números da pré-venda foram divulgados pelo vice-presidente da Honda América do Sul, Roberto Akiyama, em evento com a imprensa para teste-drive do produto na segunda-feira, 22: “Os interessados no modelo puderam fazer uso de tecnologia que permitiu teste virtual, em 360º, para conhecer a nova geração do Civic”.

Também presente no evento, Issao Mizoguchi, presidente da Honda América do Sul, comentou sobre o momento atual, definindo 2016 como um ano desafiador para o Brasil e para a Honda. Destacou, no entanto, que a empresa sempre pensa a longo prazo e que, apesar da instabilidade atual, mantém a expectativa de crescimento no longo prazo. “E estaremos preparados quando a retomada vier”.

Sobre a fábrica de Itirapina, SP, que embora pronta teve inauguração postergada, Mizoguchi disse que ainda não há data revista para o seu início operacional.

Com capacidade para 120 mil veículos/ano, sua inauguração já se justificaria, segundo o executivo, se a demanda atual por produtos da marca indicasse acréscimo de 60 mil unidades: “Não tenho bola de cristal, é difícil saber quando isso ocorrerá. Precisamos ter estabilidade política e econômica para o mercado retomar”. Adiantou, de qualquer forma, que para iniciar produção em Itirapina serão necessários pelo menos seis meses para contratação e treinamento de mão de obra.

Mudança radical – Esteticamente o novo Civic não guarda qualquer semelhança com a nona geração. Sua mudança, segundo a própria fabricante, foi radial: “É agora mais baixo e largo, de perfil bem mais esportivo”. Também mudou a estrutura de versões do modelo, passando a oferecer opções de acordo com o perfil do consumidor e não mais pelo tipo de acabamento e preço.

Segundo o vice-presidente da Honda, o novo Civic é completo desde a versão de entrada, a EX, que custa R$ 98,4 mil. Tem ainda a EXL, a Sport e a Touring, a mais sofisticada, que sai por R$ 124,9 mil.

Todas as versões saem de fábrica com ar-condicionado digital, freio de estacionamento eletrônico com função brake-hold, piloto automático e câmera de ré. A EXL e a Touring têm ainda nova tela sensível ao toque que agrega as funções multimídia, navegação, dentre outras, compatível com as interfaces Apple CarPlay e Android. 

As versões EX, EXL e Sport têm motor 2.0 FlexOne, de 155 cv quando abastecido com etanol, e a Touring é equipada com motor 1.5 turbo gasolina, de 173 cv.

Carros até R$ 40 mil respondem por apenas 6% do mercado

Levantamento da Fenabrave mostra uma reviravolta no mercado de veículos por faixa de preço. Em janeiro de 2014, portanto há dois anos e sete meses, os modelos que custavam até R$ 40 mil respondiam por 59% das vendas totais do segmento de automóveis e comerciais leves. Hoje esse índice é de apenas 6%.

Em contrapartida, automóveis com preço na faixa de R$ 40 mil a R$ 50 mil tiveram participação elevada de 19% para 40% e os situados entre R$ 50 mil e R$ 60 mil de 10% para 23%. Também cresceu a fatia dos que custam acima de R$ 60 mil – de 12% para 31%.

Em primeiro lugar, segundo o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr., os números retratam a falta de crédito no mercado que atinge principalmente o consumidor que tem acesso ao veículo de até R$ 40 mil. De outro, vários modelos com preço abaixo desse valor – como Fiat Mille, VW Gol Geração 4, versão anterior do Ford Ka e Chevrolet Celta saíram de linha, restringindo a oferta no chamado segmento de entrada.

Na avaliação de Assumpção Jr., os carros mais baratos podem voltar a vender mais se houver menos restrição ao crédito. Mas reconhece que dificilmente voltará ao patamar de antes, de quase 60% do mercado.

Por ter por base o preço esse levantamento da Fenabrave não contempla tipo de modelo. E a verdade é que hoje poucos compactos aqui produzidos custam abaixo de R$ 40 mil. Uma linha ou outra, como a do Volkswagen Gol e a do Chevrolet Onix, tem uma versão com preço um pouco abaixo dessa faixa.

Dos que são produzidos em maior volume, apenas o Fiat Mobi concentra o grosso de sua oferta na faixa de R$ 30 mil R$ 40 mil. Lançado este ano, o Mobi atingiu venda de 3,6 mil unidades no mês de julho, volume vem abaixo dos primeiros colocados no mês, que foram o Onix, com 11,6 mil, e HB20, com 9,7 mil.

Justamente pela questão das restrições ao crédito os segmentos que mais crescem este ano são os de produtos com maior valor. É o caso, por exemplo, dos SUVs, que no primeiro semestre do ano totalizaram venda de 144 mil unidades, volume 7,8% superior ao do mesmo período de 2015, quando foram emplacadas 133,56 mil dessas unidades.

Com relação ao mercado como um todo o presidente da Fenabrave disse que as vendas se estabilizaram nos últimos meses, comportamento que está se repetindo também neste mês de agosto. Ele mantém a crença de que o mercado chegou em seu patamar mínimo e que a expectativa agora é de alguma retomada no próximo ano. A entidade mantém projeção de que o número de emplacamentos de automóveis e comerciais leves atingirá 2 milhões 30 mil unidades este ano, com queda de 18% em relação ao total vendido no ano passado.

 

Toyota inaugura centro de pesquisa no País

A Toyota continua investindo firme no Brasil. E na fria tarde da segunda-feira, 22, a montadora deu prosseguimento ao projeto de revitalização de sua planta de São Bernardo do Campo, SP, ao inaugurar seu primeiro centro de pesquisa aplicada no Brasil, empreendimento que contou com a aplicação de R$ 46 milhões em sua primeira fase de implantação e inicia seus trabalhos com cem colaboradores.

Em uma segunda etapa, ainda sem data definida para ser finalizada, o empreendimento receberá mais R$ 19 milhões de investimentos, totalizando R$ 65 milhões. A estrutura recém-inaugurada é o quarto centro de pesquisa da montadora em operação no mundo fora do Japão. Os três primeiros foram instalados nos Estados Unidos, na Europa e na Tailândia.

O novo local foi concebido para integrar localmente as atividades relacionadas à pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e desenvolvimento de fornecedores. Nele foram alocados os departamentos de engenharia, design, compras, regulamentação veicular e qualidade, permitindo maior sinergia entre estas áreas para constituição de futuros projetos.

O centro será a base de desenvolvimento de produtos da marca no Brasil. Inicialmente estão previstas atividades como concepção de melhorias nos modelos do mercado nacional, testes de emissões, análises de matérias-primas e desenvolvimento de acessórios, dentre outras atribuições. Seu primeiro trabalho, aliás, já foi realizado com o projeto de design do Etios Premium, lançado recentemente.

Steve St. Angelo, presidente da Toyota para a América Latina e Caribe, foi ovacionado por todos os colaboradores da Toyota que estiveram presentes à cerimônia de inauguração, afirmou que a entrada em operação deste novo centro de pesquisas significa a consolidação da importância da América Latina como região de negócios para a marca japonesa.

Segundo o executivo, as vendas da Toyota continuam crescendo em praticamente toda a região. No Brasil, por exemplo, a empresa pretende vender 180 mil unidades em 2016, volume que, se alcançado, representará crescimento de 2% em relação ao ano passado e participação de 9% do mercado. Na Argentina, seu segundo mercado na América Latina, a previsão para este ano é de 80 mil unidades, com crescimento de 1% sobre 2015 e participação de 11% no total das vendas do país.

St. Angelo também chamou a atenção para o crescimento das exportações da marca a partir de veículos fabricados no Brasil. “Estamos iniciando nossas vendas em novos mercados, como o do Peru. Cresceremos 21% em nossas exportações neste ano e pretendemos enviar 40 mil unidades fabricadas no Brasil para os demais mercados latino-americanos”, previu. O volume estimado fará com que a Toyota comercialize cerca de 360 mil veículos na região, com crescimento de 1,5% sobre o ano passado.

A cerimônia de inauguração do novo centro de pesquisas da Toyota contou com a participação do chairman da Toyota Motor Corporation, Takeshi Uchiyamada, que veio do Japão especialmente para o evento. Além dele, estiveram presentes também o vice-governador do Estado de São Paulo, Márcio França; a diretoria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Margarete Gandini; o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.

Margarete Gandini, diretora do MDIC, em seu pronunciamento aos presentes na cerimônia, chamou a atenção para a importância que este tipo de iniciativa tem para o desenvolvimento futuro da indústria automobilística local, frente ao atual desafio de consolidação que estamos enfrentando diante da atual crise e da necessidade de estarmos iniciando uma nova fase de inserção em uma indústria que, hoje, está cada vez mais globalizada.

“Temos um desafio muito grande para ser enfrentado nos próximos anos, não só na indústria automobilística mais em toda a atividade industrial, que é de continuarmos nos modernizando e buscando maior competitividade. Neste setor automotivo boa parte da indústria local já é globalizada, mas precisamos estar atentos para as camadas de baixo da cadeia, nos chamados tear 2 e 3 que certamente terão grandes dificuldades no futuro”, analisou.

Fiat para produção por dez dias

A Fiat Chrysler Automóveis concederá licença remunerada de dez dias a cerca de 4 mil funcionários de sua fábrica em Betim, MG. A folga forçada começará na quarta-feira, 24. O novo recesso, justifica empresa por meio de nota oficial de apenas duas linhas, é “ajustar a produção à demanda de mercado”.

Procurada, a FCA não quis informar quantos veículos deixarão de ser produzidos na pioneira fábrica da Fiat no Brasil, que em 9 de julho completou exatos 40 anos. A planta vem sofrendo seguidas paralisações ao longo de 2016, ora em função do fraco desempenho das vendas de seus veículos, ora por falta de componentes, como em maio, quando Keiper, Tower e Mardel, empresas do Grupo Prevent, interromperam entregas.

A planta mineira é a maior fábrica de veículos da América Latina e uma das maiores do mundo. A capacidade anual declarada é de 800 mil veículos. Emprega por volta de 16 mil funcionários nas linhas montagem e outros 3 mil em áreas administrativas.

Betim produz uma dúzia de modelos Fiat. Do recém-lançado Mobi, passando por Uno, Palio, o utilitário Dobló e a picape Strada, seu modelo de maior sucesso no mercado interno hoje. Outro produto de destaque, a picape Toro, sai da fábrica de Goiana, PE, inaugurada no ano passado e base também do Jeep Renegade.

Já em decorrência da drástica queda das vendas dos três modelos a empresa encerrou a produção de Linea, Idea e Bravo no transcorrer do primeiro semestre. A FCA, porém, não confirma até hoje a retirada deles da linha de montagem. Alega que a fábrica passa por ajustes e atualizações e que a produção dos três modelos seguirá em Betim.

A empresa encaminha investimento na unidade fabril de R$ 7 bilhões desde 2010 para modernização das linhas de montagem, desenvolvimento e produção de novos modelos. Em setembro apresentará seu novo motor 1.0 três cilindros e no próximo Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro, um hatch conhecido pelo nome código X6H, que pode de uma só vez aposentar Palio e Punto.

Líder do mercado brasileiro nos últimos 14 anos, a Fiat dificilmente repetirá esse o feito em 2016. Com 172,4 mil automóveis e comerciais leves licenciados nos primeiros sete meses do ano, segundo a Fenabrave, a empresa deteve 15,3% do mercado interno, atrás da General Motors, com 16,6%. Das montadoras líderes, foi a que mais perdeu vendas na comparação com o ano passado: 37% a menos de janeiro a julho.

O quadro é ainda mais difícil quando analisado somente o segmento de automóveis. Em sete meses foram registrados 108,9 mil veículos de passeio, 44,3% abaixo do resultado alcançado no mesmo período do ano passado. A marca caiu para a quarta posição no ranking, atrás da própria General Motors, Volkswagen e Hyundai, cujas vendas estão centradas em apenas um modelo, o nacional HB-20.

Mercedes-Benz e trabalhadores em negociação

Trabalhadores da Mercedes-Benz aprovaram por unanimidade que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC negocie alternativas a fim de evitar as demissões já anunciadas pela montadora. A decisão ocorreu em assembleia realizada na manhã de segunda-feira, 22, na sede do sindicato.
O Sindicato e a direção da empresa estiveram reunidos na sexta-feira, 19, e durante o fim de semana em rodadas de negociações. Nova reunião ocorreu na segunda-feira, 22, e os trabalhadores foram convocados para nova assembleia na terça-feira, 23, na porta da fábrica da Mercedes-Benz.

A Mercedes-Benz está com suas atividades produtivas paralisadas desde segunda-feira, 15, quando a empresa concedeu licença remunerada para todos os seus colaboradores por tempo indeterminado. Em comunicado emitido pela montadora, a decisão foi tomada em “razão da drástica redução de vendas de veículos comerciais nos últimos anos, que provocou um excedente de mais de 2 000 pessoas na unidade”.

Após a decisão da Mercedes-Benz trabalhadores de montadora saíram em protesto por três dias consecutivos contra as demissões que começaram a ser comunicadas por telegrama. Diante do barulho, montadora e sindicato voltaram às negociações. Na sexta-feira passada, 19, a companhia divulgou novo comunicado, destacando mais uma vez a “gravidade da situação pela qual tem passado a empresa nos últimos anos, em razão da forte queda de vendas” e que “necessário entender que esse cenário extremamente negativo vai afetar a todos os colaboradores”.

A empresa diz que a atual situação do mercado brasileiro resultou em queda de suas receitas e que, assim, é “imprescindível também reduzir os custos de operação e administração na fábrica de São Bernardo do Campo”. A fabricante vai além, dizendo que se a empresa não conseguir efetivar essa redução, comprometerá os investimentos planejados para o futuro da companhia.

Ainda na sexta-feira passada, 19, o sindicato esteve em reunião com o ministro interino do Trabalho e Emprego, Ronaldo Nogueira, na qual o assunto foi a crise atual do setor automotivo, bem também a situação dos trabalhadores da Mercedes-Benz. De acordo com a direção do sindicato, o ministro se comprometeu a conversar com a direção da montadora e rediscutir o PPE.

A fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, SP, possui por volta de 9 mil trabalhadores e produz caminhões e chassis de ônibus. De janeiro a julho, a empresa registrou licenciamento de 8,7 mil unidades, queda de 23,3% com relação ao mesmo período do ano passado. No segmento de chassi, o volume de vendas no acumulado do ano somou pouco mais de 4 mil unidades, recuo de 27,7% na mesma base de comparação.

Volkswagen e Grupo Prevent: além das fronteiras.

O conflito entre a Volkswagen e o Grupo Prevent não é somente uma queda de braço limitada às fronteiras do País. Também na Europa, a fabricante procura uma solução negociada com dois fornecedores em uma disputa a respeito de contratos que estão parando a produção de suas seis unidades, incluindo a de Wolfsburg, a maior delas.

O desacordo tem obrigado a Volkswagen a reduzir jornadas de trabalho de quase 28 mil empregados desde 18 de agosto, devido ao desabastecimento de peças da Cartrim, fornecedora de assentos, e da ES Automobilguss, responsável por peças de transmissão.

Conforme informações de agências de notícias internacionais, ambas as empresas alegam que a Volkswagen descumpriu contratos sem aviso prévio ou qualquer tipo compensação, o que não lhes deixou alternativa senão suspender as entregas para proteger seus negócios.

As interrupções na produção atingem em cheio os modelos mais vendido pela fabricante na Europa, Golf e Passat, e impactam por volta de 10% da força de trabalho da empresa na Alemanha.

O Grupo Volkswagen emitiu nota na segunda-feira, 22, dizendo que embora os tribunais locais já tenham obrigado a retomada dos fornecimentos, as empresas ainda não cumpriram com as obrigações determinadas pela Justiça. “Dado que novos desenvolvimentos (do caso) não são previsíveis, a Volkswagen está tomando várias medidas de flexibilização na produção com reduções de jornadas.”

De acordo com a Volkswagen, os ajustes atingem a unidade de Emden, com a produção do Passat de 18 a 24 de agosto, envolvendo por volta de 7,5 mil funcionários; a fábrica de Wolfsburg com a produção do Golf de 22 a 27 de agosto, afetando 10 mil empregados; Zwickau, com a fabricante tanto do Golf quanto do Passat de 22 a 26 de agosto, impactando 6 mil colaboradores; Kassel, onde a empresa produz transmissão e sistemas de exaustão, funcionará com horários mais curtos de 25 a 29 de agosto, afetando 1,5 mil empregados; Salzgitter interromperá a produção de algumas linhas de motores de 24 a 30 agosto, afetando cerca de 1,4 mil funcionários e, por fim, a fábrica de Braunschweig produzirá volumes menores de componentes plásticos e da carroceria de 22 a 29 de agosto, afetando 1,3 mil empregados.

Estima-se que as paradas na produção poderiam custar à Volkswagen até € 100 milhões por semana.

No Brasil algo semelhante ocorre desde março do ano passado, também com empresas pertencentes ao Grupo Prevent. No início de agosto, a fabricante anunciou rescisão dos contratos de fornecimento com empresas como Keiper, Fameq, Cavelagni e Mardel. Na ocasião destacou que foi à “Justiça para requerer a retomada dos ferramentais de sua propriedade que se encontram nas unidades do Grupo Prevent.”

No comunicado ainda, a Volkswagen justifica a decisão por ter somado mais de 120 dias parados em suas três fábricas de veículos – São José dos Pinhais, PR, Taubaté e Anchieta, SP – e deixado de produzir mais de 100 mil unidades. Com isso também a empresa antecipou para agosto as férias coletivas anteriormente planejadas para outubro, em um período de três a quatro semanas para a maioria dos empregados “até que o processo de produção dessas peças seja iniciado em seus novos fornecedores”.

Na segunda-feira, 22, no entanto, a Keiper divulgou comunicado dizendo que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo suspendeu a ordem judicial para a Volkswagen tirar as ferramentas da Keiper. “Essa sentença obrigou a VW a suspender todas as ações para retirada das ferramentas que são objeto de discussão na Justiça.”

Demissões por telegrama geram novo protesto na Mercedes-Benz

Trabalhadores da Mercedes-Benz realizaram na sexta-feira, 19,o terceiro dia consecutivo de protesto conta a intenção da Mercedes-Benz de reduzir seu quadro de mão de obra, desta vez queimando os telegramas que estão recebendo desde segunda-feira, 15, com os avisos de demissões enviados pela montadora. O ato foi realizado pela manhã na portaria principal da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A empresa não confirma o número de telegramas despachados, mas reforça sua posição de que tem um excedente de 1 870 funcionários.

A fórmula adotada pela Mercedes-Benz para comunicar as necessárias demissões causou revolta entre os trabalhadores: “A queima dos telegramas é para a direção da empresa ver o destino que vamos dar aos avisos que mandou de maneira indigna aos trabalhadores. Não tem validade e não aceitaremos tamanho desrespeito”, afirmou o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre.

A Mercedes-Benz, por sua vez, emitiu nota no início da tarde de sexta-feira, 19, reafirmando a necessidade de reduzir o número de funcionários: “A Mercedes-Benz do Brasil tem informado, constantemente, aos seus colaboradores sobre a gravidade da situação pela qual tem passado nos últimos anos, em razão da forte queda de vendas. Em função disso, é necessário entender que esse cenário extremamente negativo vai afetar a todos os colaboradores”.

Segundo a nota da montadora, a retração do mercado gerou redução das suas receitas e assim é inevitável reduzir os custos de operação e administração na fábrica de São Bernardo do Campo:

“Se não conseguirmos efetivar essa redução, vamos comprometer os investimentos planejados para o futuro da companhia. Durante esses últimos anos, a Mercedes-Benz do Brasil, consciente de sua responsabilidade social, esgotou todas as possibilidades viáveis para manter o nível de emprego, conforme amplamente divulgado. A empresa continuará aberta ao diálogo com o Sindicato para, juntos, chegarmos à melhor alternativa e que nos permita fazer os ajustes necessários”.

Confirmando tal disposição ainda ontem a tarde houve reunião de representantes do Sindicato dos Metalúrgicos com a direção da empresa e já está programada nova assembléia em frente a fábrica na próxima segunda-feira, às 10h.

Há três dias consecutivos os metalúrgicos da Mercedes-Benz têm realizado atos de manifestação para tentar reverter a decisão da empresa de dispensar quase 2 mil funcionários. Na quarta-feira, 17, mais de 7 mil metalúrgicos caminharam da sede do Sindicato até a Praça da Matriz, no centro de São Bernardo. No dia seguinte, os trabalhadores fizeram passeata pelas ruas no entorno da fábrica até a via Anchieta. No ato da sexta-feira, 19, o secretário-geral da CUT definiu as demissões por telegrama como um ato de violência contra a classe trabalhadora: “Todo problema tem sua solução e é preciso ter vontade para encontrar caminhos de maneira negociada”.

Focus 2017 estreia SYNC3 no Brasil

Os tempos definitivamente são outros para a indústria automobilística. Os tradicionais lançamentos de produto à imprensa especializada envolvem cada vez menos informações sobre motor, desempenho, design, comportamento dinâmico do veículo, além outros aspectos técnicos, e, por outro lado, cada vez mais novidades nos campos da tecnologia da informação, mobilidade, conectividade e autonomia.

A Ford apresentou na sexta-feira, 19, a linha 2017 do Focus para o mercado brasileiro e, somente depois de longa e detalhada explanação do sistema SYNC 3 , a terceira geração da plataforma de conectividade e entretenimento, tratou de abordar outras novidades do automóvel em suas versões hatch e fastback.

Não por algum descuido ou mesmo desprestígio do carro. A montadora, cujo presidente mundial Mark Fields acaba de assegurar que em 2021 estará produzindo em escala comercial carros autônomos, vem sistematicamente enfatizando que pretende, sim, ser líder mundial em recursos e tecnologias para a mobilidade que garantirão sua própria continuidade como fabricante de veículos e, sobretudo, muito além disso. Não por outro motivo tem estabelecido parcerias e participações em start-ups e investido pesado em seu centro de pesquisa no Vale do Silício, na Califórnia.

O SYNC, já presente em cerca de 15 milhões de veículos da Ford todo o mundo, dá acesso a smartphones pelas interfaces Apple Car Play ou Android Auto, a aplicativos e outras funções. A primeira geração foi lançada em 2007 nos Estados Unidos e chegou ao Brasil um ano depois. Hoje está incorporada em toda a linha da marca aqui, do compacto Ka à picape Ranger, incluindo os modelos importados.

Esta terceira geração que chega aqui inicialmente com o Focus, estará em toda a gama de veículos da montadora ao redor do mundo até o fim do ano que vem, assegura Maurício Greco, gerente geral de marketing. É mais intuitiva e conta com diversas novas facilidades, além de grafismo renovado e tela de 8 polegadas que a aproxima em muito de um smartphone – a exemplo desses celulares, é possível ampliar a imagem no SYNC3 apenas com o movimento de pinça dos dedos.

Os recursos, na verdade, são muitos. Há 840 comandos de voz e, além disso, o usuário pode alterar qualquer função apenas aproximando o dedo da tela, sem tocá-la – o calor dos dedos trata de acionar o dispositivo. O sistema sai de fábrica com sete aplicativos e sua atualização pode ser feita por cartão USB ou mesmo por wi-fi na rede de concessionárias.

“O SYNC 3 é uma das portas de entrada do plano Ford Smart Mobility, que prevê uma série de ações da empresa no mundo voltadas para a mobilidade, e cria um novo patamar de tecnologia em sistemas de conectividade”, diz Rogelio Golfarb, vice-presidente de Estratégia, Comunicação e Relações Governamentais da Ford América do Sul. “Hoje a Ford não é somente uma fabricante de veículos, mas também uma empresa que cria soluções para melhorar a vida das pessoas ao volante de nossos veículos.”

A nova plataforma de conectividade estará disponível inicialmente nas versões Titanium e SE, topo de gama do Focus, dentro do pacote Plus. É, de fato, a maior novidade de toda a linha.

O Focus Hatch 2017 SE tem versões com motor flex 1.6 Sigma Flex de 135 cv e transmissão manual de cinco velocidades, ou 2.0 Direct Flex de 178 cv com transmissão sequencial de seis velocidades e paddle shift. O pacote de opcionais Plus adiciona o SYNC 3, câmera de ré e seis airbags, além de rodas de liga leve de 17 polegadas, ar-condicionado automático, bancos de couro, sensor de estacionamento traseiro, piloto automático e limitador de velocidade.

A versão Titanium, disponível somente com motor 2.0 e transmissão automática, acrescenta teto solar, acabamento e rodas de liga leve de 17 polegadas, acesso inteligente e partida sem chave Ford Power. O pacote de opcionais Plus inclui ainda assistente de frenagem autônomo, faróis bixênon adaptativos, sistema de estacionamento automático de segunda geração, sensor de estacionamento dianteiro, espelhos com rebatimento elétrico e banco do motorista com ajuste elétrico em seis posições.

O Focus Fastback oferece os mesmos equipamentos nas versões SE e Titanium, exclusivamente com motor 2.0 e transmissão automática.

O reforço de um sistema de conectividade de última geração vem a calhar para o Focus no Brasil. As versões hatch e sedã seguem ainda longe dos ponteiros de seus respectivos segmentos. Segundo a Fenabrave, de janeiro a julho foram emplacadas pouco mais de 4 mil unidades do hatch – terceiro lugar 17,9% de participação entre os hatches médios – e apenas 2,7 mil do fastback, tímidos 3,4% de participação em um segmento liderado pelo Toyota Corolla com quase 47% e 37,8 mil unidades emplacadas em sete meses.

Driblar a crise e se preparar para a retomada

O Brasil atravessa uma recessão que caminha para se tornar, provavelmente, a pior já registrada em sua história. Este cenário está impactando de maneira contundente todos os setores e, no caso da indústria, tem achatado o Produto Interno Bruto (PIB). Isto é resultado de um declínio gradual, cuja origem é a baixa competitividade e o aumento constante de custos de produção. Enquanto as condições não se tornam mais favoráveis para revigorar o setor, a lógica da evolução parece fazer cada vez mais sentido: não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.

Diante deste panorama é importante que as empresas e seus profissionais estejam com os pés no presente, mas com os olhos no futuro. Com a crise, crie. Melhorando, buscando novas oportunidades, reinventando-se e tomando as duras, porém necessárias, medidas para garantir a sua sobrevivência hoje, mas mantendo em seu radar as melhores práticas, as tendências e as novas tecnologias que poderão contribuir para uma maior competitividade quando o País voltar a crescer. E vai voltar.

Na manufatura, a despeito da crise, não se pode perder o foco. Com a retomada da economia, voltaremos ao tema da competitividade, e neste quesito o Brasil continua a perder espaço. Em um momento em que investimentos estão cada vez mais restritos, as novas tecnologias parecem um tanto mais distantes, mas as práticas de manufatura enxuta e excelência operacional ganham destaque. Isto é positivo, pois em geral há muito a ser feito nos processos antes da introdução de novas tecnologias para que os ganhos possam ser maximizados.

Para que se atinjam resultados de classe mundial, muito além de sistemas de produção, é fundamental uma abordagem estratégica da manufatura com toda a cadeia de valor, que garanta o alinhamento e o foco de todas as áreas, transforme-se em modelo de negócios voltado à produtividade e à competitividade, e melhore o desempenho de forma sustentável. Com este nível de envolvimento, a excelência deve ser buscada de ponta a ponta, em toda a cadeia, para definição do negócio a partir do mercado, com a estruturação dos melhores processos, até o cliente final.

Alcançar a excelência não é tarefa fácil, exige dedicação e empenho, e uma combinação eficaz de liderança, cultura e ferramentas lean. E resultados muito positivos podem ser obtidos ao repensar ou introduzir novas práticas e reavaliar os processos. Busque impulsionar a performance dos negócios sob a ótica da produtividade. Uma operação eficiente, com fluxos de valor bem identificados, e um sistema de gestão eficaz podem trazer bons resultados e pavimentar o caminho para a introdução de novas tecnologias.

A era da manufatura avançada está aí – com a indústria 4.0, a internet das coisas e outras tecnologias – com soluções disponíveis que viabilizam a integração de todas as etapas da cadeia de valor, desde o desenvolvimento até o uso dos produtos, o que permitirá às empresas buscar soluções que levarão a melhores resultados em produtividade, qualidade e consequentemente redução de custos.

Uma combinação das boas práticas voltadas à excelência nas operações e das vantagens que as novas tecnologias de manufatura avançada podem oferecer, com um enfoque de estratégia do negócio, pode apresentar uma alternativa para superar os obstáculos atuais e preparar as empresas para o caminho da retomada do crescimento e da busca constante pela competitividade. Convidamos a todos os interessados em debater este cenário para o 8º Simpósio SAE Brasil de Manufatura. O encontro será realizado no dia 14 de setembro, no Hotel Intercity Premium, em Caxias do Sul.

Fernando Bortolini, gerente de saúde, segurança e meio ambiente as Empresas Randon

Reflexos devastadores

A junção de três anos seguidos de acentuada queda nas vendas domésticas com a simultânea chegada de novos players teve reflexos devastadores na vida da maior parte das montadoras de veículos.

Nos sete primeiros meses deste ano, as vendas de automóveis e veículos comerciais leves somaram 1 milhão 127 mil unidades. O volume representou queda de nada menos que 45,5% em relação as 2 milhões e 31 mil unidades comercializadas no mesmo período de 2013, o último ano antes do início da fase de queda.

Na área de caminhões, o quadro é ainda mais grave. Neste caso, os 30,2 mil veículos comercializados de janeiro a julho deste ano representaram queda de 66,2% em relação as 89,1 mil comercializadas nos sete primeiros meses de 2013.

Trata-se, em síntese, de um setor que em três anos foi literalmente reduzido pela metade em decorrência da crise que desde 2014 vem continuamente ceifando as vendas de veículos.

Os reflexos são diretos e nada agradáveis na vida de todos os elos da cadeia de produção e do comércio do setor. Trabalhadores obviamente incluídos, tal como ficou evidenciado pelas milhares de demissões cogitadas e/ou anunciadas nas últimas semanas em São Bernardo do Campo, SP, pela Volkswagen e Mercedes Benz.

No segmento específico dos automóveis e comerciais leves, como esta redução de vendas se deu ao mesmo tempo em que vários novos players estavam chegando ou, no mínimo, diversificando e ampliando sua atuação no País, os reflexos sobre a vida das quatro montadoras mais antigas e com maior participação de mercado foram particularmente significativos.

Fiat e Volkswagen, as duas empresas que ainda não haviam iniciado a renovação de sua oferta em 2014, ano no qual a curva de tendência embicou para baixo, foram as empresas mais afetadas.

Considerados estes mesmos períodos, as vendas das duas empresas caíram idênticos 61,4%. Ou seja: nos sete primeiros meses deste ano estas montadoras venderam bem menos que a metade do que haviam comercializado no mesmo período de 2013.

Em números absolutos, nos primeiros sete meses deste ano as vendas acumuladas da Fiat somaram 172,4 mil automóveis e comerciais leves. Isto representou queda de 274,6 mil unidades em relação aos 447,1 mil que haviam sido comercializadas no mesmo período de 2013.

Na Volkswagen, as vendas de janeiro a julho deste ano somaram 148,4 mil unidades. Neste caso, a queda foi de 236,5 mil veículos em relação aos 384,8 mil vendidos em 2013.

Nos dois casos, portanto, o volume que deixou de ser vendido foi maior do que aquele que foi efetivamente comercializado: 60% maior.

As outras duas montadoras que compõe este grupo – General Motors e Ford – renovaram praticamente toda sua linha de produtos em oferta ao longo dos últimos três anos. Mesmo assim, com o impacto de tantos novos entrantes, suas vendas caíram praticamente pela metade: 49% e 48,1% respectivamente, cerca de 5 pontos porcentuais acima da media setorial de queda neste segmento.

Em números absolutos, a General Motors vendeu 187,1 mil automóveis e comercias leves nos sete primeiros meses deste ano, 180 mil a menos do que as 367,1 mil comercializadas de janeiro a julho de 2013.

Na Ford, as vendas de janeiro a julho deste ano somaram 97,3 mil unidades, 90,3 mil a menos que as 187,7 mil que haviam sido comercializadas no mesmo período de 2013.

As demais montadoras apresentaram queda abaixo da média deste segmento neste período, com destaque para as japonesas Toyota e Honda e para a coreana Hyundai, todas com os mesmos 10% de redução, enquanto a francesa Renault anotou queda de 33,4% entre os sete primeiros meses de 2013 e o mesmo período deste ano.

Com performances tão diversificadas, a General Motors superou a Volkswagen e a Fiat e assumiu a liderança do setor, ao mesmo tempo em que a Hyundai e a Toyota ultrapassaram a Ford que, além de ter perdido seu tradicional lugar entre as quatro maiores, passou a ter a Renault e a Honda nos seus calcanhares.

Na área especifica dos caminhões, o cenário é diferente. Embora também tenham registrado queda superior a 60%, as três primeiras do ranking em 2013, Mercedes-Benz, MAN e Ford, conseguiram ao menos ficar ligeiramente abaixo dos 66,2% que representaram a queda média de mercado este segmento.

Na comparação do volume comercializado no mercado domésticos nos sete primeiros meses deste ano com o mesmo período de 2013, estas três empresas registraram quedas de respectivamente 62,4%, 62,3% e 61,4%.

Com isso, agravaram ainda mais a situação das outras três tradicionais, Volvo, Scania e Iveco, que, além de tudo, acabaram arcando neste período com todo o ônus representado pelos novos entrantes e, com isso, registraram, todas, queda nas vendas domésticas acima de 70%: respectivamente 70,8%, 78,4% e 75,2%.

Os números absolutos evidenciam melhor toda a dramaticidade do quadro. De janeiro a junho deste ano foram vendidos 30,1 mil caminhões, 59 mil a menos do que os 89,1 mil que haviam sido negociados no mesmo período de 2013.

Por empresa, considerados os mesmos períodos, na Mercedes-Benz as vendas caíram de 14,7 mil unidades, de 23,6 mil para 8,8 mil, na MAN 14 mil, de 22,4 mil para 8,4 mil, e na Ford, de 7,2 mil, de 11,8 mil para 4,5 mil.

Entre as demais montadoras, na Volvo as vendas caíram 8,2 mil unidades, de 11,5 mil para 3,3 mil, na Scania 9,1 mil, 11,6 mil para 2,5 mil, e na Iveco 4,9 mil, de 6,5 mil para 1,6 mil.

Ao confirmar que estes números e estes cálculos, todos feitos a partir dos boletins mensais da Fenabrave e da Anfavea, estão, infelizmente, corretos, executivo do setor não se conteve: “Estamos, todos, absolutamente pasmos”, definiu. Com toda a razão.