Fiat premia seus concessionários

Representantes dos cerca de seiscentos concessionários Fiat reuniram-se em São Paulo na semana passada para o Dealer Day, encontro onde, além de discutir e traçar estratégias para o futuro da distribuição da empresa, foi entregue o Prêmio Qualitas Excelência 2016, que reconhece as concessionárias com melhor desempenho em cada regional de vendas da marca.

“A conectividade está mudando rapidamente os hábitos do consumidor, que agora tem mais informações para escolher o momento e o produto no qual vai investir seu dinheiro”, afirmou Stefan Ketter, presidente da FCA para a América Latina, em nota. “Essa transformação, aliada a um período de baixa nas vendas por conta da crise econômica, faz com que o processo de vendas tenha de se adequar aos novos tempos. Precisamos trabalhar juntos para fazer grandes negócios neste mundo de mudanças”.

As dificuldades econômicas do País e os desafios do mercado automotivo brasileiro também foram discutidos no encontro. Para o diretor comercial da FCA Brasil, Sérgio Ferreira, o fortalecimento do relacionamento da rede com a empresa é a principal estratégia da Fiat para superar este período: “Vamos basear nossas ações em três fatores que consideramos críticos em momentos como este: comunicação, alinhamento e confiança”.

Premiados – No evento foi entregue o Qualitas Excelência, atribuído às revendas com melhor desempenho em cada regional Fiat. As pontuações envolvem quesitos como resultado de vendas, condução no relacionamento do cliente do pré ao pós-vendas e infraestrutura física, dentre outros. O acompanhamento é feito durante todo o ano por meio de relatórios operacionais e pesquisas de satisfação dos clientes, que servem de base para melhorias contínuas em toda a rede Fiat.

Confira os ganhadores:

Regional Belo Horizonte

Alpinia, de Paraiso
Revemax, de Itauna

Regional São Paulo
Ponto, de Pires do Rio
Disvep, de Registro

Regional Campinas
Alpinia, de São José do Rio Preto
Viviani, de Rio Claro
Via Marconi, de Avaré

Regional Rio De Janeiro
Squadra, do Rio de Janeiro
G4 Automotive
Valore, de Itaperuna

Regional Porto Alegre
Sul Peças, de Caxias do Sul
Marina, de Carazinho
Sul Peças, de Gramado

Regional Recife
Cambui, Vitória da Conquista
Cavepe, de Senhor do Bonfim

Regional Brasília
Umuarama, de Araguaina
Umuarama, de Redenção

Regional Curitiba
Marajó, de Londrina
Fipal, de Toledo
Via Verdi, de Campo Mourão

BMW X4 agora é nacional

O BMW Grup Brasil anunciou na segunda-feira, 29, início da produção na sua fábrica de Araquari, SC, do utilitário esportivo X4. O modelo entra em linha de montagem efetivamente na quarta-feira, 31, e será o sexto veículo da marca a entrar em produção no País, depois de Série 3, Série 1, X1, X3 e Mini Countryman.

O anúncio foi feito pelo CEO e presidente da empresa no Brasil, Helder Boavida, no escritório da marca em São Paulo. De acordo com o executivo, a produção local do veículo é projeto inserido no programa de investimento da empresa de € 256 milhões para até dezembro de 2017. “A decisão está lastreada em preservar a rentabilidade do produto. Como modelo importado, as margens estavam ficando ameaçadas.”

Para a produção nacional foi escolhida a versão xDrive28i X Line, modelo que representa 80% do mix de venda do X4 no Brasil. O carro possui motor 2.0 litros de 4 cilindros com 245 cv. Os outros 20% são vendas da versão com motor de 6 cilindros, que continua sendo trazido de fora. De acordo com o Boavida, o SUV não recebeu nenhuma alteração se comparado ao importado, inclusive no preço. A rede começa a receber as primeiras unidades nacionais ainda em setembro por R$ 299 950,00.

Com o X4 nacional, a fabricante espera emplacar 45 unidades/mês até o fim do ano, um crescimento de 50% nas vendas. O executivo justifica que a oferta do carro feita somente com importação limitava os negócios. “A demanda é maior do que nossa capacidade de atender o cliente somente com importados.”

De acordo com Boavida, a fábrica de Araquari deve produzir este ano por volta de 16 mil unidades, com o Série 3, o carro-chefe, respondendo por 34% do mix da produção ou 4,5 mil unidades anuais. A unidade possui capacidade para 32 mil veículos/ano e, atualmente, emprega setecentas pessoas. No local apenas a estamparia está de fora do processo produtivo.

O executivo lembra que tanto os veículos quanto a fábrica cumprem as exigências do Inovar-Auto, mas que o processo de aumento de localização de componentes é uma busca cotidiana. Chicote, bancos, o desenvolvimento do motor flex e partes de carroceria já são exemplos de conteúdos de fornecimento local. “Importante destacar, porém, que a missão é produzir e vender o mesmo tipo de produto tanto aqui quanto em qualquer parte do mundo. Foi isso que nos proporcionou a oportunidade de exportar X1 para os Estados Unidos.”

O presidente do BMW Group Brasil estima mercado de automóveis em 2015 abaixo de 2 milhões de unidades, com o segmento premium somando 47 mil unidades. Ano passado, o segmento de luxo encerrou com 58 mil unidades. Para Boavida, a BMW deve ter desempenho igual ao do mercado. Pelas suas contas, a marca até julho participou com 26,4%, atrás da Audi e da Mercedes-Benz. Ano passado encerrou com 26,6%. “Se chegarmos à liderança ótimo, mas nossa prioridade é ter clientes satisfeitos e resultados rentáveis.”

Peugeot tem novo diretor de marketing

A Peugeot tem novo diretor de marketing no Brasil. É o francês Antoine Gaston-Breton, que chega à filial brasileira após atuar em diferentes mercados, dentre os quais China, Rússia, África e Oriente Médio, acumulando 17 anos de atividades profissionais na marca. Ele substitui Frederico Bataglia, que deixou o cargo em julho para assumir a diretorial comercial da marca no País.

“Tenho grande admiração pelo Brasil e vejo este momento de transformação de maneira positiva. Por isso assumo o desafio com muito entusiasmo”, comentou Gastón-Breton por ocasião da divulgação do seu novo cargo na segunda-feira, 29.

A Peugeot ocupa hoje a 11ª colocação no ranking nacional por marca, tendo emplacado no acumulado de janeiro a julho pouco mais de 15 mil veículos. Seu carro-chefe é o modelo 208, com 6,1 mil licenciamentos no período. Ao assumir o cargo, o novo diretor comercial disse ainda que a Peugeot conta hoje com uma gama de produtos nova e completa, elemento fundamental para a marca crescer e se consolidar no mercado nacional: “Estou feliz por integrar a equipe brasileira e fazer parte desta historia”.Graduado em 1998 em vendas e estratégia de marketing pela Essec, Escola Superior de Ciências Econômicas e Comerciais, na França, Gaston-Breton iniciou carreira na Gilbeys of Ireland, na Irlanda, onde atuou na gestão de animações promocionais e pré-teste de lançamento de novos produtos.

Em abril de 1999 ingressou na filial Argentina da marca Peugeot, executando a função de chefe de produto até o ano de 2002 – nesse período, o modelo 206 assumiu a liderança do segmento com mais de 30% de participação de mercado. De 2003 a 2005, na França, norteou a definição da ferramenta do CRM da marca, atuando diretamente no desenvolvimento das relações com o cliente. Na sequência assumiu as operações da zona de importadores da América Latina.

A partir de 2011, o executivo trabalhou na definição da estratégia de imagem de marca e passou a coordenar diversos projetos de marketing e publicidade com as filias da China, Rússia e América Latina, zonas prioritárias de desenvolvimento para a Peugeot no período. Em 2013 assumiu, ainda na França, a direção de marketing para os mercados da África e Oriente Médio, com atuação ativa na ofensiva digital.

Inadimplência do setor chega a 4,6% em julho

Os atrasos nos pagamentos de financiamentos de veículos por pessoas físicas chegou a 4,6% em julho, segundo dados divulgados pelo Banco Central do Brasil. Embora estável com relação a junho, o índice é o segundo maior registrado nos últimos dezoito meses, inferior apenas ao apurado em maio, 4,7%.

Do fim de dezembro até julho a inadimplência do setor avançou 0,4 ponto porcentual – estava em 4,2% no fim do ano passado. Na comparação com julho do ano passado o avanço foi ainda superior: saltou dos 3,9% para os atuais 4,6%.

O comportamento dos consumidores para o pagamento de financiamentos não é muito diferente ao registrado no sistema bancário em geral. A inadimplência das pessoas físicas, calculados aí os atrasos superiores a noventa dias, chegou a 6,2% em julho – durante o ano a taxa pouco oscilou, variando apenas de 6,2% a 6,3%. Em julho do ano passado, porém, ficou em 5,4%, quase 1 ponto porcentual abaixo do índice registrado no mês passado.

Segundo afirmou à Agência Brasil o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, a taxa tem demonstrado comportamento estável durante o ano por causa dos critérios mais rigorosos dos bancos e financeiras, que apertaram a concessão de crédito nos últimos meses justamente para evitar aumento na inadimplência.

Zarlenga substitui Chamorro na GM

A General Motoros do Brasil terá novo presidente a partir de 1o de setembro: o argentino Carlos Zarlenga ocupará a cadeira do colombiano Santiago Chamorro, promovido a novas funções na sede da companhia, em Detroit, Estados Unidos.

Atual CFO da GM América do Sul, Zarlenga passou por diversos cargos dentro da montadora, em diferentes operações ao redor do mundo: foi vice-presidente e CFO na GM Coréia do Sul, diretor de administração da GM Uzbequistão e presidiu a GM Argentina, Uruguai e Paraguai. Antes de entrar na montadora fez carreira na General Electric, onde chegou a ser CFO da divisão Consumer and Industrial para a Europa, Oriente Médio e África.

Aos 42 anos, o executivo assume a operação brasileira com o objetivo de consolidar e expandir a liderança da Chevrolet no mercado nacional – e acumulará as funções de CFO para a América do Sul até o anúncio de seu sucessor.

“A chegada do Carlos Zarlenga garante a continuidade do nosso plano de negócios com o objetivo de dar sequência à segunda metade do maior plano de investimentos da história da companhia no Brasil, R$ 13 bilhões até 2019”, afirmou Barry Engle, presidente da GM América do Sul, em nota. “Recentemente, a Chevrolet se tornou a marca líder em vendas, com a melhor e mais inovadora linha de produtos e foco no consumidor. Certamente vamos continuar a surpreender nossos clientes com o Zarlenga”.

Já Chamorro passará a responder diretamente para a CEO da GM, Mary Barra. O executivo de 46 anos será vice-presidente de Global Connected Costumer Experience em Detroit – uma área voltada para a conectividade e mobilidade urbana, dois temas-chave para a indústria no futuro.

Tempos de expectativa na Mercedes-Benz

Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil e na América Latina, está confiante de que a meta de alcançar 1,4 mil candidatos ao PDV anunciado semana passada, resultado de acordo com o sindicato local, seja cumprida. A janela que permite a adesão ao programa termina na quinta-feira, 31. “Vai dar certo. Já fizemos tudo de podia ser feito e, agora, estamos oferecendo um bom acordo. Não quero nem pensar em outra opção senão atingir nosso objetivo.”

Na quarta-feira passada, 24, fabricante e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC chegaram a um consenso para evitar as demissões com o objetivo de reduzir o excedente de mais de 2,5 mil pessoas na unidade. A empresa e a entidade de classe concordaram em mais uma oportunidade de desligamento voluntário, mas desta vez a empresa oferece valor fixo de R$ 100 mil, independentemente do tempo de casa e da idade do colaborador.

Nas negociações também, a empresa garante estabilidade ao funcionário que fica até 31 de dezembro de 2017 e não repõe a inflação de 2016 nos salários do próximo ano, além de adotar ações para administrar o excedente de pessoal que ainda permanecerá na fábrica.

No caso de realmente a empresa não atingir o objetivo proposto, alternativa que Schiemer descarta, novas negociações terão de ser retomadas. De acordo com a Mercedes-Benz, existe uma ociosidade muito grande, acima de 50%, que tem comprometido a sua operação no País. Em ocasião recente, a empresa divulgou comunicado dizendo que se a redução do pessoal não ocorrer, “vamos comprometer os investimentos planejados para o futuro da Companhia.”

Atualmente, a Mercedes-Benz encaminha investimento de R$ 730 milhões destinados a produtos e melhorias nas fábricas, tanto de São Bernardo do Campo, SP, quando de Juiz de Fora, MG.

O novo acordo com o sindicato foi precedido depois de diversas manifestações logo depois de a empresa conceder licença remunerada a todos os funcionários da fábrica, na segunda-feira, 15. A medida, ao mesmo tempo, coincidiu com o envio de dispensas a alguns funcionários a partir de setembro, prazo do fim da estabilidade de emprego originada pelo PPE, com o qual a empresa aderiu, mas não renovou.

Michelin compra Levorin

O Grupo Michelin anunciou na sexta-feira, 26, assinatura de contrato referente à compra de 100% das sociedades do Grupo Levorin, fabricante brasileira de pneus para o segmento de duas rodas. O valor envolvido não foi divulgado pela companhia.

Segundo a Michelin, o negócio tem como objetivos consolidar sua presença no País e reforçar o desenvolvimento mundial de sua linha de pneus destinados aos segmentos de motocicletas e bicicletas. “Visa particularmente reforçar seu posicionamento no segmento utilitário, mercado importante e em forte crescimento, e completar a atual oferta de pneus da Michelin, orientada, até então, ao mercado de motocicletas esportivas e/ou de alta cilindrada”, disse em comunicado a fabricante. Destaca ainda que a “aquisição permitirá dispor dos recursos necessários para assegurar seu crescimento e perenidades.”

Fundada em 1943, a Levorin é 100% brasileira e produz em torno de 20 milhões de pneus por ano. Possui duas unidades produtivas, uma em Guarulhos, SP, com 65 mil m², e outra em Manaus, AM, com 252 mil m², nas quais soma 2 mil funcionários. Em 2007 foi homologada para produzir pneus de motocicletas com a marca Michelin e, em 2009, para fornecimento para a Honda.

De acordo com dados os mais recentes dados da Anip, Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, no primeiro semestre do ano as vendas de pneus no segmento de duas rodas recuaram 35,3%, de 1,3 milhão de unidades registrados no ano passado, para 844,9 mil unidades.

A formalização da compra da Levorin pela Michelin somente será efetivada após aprovação do CADE, Conselho Administrativo de Defesa Econômica.

Sinais de recuperação no setor de autopeças

Apesar de registrar decréscimo de 4,95% no faturamento líquido nominal no comparativo do primeiro semestre deste ano com igual período de 2015, a indústria de autopeças começa a mostrar sinais de recuperação em seus negócios internos. O setor registrou em junho receita 15% superior à de maio, mesmo índice de crescimento em relação a idêntico mês do ano passado.

O Relatório da Pesquisa Conjuntural do Sindipeças aponta que a reação no comparativo mensal se dá tanto nos negócios OEM como no aftermarket. As vendas para as montadoras cresceram 20,8% em junho com relação a maio e 26,5% sobre junho de 2015. No mercado de reposição os negócios se mantiveram praticamente estáveis em relação ao mesmo mês do ano passado, mas cresceram 8,67% em junho comparativamente a maio.

No acumulado do primeiro semestre apenas reposição e negócios intrassetorias indicam resultados favoráveis. As vendas no aftermaket expandiram-se em 2,75% em relação ao período janeiro-julho de 2015 e as intrassestoriais cresceram 9,2%. Já as vendas para s montadoras, no mesmo período, decresceram 10,63%.

De acordo com o Sindipeças, as exportações no semestre cresceram 2,81% em reais, mas quando convertidas em dólares registram decréscimo de 17,3%. Já no comparativo de junho com relação a maio a reação foi significativa: a receita com as vendas externas saltaram 21% em dólar.

O aumento dos negócios em junho sobre o mês anterior contribui para elevar a participação dos OEM no faturamento das autopeças. O índice chegou a 60,9%, o maior dos últimos doze meses registrados no levantamento do Sindipeças, divulgado na quarta-feira, 25. O mercado de reposição respondeu por 18,5% e as exportações por outros 17,4%. O restante envolve negócios intrassetoriais.

O índice de ociosidade no setor caiu um pouco em junho comparativamente a maio – de 51,6% para 50,4% – mas no balanço do semestre houve alta de 14,68% em relação ao mesmo período do ano passado. O emprego no setor reduziu-se em 15,91% no semestre.

No que diz respeito à balança comercial do setor de autopeças, elaborada com os dados do MDIC, ela ainda segue com déficit, mas a diferença entre exportações e importações também está em queda. Nos primeiros seis meses do ano o déficit ficou em US$ 2,75 bilhões, 30% abaixo do registrado no mesmo período de 2015 – US$ 3,87 bilhões.

As exportações este ano atingiram US$ 3,77 bilhões para 172 países, enquanto as importações, vindas de 154 países, ficaram em US$ 6,51 bilhões.

Peugeot cresce em ambiente de queda

Nem tudo é desolador em cenário no qual as vendas de automóveis experimentam queda de 24,6% no acumulado do ano até julho, com 951,9 unidades, de acordo com os números da Anfavea. A Peugeot se sobressai com tinta azul num universo pintado de vermelho. Ao isolar seu desempenho na categoria de automóveis, de janeiro a julho a marca licenciou 14,5 mil unidades, alta de 1,2% sobre o mesmo período do ano passado.

Os mais críticos podem até argumentar que os volumes de venda empresa estão mais para atender nichos do que propriamente a massa ou que a expansão não se mostra assim tão vigorosa. Mas se o desempenho ora apresentado for confrontado com aquele registrado no acumulado dos sete primeiros meses de 2015, olhares mais ácidos não terão outra opção senão enxergar uma trajetória vitoriosa.

De janeiro a julho do ano passado, a Peugeot acumulava uma expressiva queda de 39,2%, registrando o mesmo patamar de vendas verificado neste ano, com 14,3 mil automóveis.

Em julho passado, ao divulgar o balanço de vendas do primeiro semestre, a PSA atribuía seu crescimento de 16,4% na América Latina, para 88,8 mil veículos negociados, em virtude da introdução de novos produtos, especialmente do utilitário esportivo compacto 2008 e do hatch 208.

O primeiro deles, lançando ainda em abril do ano passado, marcou a estreia da Peugeot no segmento de SUVs e tratava de iniciar uma nova fase da marca, na qual ambicionava brigar por participação em categoria superior. O segundo, mais lançamento mais recentemente, em abril passado, além de ganhar cara nova e sofisticação, trouxe também motor inédito: o PureTech 1.2 de três cilindros com argumento de ser 32% mais econômico.

Diante dos números, a justificativa da PSA parece ser um fato incontestável. A Citroën, por exemplo, está longe de contar o mesmo desempenho da irmã Peugeot. De janeiro a julho de 2016, a marca vendeu 13,9 mil automóveis, queda de 22,4% sobre o mesmo período de 2015. O resultado ainda não serve de consolo para apagar a queda de 45,1% que registrava nos mesmos sete primeiros meses do ano passado frente a 2014, com pouco mais de 18 mil unidades vendidas.

Ao contrário da Peugeot, a Citroën não introduziu automóvel inteiramente novo no período. É verdade que realizou atualização no Aircross. Mas boa dose de esperança para a marca avançar fica com o C3, que em junho incorporou o mesmo motor PureTech 1.2 Flex às sua gama.

Duro e difícil ajuste da estrutura

Os embates iniciais e, na sequência, os pouco usuais termos dos acordos firmados este mês entre Volkswagen e Mercedes-Benz com seus trabalhadores tornaram exposta a fratura: depois de três anos seguidos de queda e da consequente redução quase que pela metade das vendas de veículos não há mais espaço para continuar adiando o ajuste da estrutura das empresas do setor ao novo e bem menor patamar do mercado.

Nos dois casos os acordos tiveram como ponto de partida a ameaça de milhares de demissões e greves. Na reta final, porém, acabaram carregados de condicionantes e envolveram concessões de peso de ambas as partes.

As montadoras, de seu lado, entre outros pontos, suspenderam as demissões e elevaram a padrões inéditos o valor do incentivo financeiro para quem aderisse ao PDV: vinte salários na Volkswagen e R$ 100 mil fixos na Mercedes-Benz. E os empregados, por sua vez, concordaram em transformar em abono o dissídio do próximo ano, o que numa época de inflação ainda elevada, como a atual, representa razoável redução real e permanente do valor do salário no futuro.

Pode até parecer incoerente que esta nova fase de ajustes aconteça no momento em que os principais executivos do setor começam a identificar sinais de estabilidade e a projetar o início de retomada para o fim deste ano, começo do próximo.

A incoerência é, contudo, apenas aparente. As demissões agora cogitadas por Volkswagen e Mercedes-Benz fazem parte, na verdade, do acerto que era para ter acontecido em meados de 2015 e que só acabou postergado com a ajuda do então recém-aprovado PPE, Programa de Proteção ao Emprego, de férias coletivas, lay-off, PDVs e outras tantas medidas semelhantes.

No começo do segundo semestre do ano passado, vale lembrar, quando empregados e empregadores sentaram-se à mesa de negociação, as duas partes davam como certo que o fundo do poço já havia sido alcançado e que, com a então ainda recente mudança do ministro da Fazenda e da política econômica, o início da retomada das vendas e da produção era questão de pouco tempo.

No entanto, ao contrário do que todos projetavam, 2016 não foi, infelizmente, o ano da retomada. Bem ao contrário: com a indefinição agora transferida para a área política, nova queda de vendas foi registrada. E mais uma vez na faixa de 20% a 25%.

Com isso, o volume comercializado pelo setor acabou cortado praticamente ao meio com relação a 2013, o último ano antes da inversão para baixo da curva de tendência. Com algumas importantes empresas – Volkswagen e Mercedes-Benz entre elas –, registrando quedas ainda maiores neste período. De 60% a 70%.

Os PPEs foram fechados, em sua maioria, no início do segundo semestre do ano passado, com prazo de vigência de seis meses e mais seis meses de estabilidade no emprego. E agora, passados doze meses e ainda sem a projetada retomada, empregados e empregadores tiveram de abrir nova temporada de negociações.

Duas substanciais diferenças, todavia, tornaram as posturas das partes mais duras e qualquer acordo bem mais difícil: a queda acumulada de vendas a ser compensada dobrou em relação ao ano passado e, sobretudo, depois da frustação deste ano, ninguém mais se atreve, agora, a colocar novamente todas as fichas na hipótese de que o pior já passou.

Vale destacar, de qualquer forma, que embora provoquem compreensível repercussão, os casos da Volkswagen e Mercedes-Benz representam apenas pequena gota no substancial ajuste de estrutura que o setor automotivo já fez e continua fazendo, ainda que de forma gradativa e sem muito alarde.

Movimento este, aliás, que tem o duplo objetivo de ajuste do efetivo de pessoal ao novo patamar de vendas e, simultaneamente, sua adequação aos avanços de produtividade decorrentes dos investimentos nos últimos anos na modernização das fábricas, agora bem mais automatizadas.

Montadoras e fabricantes de autopeças empregam, hoje, segundo dados da Anfavea e do Sindipeças, cerca de 283 mil funcionários – 93,6 mil a menos que os 376,9 mil que trabalhavam nas industrias do setor em 2013, o último ano do ciclo de bonança.

Em termos concretos, o efetivo da parte industrial deste setor já foi, assim, reduzido, neste período, em 24,8%. Ou seja: um em cada quatro funcionários já perdeu o emprego nas fábricas de veículos e de máquinas agrícolas ou de seus componentes.

E há, ainda, o elo da comercialização. Neste caso, segundo a Fenabrave, 32 mil funcionários foram demitidos no ano passado e outros 16 mil deverão perder o emprego neste ano. Quase 50 mil desempregados a mais, neste caso com as revendas de máquinas agrícolas e de motocicletas incluídas na conta.

Não é à toa, assim, que, nas últimas semanas ministros que participaram do Congresso da Fenabrave ou visitaram o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC declararam que o governo está preocupado e buscando algum tipo de ajuda para o setor. Seja para tornar o PPE mais atraente para as empresas, seja para ativar a demanda via programa de renovação da frota.

A questão é que, de concreto, há bem pouco, desta vez, o que o governo possa fazer para ativar as vendas do setor no curto prazo. O atual esfriamento dos mercados de automóveis, caminhões e ônibus se deve, no fundamental, à falta de confiança dos consumidores e dos empresários com relação ao futuro. E confiança não se consegue por decreto. Tem de ser conquistada.