Grupo Volkswagen pode anunciar acordo com a Navistar

As muitas especulações que vinham cercando, há alguns anos, a divisão de veículos comerciais do Grupo Volkswagen e a Navistar International podem ter um fim amanhã. Fontes do setor afirmaram a agências internacionais de notícias que as empresas anunciarão na terça-feira, 6, acordo que garante ao complexo alemão 19,9% de participação na Navistar.

Procuradas por organismos de comunição na Europa e Estados Unidos, as duas empresas não quiseram confirmar a transação que, segundo as fontes, envolverá ainda o pagamento de US$ 16 por ação da Navistar – cerca de € 200 milhões – além de fornecimento de motores da Volkswagen para a empresa norte-americana.

O compartilhamento dos altos custos de desenvolvimento das próximas gerações de motores que deverão atender legislações de emissões ainda mais rigorosas seria uma das razões para vários acordos do gênero fechados nos últimos anos, afirmam analistas do setor.

A própria Navistar já estaria à procura de parceiros globais desde o começo da década. Já em 2012, durante o Salão de Hannover, a principal mostra mundial do setor de veículos comerciais, o Grupo Volkswagen tratava de negar uma cogitada compra da Navistar.

No caso específico da divisão de veículos comerciais da Volkswagen, porém, a Navistar representa ainda outra grande vantagem, já que servirá como porta de entrada do grupo na América do Norte, onde já tem ampla estrutura de distribuidores.

A Daimler Trucks, outra gigante mundial do segmento de veículos comerciais e principal concorrente para as pretensões globais do conglomerado da VW, já está bem representada na região, com marcas como Freightliner, Western Star e Thomas Built Buses.

A Navistar atua no Brasil por meio da MWM Motores e da International Caminhões. A produção desses veículos em Canoas, RS, contudo, foi paralisada no fim do ano passado. A empresa afirmou à época que a medida era temporária e que a retomada das atividades dependeria da recuperção do mercado interno.

A operação da International em Canoas, onde dividia a estrutura com a produção dos motores MWM, começou em junho de 2013, após quinze anos de produção dos modelos na fábrica da Agrale, em Caxias do Sul, RS.

Se o acordo global a ser anunciado na terça-feira envolver, de fato, o fornecimento de motores Volkswagen para a Navistar, haverá uma curiosa inversão com relação ao que ocorre no Brasil. Aqui é a MWM quem fornece motores para os caminhões da Volkswagen e até produz motores MAN em linha dedicada e exclusiva na fábrica de Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo.

Ford suspende produção de novos compactos na Índia

A Ford suspendeu planos de produzir uma nova família de carros compactos desenvolvidos especialmente para mercado emergentes como Índia e China. De acordo com fontes ligadas à indústria em reportagem à agência de notícias Reuters, a decisão tem haver com as vendas decepcionantes para esse tipo de modelo nos mercados que mais crescem.

Índia e China eram os países esperados para serem os principais centros de manufatura para a nova gama B500, programada para iniciar a produção em 2018, o que incluiria também um sedã premium, um hatch e um SUV. A montadora também planejava a produção de seus novos modelos no Brasil, Rússia e Tailândia, segundo uma das fontes disse à Reuters.

A decisão da Ford, comunicada a seus fornecedores em julho, segue o movimento semelhante ao da General Motors que adiou lançamento de uma nova família de veículos compactos.

Segundo as fontes da Reuters, a Ford agora planeja atualizar o EcoSport, o Figo e o Figo Aspire (como são chamados naquele mercado o Ka e o Ka+), na Índia, em 2020-2021.

O programa B500 é um dos mais ambiciosos da montadora, mas foi para o gelo devido encolhimento da demanda de modelos compactos tanto na Índia quanto na China, locais onde os SUVs têm se revelado cada vez mais popular. Também o alto custo de atualização das fábricas para a produção novos carros foi levando em consideração, segundo as fontes que não quiseram se identificar.

De acordo com a Reuters, a Ford se recusou a comentar o assunto, mas em nota disse que “ a empresa avalia constantemente oportunidades para melhor atender às necessidades dos consumidores e não comenta especulações a respeito de programa de produtos futuros.”

A Ford investiu mais de US$ 2 bilhões na Índia e tem planos de gastar mais para criar um centro de engenharia global na cidade de Chennai para melhor ajustar os produtos ao mercado local e mais rapidamente se adaptar às novas tendências de consumo. A montadora também está aumentando suas exportações a partir da Índia, inclusive para a Europa, para melhor utilizar a capacidade de suas duas fábricas locais.

Vendas nos Estados Unidos caem pelo terceiro mês seguido

As vendas de carros nos Estados Unidos registraram em agosto a terceira queda consecutiva, comparado com igual mês de 2015. Segundo informações da publicação local Automotive News, houve recuo de 3,5% no consumo de veículos, para 1,51 milhão de unidades – em agosto de 2015 os americanos adquiriram 1,56 milhão de veículos.

Ford e Nissan registraram forte queda no mês passado, de 9,4% e 6,9%, respectivamente, enquanto General Motors e Toyota apresentaram recuo pelo sexto mês consecutivo. No caminho oposto, a FCA viu suas vendas crescerem em agosto, embalada pelo bom desempenho da marca Jeep no mercado dos Estados Unidos.

De toda forma o saldo acumulado do ano ainda é positivo: 11,7 milhões de veículos de passeio comercializados, 0,5% acima do volume dos primeiros oito meses de 2015. O índice anualizado, que em julho bateu em 17,8 milhões de veículos, caiu para 17 milhões no mês passado. “Depois de um forte índice anualizado em julho, a indústria deu um pequeno passo para trás em agosto”, disse Bill Fay, gerente geral da Toyota ao Automotive News.

Os analistas se dividem quanto a possibilidade de recorde de vendas em 2016 – em 2015 o mercado local chegou a 17,5 milhões de veículos. No ano passado, por exemplo, o índice anualizado chegou a superar as 18 milhões de unidades em setembro, outubro e novembro, mas caiu no último mês do ano.

“Pode até não ser um recorde, mas qualquer resultado superior a 15 milhões é bom”, disse John Mendel, principal executivo de vendas da Honda. “Estou otimista com o resto do ano”.

De toda forma, a tendência, segundo alguns executivos, é de que o mercado deverá se acomodar a níveis mais baixos nos próximos meses. “Olhando para a frente [para os próximos anos] continuamos a ver as vendas da indústria fortes, mas a um nível inferior ao deste ano”, disse Mark LaNeve, principal executivo de marketing, vendas e serviços da Ford.

Vida no trânsito: uma questão multidisciplinar.

Todo dia de manhã levo minhas filhas à escola. Dia desses, em menos de cinco minutos presenciei três barbaridades no trânsito. Primeiro uma criança aparentando menos de 10 anos sentada no banco da frente do carro sem cinto de segurança afivelado.

Em geral a justificativa dos pais para dispensar a segurança é a de que moram muito perto do colégio, porém não escolhemos o momento em que seremos envolvidos em um acidente. E é sabido que muitas das colisões ocorrem próximo à residência das vítimas.

Logo em seguida fui ultrapassado pela contramão por um motoqueiro, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Mais à frente quando cheguei ao cruzamento lá estava ele caído no chão ao lado da moto. Teve sorte de não ser atropelado. Como não fosse suficiente, na estrada um pedestre caminhava na pista de rolagem apesar de existência de espaço exclusivo destinado para isso.

Outro dia, nessa mesma estrada, parei para uma pessoa atravessar na faixa de pedestre. A motorista do veículo que vinha atrás começou a buzinar muito e passou berrando “aqui não é lugar de parar não! Aqui não é Estados Unidos”. Realmente aqui não é os Estados Unidos e nunca será enquanto tivermos motoristas despreparados, descontrolados e desinformados.

Você sabe quantas pessoas ficam feridas e morrem por ano em acidentes de trânsito no Brasil? Fica chocado quando ocorre um acidente aéreo e morrem mais de cem pessoas? Pois saiba que nas estradas do nosso País temos o equivalente a um grave acidente aéreo ou uma tragédia da boate Kiss por dia. Isso mesmo! Morrem mais de 50 mil pessoas por ano, ou quase duzentas pessoas por dia.

Precisamos agir mais rápido diante de tanta violência. Sabemos que acidentes podem ocorrer por diversas razões, de problemas no veículo, falta de infraestrutura viária, condições climáticas adversas até o comportamento do motorista. Sim, a vida no trânsito depende de ações multidisciplinares.

No tocante à segurança veicular, seja por força da legislação brasileira, da concorrência cada vez mais forte em todos os segmentos da indústria automobilística, ou até mesmo de avaliações regulares feitas por organismos como a Latin NCAP, a evolução tem sido constante.

Nos últimos anos os veículos produzidos no País agregaram segurança, que alcançou com mais intensidade os carros mais luxuosos, que já oferecem recursos tecnológicos como o ESP, controle eletrônico de estabilidade, que evita que o veículo perca o controle em situações de risco. As melhorias não se restringem apenas à eletrônica, mas também à parte estrutural dos veículos com carrocerias que oferecem mais proteção ao ocupante.

No que diz respeito à infraestrutura viária é possível afirmar que há estradas em boas condições no Brasil, mas ainda há um longo caminho a percorrer para um sistema eficiente. Segundo a pesquisa CNT de Rodovias 2015, que percorreu e avaliou mais de 100 mil quilômetros de rodovias pavimentadas por todo o País, (19,7% concedidas e 80,3% sob gestão pública) 57,3% delas são deficientes no estado de conservação. Na avaliação da pesquisa, o estado geral das rodovias sob concessão foi 78,3% bom e ótimo, enquanto nas vias públicas esse porcentual foi de 34%. Em relação à geometria das vias, 38,9% é o porcentual de ótimo e bom nas concedidas, e de 18,8% nas públicas.

Ainda no quesito infraestrutura, projetar estradas mais seguras e intensificar a sinalização especial de advertência para condições de pista e climáticas são ações mais que necessárias para a segurança de quem dirige em um país de dimensão continental com incontáveis variações de clima. Não há como alterar o clima, mas a prudência está ao alcance de todos os que dirigem.

O comportamento ao volante pode fazer a diferença entre a vida e a morte. O motorista precisa conhecer suas próprias limitações, as restrições do veículo e da estrada e se adequar à realidade. Situações diferentes exigem cuidados diferentes. Imagine um automóvel de 1 mil cilindradas conduzido por alguém cansado, com cinco ocupantes, porta-malas cheio e pneus carecas, subindo a serra em um dia de chuva e neblina. Agora pense em um veículo com todos os equipamentos de última geração, dois ocupantes e motorista descansado dirigindo em uma estrada em boas condições de conservação, em um dia ensolarado. O motorista tem que se adequar às condições de dirigibilidade para tomada de decisões seguras.

Obviamente há inúmeros outros fatores que podem influenciar a habilidade de dirigir. Por isso e, antes de tudo, é necessário que prioritariamente haja respeito à vida. No Brasil ainda precisamos de um trabalho intenso e permanente de educação no trânsito, de conscientização, com abordagem em escolas, cursos de direção defensiva, palestras e demais treinamentos.

Nossa parte, enquanto motoristas, é respeitar o pedestre e a sinalização; manter a devida distância do veículo à frente; priorizar a segurança das crianças com equipamentos adequados à idade; reduzir a velocidade em caso de forte chuva e vento. Enfim, dirigir com consciência é contribuir para mais vida no trânsito e para a redução da triste estatística de mortes em nosso País. Um trânsito seguro depende de todos nós. Esse será o tema central do Painel de Segurança Veicular no 25º Congresso SAE Brasil, que será realizado em outubro, em São Paulo.

Oliver Schulze, engenheiro responsável pelo Comitê de Segurança Veicular do Congresso SAE Brasil 2016

Vale o risco e a aposta

Apesar de o setor automotivo viver o quarto ano consecutivo de queda de vendas, diversas montadoras e empresas sistemistas comunicaram nos últimos noventa dias a decisão de manter absolutamente inalterados seus planos de investimentos para o Brasil. E, em todos os casos, por boas e concretas razões.

É bem provável que o gradativo avanço neste período do processo de impeachment – concluído na tarde de quarta-feira, 31 de agosto – deve ter colaborado na medida em que a saída definitiva da presidente afastada e a posse efetiva do novo presidente sempre projetou a adoção de novos rumos na área da economia.

E é claro, também, que o fato da média diária de vendas se manter em torno de 8 mil unidades desde meados do primeiro semestre igualmente deve ter tido peso ponderável. Trata-se, afinal, de bom indicativo de que, desta vez, o fundo do poço foi de fato alcançado. Ou, em outras palavras, de que o pior muito provavelmente já passou.

Todavia, mesmo que esta relativa estabilidade não estivesse sendo registrada, ainda assim é bem pouco provável que tais empresas assumissem o risco de interromper os investimentos programados.

Trata-se do ciclo normal e natural do setor automotivo. Durante os anos de crescimento constante, a prioridade das montadoras e sistemistas era aumentar a capacidade instalada de produção ou, no caso dos novos competidores, a construção das fábricas.

A fase agora é outra. As prioridades do momento passam a ser os investimentos na modernização de fabricas antigas e, sobretudo, no desenvolvimento e no lançamento de novos produtos, sejam eles automóveis, comercias leves, caminhões ou ônibus.

São, em síntese, aquilo que Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil, define como investimentos estratégicos. Ou seja, aqueles que se não forem feitos podem comprometer, e muito, o poder de competição da companhia em médio prazo.

No caso específico da Mercedes-Benz, o investimento projetado de R$ 730 milhões, que engloba o período de 2014 até 2018, já resultou na renovação e ampliação das linhas Actros e Atego. E foca, agora, em reformulação da fábrica de São Bernardo do Campo, SP, – a principal da companhia, que está completando 60 anos de funcionamento e que precisa ser colocada em pé de igualdade, em termos de produtividade, com as novas fábricas que estão sendo instaladas, sobretudo pelos concorrentes.

Os novos Actros e Atego foram apresentados em outubro do ano passado. Apenas um mês depois, portanto, da apresentação das versões igualmente renovadas das linhas Constellation, Worker e Delivery da MAN, a empresa com a qual a Mercedes-Benz disputa cabine a cabine a liderança do mercado.

Era, assim, movimento que não tinha como deixar de ser feito. Nem por uma e nem pela outra. Afinal, além dos novos players que chegaram, como DAF e International, todas as demais montadoras que atuam neste segmento, Agrale, Ford, Iveco, Scania e Volvo, também trataram de reforçar suas linhas de produtos neste mesmo período.

É a lei da selva automotiva: quando o consumidor rareia, cada uma tentar buscar na fatia de mercado das outras alguma compensação para a queda de mercado como um todo.

Na área dos automóveis e comerciais leves, a situação não é diferente. Depois de ter perdido a liderança para a General Motors, que praticamente renovou toda sua linha de uma só vez, a Fiat, por exemplo, não tinha nem como pensar em adiar o lançamento do Mobi, realizado em abril passado. E muito menos em cancelar a renovação do Uno, programado para chegar agora em setembro.

O movimento da Fiat, por sua vez, deixa a Volkswagen – que já foi líder e hoje se encontra em terceiro lugar no ranking do setor – sem alternativa a não ser, no mínimo, renovar rápida e completamente a linha do Gol, ainda seu principal produto.

A fila vai longe, com o movimento de cada uma forçando todas as demais a mexer suas próximas peças no tabuleiro do mercado. Algumas vezes em mero movimento de defesa, outras tantas de puro ataque, como é o caso, por exemplo, da completa reformulação que a Toyota vem fazendo em sua linha Etios.

E é uma batalha que vai de ponta a ponta do mercado. Que se alonga da base ao topo, do Mobi a novo X4, SUV cujo início da produção local foi anunciado há poucos dias pela BMW.

E que passa, entre outros, também pelo novo Civic, que acaba de ser deslocado para cima pela Honda a fim de abocanhar parte dos consumidores até agora atraídos pelo Corolla, o best seller da Toyota nesta faixa, renovado pela empresa no fim de 2014 e já com outra atualização programada para o próximo ano.

Na realidade prática deste setor, nenhuma montadora pode dar-se ao luxo de baixar a guarda, por mais frustrantes que sejam as atuais condições do mercado em relação tanto ao passado quanto ao que todos projetavam para agora.

Afinal, se no topo do ranking setorial a General Motors tomou a liderança que, no passado, foi, durante anos e anos, da Fiat e da Volkswagen, nas posições subsequentes Toyota e Hyundai já ultrapassaram a Ford.

A mesma Ford que por décadas seguidas ocupou o quarto lugar e que, agora, em sexto, tem em seus calcanhares a Renault que, por sinal, aumentará seu poder de fogo com o sucessor do Clio, seu modelo de entrada.

No caso dos sistemistas, a manutenção dos programas de investimentos decorre justamente da necessidade de acompanhar as montadoras em tantos e tão frequentes movimentos. O que nem sempre é fácil na medida em que todos os novos veículos chegam ao mercado, hoje, carregados de novas tecnologias. No mínimo, para atender às exigências do Inovar-Auto, que torna obrigatório o aumento da eficiência energética e do conteúdo local.

São, em todas as esferas, decisões e movimentos que, por certo, se justificam. Afinal, depois de quatro anos seguidos de queda e de ter chegado ao provável ponto culminante daquela que é, de longe, a maior crise já atravessada por este setor no País, o mercado doméstico brasileiro ainda deverá consumir, neste ano, cerca de 2,1 milhões de veículos, conforme as projeções da Anfavea e da Fenabrave.

Colocada diante de um espelho, todavia, esta mesma realidade projeta a imagem reversa de que, mesmo com tudo contra – total instabilidade política, brutal insegurança dos consumidores em relação ao futuro, as mais altas taxas de juros do mundo e os mais elevados tributos do planeta – o mercado brasileiro de veículo ainda será muito provavelmente o oitavo maior do mundo.

E se há uma certeza comum a todos neste setor, está é a de que por mais que o mercado doméstico brasileiro ainda não seja aquele dos 3,8 milhões de veículos vendidos no ano recorde de 2012, certamente é maior, bem maior, do que o que será registrado neste ano. Pelo menos 50% maior.

Vale, portanto, o risco e a aposta.

Mercedes-Benz inicia produção do GLA no País

A fabricante colocou em linha de produção seu segundo produto, como previsto anteriormente, o utilitário esportivo compacto GLA, cinco meses após a inauguração oficial da unidade de Iracemápolis, SP, em março passado. O modelo será produzido na mesma linha onde já ocorre a fabricação do Classe C.

A fábrica de automóveis da Mercedes-Benz do Interior Paulista é a primeira das 26 unidades que possui espalhadas pelo mundo cujo principal pilar é a flexibilidade. Por lá, o processo introduzido possibilita produzir em uma mesma linha de montagem duas plataformas distintas, o sedã classe C com tração traseira e, agora, o utilitário esportivos configurado com tração dianteira.

Na ocasião da inauguração da fábrica, Markus Schäfer, membro do Board da Mercedes-Benz Automóveis, produção e logística, revelou que a empresa tem plano agressivo de liderar o mercado premium global até 2020. “Para isso precisamos aumentar o portfólio. Já saímos de vinte para quase quarenta. E descobrimos que para acompanhar essa alteração produtiva precisávamos de flexibilidade. Iracemápolis, desde já, é o benchmark global nesse quesito.”

Na prática a fábrica de Iracemápolis possui maior número de funcionários e menos automação. Segundo Schäfer, ao expandir a produção local no País a empresa fortalece de maneira consistente a sua competitividade global. “Com a produção do GLA estamos estabelecendo novos padrões em termos de flexibilidade e eficiência”, observa o executivo em nota. “Pela primeira vez em uma de nossas plantas, veículos de tração dianteira e traseira compartilham a mesma linha de produção. Isso torna Iracemápolis referência para a rede global de produção de automóveis da marca.”

Segundo a fabricante, uma importante etapa para a qualificação da equipe brasileira para produção do GLA foi o período em que realizaram treinamentos na fábrica de Pune, na Índia, e Kecskemét, na Hungria. Durante a capacitação, os multiplicadores puderam se familiarizar com todos os processos produtivos com objetivo de replicar esse conhecimento internamente na fábrica de Iracemápolis.

“Com o auxílio da rede global de produção, foi possível preparar a nova fábrica da melhor maneira para o início da fabricação do GLA”, diz Chris Wittke, gerente sênior de engenharia de manufatura da planta de Iracemápolis. “O time fez um excelente trabalho coordenando a produção dos dois modelos em um intervalo de poucos meses.”

De acordo com a companhia, sua fábrica do Interior paulista integra a rede global de produção da Mercedes-Benz, que inclui fábricas localizadas na Índia, Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã. A unidade de Iracemápolis recebeu investimento em torno de R$ 600 milhões. Atualmente possui seiscentos empregados e capacidade para 20 mil unidades/ano em dois turnos. No momento serão 12 mil/ unidades/ano em um único turno.

Confortável vantagem

Ainda restam quatro meses para o fim do ano, mas dificilmente o Chevrolet Onix perderá a liderança entre os modelos vendidos no mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves em 2016. De janeiro a agosto foram mais de 92,6 mil unidades comercializadas, volume que gera confortável vantagem sobre o vice-líder de mercado, o Hyundai HB20, com 75,9 mil veículos negociados no mesmo período.

A diferença do hatch da Chevrolet para o seu concorrente da Hyundai, 16,7 mil unidades, corresponde a mais de um mês de vendas. Em julho, por exemplo, os brasileiros adquiriram 12,4 mil Onix, ante 10,2 mil HB20. Tudo caminha para o bicampeonato do modelo, que passou por seu primeiro facelift este ano.

Da mesma forma, o HB20 pode celebrar seu primeiro vice-campeonato – no ano passado o segundo modelo mais vendido foi o Fiat Palio, atualmente quarto no mercado. Os 75,9 mil licenciamentos do carro produzido em Piracicaba, SP, garantem ampla distância sobre o Ford Ka, terceiro mais comercializado no acumulado do ano, com 48,8 mil emplacamentos – o Palio soma 44,7 mil unidades vendidas.

A briga pelo terceiro degrau do pódio está acirrada: além de Ka e Palio, disputam a posição o Toyota Corolla, com 43,8 mil licenciamentos, Chevrolet Prisma, 42,9 mil emplacamentos, Fiat Strada, 40.845 mil unidades vendidas, VW Gol, com 40.834 mil comercializações, e Honda HR-V, com 40,1 mil modelos. Até o Renault Sandero, que teve 38,8 mil licenciamentos, deverá brigar: foi o quinto mais vendido em julho.

Dos dez primeiros, portanto, todos têm boas chances de encerrar o ano no pódio.

Grande aposta da Fiat para o ano, com alta expectativa de vendas, o Mobi ainda não decolou. Quando foi lançado, em abril, a montadora esperava chegar à média de 7 mil unidades por mês, ou 65 mil unidades durante todo o ano. Em julho foi pouco mais da metade: 3,8 mil Mobi vendidos, apenas o 15º colocado dentre os modelos brasileiros. No acumulado do ano foram 13,8 mil unidades, o que indica que dificilmente a meta traçada pela Fiat seja alcançada nos próximos quatro meses.

Honda aumenta foco na inclusão

Pioneira na venda de veículos adaptados para pessoas com deficiência, público conhecido pela sigla PcD, a Honda aposta nesse segmento para amenizar o momento difícil da indústria automotiva. Até o fim de 2016, todas as concessionárias da marca no País terão padrão de instalações que seguem parâmetros definidos pela norma de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas, a ABNT.

“Todas as nossas lojas já têm adaptações como rampa e banheiros especiais desde 2014. Mas até dezembro, melhoraremos o nível dessas instalações e ampliaremos a acessibilidade nas 325 concessionárias da marca”, afirma Renato Squaiella, gerente de vendas especiais da Honda. As melhorias incluem obras nas unidades, mas a montadora não divulga o investimento no projeto.

Segundo o executivo, as vendas para o público PcD caem em ritmo menor do que o restante da indústria. Enquanto o mercado amarga retração de 24,6% nas vendas no acumulado do ano, segundo a Anfavea, o volume de veículos para pessoas com deficiência caiu 18%.

“Esse público tem extrema necessidade de possuir carro, ainda mais com um transporte público que não atende todas as expectativas”, avalia Squaiella. “Além disso, os descontos acabam motivando os compradores.”

A Secretaria da Fazenda concede isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços, ICMS, e Imposto sobre Produtos Industrializados, IPI, para o público PcD que comprar modelos de até R$ 70 mil. Caso o valor ultrapasse esse teto, há apenas desconto do IPI. Todos ficam isentos do rodízio municipal e do pagamento do IPVA.

Para se ter uma ideia, um Honda Fit LX de câmbio automático é vendido por R$ 51,6 mil, um desconto de R$ 16 mil ante o preço de tabela, quando aplicados os descontos de IPI e ICMS. Já um Honda City LX de câmbio automático sai por R$ 52,7 mil, um desconto de R$ 16,3 mil ante o preço tabelado da marca.

No caso do utilitário esportivo compacto HR-V, que extrapola o teto de R$ 70 mil, o abatimento no preço chega a R$ 10,8 mil apenas com a isenção de IPI e o modelo topo de linha sai por R$ 90,6 mil.

Para garantir que as vendas tenham um bom desempenho, além dos benefícios fiscais, a montadora mantém uma equipe especializada de vendas com 350 pessoas espalhadas pelo Brasil. Todas as concessionárias possuem um consultor especializado para ajudar o público PcD com a compra.

“Sabemos que há um processo burocrático para conseguir a isenção dos impostos. Todo o trâmite leva de 120 a 150 dias, em média, e estamos prontos para servir de consultores para os nossos clientes”, afirma o gerente. Além disso, a montadora mantém parcerias com despachantes e empresas que realizam as eventuais adaptações nos veículos.

Além de contemplar o público PcD, os benefícios fiscais também são estendidos a pessoas com doenças crônicas, câncer e até mesmo para os condutores da família responsáveis pelo transporte da pessoa com deficiência.

Edição digital de AutoData de setembro já está no site

A mais nova edição da revista AutoData aborda em sua reportagem de capa a reviravolta pela qual passa a rede de distribuição de veículos no País. Só na área de automóveis e comerciais leves houve uma redução de oitocentos pontos de venda, com algumas marcas encolhendo, principalmente veteranas como a Volkswagen, e outras crescendo.

Certo é que há um movimento comum no setor em busca de maior rentabilidade, com medidas que visam redução de custos, maior volume de vendas por concessionária e fortalecimento das ações no pós-venda e nos negócios de usados.

De acordo com presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr., o processo caminha para o seu fim. Ainda poderão ser fechados de cem a duzentos pontos mas a avaliação é a de que no geral a rede sairá fortalecida da crise. O Brasil tem hoje, incluindo o segmento de motos e o de implementos agrícolas, cerca de 7 mil concessionárias, 1,3 mil a menos do que no início de 2015.

Ainda com foco no mercado, a edição 325 da AutoData – acesso pelo www.autodata.com.br – traz reportagem sobre a estratégia adotada pela Toyota para manter o Corolla no topo do segmento de sedãs médios e ainda posicioná-lo neste ano como o sexto automóvel mais vendido no País.

A revista também mostra a nova geração da família Sprinter, da Mercedes-Benz, nas opções van, furgão e cabine-chassi, além de trazer todos os cases dos indicados ao Prêmio AutoData 2016 que reconhece os Melhores do Setor Automotivo. São 65 indicados em dezessete categorias, incluindo a Personalidade do Ano. Os vencedores serão conhecidos em novembro.

Na seção From the Top o entrevistado é o presidente da Abac, Associação Brasileira das Administradoras de Consórcio, Paulo Rossi, que faz um balanço da atuação do setor este ano, informando que muitas empresas ampliaram o prazo de seus grupos para oferecer prestações menores e, assim, atrair novos consumidores.

Vendas de veículos crescem pelo quarto mês consecutivo

O mercado brasileiro de automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus registrou em agosto 183,9 mil unidades comercializadas, volume 1,4% superior ao de julho, quando foram vendidos 181,4 mil veículos. Foi o quarto crescimento consecutivo na comparação mês a mês e o melhor resultado mensal de 2016, de acordo com dados divulgados pela Fenabrave na tarde de quinta-feira, 1º.

Desde abril, quando o mercado sofreu uma queda na comparação com março, as vendas de veículos crescem no mês seguinte – embora, quando comparado com igual mês de 2015, sempre apresente retração. No caso de agosto a queda foi de 11,3% com relação ao mesmo mês do ano passado, que registrou 199,8 mil unidades, e ainda assim abaixo dos índices que vinham sendo registrados nos meses anteriores.

De janeiro a agosto, por exemplo, o mercado acumula 23,1% de retração, para 1,35 milhão de veículos comercializados. A queda acumulada, apesar de ainda elevada, ficou abaixo da registrada no comparativo de janeiro a julho de 2016 e 2015, quando fechou em 24,7%.

O segmento de automóveis e comerciais leves é o único responsável pelo crescimento mensal. Foram vendidas 178,1 mil unidades, volume 1,9% superior a julho – mas 10,9% abaixo de agosto de 2015. No acumulado do ano, queda de 22,8%, para 1,3 milhão de unidades.

Em caminhões o resultado de agosto foi inferior ao de julho: 6,3%. Os brasileiros adquiriram 4.385 unidades no mês passado, ante 4.682 no mês anterior. Na comparação de agosto 2016 com agosto 2015, a queda chegou a 24,7% e no acumulado do ano, 30,6%, com 34,5 mil caminhões vendidos.

No segmento de chassis de ônibus a retração na comparação mensal foi ainda maior: 27,5%, com 1.413 chassis negociados. Em julho do ano passado foram 1.590 unidades vendidas, o que representou uma queda de 11,1% na comparação anual. Já no acumulado do ano, recuo de 23,1%, para 10,3 mil unidades.

Já o mercado de motocicletas, assim como o de automóveis e comerciais leves, cresceu em agosto comparado com julho. Os brasileiros adquiriram 80,4 mil motocicletas, uma alta de 1,6%, mas queda de 19,6% com relação a agosto. De janeiro a agosto foram 706,6 mil unidades comercializadas, recuo de 16,8%.

Marcas – O ranking de automóveis e comerciais leves não teve alteração: a General Motors ficou na frente, com 16,7% de participação, seguida por Fiat, 15,5%, e Volskwagen, com 12,8% de market share.