Nas mãos do MDIC

O setor automotivo começa a mover suas peças para conseguir do novo governo, o quanto antes, a definição de uma política industrial de mais longo prazo. Na quarta-feira, 21, por exemplo, nada menos do que dezenove entidades representantes da indústria e dos trabalhadores do setor entregaram ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços proposta do Programa de Sustentabilidade Veicular, que objetiva a renovação da frota e o incentivo à cadeia de reciclagem de autopeças.

Participaram da reunião com o ministro da pasta, Marcos Pereira, dentre outros, dirigentes da Anfavea, Sindipeças, Abraciclo, Anfir, Anip, Fabus, Fenabrave, Fenauto, Simefre, além de representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos e do Sindicato das Empresas de Sucatas de Ferro e Aço.

A estruturação de um programa de renovação da frota de veículos tem sido objeto de discussão com o governo há anos. Para Antonio Megale, presidente da Anfavea, programa do gênero estimulará não só a retirada de veículos defasados e poluentes das ruas como também a própria cadeia produtiva, com natural reciclagem de autopeças e uma maior segurança no trânsito.

“O Programa de Sustentabilidade Veicular pode ser um dos vetores da retomada do crescimento do Brasil. Nosso setor tem potencial para alavancar a economia brasileira”, disse o presidente da Anfavea após a reunião em Brasília, DF. Dirigentes calculam que toda a cadeia automotiva responde por cerca de 10% do PIB industrial do País e mais de 5 milhões de empregos.  

Para José Roberto Nogueira, representante do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o Programa de Sustentabilidade Veicular incentivará também a maior qualificação da mão-de-obra e incentivará a geração de empregos. “No nosso entendimento, isso será fundamental para o sucesso do Programa. Devemos estar atento a essas questões ou continuaremos importando em grande quantidade, o que corta o número de postos de trabalho no Brasil”, afirmou.

Golf ganha motor 1.0 TSI

A Volkswagen ampliou seu portfólio de modelos TSI, nomenclatura dada pela marca para os veículos equipados com motores com turbocompressores, que geram maior potência com menor consumo de combustível. De uma vez só a companhia apresentou o Tiguan 1.4 TSI, o Golf Variant 1.4 TSI Flex e, a grande novidade, o Golf 1.0 TSI, que traz sob o capô o mesmo propulsor do up! TSI, com calibração diferente.

Mais do que uma oferta maior de modelos, a chegada dos novos TSI vêm atender a demanda dos consumidores por esses veículos. Segundo o presidente David Powels, os modelos TSI representam 50% das vendas da gama up! atualmente: “Quando lançamos no mercado esperávamos que essa participação ficasse em torno de 20%”.

O Golf que chega ao mercado para ser opção de entrada para a linha tem o mesmo motor EA211 1.0 flex do up!, embora entregue 19% mais potência e 21% mais torque graças à calibração feita pela engenharia da Volkswagen. Pode gerar até 125cv em conjunto com a transmissão manual de seis marchas.

O catálogo do Golf começa justamente nele, Comfortline 1.0 TSI, por R$ 74.990, equipado com ar-condicionado, sistema de infotainment e componentes de segurança diversos. Depois vêm as duas versões com motor 1.6, com câmbio manual e automático, por R$ 78.130 e R$ 83.530, seguido pelas Highline com motor 1.4 TSI, R$ 95.670 a manual e R$ 101.070 a automática. Por fim, o Golf GTI 2.0 DSG, por R$ 123.110.

Os outros modelos apresentados, Tiguan 1.4 TSI e Golf Variant 1.4 TSI Flex, também se posicionam na entrada da gama. O utilitário esportivo sai por R$ 126 mil na versão mais simples, enquanto a perua começa por R$ 101.880 na versão Comfortline, equipada de série com transmissão de seis velocidades Tiptronic.

A todo vapor – Essa semana as quatro fábricas da Volkswagen voltaram a produzir veículos, após quase sete semanas paradas por causa do imbróglio com a Keiper, empresa do Grupo Prevent fornecedora de bancos para a montadora. “Não é uma situação normal, mas felizmente encerramos o contrato e pudemos começar de novo a produzir”, comentou Powels.

A meta agora é produzir 50 mil unidades por mês, bem acima do ritmo médio do ano, que ficou em torno de 35 mil unidades/ano. As fábricas correm para reabastecer a rede, que já sente falta de alguns modelos e o reflexo foi inclusive sentido nas vendas da primeira quinzena de outubro.

Transmissões brasileiras

A ZF, fabricante de sistemas de transmissões e tecnologia de chassis, dá continuidade a plano anunciado há dois anos de localizar a produção da caixa de transmissão Traxxon de 12 e 16 marchas em sua unidade de Sorocaba, SP, a partir de programa de investimentos de R$ 100 milhões. Acompanha o movimento também a nacionalização do câmbio de 9 marchas AS EcoTronic.

“As primeiras entregas aos clientes do Brasil serão feitas em 2018, junto à programação das montadoras de futuros lançamentos”, revelou Wilson Brício, presidente da ZF América do Sul, durante encontro com jornalistas brasileiros no Salão de Hanover, Alemanha, na quinta-feira, 22. “Estamos levando para o mercado brasileiro os mais modernos câmbios automatizados do mundo.”
Para introduzir a segunda caixa de 9 marchas, a companhia realiza aporte adicional de R$ 5 milhões, pois utilizará basicamente a mesma linha onde será produzida a Traxxon.

A empresa afirma que a tendência de aplicar caixas de transmissão automatizadas é evidente, tanto na categoria de caminhões pesados, quanto nos médios e semipesados. Brício acredita que o Brasil segue o mesmo caminho da Europa, mercado onde 70% da produção de caminhões saem de fábrica com caixas de transmissão automatizadas. “Atualmente no País, as caixas automatizadas já são comuns na categoria de pesados, mas começam a ganhar força também entre os médios e os semipesados.”

De acordo com Brício, a Traxxon de 16 marchas deve ser a escolha mais eficiente para as rotas de longas distâncias em virtude da característica topográfica do País e a de 9 marchas para caminhões médios com dupla velocidade.

No âmbito global, a ZF também anunciou que está prestes a concluir a compra da fabricante sueca de sistema de freios para veículos comerciais Haldex. Para isso, de acordo com o CEO da ZF, Stefan Sommer, basta agora somente a confirmação positiva dos acionistas do conglomerado alemão. “Gostaríamos de concretizar esta aquisição, o que também acreditamos que seja o desejo da Haldex”, disse durante coletiva de imprensa no salão na quarta-feira, 21.

A ZF apresenta na mostra alemã seus mais recentes desenvolvimentos sob a ótica do que a companhia chama de Ver, Julgar e Agir. O conceito está presente em seu caminhão Innovation Truck, um modelo que soma tecnologias autônomas. A integração de sensores permitiu à companhia elaborar protótipo capaz perceber o meio ambiente e agir por conta própria diante de emergências.

Segundo Frederik Staedler, engenheiro responsável pela área, uma parceria com a Wabco proporcionou introduzir sistemas de assistências na direção e nos freios capazes de frear e ao mesmo tempo desviar de obstáculos. “O Innovation Truck é a nossa visão de futuro e acreditamos que a frenagem, sozinha, não impede a colisão.”

Eletromobilidade é a palavra de ordem em Hannover

É impossível passar pelo 66º Salão de Hannover, a maior e mais importante mostra de veículos comerciais do mundo, sem ouvir de qualquer um dos fabricantes presentes de que o transporte mais eficiente e rentável estará em futuro próximo baseado na eletricidade e na conectividade. O primeiro conceito porque se busca menos emissões de poluentes e ruído, o segundo, devido à sua capacidade de proporcionar um negócio mais lucrativo e controlável.

Uma das estreias mundiais da exposição vem da Mercedes-Benz com o que a marca chamou de Urban etruck. O modelo ainda é um conceito, mas já adiante boa porta do que a companhia vem preparando para entregar ao mercado em breve. O veículo é o primeiro caminhão pesado elétrico, pensado para distribuição de carga urbana ou até viagens de curtas distâncias. O caminhão com capacidade para até 26 toneladas possui dois motores elétricos de 125 kw e promete autonomia de 200 km.

De acordo com o CEO mundial da companhia Wolfgang Bernhard, o custo das baterias vem diminuindo ao longo dos anos, o que permite “pensar no transporte urbano de carga com veículo pesado sem nenhuma emissão de poluente”.

Disponível já para o fim do ano que vem, porém, e também baseado na tecnologia elétrica, o pequeno caminhão Canter, da Fuso, marca do Grupo Daimler, começará ser produzido em série e, portanto, disponível para o mercado. Segundo Marc Llistosella, chefe da Daimler Trucks para a Ásia, o modelo está em teste desde 2014 em cliente, e o veículo deve convencer pela rentabilidade que oferece, afinal, é possível economizar € 1 mil a cada 10 mil quilômetros rodados. “O custo adicional em relação ao caminhão convencional a diesel é amortizado em três anos.”

Na esteira de oferecer veículos que consumam menos combustível – ou até nenhum – a companhia comemora os 20 anos de lançamento do Actros com melhorias nos motores de 11 e 13 litros. Os aperfeiçoamentos os tornaram 6% mais econômicos em relação à geração anterior. De acordo com a fabricante, desde 2011 a redução no consumo já passa de 15%

No pacote das apresentações da Daimler, a empresa reforça seu compromisso em também ser uma fornecedora de serviços. A novidade é o Uptime, um sistema baseado na conectividade que garante ao frotista maior controle ao seu negócio, pois oferece a possibilidade antecipar defeitos e planejar visitas às oficinas mecânicas, minimizando tempo parado. Tudo por aplicativos.

O conceito de integrar rede, diagnose de falhas e processos logísticos também é foco da maior concorrente da Daimler, a MAN. No Salão de Hannover a empresa lançou o Rio, um sistema de baseado na nuvem que reúne e compartilha informações, conectando os atores da cadeia do transporte em tempo real, desde o embarcador da carga à rede de concessionários. Segundo o CEO Andreas Renschler, a partir do ano que vem o programa será oferecido como equipamento de série em todos os veículos do Grupo.

O evento, aliás, serviu para o Grupo Volkswagen apresentar oficialmente a nova cara da sua divisão de negócio de veículos comerciais, a Volkswagen Truck & Bus, no qual estão reunidos a MAN, a Scania, a Volkswagen Caminhões e Ônibus e a Navistar. Segundo Renschler, há um ano e meio a idéia do negócio de como se configura hoje era somente um plano e hoje, surge como uma potência global.

Das boas novidades apresentadas pela MAN cabe o destaque de sua estreia no segmento de vans e furgões e sua firme proposta de lançar até 2020 de maneira comercial um ônibus e uma versão de cavalo-mecânico elétricos.

As tendências de eletrificação e conectividade também são parte do que a ZF persegue sob o mantra de Visão Zero, no qual se busca um ambiente sem acidentes automotivos. A empresa avança em sistemas de radares e sensores para entregar às montadoras dispositivos ou soluções que evitam acidentes e protejam o meio ambiente. É assim com os sistemas de manobra autônoma ou ainda programas que detectam pedestres, ciclistas ou qualquer que seja o obstáculo.

Brasil e Paraguai querem acordo automotivo ainda em 2016

Equipes técnicas do Brasil e do Paraguai mantêm conversas avançadas com o intuito de fechar ainda este ano um acordo comercial bilateral para o setor automotivo. Na terça-feira, 20, os titulares dos ministérios da área industrial dos dois países firmaram compromisso para concluir as negociações até o fim do ano, segundo uma nota publicada no site do Mdic, Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

O Paraguai é o único país fundador do Mercosul com o qual o Brasil não possui acordo automotivo – o intercâmbio comercial com Uruguai e Argentina está estabelecido há anos. Embora não tenha muita tradição automotiva, o país vizinho começou a produzir automóveis em março deste ano, com a inauguração da fábrica do Grupo Reimpex que produz o J2, modelo compacto da Jac.

Foram produzidos 835 veículos de janeiro a julho, segundo o ministério da indústria paraguaio. Destes 617 foram caminhões, nove picapes com motor diesel e 209 automóveis. O volume superou em 30% o resultado de igual período de 2015.

No primeiro semestre a corrente de comércio Brasil-Paraguai alcançou US$ 1,5 bilhão, somados todos os setores. O valor é 11% inferior ao de igual período do ano passado e o Paraguai é somente o 24º maior destino dos produtos brasileiros.

“O fortalecimento da relação com o Paraguai, bem como todo todos os países do Mercosul, mostra que a região vive um novo momento e que é preciso aproveitar todas as oportunidades de negócios”, disse Marcos Pereira, ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Fechar um acordo com o Paraguai também é importante para avançar nas negociações entre Mercosul e União Europeia, de acordo com o Mdic. O ministro espera avanços significativos no próximo encontro do Comitê de Negociações Birregionais, agendado para outubro, em Bruxelas, na Bélgica.

Mercedes-Benz terá campo de provas no Brasil

O presidente da Mercedes-Benz do Brasil, Philipp Schiemer, aproveitou o Salão de Hannover para anunciar investimento de R$ 70 milhões na construção de um campo de provas próprio. O empreendimento, com 1,3 milhão de m² de área, ficará em Iracemápolis, SP, ao lado da recém-inaugurada fábrica de automóveis.

“Será o maior e mais completo centro de desenvolvimento da América Latina”, garante Schiemer. “O campo de provas nos dará mais agilidade para desenvolver produtos tanto para o Brasil quanto para outros mercado internacionais, além de otimizar a nossa logística de desenvolvimento, até agora sendo necessário utilizar pistas de terceiros.”

De acordo com o Schiemer, o campo de prova deve ficar pronto até o fim de 2017 e será compatível com o que o grupo possui na Alemanha. A escolha por Iracemápolis se deve ao fato de o local ter espaço de sobra para a construção da pista. “A pista é específica para o desenvolvimento de caminhão e ônibus, mas eventualmente servirá também para automóveis.”

O executivo também fez balanço da empresa para o ano 2016 e embora lamente o atual ambiente em que vive o segmento de pesados no País, revela que o desempenho da empresa não é positivo de uma maneira geral. De acordo com Schiemer, a Mercedes-Benz encerrou no acumulado do ano até agosto com 28,7% de participação em caminhões, “fatia que não atingíamos há um bom tempos e a tendência é de mais crescimento”.

Schiemer deposita boas fichas na renovação que fez no último trimestre do ano passado, com a nacionalização do Actros e as mudanças na plataforma do Atego, que proporcionou mais conforto e resistência ao introduzir o chassi do Atron. “Com isso também racionalizamos a linha de produção, tornando-a menos complexa.”

Em tempos de vacas magras, o Schiemer aposta fichas nas exportações e lembra da África e do Oriente Médio como portas de saída para crescer, além da América Latina. Adianta que deve exportar 500 unidades em 2016, e crescer em 2017.

Acionistas querem 8,2 bilhões de euro da Volkswagen

Os tribunais alemães receberam mais de 1,4 mil ações judiciais de acionistas da Volkswagen desejando compensações financeiras por causa do escândalo do dieselgate, que está completando um ano. Segundo agências internacionais as ações somam mais de € 8,2 bilhões em indenizações, que variam de € 700 mil a € 4 milhões.

Embora a maior parte dos processos tenham investidores privados como reclamantes, há também ações movidas por grandes grupos institucionais, como os estados alemães da Baviera, Baden Württenberg e Hesse, além do governo dos Estados Unidos.

Apenas na segunda-feira, 19, a corte alemã recebeu 750 processos – foi o primeiro dia útil após o aniversário de 1 ano do estouro do escândalo, que culminou com a renúncia do presidente do Grupo Volkswagen, prejuízos e indenizações bilionárias.

Os acionistas estão nervosos com a perda do valor das ações do Grupo, que desvalorizaram 35% apenas dois dias após a revelação da fraude nos motores diesel dos veículos comercializados pela companhia.

Com a linha ainda parada, Chery completa dois anos

A fábrica da Chery em Jacareí, SP, completou oficialmente dois anos no dia 28 de agosto. A data, contudo, não pôde ser comemorada por boa parte dos funcionários. Afinal, desde a primeira semana de julho a linha de montagem da montadora está parada e assim deve permanecer até dezembro.

Com o drástico declínio do mercado interno, a empresa resolveu suspender a produção e mantém na unidade somente funcionários administrativos – a maioria dos quatrocentos trabalhadores foram incluídos em regime de lay-off.

Jacareí, a primeira operação completa da montadora fora da China, consumiu US$430 milhões e tem capacidade inicial para produzir 50 mil veículos ao ano . Vinha produzindo Celer hatch e sedã e um segundo modelo, o New QQ, no mercado oficialmente desde abril, mas que não aparece nas estatísticas de licenciamentos da Abeifa, a Associação Brasileira de Importadores e Fabricantes e Veículos Automotores, que até agosto registravam pouco menos de 900 unidades das duas versões do Celer..

A empresa promete produzir no Vale do Paraíba um terceiro modelo, o novo utilitário esportivo o Tiggo, cuja apresentação será no próximo Salão de Automóvel de São Paulo, em novembro. A adequação da linha de montagem para a chegada do utilitário esportivo foi outra justificativa para a paralisação da linha de montagem em julho.

Embora inaugurada em agosto de 2014, o primeiro carro nacional saiu da linha mesmo em fevereiro de 2015 e, já semanas depois, a empresa enfrentaria sua primeira greve. Nesses dois anos, diz a Chery, “teve que refazer seus planos para se realinhar ao novo cenário do mercado, como lay-off na fábrica, readequação nos números de produção do Celer e replanejamento no início da produção do New QQ”.

“A Chery está ampliando a linha de montagem para se capacitar no nicho de utilitários esportivos, com capacidade produtiva de 20 mil carros/ano. Vamos surpreender o Brasil com novos modelos, que inclusive já aterrissam no Salão do Automóvel”, afirma agora Luis Curi, vice-presidente executivo da Chery Brasil.

Com a paralisação da planta e as vendas muito aquém do esperado – Curi chegou a projetar até 8 mil unidades negociadas no mercado interno em 2016 e mais 2 mil exportadas –, não foram poucas as especulações sobre o destino da fábrica de Jacareí. Em fevereiro, por exemplo, surgiram informações de que a Jaguar-Land Rover poderia pintar lá os carros que monta em Itatiaia, RJ, o que, de fato, não se confirmou.

Agora são recorrentes, ainda que as empresas neguem oficialmente, conversas de que a Chery negocia algum tipo de colaboração com o Grupo CAOA na parte comercial. O conglomerado brasileiro que reúne mais de uma centnea de revendas de várias marcas, produz modelos Hyundai sob em fábrica própia em Anápolis, GO, e é importadora oficial da Subaru, poderia assumir as vendas dos veículos fabricados em Jacareí.

Ford quer Fusion na briga com alemães

Com design reestilizado e novas tecnologias semiautônomas o novo Ford Fusion chega para competir com sedãs de marcas premium, em especial Audi A4, Mercedes-Benz Classe C e BMW Série 3. A missão foi revelada pelo gerente geral de marketing da montadora, Maurício Greco, durante o lançamento do modelo na terça-feira, 20, na Praia do Forte, Bahia.

De acordo com Greco, o Fusion detém 80% de participação no seu segmento, o de sedãs de luxo, no qual concorrem modelos como Hyundai Azera, Honda Accord e Toyota Camry, dentre outros. Com a linha 2017, que começa a ser vendida em outubro, a empresa quer atingir compradores de segmento superior, no qual predominam as tradicionais marcas alemãs.

Além de uma híbrida, a ser mostrada em breve, o Fusion tem outras quatro versões – SE 2.5, SEL 2.0 Ecoboost, Titanium FWD ea Titanium AWD – que custarão de R$ 121,5 mil a R$ 154,5 mil. A topo de linha já vem com teto solar e as duas intermediárias oferecem o dispositivo como opcional por R$ 4 mil.

O evento de apresentação do produto começou na segunda-feira, 19, quando pela primeira vez o novo presidente da Ford América do Sul, Lyle Watters, participou de um lançamento no Brasil como o principal executivo da companhia na região – ele foi diretor de finanças aqui e estava na Europa. Sobre o novo Fusion, ele destacou que “o novo sedã da marca está na vanguarda da tecnologia para a segurança, desempenho e conectividade”.

O executivo lembrou que o setor está à beira de mudanças radicais, envolvendo principalmente automação e mobilidade. E é justamente na área de conectividade e sistemas semiautônomos que o Fusion apresenta suas principais inovações.

De acordo com a Ford, é o primeiro veículo da sua categoria a oferecer assistente de frenagem autônoma com detecção de pedestres, sistema operado por radar e sensores que ajuda a evitar atropelamentos e colisões.

O modelo também incorpora piloto automático adaptativo com stop and go, sistema de estacionamento automático de segunda geração. Outro avanço é novo sistema de conectividade SYNC 3 com tela de 8 polegadas e acesso a Apple CarPlay e Android Auto.

O modelo traz ainda seletor E-shifter, no lugar da tradicional alavanca de câmbio, e ampla lista de equipamentos de segurança, como oito airbags, cintos de segurança traseiros infláveis e sistemas de monitoramento de ponto cego e de controle de permanência em faixa.

Externamente o sedã da Ford, produzido no México, teve a grade dianteira redesenhada com sistema de fechamento ativo – similar ao usado nos carros de corrida para melhorar a refrigeração do motor e a aerodinâmica –, ganhou faróis Full LED, lanternas traseiras mais amplas e rodas de 18 polegadas. O interior tem novo acabamento e combinação de cores.

Motorização – O Fusion 2017, de acordo com o gerente de engenharia da Ford América do Sul, Fábio Spironelli, tem desempenho 6% superior ao da versão anterior e emite 6% menos poluentes. O motor 2.0 EcoBoost teve a potência aumentada para 248 cv e ficou 7% mais econômico. Já o 2.5 Flex, de 175 cv, melhorou o consumo na mesma proporção.

A empresa preferiu não fazer projeções de vendas do novo modelo. De acordo com dados da Fenabrave, no acumulado de janeiro a agosto deste ano foram emplacadas 3,5 mil unidades do Fusion, 33% a menos do que no mesmo período de 2015, quando foram negociadas 5,2 mil unidades. Para a Ford, a queda é natural quando uma nova geração do produto está para chegar ao mercado.

Voltar ao lucro é prioridade para a Ford no Brasil

O retorno do irlandês Lyle Watters ao Brasil para comandar a subsidiária sul-americana da Ford tem uma missão clara e prioritária: reduzir rapidamente as perdas que a montadora acumulou no País, especialmente nos últimos dois anos. Com carreira na área financeira – foi diretor-financeiro da Ford Brasil de 2008 a 2011 e vinha atuando na Europa como CFO e principal responsável pelos estudos de posicionamento e desenvolvimento estratégico da montadora–, o executivo já vislumbra um prazo para o retorno das contas ao azul.

“Não é segredo para ninguém que temos trabalhado com resultados negativos no Brasil. Precisamos saber lidar com esta realidade e reduzir rapidamente estas perdas para, se possível, revertermos esta situação já em 2017”, afirmou, completando que, segundo seu planejamento, 2018 será o ano em que a montadora estará certamente operando do lado positivo do balanço.

Watters deu sua primeira entrevista à imprensa durante o lançamento da nova linha Fusion 2017, na terça-feira, 20, em Salvador, BA. Na conversa com os jornalistas o novo presidente da Ford América do Sul elencou cinco atividades estratégicas que deverão ser rapidamente adotadas ou intensificadas na região para que o objetivo seja alcançado.

São elas: fortalecer ainda mais a marca junto ao mercado; manter o foco no cliente, inclusive com o lançamento de novos produtos ao longo dos próximos anos; introduzir política que possibilite levar os custos locais de produção a um nível de maior eficiência e competitividade; trabalhar com maior equilíbrio entre demanda e oferta, tanto pelo lado da montadora como dos fornecedores, de forma a otimizar a produção e equalizar os estoques; e, finalmente, ter permanente atenção aos sinais advindos do mercado que permitirão uma maior integração com os benefícios gerados pelos recursos globais da montadora.

Com relação às perspectivas de curto prazo do mercado brasileiro, Watters ponderou que retornou ao Brasil há apenas cinco semanas. Enfatizou, porém, que já existem vários sinais que possibilitam acreditar que a pior fase da atual crise pode estar começando a ficar para trás, segundo apurou em suas primeiras conversas com os executivos brasileiros da empresa.

“Estamos começando a perceber alguns sinais de virada, mas não podemos esquecer que vivemos talvez a pior crise econômica que este País já viu deste a grande depressão”, ponderou.

O novo presidente da Ford América do Sul informou que a companhia trabalha com previsão de que o mercado brasileiro deverá chegar a 2,1 milhão de veículos em 2016 e deverá iniciar um processo de recuperação constante já a partir do próximo ano. “Acreditamos em um mercado de 2,2 milhões de unidades em 2017 e de 2,6 milhões em 2018”.