Parou de piorar

O segmento de caminhões continua preocupando os dirigentes da Anfavea em virtude da alta ociosidade na indústria. “Sem a volta do investimento na infraestrutura que coloca o País em crescimento, o mercado de caminhões continuará em dificuldade”, alertou Antonio Megale, durante divulgação do desempenho do setor automotivo na quinta-feira, 6.

Em setembro os licenciamentos de caminhões alcançaram 4.195 unidades, quedas de 4,6% em relação a agosto e de 29,2% na comparação com setembro do ano passado. No acumulado do ano até setembro, os emplacamento somaram 38.867 veículos, volume 30% do que o registrado no mesmo período de 2015, quando os licenciamentos chegaram a 55.524.

Para Luiz Carlos Moraes, vice-presidente da Anfavea e diretor de relações institucionais da Mercedes-Benz, o mercado de caminhões pelo menos parou de piorar. “Hoje o clima de negócios é mais positivo. O telefone voltou a tocar no departamento de vendas, ou seja, o número de consultas é maior.”

De acordo com Moraes, se o governo fizer sua lição de casa, com a aprovação da PEC do teto dos gastos públicos, e voltar a investir em infraestrutura, o mercado volta. “Não como o desempenho de 2011, mas baseado em um crescimento mais sustentável.”

A produção de caminhões segue retraída, conforme o comportamento do mercado. No nono mês do ano as fábricas produziram 4.846 unidades, recuos de 7% na comparação com agosto e de 16,7% em relação a setembro do ano passado. NO acumulado do ano, os 46.447 caminhões produzidos representaram queda de 21,7% ante o volume de um ano antes, de 59.331 unidades.

Altas significativas foram registradas nas exportações de caminhões. Em setembro foram embarcadas 2.502 unidades, alta de 66,9% sobre agosto e de 24,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, os negócios externos do segmento registraram uma pequena queda de 07%, para 15.257 unidades enviadas para fora do País.

Ônibus – Os dirigentes da Anfavea não veem mudanças significativas no segmento de ônibus no curto prazo no mercado interno. De acordo com Moraes, a oportunidade que havia no radar, com a renovação da frota dos urbanos da cidade de São Paulo, não ocorreu, o que leva a crer que o mercado de chassis em 2016 ficará na faixa de 10 mil a 12 mil unidades. “O volume atual é muito baixo. O crescimento deverá vir o ano que vem, mesmo assim lento e, basicamente, puxado pelos urbanos.”

Em setembro o mercado absorveu somente 701 chassis, volume que representa quedas de 42,4% em relação a agosto e de 46,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado. De janeiro a setembro, as 9.301 unidades negociadas representaram volume 32,2% menor do que o de um ano antes.

Diferentemente do mercado doméstico, as exportações do segmento de chassi registraram alta significativas. No mês passado embarcaram 1.064 unidades, altas de 11% sobre agosto e de 60,4% na comparação com setembro do ano passado. Mesmo no acumulado do ano, o saldo é positivo, com 6.984 unidades exportadas de janeiro a setembro, o crescimento é de 33,8% ante o volume registrado no mesmo período do ano passado.

O desempenho ascendente das exportações contribuiu com o ritmo das fábricas. Em setembro foram produzidos 2.144 chassis, altas de 46,6% na comparação com agosto e de 24,1% sobre o mesmo mês do ano passado. O resultado, no entanto, ainda não supera a queda 22,5% no acumulado do ano até setembro, período no qual a produção de chassi somou 14.482 unidades.

Melhor mês para máquinas agrícolas e rodoviárias

As vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias atingiram 4.795 unidades em setembro, com crescimento de 6,1% sobre agosto e de 22,2% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram comercializadas, respectivamente, 4.518 e 3.924 unidades. Foi o melhor resultado do ano conforme dados divulgados na quinta-feira, 6, pelo presidente da Anfavea, Antonio Megale.

“O investidor da área agrícola voltou a mostrar interesse em renovar suas máquinas”, comentou Megale, destacando que são positivos os sinais nesse segmento tanto interna como externamente.

Diante da retomada verificada a partir de meados do ano no mercado de máquinas agrícolas e rodoviárias, a expectativa é de que a queda anual das vendas do segmento fique abaixo da registrada no acumulado dos primeiros nove meses, que foi de 17,4%. Foram comercializadas de janeiro a setembro 30,4 mil unidades, ante as 36,8 mil negociadas em idêntico período de 2015.

Megale aproveitou a divulgação do balanço do setembro para defender a necessidade de manutenção do crédito para os produtores agrícolas: “Os recursos de programas específicos para esse setor, principalmente os do Moderfrota, estão se exaurindo. Temos conversado com o governo para não haver descontinuidade da oferta de crédito, pois do contrário as vendas retrairão de novo”.

As exportações de máquinas agrícolas e rodoviárias também cresceram em setembro tanto com relação a agosto como no comparativo com o mesmo mês de 2015. Foram exportadas 976 unidades no mês passado, 6,9% a mais do que no mês anterior e volume 13,1% superior ao de setembro do ano passado. No acumulado do ano os embarques totalizaram 7 mil unidades, queda de 15,3% em relação aos 7,7 mil dos primeiros nove meses do ano passado.

Apesar dos dados positivos em vendas internas e externas, a produção caiu no mês passado com relação ao anterior. Foram fabricadas 5.080 máquinas agrícolas e de construção em setembro, 13,6% a menos do que em agosto. Em relação ao mesmo mês de 2015, contudo, houve pequena alta de 0,9%, confirmando sinais de retomada no segmento.

Embarques para o Exterior crescem 19,2% no ano

Apesar de pequena queda de 3,5% no comparativo mensal de setembro com agosto as exportações de veículos continuam em alta no ano. No acumulado dos primeiros nove meses foram embarcadas 351,2 mil unidades, volume 19,2% superior ao de 294,7 mil do mesmo período de 2015.

Em valor a queda em relação ao ano passado tem sido menor mês a mês, fortalecendo a expectativa de o setor fechar 2016 com resultado similar ao do ano passado, em torno de US$ 10,5 bilhões, incluindo veículos, máquinas agrícolas e peças exportadas diretamente pelas montadoras.

Em setembro foram exportados US$ 991,5 milhões, o que representou crescimento de 7,8% sobre agosto (US$ 919,6 milhões) e de 18,4% no comparativo com idêntico mês de 2015 (US$ 837,4 milhões). Nos primeiros nove meses os embarques totalizaram US$ 7,7 bilhões, valor apenas 3,2% inferior ao obtido em idêntico período de 2015, de US$ 7,95 bilhões, conforme revelou na terça-feira, 6, o presidente da Anfavea, Antonio Megale.

Em setembro foram exportados 38,8 mil veículos, 3,5% a menos do que os 20,2 mil de agosto. As vendas para o Exterior específicas do segmento de automóveis e comerciais leves tiveram queda de 6,7% nesse mesmo comparativo – 38,8 mil contra 40,2 mil unidades. Parte dessa redução é reflexo dos problemas de fornecimento enfrentados pela Volkswagen do Brasil, que teve de paralisar a produção em três de suas fábricas por quase um mês, retornando apenas na segunda quinzena do mês passado.

PESADOS – No segmento de máquinas agrícolas e rodoviárias houve crescimento de 6,9% em setembro sobre agosto, com exportações de, respectivamente, 976 e 913 unidades. No acumulado do ano foram embarcadas 7.034 unidades, com queda de 8,6% em relação às 7,7 mil dos primeiros nove meses de 2015.

De acordo com o presidente da Anfavea, o mix atual de exportação, com predominância de produtos de maior valor agregado, vem favorecendo o crescimento da receita no comparativo do balanço mensal deste ano com idêntico mês do ano passado.

Além do crescimento das vendas externas de máquinas agrícolas, também as de caminhões têm crescido mês a mês. Em setembro, por exemplo, foram embarcados para o Exterior 2,5 mil caminhões, o que representou acréscimo de 66,9% no comparativo com agosto (1,5 mil) e de 24,4% em relação ao mesmo mês do ano passado (2 mil). Com a melhoria dos últimos meses as exportações de caminhões no acumulado dos primeiros nove meses praticamente se equiparam às de idêntico período de 2015, em total próximo a 15,3 mil unidades.

Mobilidade e consistência nem sempre paralelas

Dias atrás, em entrevista a jornal de cobertura nacional, Stefan Ketter, alto executivo da FCA na América latina, expressou sua opinião contrária à concessão de subsídios à indústria automobilística, indicando que esta careceria – e se bastaria! – antes de uma política governamental estável e de longo prazo.

Sempre a quererem transcender em clarividência e capacidade perceptiva únicas – traços de cultura empresarial que eventualmente sugerem que nos faltariam em boa medida –, outros generais de igual graduação, mais precisamente o presidente da Mercedes-Benz do Brasil, Philipp Schiemer, e o mundial da Volvo, Martin Lundstedt, despejaram caçambas de sabedoria e visão em outras duas matérias jornalísticas.

Aquele, a exortar o governo atual a “não perder a chance histórica de recuperar a confiança e fazer o Brasil mostrar ao mundo que é um país sério, com as contas em ordem e que pode cumprir compromissos”, e este a sugerir que “os políticos brasileiros deveriam ter em mente que o
País pode atuar na arena global ao invés de tentar proteger demais a economia”.

A considerar que essas afirmações foram expressas sem que os entrevistadores as temperassem com algum respeitoso contraponto, fica-se sem saber se esses galonados executivos teriam sido igualmente tão acres a respeito de nossa capacidade de discernimento quando se enfatuaram com dispensáveis subsídios mascarados de medidas contracíclicas, em 2009, quando se beneficiaram de inesperada extensão do Regime Automotivo do Nordeste de 2004 e se, para citar apenas essas inflexões no histórico recente de nossa política automotiva, teriam recusado o beneplácito de ostensiva proteção que lhes trouxe o Inovar-Auto!

Que pena que esses cândidos pedidos de maior esclarecimento não tenham sido feitos!

Briosos e fieis à doutrina mercantilista que continua a permear suas estratégicas de presença onde quer que atuem e certamente sob a proteção do guarda-chuva que só abriga algo como treze fabricantes realmente globais, diriam que, diferentemente do que a economia de livre mercado propõe, a indústria automobilística, mesmo não sendo estritamente nacional, está rigorosamente alinhada com o interesse nacional dos países que a abriga e, por isso, merece a proteção destes.

Diriam, com não menos ênfase, que para a indústria o sol nunca se põe e que, portanto, excesso de capacidade e o seu custo são diluídos no lucro corporativo que amealha em ambos os hemisférios e se anulam em face do potencial de países como o nosso (a ameaça de Schiemer de que “a indústria brasileira poderá sumir” rescende qualquer coisa menos um sincero estímulo a novas e virtuosas políticas que se venha a adotar por aqui).

Finalmente, entre outras tantas obviedades, reconheceriam que nunca, em nenhuma circunstância, deixariam o Brasil.

Luiz Carlos Mello, consultor e ex-presidente da Ford Brasil

AGCO prevê crescimento de 5% a 10% em 2017

Em visita ao Brasil para reunião com concessionários Massey Ferguson e Valtra, o presidente mundial da AGCO, Martin Richenhagen, disse que o segmento de máquinas agrícolas no País já está em recuperação e projetou crescimento de 5% as 10% para o próximo ano.

A AGCO acredita que ante queda de 25% que o mercado de máquinas agrícolas registrou no primeiro semestre, o balanço total do ano indicará decréscimo de apenas 5% diante da retomada das vendas a partir de junho.

“Depois de um longo período de incertezas políticas e econômicas que impactaram os negócios da indústria, os produtores brasileiros estão retomando a confiança para investir em novos equipamentos”, avaliou o presidente mundial da AGCO na terça-feira, 5, em evento realizado em Foz do Iguaçu, PR, destacando que os primeiros sinais de retomada foram vistos nas edições da Agrishow e da Expointer.

Ao estimar crescimento para o ano que vem, o presidente mundial da AGCO admitiu que a alta poderá ser ainda maior do que os 5% ou 10% que projeta. “Quando o Brasil retoma, sempre volta forte. Estamos preparados para atender o mercado caso a demanda seja maior do que a prevista.”

Richenhagen acredita que a América do Sul, hoje com participação na faixa de 10% a 15% do faturamento global da companhia, voltará a responder por 22% a 25% da sua receita nos próximos anos.

”O Brasil é líder mundial em cana-de-açúcar, etanol e em vários outros segmentos da agricultura. O potencial do País e da região é muito grande”, disse o executivo, que defendeu, em paralelo, a necessidade de o governo brasileiro liberar mais recursos para ajudar os produtores: “Não adianta baixar juro se não tiver dinheiro”.

A AGCO detém 44% do mercado brasileiro de tratores e 12% do de colheitadeiras. O objetivo, revelam os executivos da empresa, é ampliar esses índices para 50% e 25%, respectivamente.

Novas tecnologias – Também presente no encontro, o vice-presidente sênior e diretor geral da AGCO das Américas, Robert Crain, destacou os investimentos feitos pela empresa na tecnologia MAR-1, que define novos limites de emissão para motores com mais de 75 KW e que entrará em vigor no Brasil a partir de janeiro de 2017.

“Essa mudança proporcionou para a Massey Ferguson e para a Valtra a oportunidade de renovar todo o seu portfólio de máquinas agrícolas, incluindo tratores, colheitadeiras e pulverizadores, dentre outras. Estamos otimistas com a América do Sul”, enfatizou Crain.

O executivo destacou ainda o programa Tratores Globais da AGCO, que envolve produtos do segmento sub-130 cv. É um projeto, segundo ele, para ser encaminhado em diversas localidades e customizado às condições locais do mercado agrícola. “São motores eletrônicos e econômicos que melhorarão o desempenho do agricultor.”

A AGCO está presente na América do Sul há mais de 60 anos por meio das marcas Massey Ferguson, Valtra, Challenger, GSI e AGCO Power, com mais de setecentos pontos de vendas. Possui sete fábricas no Brasil e uma na Argentina.

Mercado em recuperação

Após breve período de alta nas vendas mensais de veículos, o setor automotivo voltou a registrar queda. Em setembro foram emplacadas 240,3 mil automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas e implementos rodoviários, quedas de 12,9% com relação a agosto e de 22,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Os dados foram divulgados pela Fenabrave na quarta-feira, 5.

De acordo com Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave, além de o mês passado ter somado 21 dias úteis, dois a menos que agosto, algumas montadoras sofreram com abastecimento de peças suas operações. “A falta de componentes nas fabricantes nas fábricas é muito preocupante porque altera o volume de vendas. De qualquer forma, as quedas nos negócios vêm diminuindo ao longo do ano, o que demonstra que o mercado já está em curva ascendente.”

No acumulado do ano até setembro, o mercado total absorveu quase 2,4 milhões de veículos, volume 20,84% menor na comparação com os mesmos nove primeiros meses de 2015.

Os licenciamentos de automóveis e comerciais leves em setembro registraram queda no mesmo patamar do mercado em geral. O período somou 154,9 mil unidades, retrações de 12,9% ante agosto e de 19,53% na comparação com o mesmo mês do ano passado. De janeiro de setembro, foram emplacados pouco mais de 1,4 milhão de automóveis e comerciais leves, baixa de 22,46% em relação ao mesmo período de 2015.

“Já se sente uma confiança maior do consumidor e a inflação está cedendo, o que é positivo e sinaliza menores taxas de juro no futuro”, considera o presidente da Fenabrave. “Mas ainda faltam medidas concretas do novo governo e a obtenção de crédito ainda está muito difícil. Hoje, de cada dez propostas, sete não são aprovadas.”

Os emplacamentos de caminhões, por sua vez, foram os que anotaram a menor queda no comparativo mensal. Em setembro as vendas somaram 4.155 unidades, volume 5,25% menor do que o registrado em agosto, no entanto, acusa uma queda de 30,11% na comparação com mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano até setembro, as 38,6 mil unidades negociadas representam retração de 30,57% em relação ao resultado de um ano antes.

O encolhimento nos negócios de ônibus ainda é mais dramático. No nono mês foram licenciadas somente 828 unidades, quedas de 41,4% na comparação com o volume de agosto, de 1,4 mil unidades, e de 46,2% em relação a setembro de 2015. No ano, as 11.156 unidades emplacadas até setembro representam recuo de 32,69% ante o mesmo período do ano passado.

No segmento de motos, o mercado absorveu 69,6 mil unidades em setembro, baixas de 13,32% em relação a agosto e de29% na comparação com o mesmo mês do ano passado. De janeiro a setembro, foram licenciadas 776,2 mil motocicletas, recuo de 18,8% frente ao volume registrado no mesmo período do ano passado, de 947,5 mil unidades. “O crédito no segmento de motocicletas é ainda mais restrito. De cada dez fichas, apenas uma e meia é aprovada.”

No acumulado do ano até setembro as vendas diretas representaram 33% dos negócios, no entanto, o presidente da Fenabrave revela que “não foram as vendas diretas que aumentaram, mas a venda no varejo que está baixa”. O dirigente aposta ainda em negócios mais saudáveis daqui para frente com as novas regras implementadas para este tipo de vendas, nas quais o comprador só poderá revender o veículo após 12 meses da compra do 0 km e não mais seis meses, como ocorria.

As medidas fazem parte de solicitação do Confaz, Conselho Nacional de Política Fazendária, e protocolado em cartório pela Fenabrave e Anfavea. Vale para todo o território nacional, porém, conforme adianta Assumpção Jr., somente onze Estados já implantaram.

Cresce a oferta de modelos com comunicação entre carros

A Volvo pretende lançar, ainda este ano, sistema de comunicação entre carros nos seus modelos topo de gama, informam publicações internacionais. Assim a montadora sueca ingressa em uma pequena lista de fabricantes, junto com Toyota e Mercedes-Benz, que dispõem de dispositivo que permite aos veículos trocarem informações e antecipar aos motoristas eventuais problemas ou obstáculos.

A fabricante sueca planeja equipar pelo menos três modelos com o sistema baseado em nuvem. “Todos os veículos da série 90 serão equipados com ele a partir do fim deste ano,” garantiu Peter Mertens, vice-presidente sênior da Volvo Cars a Automotive News Europe.

A Volvo, assim, adotará solução semelhante à da Mercedes-Benz, que no começo do ano fez do Classe E seu primeiro modelo de produção em série com comunicação carro-para-carro. O sistema da montadora alemã já está ativo e disponível em vinte mercados europeus, nos Estados Unidos e na China.

A tecnologia da Volvo, que também assegura que a introduzirá em outros países em breve, é fruto de trabalho conjunto com a também sueca empresa de telecomunicações Ericsson. O dispositivo colhe informações dos sensores de tração, de direção e de freios para indentificar, por exemplo, uma pista escorregadia, assim, transmitir a informação para outros veículos com a mesma tecnologia. Outro alerta pode ser ativado quando as luzes de freios são acionadas. O dispositivo entende que a velocidade deve ser reduzida e encaminha pré-aviso para o condutor.

A tecnologia da Volvo e da Mercedes-Benz difere do sistema adotado pela Toyota por utilizar a internet também. Em 2015 a montadora japonesa equipou versões do modelo de luxo Crown, no Japão, com o chamado ITS, Sistema de Transporte Inteligente, capaz de transmitir dados entre veículos e a infraestrutura usando frequência de 760 megahertz.

Mas o sedã da Toyota também pode “conversar” com outros veículos equipados com o sistema e ainda receber avisos enviados por gestores das estradas sobre as condições da rodovia, o trânsito à frente ou mesmo as informações vindas de um semáfaro que está prestes a fechar.

A lista de fabricantes a adotar comunicação carro-para-carro deve crescer rapidamente. Cadillac, Audi e Jaguar Land Rover já trabalham intensamente. A marca americana já antecipou que terá alguns modelos com o sistema já em 2017. A Audi oferece o Q7 e o A4 com sistemas veículo-infraestrutura nas chamadas “cidades inteligentes” dos Estados Unidos. A Jaguar Land Rover começa em breve testes no Reino Unido.

Fenabrave: crescimento só no ano que vem.

A Fenabrave revisou suas projeções para o encerramento do ano com pequenas alterações para baixo. De acordo com o presidente da entidade, Alarico Assumpção Jr., embora o mercado sinalize recuperação, com quedas nas vendas menores a cada mês, o cenário econômico ainda não contribui com um avanço mais robusto. “O mercado já está ascendente e tudo leva a crer que o crescimento virá no ano que vem. Mas ainda há muito desemprego e crédito restrito”, justificou durante divulgação dos resultados as vendas do setor automotivo na quarta-feira, 5.

Para a Fenabrave, as vendas totais do setor automotivo, o que inclui automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas e implementos rodoviários, deverão chegar a 3,1 milhões de unidades, queda de 19,33% em relação ao volume de 2015.

Somente os negócios relacionados aos segmentos de automóveis e comerciais leve somarão 1,9 milhão, baixa de 19,5% na comparação com o ano passado. “O problema desabastecimento de peças em algumas montadoras preocupa, pois pode alterar o volume de vendas”, avalia Assumpção Jr. sem dar nomes aos bois, mas muito provavelmente deve estar se referindo aos conflitos da Volkswagen com a Keiper.

Nos segmentos de caminhões e ônibus, a Fenabrave aponta volume de 66.978 unidades para 2016, queda de 27,28% na comparação com 2015. “O resultado reflete a situação do País. O mercado de caminhão precisa de PIB para rodar e, hoje, ainda falta carga para transportar. A safra 2016/2017, no entanto, ajuda um pouco, ainda que moderadamente.”

Ainda de acordo com as projeções da Fenabrave, os emplacamentos de motocicletas alcançarão pouco mais de 1 milhão de unidades, recuo de 18,5% em relação ao ano passado. Para o presidente da Fenabrave, o desemprego e a dificuldade de créditos são os principais ingredientes que empatam a recuperação do segmento.

A federação que representa os distribuidores de veículos, no entanto, enxerga sinais retomada no que vem. Segundo Teresa Fernandes, sócia da MB Associados, empresa de consultoria que presta serviços de análises econômicas à Fenabrave, a inflação em queda, a safra agrícola em alta e o nível de desemprego baixando são alguns dos parâmetros para acreditar no crescimento do País e do setor o ano que vem. “Apesar das projeções de que o mundo crescerá abaixo do que se esperava e, com isso, pouco contribuirá com a recuperação da crise brasileira, temos um horizonte mais animador, com nível confiança crescendo e o indicador de intenção de investimento melhorando.”

Mercado argentino segue em alta

Setembro confirmou mais uma vez a tendência positiva do mercado argentino para 2016. No mês as vendas de veículos no país vizinho cresceram 5%, para 69.719 licenciamentos contra 66.409 no mesmo período do ano passado. Os dados são da Acara, associação que reúne as concessionárias da Argentina, divulgados na terça-feira, 4.

Segundo a entidade, o mercado argentino seguiu apresentando bom desempenho com média diária de vendas pouco acima de 3 mil unidades. A Acara atribuiu o resultado em virtude da demanda por picapes, principalmente pelas compras do setor agrícola, e graças aos descontos oferecidos pelas fabricantes no mercado local.

No acumulado do ano até setembro, os licenciamento somaram 544,5 mil unidades, crescimento de 8,5% sobre o mesmo período do ano passado, quando os negócios registraram 501,9 mil unidades.

A estimativa da associação para o ano é de que as vendas alcance 660 mil automóveis e comerciais leves vendidos.

Por segmento, as vendas de automóveis em setembro registraram alta de 1,9%, enquanto as de comerciais leves obtiveram crescimento de 21,9%, ambos os resultados na comparação ao mesmo mês do ano passado.

A Renault se manteve em primeiro lugar no ranking das fabricantes que mais vendem automóveis e comerciais leves no mercado argentino. Em setembro foram emplacados 10.327 unidades da marca, alta de 19,28% sobre o mesmo mês do ano passado. O desempenho é atribuído ao comportamento de mercado da picape Oroch, Clio Mio – com produção já encerrada na fábrica de Santa Isabel – e Sandero.

Embora tenha preservado o segundo lugar no ranking, a Volkswagen foi a fabricante que registrou as maiores perdas em setembro, influência direta da suspensão da produção das fábricas brasileiras devido ao desabastecimento de peças. No mês passado os argentinos compraram 10.305 unidades da marca, recuo de 16% na comparação com setembro do ano passado, quando o mercado absorveu 12.666 veículos Volkswagen.

Completa o pódio a Chevrolet com vendas de 9.563 automóveis e comerciais leves vendidos em setembro, alta de 12,35% em relação a setembro do ano passado. O resultado se deve principalmente aos negócios com o Classic, que deixará de ser produzido até o fim do ano.

O ranking em setembro é seguido pela Ford, com queda nas vendas de 5%, para 9.139 unidades; Toyota com leve recuo próximo de 1%, para 7.076 veículos vendidos; Fiat, que anotou decréscimo de 5,47% com 6.958 unidades negociadas; Peugeot com alta de 25,67% para 5.956 veículos licenciados; Citroën com crescimento de 34,79% nas vendas ao somar 2.491 emplacamentos; Honda com a maior alta, de 83,39%, com 1.082 unidades vendidas e, finalmente, na décima posição a Nissan, que registrou crescimento nas vendas de 25,91%, para 904 unidades.

O Volkswagen Gol segue na liderança dentre os automóveis mais vendidos em setembro no mercado argentino, apesar de registrar queda nas vendas de 4,12% em relação ao mesmo mês do ano passado, para 2.999 unidades vendidas. O compacto da Volkswagen é seguido pelo Renault Clio, com 2.512 unidades vendidas, alta de 25,16% sobre setembro do ano passado. Em terceiro lugar aparece o Toyota Etios, com incremento de 2,42%, para 2.286 modelos vendidos. O Ford Fiesta KD ocupou a quarta posição com 2.283 unidades negociadas, baixa de 15.19%, e em quinto lugar, o Fiat Palio com 2.129 emplacamentos, o que representou queda de 22,64% ante o desempenho de setembro do ano passado.

Dentre as picapes médias, a Toyota Hilux foi líder do segmento, com 3.088 unidades vendidas, leve alta de 0,65% na comparação com setembro do ano passado. Em seguida aparece a Ford Ranger, que registrou vendas de 1.784 unidades, baixa de 4,5%, Volkswagen Amarok, com vendas de 1.558 unidades, baixa de 23,51% e Chevrolet S10, com 1.067 licenciamentos, alta de 69,37%.

Vendas nos Estados unidos perdem o fôlego

Se a recuperação do mercado brasileiro de veículos é ainda mais um desejo do que realidade, o quadro do setor nos Estados Unidos também começa a preocupar. Números acumulados nos nove primeiros meses de 2016 ainda indicam ligeira variação positiva das vendas de veículos leves com relação ao mesmo período do ano passado: cresceram 0,3%, de 13,05 milhões para 13,1 milhões. No entanto, o ritmo vem caindo. Nos oito primeiros meses do ano, a vantagem era de 0,5%.

Chama atenção, porém, que setembro registrou a quarta queda mensal consecutiva na comparação com o mesmo mês de 2015. Foram negociados no período 1,434 milhão unidades contra 1,444 milhão de setembro do ano passado, 0,7% a menos, aponta números preliminares da publicação norte-americana Automotive News. A julgar pelos últimos resultados mensais, assim, dificilmente o mercado interno dos Estados Unidos fechará acima dos 17,5 milhões registrados no ano passado.

A liderança do mercado segue nas mãos da General Motors, mas com margem um pouco mais estreita com relação à segunda coloca, a Ford. De janeiro a setembro, a GM negociou 2,212 milhões de veículos leves, 3,8% a menos do que em igual período do ano passado –, sendo 249,8 mil no mês passado. A Ford, embora tenha visto suas vendas encolherem 8,1% em setembro, para 203,4 mil veículos, já soma 1,977 milhão de unidades no ano, 0,6% a mais do que nos nove primeiros meses de 2015.

A terceira maior montadora no ranking de vendas é a Toyota, que negociou 197,3 mil veículos em setembro, 1,5% a mais do que em igual mês do ano passado, mas registra queda de 2,4% no ano e começa a ser acossada pela FCA. A empresa ítalo-americana, quarta no ranking, viu suas vendas superarem 1,722 milhão de janeiro a setembro, avanço de 3,6% sobre o resultado acumulado em 2015.

Chama mais a atenção, porém, o avanço da Nissan no mercado norte-americano. A montadora japonesa vendeu em setembro 127,8 mil veículos, 4,9% a mais do que no mesmo mês do ano passado, e 1,183 milhão veículos nos nove primeiros meses do ano, 5,4% a mais na comparação com o mesmo período de 2015.

Não fosse também por seu bom desempenho em 2016, com 1,228 milhão de unidades e crescimento de 3,4%, e a Honda já poderia ter perdido o quinto lugar para a sua compatriota.