O segmento de caminhões fechou os primeiros nove meses do ano com recuou de mais de 30% nas vendas e quase 22% na produção e, tão ruim quanto, com a expectativa de que o quadro não será muito diferente no encerramento de 2016. Antonio Megale, presidente da Anfavea, vai mais adiante e diz que “sem a volta dos investimento em infraestrutura, o mercado de caminhões continuará em dificuldades”.
Com esse quadro acumulado e antevisão do principal representante das montadoras não é de se estranhar que o setor de implementos rodoviários siga em toada até mais crítica. O total de emplacamentos de implementos rodoviários até setembro superou 47,8 mil unidades, 30,7% menos do que em igual período do ano passado, quando foram negociados 69 mil equipamentos. E 2015 registrou o pior desempenho desde 2004, com recuou 44,7% e somente 88,3 mil unidades negociadas.
O maior tombo foi verificado em 2016 está no segmento da carroceria sobre chassi, cujo recorde anual é de 2011, com mais de 131 mil equipamentos licenciados. A retração acumulado nesses produtos bateu em 36,8%, com somente 29,4 mil equipamentos licenciados, contra quase 46,5 mil em igual período do ano passado.
O mercado de reboques e semirreboques caiu substancialmente menos, mas ainda assim expressivos 18,2%. Em nove meses foram licenciados 18,5 mil produtos contra 22,5 mil no acumulado de janeiro a setembro de 2015. O melhor resultado nesse segmento foi alcançado em 2013. Naquele ano foram emplacadas 70,1 mil unidades.
As exportações, por outro lado, se não compensam nem de perto as perdas internas – até pela tímida participação histórica na pauta do setor – ao menos refletem números no azul e sugerem até futuro com número de entregas mais vigoroso. Em nove meses a indústria brasileira enviou para outros países 2,9 mil implementos, 24% acima de igual período do ano passado.
A Anfir acredita que esses números poderão ser ainda melhores após as muitas ações que a entidade, junto com a Apex-Brasil, vem desenvolvendo ao longo dos últimos meses para abrir mercados e assegurar novos negócios lá fora.
“Os resultados observados nas duas missões já realizadas mostram que os implementos rodoviários brasileiros têm mercado para conquistar”, diz Mario Rinaldi, diretor executivo da entidade.
A primeira missão foi realizada na Colômbia em junho e a segunda no Peru, em setembro. A expectativa de geração de negócios nos dois eventos é da ordem de US$ 14,6 milhões.
Curto prazo – Se nada sinaliza uma mudança repentina no fluxo dos negócios de caminhões e, por consequência direta, na indústria de implementos, Alcides Braga, presidente da Anfir, ao menos considerou acertada a decisão do Conselho Monetário Nacional, CMN, de manter em 7,5% ao ano a Taxa de Juros de Longo Prazo, TJLP, no último trimestre de 2016.
“É um bom patamar de juros para o mercado”, diz Braga. “Mas para alavancar as vendas é necessário que o BNDES amplie sua participação nos financiamentos”.
O banco de fomento do governo federal participa com 50% e 60% nos financiamentos para grandes em empresas e até 60% no caso das pequenas e médias. “O ideal seria elevar essas participações para, respectivamente, 80% e 90% e simplificar a equação de concessão de crédito”, explica Braga.
Hoje essa diferença entre os porcentuais praticados pelo BNDES e os sugeridos pelo presidente da entidade pode ser financiada com acréscimo de custo, que eleva o empréstimo a 18% ao ano, segundo cálculos da Anfir.
Na fórmula defendida pela ANFIR, com a maior participação do BNDES, o cálculo seguiria o formato tradicional e conhecido pelo mercado: TJLP, mais spread bancário, 2%, e a parte do agente financeiro, 3% . “Isso totaliza taxa anual entre 12% e 13% o que é perfeitamente viável”, diz Braga.