O mercado de caminhões no Brasil deverá começar a se recuperar a partir de março do ano que vem. Nos próximos meses, no entanto, os licenciamentos de veículos pesados permanecerão nos patamares atuais, próximo às cinco mil unidades/mês. A previsão é de Antonio Cammarosano, diretor nacional de vendas de caminhões da MAN Latin America, durante sua apresentação no primeiro dia do Congresso AutoData Perspectivas 2017, na segunda-feira, 17, na Amcham, Câmara Americana do Comércio, em São Paulo.
“Daqui para frente a recuperação é real. Acredito que no próximo ano o crescimento das vendas de caminhões será de 10%”, disse Cammarosano. Segundo o diretor, de 2005 a 2014 a elevação do mercado foi marcada por financiamentos subsidiados e pela antecipação de compra de caminhões, principalmente em 2011, ocasião na qual foram licenciados mais 170 mil caminhões, como também ano da véspera da mudança da legislação Euro 3 para Euro 5.
De acordo com o executivo, aquele ambiente e condições do passado recente, mascararam a queda econômica que vinha tomando força no país a partir de 2013. “A queda no mercado em 2015 e 2016 ocorreu na mesma intensidade que o crescimento dos anos anteriores. Se não tivéssemos créditos subsidiados, talvez teríamos hoje um mercado de 70 mil unidades. Seria uma queda, mas não tão brusca quanto a atual. A recuperação, por isso, será mais sustentada e seguirá o crescimento do PIB”, afirmou Cammarosano, acrescentando que a perspectiva para este ano será venda por volta de 50 mil caminhões.
Com as vendas em crescimento mais sustentado, Cammarosono ressaltou que a produção terá a mesma toada. Segundo ele, em 2017, havia uma estimativa de aumento de 20% na montagem de caminhões no Brasil, mas esse patamar deverá ser a metade, cerca de 10%. “As empresas estão trabalhando com estoques mais ajustados, cerca de trinta dias. Antes, o giro era de em torno de noventa dias. Isso impacta diretamente a produção”. Atualmente, o estoque de caminhões no Brasil está em 45 dias.
O que poderá melhorar a atividade produtiva nas montadoras de caminhões instaladas aqui no próximo ano é a exportação. Se os esforços das empresas surtirem efeito, com aumento dos embarques, a produção poderá apresentar um crescimento de 20% em 2017. “Mas, olhando os números do mercado interno, não acredito em uma alta muito acima de 10% no ano que vem”, ressaltou.
Em relação ao mercado de ônibus, Cammarosano estima que o crescimento deverá ser entre 10% a 15% em 2017. “As vendas de ônibus retornaram ao patamar normal em 2015, que é de 16 mil unidades. Os volumes que experimentamos até 2005, foram inflados pela criação de programas do governo, como o Caminho da Escola, e financiamentos atrativos. Como no segmento de caminhões, veremos uma recuperação mais sustentada, sem esses artifícios”, acredita o executivo. “O que tiramos desse cenário adverso é que podemos olhar para o retrovisor e perceber que o pior já passou. Estamos caminhando para uma maturidade na recuperação da economia e isso deve se sustentar para os próximos anos.”