A BMW inaugurou na quinta-feira, 20, em Manaus, AM, sua segunda fábrica no Brasil, a primeira de motocicletas. A nova planta, que conta com 175 funcionários e capacidade produtiva anual para 10 mil motos em um turno de trabalho, requereu investimentos de €10,5 milhões, segundo a montadora.
O complexo da BMW Motorrad, divisão do BMW Group, está localizada nas proximidades da planta da Dafra, empresa de capital nacional que vinha produzindo motos para a marca alemã desde 1999.
Para evitar um buraco na oferta de produtos no mercado interno, a produção na unidade da Dafra foi acelerada nos últimos meses, o que garantiu estoques para o período de transição e aceleração da nova linha de montagem.
A fábrica de Manaus é apenas a quinta de motos da BMW no mundo, mas a primeira fora da Alemanha exclusiva para o segmento – além de Berlim, Alemanha, as demais na Tailândia, China e Índia produzem carros também. Foi erguida em área de 10 mil m² durante nove meses.
O investimento integra a estratégia mundial do BMW Group de expandir suas atividades e presença em mercados emergentes. E o Brasil, em particular, foi considerado terreno fértil tanto para as motocicletas quanto para os automóveis, o que resultou também na fábrica de Araquari, SC, inaugurada há apenas dois anos e onde já são fabricados quatro modelos de carros.
Stephan Schaller, presidente da BMW Motorrad, e Marc Sielemann, responsável pela área de produção da divisão, participaram da solenidade de inauguração junto com Helder Boavida, presidente do BMW Group no Brasil.
Schaller assegurou que o Brasil terá papel importante dentro dos movimentos que a empresa fará para alcançar o objetivo mundial de vender 200 mil motocicletas por ano a partir de 2020 – no ano passado negociou 137 mil unidades. A estimativa para a operação brasileira é que já no ano que vem a unidade esteja produzindo 10 mil unidades/ano.
À fábrica manauara, porém, não está assegurada ainda a condição de base exportadora. “A exportação é possível, claro, porque temos o mesmo padrão de qualidade de processos e produtos do grupo aqui. Mas tudo dependerá de como caminhará a economia brasileira”, disse Schaller, destacando que a fábrica brasileira tem condições de produzir qualquer um dos modelos que conta em outras plantas.
A opção por erguer uma fábrica própria e não se valer mais de instalações de terceiros também deriva de outra decisão importante: a marca prepara sua entrada em um novo segmento de produtos – mais baratos e naturalmente de maior volume -, com a G 310 R, motocicleta de média cilindrada e de características urbanas, revelada no ano passado.
A BMW trará boa parte das peças da nova moto da Índia, onde já é fabricada em parceria com a indiana TVS. A G 310R, porém, só começará a sair da planta manauara somente no transcorrer do primeiro semestre do ano que vem. Até lá, Manaus produzirá todos outros oito modelos que vinham sendo fabricados na vizinha Dafra mais a novíssima F700, modelo apresentado durante a solenidade de inauguração e o primeiro a sair oficialmente da linha de montagem.
O índice de nacionalização das motocicletas variará de acordo com a faixa de cilindrada, conforme prevê a própria legislação definida para instalação no Polo Industrial de Manaus. A BMW diz contar com 45 fornecedores no Brasil, não especifica quantos estão nos arredores e admite que parcela importante se encontra a cerca de 3 mil quilômetros, em São Paulo.
“Gostaríamos de ter fonrecedores mais próximos, mas esta não é só uma dificuldade da BMW e sim de todos os fabricantes instalados na região”, admite Schaller, que lamentou ainda o momento difícil do mercado interno de motocicletas, com recuo acumulado de 18% até setembro.
De janeiro a setembro, de acordo com dados da Fenabrave, o mercado absorveu 5.133 motocicletas BMW, queda de 10% com relação ao mesmo período do ano passado. O volume representou até agora participação de 0,66% no mercado total de motocicletas. Em 2015, a fabricante vendeu no País 7.797 unidades, patamar que deve ser preservado esse ano. Segundo a companhia, a BMW Motorrad é líder do mercado premium acima de 500 cc, com fatia de 18%.