Para o Salão, uma virada de página

A cena ainda é de muita movimentação de pessoas, muita carga sendo entregue e muito prego sendo batido para dar forma aos estandes das 27 marcas que estarão presentes no Salão Internacional do Automóvel de São Paulo 2016, agora em casa nova. Depois de ocupar o Pavilhão do Parque de Exposições do Anhembi durante 46 anos, o evento desembarca em endereço novo, no São Paulo Expo, de 10 a 20 novembro.

A mudança, de acordo com Paulo Octávio Pereira de Almeida, vice-presidente executivo da Reed Exhibitions Alcantara Machado, empresa organizadora do evento, não se trata de nenhum demérito ao antigo endereço, por mais que o Anhembi faça parte da história de sucesso que conta o salão. “Mas as diferenças são gritantes entre um projeto elaborado no fim da década de 60 para um que foi concebido há 3, 4 anos. Em virtude da conveniência, da comodidade e da melhoria da infraestrutura em geral, a decisão pela mudança foi unânime dentre os envolvidos.”

A hashtag #nadaseracomoantes criada como norte de promoção do evento pelo marketing da empresa organizadora resume parte da nova realidade que montadora e visitantes terão com o novo endereço do Salão. Uma das boas e agradáveis novidades do Salão do Automóvel no São Paulo Expo é o conforto térmico. Diferentemente do Anhembi, o novo local possui sistema de climatização com ar-condicionado central. Segundo o vice-presidente da Reed Exhibition, foi o maior projeto de climatização em área de evento já feito no Brasil.

A localização não diz muito, afinal, o evento recebe gente de todos os pontos da cidade, como também do País. Mas o São Paulo Expo está à beira da rodovia dos Imigrantes, o que em parte facilita o acesso de carro, além de estar fora da zona do rodízio municipal. Segundo Almeida, a GL, empresa proprietária do centro de exposição, também investiu R$ 410 milhões em alças de acesso exclusivas para facilitar a chegada e a saída do local.

Na comparação com o Anhembi, o visitante também terá mais conforto na hora de parar o carro. Além de um edifício garagem com 4,5 mil vagas cobertas, há outras 1 mil descobertas e, especialmente para o evento, um estacionamento alternativo próximo ao pavilhão com 10 mil vagas e traslada gratuito até o evento. Também da estação de Metro Jabaquara, a 850 metros do local do evento, o visitante terá à disposição traslado gratuito. “Esse ano em vez de ônibus de turismo para fazer os serviço, teremos ônibus intermunicipais, de três portas para tornar mais ágil o embarque e desembarque.”

Outra comodidade oferecida pelo novo local é a maior facilidade na hora de comer. Além de um restaurante permanente do pavilhão com capacidade para seiscentas pessoas, o evento trará trinta outras marcas, conhecidas por serem habituais de praças de alimentação de centros de compras e food trucks. “Não será nada parecido com o antigo pavilhão. Sem dúvida a alimentação é um atrativo, afinal, os visitantes passam mais de 4 horas dentro do salão.”

As áreas destinadas ao salão também fazem justiça ao que é considerado o maior evento privado da América Latina. Ao todo são 110 mil m² de ocupação dos quais 90 mil m² de área coberta e 20 mil m² descoberta, que será boa parte dela utilizada para os test drive programados por algumas marcas durante o período de evento. “Começamos com essa experiência em 2012 e achamos que esse tipo de ação tende a crescer a cada ano com o novo endereço. Nas outras edições essa era uma área pouco vista pelos visitantes, muitos deles nem sabiam que existia. Agora, a dinâmica é distinta e as pessoas começarão a ver os testes, terá mais visibilidade.”

Segundo Almeida, o Salão do Automóvel de São Paulo é um dos cinco principais eventos automotivos do mundo e proporciona impacto econômico vigoroso. A edição do evento passada, realizada em 2014, movimentou R$ 280 milhões, de acordo com cálculo da SPTuris, a empresa de turismo da munícipio de São Paulo, sem levar em conta os investimentos aplicados pela cadeia envolvida. Este ano, a expectativa é de alcançar R$ 380 milhões.

O que não deve mudar com relação ao Anhembi, de acordo com Almeida, é o número de visitantes esperado. Como na edição de 2014, devem passar pelo São Paulo Expo entre 700 a 750 mil pessoas nos onze dias de evento, dos quais 30% vindos de fora de São Paulo.

General Motors já pode comemorar

Restam ainda mais de 50 dias úteis de vendas para o encerramento do ano, mas, a julgar pelos números divulgados pela Fenabrave, o pódio do ranking das marcas mais vendidas no mercado interno terá a General Motors no lugar mais alto em 2016. A empresa, líder no acumulado dos dez primeiros meses com 17,1% do mercado e 275,8 mil veículos negociados, esteve à frente novamente em outubro e de maneira ainda mais evidente: somou 29,7 mil emplacamentos, 19,2% das vendas.

Já a Fiat negociou 24,4 mil automóveis e comerciais leves no mês, equivalentes a 15,8% de participação. No ano, deteve 15,4% do mercado com 248,4 mil unidades vendidas. A diferença de mais de 27 mil veículos – mais de um mês de vendas – já permite assegurar que, pela segunda vez em mais de 91 anos de presença no Brasil, a General Motors liderará o mercado interno.

A primeira e única oportunidade em que a GM ficou no lugar mais alto do pódio foi em 2004, quando a montadora completava 80 anos no País. Naquele ano os produtos Chevrolet detiveram 24,6% das vendas contra 23,6% da própria linha Fiat.

Agora, porém, a montadora estadunidense terá um motivo a mais para comemorar. Diferente de há doze anos, quando o Celta foi apenas o terceiro carro mais vendido do País, o Onix encerrará o ano também como líder de vendas. O modelo já registrou 119,2 mil unidades emplacadas no acumulado até outubro, 22 mil a mais do que o segundo colocado, o Hyundai HB20.

Se General Motors e Fiat dificilmente perderão seus lugares ou mesmo inverterão essa ordem, já não se pode dizer o mesmo no caso da terceira colocada Volkswagen após a aproximação da Hyundai nos últimos dois meses.

A interrupção do fornecimento de componentes que forçou a paralisação das linhas de montagem das fábricas da Volkswagen em parte de agosto e setembro ainda repercutiu fortemente no desempenho da marca em outubro. Os números de emplacamentos divulgados pela Fenabrave indicam que as mais de quinhentas concessionárias da marca tiveram muito trabalho para chegar perto de suas metas.

A empresa alemã registrou somente 10,6 mil automóveis e comerciais leves emplacados no mês, apenas 6,9% do mercado interno, na sétima posição no ranking das marcas mais vendidas. No acumulado do ano, apesar disso, segue com o terceiro posto: 189,3 mil veículos e fatia de 11,7%. Mas a diferença para a quarta colocada, a Hyundai, com 10,1%, caiu de 2,9% em agosto, antes das paralisações, para 1,7%.

A falta dos principais produtos foi determinante para essa aproximação. O Gol, o carro mais vendido da marca há décadas aqui, encerrou os dez primeiros meses do ano com 44,9 mil unidades emplacadas e na modesta nona posição entre os automóveis mais vendidos.

Em outubro, um retrato fiel das dificuldades momentâneas: com apenas 1,9 mil unidades, o hatch ficou na 25º posição no ranking – e o carro mais vendido da marca em outubro, o Up, somou 2,7 mil emplacamentos e fechou na 14ª posição.

De qualquer forma, com a produção acelerada em outubro e novembro, bimestre em que deve produzir algo com 100 mil unidades, segundo David Powels, presidente da empresa, a Volkswagen espera restabelecer o fluxo de negócios das concessionárias e ao menos assegurar o terceiro posto ao longo de 2016. Até porque dificilmente teria condições – e tempo – para ameaçar a segunda colocada, a desvantagem é expressiva.

A Hyundai, contudo, ainda pode alimentar pequena – quase nenhuma – esperança de roubar a cadeira da VW, um feito pouco imaginado há menos de um ano. Em 2015, por exemplo, a marca ficou no quinto lugar, com 8,3% de participação, 6,2 pontos porcentuais a menos do que a própria Volkswagen, terceira no ano, e 2 pontos abaixo da Ford, a quarta.

A montadora americana, aliás, pode protagonizar a maior mudança no ranking este ano e cair duas posições. De janeiro a outubro, foram negociados 146,7 mil veículos Ford no mercado interno, 9,1% do total e apenas a sexta maior participação. Além de ser ultrapassada pela Hyundai, ficou para trás também com relação à Toyota, que registrou 147,9 mil emplacamentos no período e ascendeu da sétima posição ao final de 2015 para a quinta.

Lélio Ramos deixa a FCA

Depois de dezoitos anos na FCA, Fiat Chysler Automobiles, Lélio Ramos deixou a companhia oficialmente nesta quinta-feira, 3. Desde o início do ano, o executivo ocupava a diretoria de Marcas Premium para América Latina. Ramos, afirma nota da empresa, pretende se dedicar a projetos pessoais a partir de agora.

De 1998 a 2015, Lélio Ramos foi diretor comercial da Fiat, período em que a marca consolidou-se na liderança do mercado interno de automóveis e comerciais leves.
Formado em engenharia mecânica FEI e com MBA na Universidade de Michigan, o executivo foi também diretor geral na Iochpe Maxion S/A e diretor na Ford e GM do Brasil.

Stefan Ketter em palestra

O presidente da FCA, Fiat Chrysler Automobiles, Stefan Ketter, aproveitou o Congresso AutoData Perspectivas 2017 para falar da importância de o setor ampliar seus negócios com outros países, dedicando pelo menos 20% de sua capacidade para as exportações. Em sua apresentação, realizada na terça-feira, 18, ele defendeu a necessidade de o Brasil ampliar o número de acordos bilaterais automotivos, principalmente com países da América do Sul. “Chile e Peru, só para citar alguns exemplos, têm acordos com países do outro lado do mundo e não com o Brasil. Temos de ter mais acordos desse tipo”, destacou.

O executivo ainda disse ter convicção de que o mercado interno não cairá mais: “As medidas políticas virão e os primeiros sinais são bons. Mas ainda faltam fundamentos para fazer projeções mais concretas. O importante no momento é planejar com o pé no chão, ser o mais conservador possível. Até porque podemos errar nos chutes”.

Para ele, o ano de 2016 já é passado e que o mais importante agora é pensar no médio prazo. “O setor passa por um processo de ruptura e temos de pensar em novos modelos de negócio. E para construir temos de destruir algumas coisas.”

O executivo avalia ainda que o governo tem de construir uma regulamentação de longo prazo para que o setor possa definir investimentos, mas é a indústria que tem de agir, se fortalecer e ser competente em tecnologia e custos. “Temos de resolver a nossa parte.”

O presidente da FCA defendeu ainda a reindustrialização da cadeia de fornecedores, dizendo que as montadoras precisam capacitar as empresas de autopeças para exportarem mais. “Precisamos confiar mais no setor e nos próprios brasileiros”, ressaltou o executivo, citando o Polo Automotivo Jeep, construído em 30 meses em Goiana, PE, e hoje o complexo mais moderno da FCA no mundo, como exemplo de empreendimento de sucesso no País.

A apresentação de Stefan Ketter no Congresso AutoData Perspectivas 2017 está disponível na integra no perfil da AutoData Editora no Facebook ou pelo https://www.youtube.com/watch?v=RRgNYSncGUY&feature=youtu.be.

Librelato amplia exportações em 140%

A Librelato Implementos Rodoviários, de Santa Catarina, vem investindo na ampliação de seus negócios externos desde 2012 e registrou crescimento de 140% na exportação de modelos da linha leve, principalmente os basculantes sob chassi, no acumulado de janeiro a setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2015.

O mercado externo, segundo a empresa, já representa 10% do seu faturamento líquido global. “O mercado externo é um dos nossos pilares estratégicos. Com foco no longo prazo os produtos da Librelato vêm aumentando ano a ano sua presença internacional”, comenta José Carlos Sprícigo, CEO da companhia catarinense.

Para conseguir crescimento expressivo na área a Librelato investiu na prospecção de novos negócios e passou a inserir uma cultura internacional em toda a empresa. Seus principais parceiros no momento são os países com mais proximidade geográfica e cultural, dentre os quais Paraguai, Bolívia, Uruguai e Chile. “Os próximos passos serão de continuidade em busca de novos mercados internacionais, com foco na América Latina, África e Oriente Médio”, informa Rafael Bett, gerente de exportação da Librelato.

A busca por negócios externos para driblar ao menos em parte as dificuldades vividas internamente tem sido recorrente no setor automotivo, inclusive no segmento no qual a Librelato atua. De acordo com a Anfir, Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários, os fabricantes representados pela entidade ampiaram suas vendas externas em 24% este ano.

Em operação desde 1969, a Librelato possui três unidades fabris nas cidades de Içara, Criciúma e Capivari de Baixo, onde fabrica coletores de lixo, através da Libremac.

Nova etapa da MAR-1 não altera mercado de máquinas

A proximidade da adoção da segunda etapa da legislação ambiental MAR-1 para a maioria das máquinas de construção e agrícolas vendidas no Brasil, em janeiro de 2017, não tem gerado compras antecipadas por parte de empresas e produtores rurais, assegura Ana Helena de Andrade, vice-presidente da Anfavea.

A executiva diz que não há qualquer sinal nesse sentido e que o ritmo de produção de equipamentos que ficarão fora dos novos índices – e que podem ser fabricados até o encerramento de 2016 – segue o curso natural das vendas. “A produção em setembro ficou abaixo da de agosto”, exemplifica.

De janeiro a setembro o mercado brasileiro de máquinas absorveu 30,4 mil unidades, recuo 17,4% na comparação com igual período do ano passado. A produção superou 35,7 mil equipamentos, 21,7% menos do que nos nove primeiros meses de 2015.

A partir de 1º de janeiro todos os modelos – nacionais ou importados – e máquinas rodoviárias com potência igual ou superior a 25 cavalos e máquinas agrícolas acima de 101 cv vendidos no Brasil deverão estar enquadrados nos novos índices previstos pela MAR-1, fase específica para o segmento do Programa Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores, o Proconve, que completou 20 anos.

A legislação terá mais uma etapa importante em 2019, quando aí também todos os modelos de máquinas agrícolas acima de 25 cv deverão atender aos novos limites de emissões s de monóxido de carbono, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio e material particulado, equivalentes às regulamentações Tier 3 na América do Norte e Stage IIIA na Europa – regiões que já adotaram regras ainda mais exigentes.

As novas regras, porém, já estão em vigor para parte da produção de máquinas de construção. Em 2015, novos modelos de potência igual ou superior a 50 cv adotaram motorizações ompatíveis.

Para atender aos novos índices os fabricantes de motores a diesel têm tecnologias distintas e já presentes nos caminhões vendidos no País, comoa EGR, pela qual parte do gás do escapamento retorna à câmara de combustão do motor, reduzindo a temperatura de combustão e a formação de NOx, ou SCR, que se vale de um reagente líquido, o Arla 32, pulverizado no gás do escapamento e que neutraliza a geração de NOx.

O emprego desses recursos gera custos que deverão serão repassados ao cliente final. A dirigente da Anfavea, porém, diz que o porcentual variará de empresa para a empresa. De qualquer forma, dependendo da aplicação, o custo operacional e a maior produtividade podem compensar o acréscimo, pondera.

Segundo a Anfavea, se comparados com motores não certificados ou não regulamentados, a redução da poluição de material particulado em motores MAR-1 pode ser 85% menor e a de NOx até 75%. “São índices próximos dos exigidos em regulações semelhantes dos principais mercado”, afirma a vice-presidente da entidade.

Assento contra o sono

Uma poltrona capaz de impedir que motoristas de caminhões ou de ônibus caiam no sono. Essa é a proposta em desenvolvimento do Centro de Inovação da Marcopolo em parceria com o Cemsa, Centro Multidisciplinar de Sonolência e Acidentes, ligado do Instituto do Sono. O protótipo está em exposição no estande da encarroçadora no Congresso SAE, de 25 a 27 de outubro, no Expo Center Norte, em São Paulo.

De acordo com Eduardo Kakuichi, projetista da Marcopolo, o banco se encontra atualmente já em fase de testes de campo e busca parceiros para posterior industrialização do projeto. “Negociamos com fornecedores para uma eventual linha de poltronas para motoristas, que tanto pode ser para os produtos Marcopolo quanto para o fornecimento a terceiros.”

A poltrona, chamada de Antisleep Seat, ou simplesmente Antissono, incorpora uma série de dispositivos de distração mecânica e fisiológica com o objetivo de prolongar o estado de alerta do condutor nos momentos ou horários críticos de sonolência e fadiga. “Ao contrário dos recursos atuais, nos quais nos quais identificam e entram em ação quando o motorista já está com sono, a poltrona impede que a condição de sono se estabeleça.”

Kakuichi lembra que as condições para a sonolência, além do cansaço natural ou de uma noite maldormida, está também na diminuição da luz quanto da redução da temperatura corporal. “Como não é aconselhável iluminar a cabine, devido ao reflexo nos vidros, providenciamos recursos mecânicos na poltrona.”

A poltrona traz mantas térmicas que aquecem o encosto lombar, saídas com sopros de ar na altura do pescoço e nas panturrilhas, movimentos vibratórios e alertas com mensagem de voz. Em resumo, a poltrona vibra, aquece, sopra e fala.

Ao longo de uma viagem e a partir de um cadastro das condições do motorista, como horas de sono, vida familiar, doenças crônicas , dentre outras variável, um programa via aplicativo calcula os momentos e as frequências em que os recursos da poltrona atuarão no motorista. “O protótipo ainda é conceitual, mas nos testes iniciais em simuladores, a poltrona provou que contribui na atenção e, mais importante, não é reativo, o que poderia ser tarde para impedir o sono.”

De acordo com a encarroçadora, os testes finais e a apresentação da poltrona a clientes e operadores estão previstos para ocorrer entre o fim de 2016 e início de 2017.

As novidades na área de transmissão

Os fabricantes de transmissões aproveitam o 25º Congresso SAE Brasil para avaliar o interesse das montadoras brasileiras em novos produtos nessa área, alguns já em negociação com clientes locais e que estarão no mercado em breve e outros ainda em fase de protótipo. O ponto em comum das novas transmissões apresentadas por fabricantes como a Schaeffler, Eaton e Bosch é a oferta de mais conforto, robustez e maior eficiência energética.

Há novidades principalmente em câmbio manuais, seja para automóveis ou veículos comerciais, ainda os preferidos na América do Sul, conforme comenta o diretor executivo de pesquisa e desenvolvimento da Schaeffler na região, Cláudio Castro. A empresa expõe no evento da SAE, que acontece de terça-feira, 25 a quinta-feira, 27, no Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte, na capital paulista, um protótipo de embreagem manual com sistema eletroeletrônico que auxilia o motorista.

“É uma embreagem eletronicamente ativa para veículos de passeio”, explica Cláudio Castro, diretor executivo de pesquisa e desenvolvimento da Schaeffler na América do Sul. A empresa, segundo o executivo, está prospectando o mercado brasileiro e o mundial, considerando o Congresso SAE um bom laboratório para avaliar o interesse pelo novo produto.

A Eaton, por sua vez, apresenta as transmissões ESO6101, manual de seis marchas, e a EA6106, automatizada também de seis velocidades, destinadas a veículos de 7 a 13 toneladas. A primeira, segundo o diretor de negócios para transmissão, embreagem e contrato de manufatura da Eaton América do Sul, Amaury Rossi, já está sendo negociada com clientes brasileiros e começará a ser produzida aqui no começo do ano que vem.

“A ESO6101 é 100% de alumínio e a qualidade do engate é igual à de um automóvel», comenta Rossi, destacando que as duas foram totalmente desenvolvidas pela engenharia local e já contam com o interesse de montadoras daqui: “Uma área na qual investimos fortemente neste período de recessão do mercado foi a de engenharia. Convencemos a matriz que o Brasil é maior que a crise e que temos de inovar para estarmos preparados no momento de retomada das vendas”.

No estande da Bosch, a empresa apresenta o eCS, electronic Clutch System, sistema que aciona a embreagem de maneira eletrônica, ou seja, o pedal da embreagem “conversa” com central eletrônica do veículo, enquanto a troca de marcha ainda se mantém a cargo do motorista. “O objetivo aqui é entregar conforto e economia de combustível”, destaca Walter Arens, da engenharia de sistema da companhia. “O sistema desacopla a embreagem quando o motorista tira o pé do acelerador. Isso permite que o carro não morra quando engatado, contribui com as saídas em rampas, além de promover economia em momentos nos quais se pode usar a inércia do carro, como se estivesse em ponto morto.”

Segundo Arens é um sistema mais simples que um câmbio automático, porém mais sofisticado para uma transmissão manual. “O sistema permite outras possibilidades também, como a simples eliminação do pedal da embreagem e, então, incorporação de sensores da intenção da troca de marcha na alavanca do câmbio.”

Para melhor avaliação do sistema, a Bosch colocou um veículo protótipo à disposição durante o Congresso SAE aos interessados. Embora em desenvolvimento, mas adequado para qualquer plataforma de veículos já existentes, a companhia acredita que em dois anos o sistema esteja disponível para o mercado.

Mercedes-Benz revela sua picape

Em evento em Estocolmo, na Suécia, na terça-feira, 25, a Mercedes-Benz apresentou o conceito X-Class, protótipo que mais chega perto de sua nova picape em gestação, fruto do desenvolvimento da parceira com a Aliança Renault-Nissan e baseada na plataforma da nova Nissan Frontier (NP300), a mesma também que deu origem ao modelo da Renault Alaskan.

Com a picape a Mercedes-Benz ampliará sua gama de produtos na divisão de Vans e, de acordo com a fabricante, entregará sofisticação e capacidades. Na verdade, será a primeira dentre as marcas consideradas de luxo a disputar segmento de picapes médias. Segundo a marca, a picape será lançada no fim de 2017.

A produção começa na fábrica da Nissan em Barcelona, Espanha, para abastecer o mercado europeu, australiano e sul-africano e, depois, a fabricação desembarca na fábrica da Renault, em Córdoba, Argentina, para suprir Brasil e Argentina. A previsão do início das vendas por aqui, somente em 2018, como também da Alaskan.

Presente no evento da Suécia, Dieter Zetsche, CEO do Grupo Daimler, disse que com a picape a empresa fecha uma das últimas lacunas do portfólio da empresa: “Queremos oferecer veículos que atendem necessidades específicas dos clientes. O X-Class definirá novos padrões em um segmento em crescimento”.

A fabricante adianta que uma das versões, pelo menos a topo de linha, terá motor de seis cilindros e tração nas quatro rodas com transmissão automática, como também recursos e tecnologias avançadas conforme promete qualquer veículo da marca.

Citroën brasileira venderá carros pela internet

Quando lançou o Celta no Brasil, em 2000, a General Motors fez estardalhaço para divulgar que o modelo seria o primeiro a ser vendido pela internet no Brasil. O hatch saiu de linha no ano passado após mais de 560 mil unidades fabricadas. Muito poucas negociadas pela rede mundial de computadores e, ainda assim, somente naquele início, com desconto de 7% sobre o valor praticado nas próprias revendas, que também dispunham de quiosques com terminais onde o cliente comprava o veículo “pela internet”.

Não chega a ser uma total novidade, assim, a iniciativa da Citroën, revelada nesta quarta-feira, 26, que apresentará no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro, versões e-commerce dos nacionais C3 e Aircross, batizadas de St@rt, que terão vendas exclusivas pela internet.

O sistema proposto pode até ser semelhante, mas os tempos são bem outros – uma geração inteira de consumidores –, o cliente ainda mais e a fabricante quer dar muito mais passos no terreno digital, ainda que um de cada vez.

Paulo Solti, diretor geral da Citroën do Brasil, aponta, por exemplo, que a marca dispõe hoje de mais de 11 milhões de fãs no conjunto de suas plataformas sociais em todo o mundo – só a Citroën brasileira tem 4,2 milhões de seguidores no Facebook e 112 mil no Instagram.

“No Brasil, o universo de pessoas que costuma comprar produtos e serviços pela internet e que estão potencialmente no momento de trocar seus carros superam 5 milhões por mês”, diz o executivo, que aponta ainda que a média de visitas às revendas antes da compra caiu de cinco para três por pessoa e que 85% dos clientes consultam sites antes de optar por um modelo.

“O incentivo naquela época era praticamente a redução fiscal e só”, recorda Solti, em referência à aventura pioneira do Celta. “Hoje o consumidor tem outro comportamento, está muito mais conectado com o mundo digital e demanda outros serviços de mobilidade que ofereceremos mais à frente.”

O executivo não revela quais serviços terá no cardápio do site, mas admite que as versões St@rt serão mais baratas do que às equivalentes já oferecidas na rede. Neste caso, enfatiza, decorrência também de bom acerto com a rede de concessionários, custos de distribuição e estoques reduzidos e ganhos de eficiência na produção. Afinal o consumidor poderá escolher somente a cor dos produtos St@rt, que terá equipamentos exclusivos, mas nenhum opcional.

O consumidor contará com site dedicado para isso. Nele poderá gerar boleto eletrônico para pagamento ou até financiar o carro. Solti assegura que a presença na revenda escolhida será necessária somente mesmo para a retirada do veículo ou caso o cliente queira dar seu usado como parte de pagamento e, para isso, o negocie com o concessionário antes de concluir a transação no computador de sua casa.

Solti assegura que não é intenção da Citroën versões e-commerce para todos os modelos que vende aqui, algo que ampliaria a complexidade do sistema e da produção neste primeiro momento. A Citroën quer, antes, colher experiências dessa primeira investida – que já tem outros passos definidos e que serão revelados durante o salão paulistano – e aprimorá-la.

O aprendizado será importante não só para a equipe de Solti, para a rede de revendedores e também para a fábrica da PSA em Porto Real, RJ, onde são fabricados C3 e Aircross, mas para a própria montadora globalmente. O diretor ainda desconhece qualquer filial da PSA que já disponha de vendas integralmente pela internet.

“A mobilidade deve ser entendida de maneira mais ampla do que o simples deslocamento das pessoas. Proporcionar uma maior flexibilidade no momento da compra do veículo 0 km é uma das maneiras de contribuir para a qualidade de vida dos clientes”, afirma Solti.