Máquinas têm o melhor mês

O segmento de máquinas agrícolas e rodoviárias ainda está bem longe de seus melhores anos, mas é, com certeza, o de melhor desempenho dentro da indústria automotiva brasileira em 2016. Antonio Megale, presidente da Anfavea, já acredita até que o setor poderá ter resultados menos ruins do que os inicialmente estimados para produção e vendas internas: quedas de 16,4% e 15,5%, respectivamente.

Essa expectativa mais positiva do dirigente ganhou corpo após os números de outubro, quando foram fabricados 6,1 mil equipamentos, o melhor resultado mensal no ano, 19,9% a mais do que em setembro e expressivos 27% acima do volume registrado no mesmo mês do ano passado. Com essa aceleração das linhas no mês, a produção acumulada de janeiro a outubro chegou a 41,9 mil máquinas contra 50,9 mil do mesmo período do ano passado, ou 16,9% abaixo.

As vendas internas em outubro permaneceram praticamente estáveis com relação a setembro e somaram 4,8 mil equipamentos. A comparação com o mesmo mês do ano passado, porém, mostra importante recuperação, com evolução de 28,4%. Nos dez primeiros meses de 2016 o mercado brasileiro já consumiu 35,2 mil máquinas, 13,2% abaixo de igual período do ano passado.

Se o desempenho dentro das fronteiras tem sido crescente, fora delas também melhoraram com relação à previsão inicial. A projeção da entidade era exportar 8,2 mil equipamentos em 2016. De janeiro a setembro, porém, já seguiram para outros países 7,8 mil. E o resultado acumulado poderia ser ainda melhor, caso outubro não tivesse decepcionado com apenas 780 equipamentos embarcados, 20% abaixo de setembro.

Mas a Anfavea prefere ainda não precisar qual o tamanho do mercado e da produção imaginada para 2016 após esses resultados. “O importante é que mês a mês a queda nas vendas vem encolhendo 4 pontos porcentuais em média. Até setembro a diferença acumulada era acima de 17% e, agora, está em 13%”, pondera Ana Helena de Andrade, vice-presidente da entidade.

O setor deve comemorar este ano safra recorde de grãos acima de 200 milhões de toneladas, o que tem animado o produtor rural, permitindo a sustentação das vendas e da produção nos últimos meses. A vice-presidente da Anfavea, diz que os recursos de financiamento não faltarão e que agora a tendência é de crescimento de vendas de colheitadeiras.

Receita com exportações fica próxima à de 2015

A receita do setor automotivo com exportações caminha para se equiparar ou até mesmo superar um pouco os US$ 10 bilhões 495 milhões registrados no ano passado. No acumulado até outubro atingiu US$ 8 bilhões 653 milhões, com pequena queda de 1,9% em relação aos US$ 8 bilhões 818 milhões exportados nos primeiros dez meses de 2015.

“Já está quase igual”, comentou na segunda-feira 7, o presidente da Anfavea, Antonio Megale, lembrando que os números poderiam ser melhores não fosse o problema de produção em uma das associadas (no caso, a Vokswagen), que deve ser superado neste último bimestre do ano.

As exportações em outubro atingiram US$ 955,3 milhões, resultado 3,9% inferior ao de setembro, mas 9,8% superior ao do mesmo mês do ano passado. Desde julho a indústria automotiva brasileira vem exportando mensalmente acima de US$ 900 milhões, valor que no segundo semestre do ano passado ficou em US$ 850 milhões na média, o que sinaliza para este ano um resultado melhor do que o de 2015.

Em número de veículos exportados o desempenho deste ano é positivo em 19,7% – 400,6 mil unidades embarcadas de janeiro a outubro contra 334,6 mil no mesmo período de 2015. O mesmo já não acontece em máquinas agrícolas e de construção, que sofreram queda de 7% no mesmo comparativo: 7,8 mil unidades contra 8,4 mil.

As vendas externas em outubro totalizaram 36,9 mil veículos, com queda de 6,5% em relação às 39,4 mil unidades exportadas em setembro e de 7,5% no comparativo com o mesmo mês do ano passado (39,9 mil). Também o desempenho negativo do mês é explicado pelo presidente da Anfavea pela paralisação temporária das linhas de montagem da Volkswagen entre agosto e setembro: “Uma das associadas teve problema para retomar produção e, consequentemente, exportações”.

Com relação aos acordos bilaterais em discussão, informou que tanto o acertado com a Bolívia como o com o Peru ainda não foram internalizados. No primeiro caso houve problemas relativos à tentativa da Bolívia de incluir novos produtos no acordo e no segundo o que tem prejudicado sua operacionalidade são questões burocráticas. “De todo jeito já estamos ampliando nossos negócios com esses países. De janeiro a outubro, por exemplo, houve crescimento de 118% nas vendas para a Bolívia”, comentou Megale, sem citar números absolutos dos embarques.

Indústria prevê produção recorde este mês

Com base nas informações de suas associadas a Anfavea está prevendo produção recorde no ano agora em novembro, com a saída das linhas de montagem de mais de 200 mil veículos. Em outubro houve pequeno crescimento com relação a setembro, de 2,3%, com a fabricação de 174,2 mil unidades. No acumulado de 2016 a produção atingiu 1,74 milhão de veículos, queda de 17,7% em relação às 2,1 milhões dos primeiros dez meses de 2015.

Os números foram divulgados na segunda-feira, 7, pelo presidente da Anfavea, Antonio Megale, que preferiu por enquanto não rever a meta de a produção este ano chegar a 2 milhões 296 mil unidades. Ele admitiu ser difícil atingi-la – teriam de sair das linhas de montagem 270 mil unidades/mês neste último bimestre – mas destacou que a expectativa é favorável tanto para novembro como também para dezembro.

Um fator que influenciou negativamente na produção do setor neste segundo semestre foi a decisão da Volkswagen de suspender contrato com um grupo fornecedor com o qual vinha tendo problema, o que paralisou suas linhas por mais de um mês. E a retomada teve de ser gradativa, com a produção plena da marca devendo ser atingida apenas este mês.

Até agora agosto foi o melhor mês do ano para o setor em produção, com 190,6 mil unidades, volume que baixou para 178,7 mil em agosto e 170,3 mil em setembro. Outubro, com as 174,2 mil unidades, ainda foi afetado por “problemas de produção em duas associadas”, segundo o presidente da Anfavea.

Vendas locais – Assim como a produção, também o mercado interno teve seu pico em agosto, com o emplacamento de 183,9 mil veículos. As vendas caíram para 160 mil unidades em setembro e atingiram 159 mil no mês passado, pequena queda de 0,6% com relação ao mês anterior e de 17,2% no comparativo com outubro de 2015. Com um dia útil a menos no mês passado, Megale considera que o mercado está estável com vendas diárias na faixa de 8 mil unidades.

“Temos indicadores positivos com relação à retomada da confiança do consumidor e acreditamos que ainda este ano teremos uma retomada. Se as montadoras estão programando produzir mais é porque acreditam em vendas maiores”, comentou o presidente da Anfavea. E se há duvida com relação ao cumprimento das projeções relativas a produção, Megale manteve-se confiante quanto à expectativa de o mercado interno superar 2 milhões.

Os estoques, segundo a Anfavea, mantiveram estáveis nas fábricas e nas redes, com total de 209,2 mil veículos em outubro ante os 212,5 mil de setembro. O nível de emprego sofreu pequena baixa de 0,8% no comparativo do mês passado com o anterior, reduzindo-se para 123,7 mil funcionários na base. Em um ano foram fechados 9,1 mil postos de trabalho, mas tudo indica que os cortes agora passarão a ser mais pontuais. Há atualmente 7,9 mil trabalhadores afastados do serviço, em lay-off ou PPE, número que em meados do ano era quatro vezes maior.

Megale voltou a comentar sobre as discussões com o governo em torno de uma política industrial para o setor, dizendo que dentre as prioridades está o fortalecimento da engenharia nacional, um dos pontos já favoráveis no Inovar-Auto. A Anfavea também quer um programa com prazo maior, de pelo menos dez anos, e a definição de legislações a serem cumpridas no período:

“O tempo de maturação do projeto de um novo carro varia de três a quatro anos e, por isso, é fundamental termos regras pré-definidas para definirmos investimentos junto às matrizes”.

Caminhões acumulam queda nas vendas de 31%

Apesar da ainda dramática situação do mercado de caminhões, com queda de 31% nas vendas de janeiro a outubro, Antonio Megale, presidente da Anfavea, acredita em mudança nos próximos meses, muito em função das boas notícias vindas do agronegócio, com expectativa de mais uma safra recorde, acima das 200 milhões de toneladas de grãos.

“É importante dizer que o número de consultas do transportador vem aumentando dia a dia”, lembrou o dirigente durante divulgação do desempenho do setor automotivo na segunda-feira, 7. “Os executivos das fabricantes de veículos comerciais confirmam esse momento, os telefones voltaram a tocar na rede de concessionárias.”

Em outubro o mercado absorveu 3.444 caminhões, abaixo, portanto, do patamar de 4 mil unidades que vinha sendo registrado ao longo do ano. O volume representou declínio de 17,9% na comparação com setembro e de 40,4% em relação ao mesmo mês 2015.

No acumulado do ano até outubro, os negócios somaram 42.311 unidades, volume 31% inferior ao que foi registrado no mesmo período do ano passado: 61.302 caminhões.

“Os números realmente são muito ruins, o que ainda mostra certo receio do investidor. Por outro lado, já se percebe nos índices de confiança do consumidor uma inversão. Não se pode chamar de uma reação, mas que indica uma mudança de direção.”

Também no mês passado as exportações não foram nada boas para o segmento. Em outubro as fabricantes embarcaram 1.651 caminhões, volume 34% menor do que o setembro e 20,5% inferior ao do mesmo mês do ano passado, quando deixaram o País 2.077 unidades.

De janeiro a outubro as fabricantes acumulam vendas externas de 16.908 caminhões, queda de 3,1% na comparação com o mesmo período do ano passado.

As quedas nos mercados interno e externo, por óbvio, refletiram na produção. Em outubro saíram das linhas de montagem 4.635 caminhões, volume 4,4% menor do que setembro e 31,8% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado, quando foram produzidas 6.799 unidades.

Nos dez primeiros meses do ano, a produção de caminhões acumula 51.018 unidades, volume 22,9% inferior ao que foi produzido no mesmo período do ano passado: 66.130 caminhões.

Ônibus – O mercado interno do segmento de chassi para ônibus segue ainda mais retraído do que o de caminhões. Em outubro apenas 584 chassis foram emplacados, retração de 16,7% na comparação com setembro e 34% abaixo do volume vendido no mesmo mês do ano passado.

No acumulado do ano até outubro, a queda ultrapassa os 32%. Nos dez primeiros meses foram negociados 9.885 chassis contra 14.604 de um ano antes.

Nas exportações, porém, o segmento de chassi registra um desempenho melhor. No mês passado as fabricantes embarcaram 1.067 unidades, pequena queda de 2,5% em relação a setembro, mas alta de 42,3% sobre o outubro do ano passado.

As remessas de janeiro a outubro acumulam 8.051 chassis, crescimento de 34,9% na comparação com os embarques de um ano antes.
Influenciada pelas exportações, na produção de chassi nem tudo ficou no vermelho. Em outubro as fábricas produziram 1.654 unidades, volume 22,9% menor do que o produzido em setembro, mas 34,3% maior em relação do registrado em outubro de 2015, quando foram montados 1.232 chassis.

De janeiro a outubro, a produção de chassi acumula 16.136 unidades, o que representa uma baixa de 19% na comparação com o mesmo período de 2015.

É preciso encarar

Outubro começou com sinais cada vez mais consistentes de que, ao contrário do que se projetava no início do ano, o dólar deverá chegar ao final de dezembro com cotação bem mais próxima de R$ 3,00 do que de R$ 3,50, o valor tido e havido como o patamar mínimo para viabilizar as exportações brasileiras de produtos industriais, automóveis, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas incluídos.

Há até quem arrisque projetar que a cotação na virada do ano poderá estar abaixo de R$ 3,00. Mas, de concreto, o que há é a projeção constante de boletim Focus do Banco Central, divulgado na última segunda-feira de outubro: R$ 3,20 no encerramento de 2016 e R$ 3,40 no fim de 2017.

Esta projeção, renovada semanalmente e que reflete a média das opiniões das principais instituições financeiras que operam no País, faz sentido. Afinal, no relatório referente à última reunião de seu Comitê de Política Monetária, o Copom, a mesma em que reduziu os juros da Selic de 14,25% para 14% ao ano, o Banco Central não fez segredo de que sua meta prioritária é a convergência da inflação para o centro da meta já no próximo ano, o que permitiria buscar o reaquecimento da economia via gradativa redução das taxas de juros.

Na prática, isto significa que parece ser pouco provável que, ao menos ao longo dos próximos quatorze meses, o BC venha a adotar a política monetária na direção da desvalorização da moeda nacional, algo que os exportadores consideram fundamental para manter sua competitividade no Exterior.

Cabe ressaltar, todavia, que a incapacidade das indústrias instaladas no País de manter um mínimo de poder de competição fora de suas fronteiras não se deve apenas à atual cotação do dólar. Mas também, e até principalmente, ao elevado Custo-Brasil, que decorre da arcaica legislação fiscal, tributária e trabalhista, bem como da baixa qualidade do sistema nacional de educação e das deficiências da infraestrutura rodoviária, ferroviária e portuária.

A desvalorização da moeda nacional, na prática, só se torna indispensável em função da necessidade de compensar, ainda que de maneira indireta, os custos extraordinários e exagerados que todas estas deficiências impõem a quem produz no País. Custos com os quais quem optou por colocar suas unidades industriais em outros países não precisa se preocupar.

O câmbio, nesse caso, acaba funcionando como uma espécie de subsídio. Sem a ajuda dele a indústria instalada no País não apenas não consegue exportar, mas, sobretudo, permanece umbilicalmente dependente de barreiras alfandegarias protecionistas para se defender das importações.

Este ano evidenciou o tamanho do risco de apostar todas as fichas apenas na esfera cambial, ainda mais em países de alta volatilidade, como é o caso dos emergentes. Não foram poucas as empresas que tiveram de abortar no meio do caminho estratégias de compensar com exportações a redução das vendas domésticas. E muitas delas amargam, agora, prejuízos em negócios externos que quando foram fechados, no início do ano, eram lucrativos.

Fica, de qualquer forma, a lição: num mundo cada vez mais globalizado, passa a ser fundamental encarar que a eliminação das deficiências que geram o exagerado custo local é o único caminho real e concreto para garantir a viabilidade da produção industrial no País no médio e longo prazos.

E esta é a grande questão. Conforme sempre lembra Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford que tem no planejamento estratégico uma de suas principais responsabilidades, “quem não é competitivo para exportar, não o é, também, para se defender das importações”.

O Congresso Perspectivas 2017, realizado em outubro por AutoData, evidenciou que todas as montadoras e sistemistas projetam que o Brasil muito provavelmente voltará a ser, em alguns poucos anos, um dos quatro ou cinco maiores mercados do mundo de automóveis, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas.

Ser um grande mercado de veículos não representa, contudo, garantia de lugar marcado e destacado também na lista dos maiores produtores.

Esta é uma posição que tem de ser conquistada. E que só é possível alcançar com qualidade e eficiência. E qualidade e eficiência em todas as frentes: mão de obra, empresas, legislação e, sobretudo, do País em seu todo.

Novas regras, exportações e varejo dominarão o setor em 2017

O ano de 2016 entra na sua reta final e a indústria já tenta prever quais serão os avanços do setor automotivo em 2017. Apesar de ser difícil estimar números em um cenário ainda incerto, Vitor Klizas, presidente da Jato Dynamics, consultoria especializada na indústria automotiva, acredita que já é possível estabelecer qual será a agenda do setor no próximo ano. Para ele, as discussões sobre os termos do que virá após o Inovar-Auto, a prospecção de novos mercados internacionais para ampliar as exportações de veículos e a atualização das estratégias de varejo devem permear durante os próximos meses. Confira a entrevista concedida com exclusividade para a AutoData.

Qual deve ser a principal agenda do setor em 2017?
Os principais itens a serem discutidos em 2017 devem ser os termos de uma legislação após do Inovar-Auto, a prospecção do mercado internacional para exportação de produtos brasileiros e a atualização das ferramentas de varejo para monitorar as ações de vendas de veículos. Tudo isso é vital para a indústria neste momento. Em um mercado extremamente competitivo, as necessidades mais urgentes são acompanhar os preços de transação dos veículos, monitorar a concorrência e ter maior assertividade na tomada de decisão, com muita velocidade no tempo de resposta ao mercado.

O que virá depois do Inovar-Auto? O programa deveria permanecer com o mesmo formato?
Acredito que o programa evoluirá com relação ao formato atual, mas isso demandará muita discussão. Deve haver mudanças na estrutura, mas o objetivo continua a ser a busca por uma indústria consistentemente competitiva no mercado global.

Há riscos de aumento drástico da entrada de veículos importados caso os 30 pontos porcentuais sejam retirados após 2017?
Sim, pode haver uma nova entrada maciça de veículos importados no Brasil. O interesse dos grandes players mundiais no mercado brasileiro continua bastante intenso e quando esse momento chegar teremos a prova final. Todo o esforço já feito pelo governo e montadoras para tornar o produto brasileiro mais competitivo será decisivo para fazer frente aos produtos externos, que vão aumentar.

Como os acordos do Mercosul podem influenciar o mercado local? Negociações com a Europa podem culminar em redução de produção local por conta de sobreposição e competitividade?
Quanto ao Mercosul os acordos são bilaterais, portanto sempre existe a oportunidade de aprimoramento sem a necessidade da mobilização de todo o bloco econômico. Com relação às negociações com a Europa, sim, pode haver uma alteração da produção local. É muito importante ressaltar que a adoção progressiva de plataformas globais pelas montadoras estabelecidas no Brasil abre as portas tanto da importação quanto da exportação da produção local.

As exportações devem continuar ganhando força no próximo ano?
Acredito que sim. É evidente que existe um esforço contínuo do governo e das montadoras para acordos entre mercados, incluindo tanto veículos completos como kits CKD e SKD, além de peças de reposição. É uma tendência forte e sem volta.

Como a política econômica do novo governo influenciará a indústria automotiva?
A retomada da estabilidade econômica é vital para todos os segmentos da atividade industrial que necessitam de previsibilidade da demanda. Precisamos de sinais concretos para dar sequência ao processo contínuo de investimentos, que assegura a competitividade.

Qual a sua previsão para a retomada do mercado brasileiro? 
A estimativa é de uma retomada gradual, não acredito em explosão de números. Creio que a estabilidade virá somente a partir de 2019. Apenas daqui a quatro anos teremos vendas próximas aos números apresentados em 2015. Infelizmente a queda foi muito feia.

Qualidade da marca: caminho para a fidelização do cliente.

A qualidade da marca está totalmente ligada à fidelização. Em todos os segmentos de mercado, o consumidor se identifica, adere e se mantém fiel a determinadas empresas. Mas todo esse processo não acontece de um dia para o outro. A construção do apego à marca geralmente é bem demorada. Então, como dar reconhecimento, valor e fidelização à marca?

Antes de tudo, vale fazer uma analogia com a Fórmula 1, referência de qualidade para qualquer empresa. Ao assistirem a uma competição, pessoas se mostram totalmente aderidas à marca. Como se torcessem por um time de futebol, vestem camisetas e bonés. Elas se identificam em função de um diferencial apresentado. Este talvez seja o segredo de mercado!

Na busca por novas práticas para alcançar a fidelização, é preciso oferecer qualidade com alto desempenho, que contemple todas as demandas do cliente e não gere dores de cabeça. Vale, aqui, abrir parênteses para a importância da certificação em todo esse processo. Também vinculada à qualidade da marca, a certificação confere robustez a processos, produtos e sistemas.

Hoje há muitas opções de marcas em todos os segmentos. No setor automotivo são mais de trinta montadoras atuantes no Brasil, cada uma com uma particularidade: algumas se sobressaem por sofisticação porque atuam com públicos específicos; outras buscam popularização e assim por diante. Em comum, devem se especializar no produto de interesse para fidelizar clientes.

Atualmente a qualidade da marca está bastante ligada à conectividade, ao meio ambiente e à segurança. Quanto melhor essas características estiverem incorporadas à qualidade, maiores serão as chances de satisfação e, por consequência, fidelização do cliente. Buscar constantemente entender e atender às demandas do mercado é um ponto importante!

Nesse contexto, é a somatória de toda a cadeia que gera fidelização. Assim como a montadora deve entender os requisitos do cliente para desenvolver o produto mais adequado, os fornecedores precisam ter a mesma percepção de qualidade da marca. O mesmo vale para toda a rede de concessionárias e serviços, que têm contato direto com o cliente final.

O segredo da fidelização é a robustez em processos, sistemas e produtos. Isto vale para a relação entre autopeças e montadoras. O fornecedor é escolhido por alguma razão dentro de critérios pré-estabelecidos. Enquanto tiver bom desempenho, provavelmente seja marca fidelizada. Se houver problemas regulares ou sistêmicos, pode-se abalar o relacionamento e eventualmente perder espaços.

Com oficinas, concessionárias ou lojas de reposição, vale o mesmo. A empresa pode ter instalações robustas, mas provavelmente perderá diversos clientes se não contar com pessoas qualificadas para realizar um atendimento adequado. Quanto melhor for a percepção para entender e solucionar o problema, mais chances de os consumidores se tornarem clientes.

Fidelização não pode ter comodismo. Se a empresa não avalia constantemente o seu produto, não investe em inovações e não se mantém próximo das demandas de mercado, pode perder a fidelização com rapidez. No setor da aviação, quantas marcas tradicionais, reconhecidas como as melhores há 30 anos, já deixaram o mercado brasileiro?

O consumidor é extremamente volátil. Ele evolui constantemente suas percepções e exigências. Portanto, a qualidade da marca não pode ser encarada como algo estanque, mas extremamente dinâmico. O segredo é constantemente se medir e olhar para os desejos do mercado para inovar e manter a qualidade da marca.

Ingo Pelikan é presidente do IQA, Instituto da Qualidade Automotiva.

Salão de SUVs

Se o último Salão de Paris, realizado em outubro, mostrou o automóvel do futuro cada vez mais próximo da realidade, a 29ª edição do Salão do Automóvel de São Paulo, de 10 a 20 de novembro, comprova que o Brasil, que já chegou a figurar como o quinto maior mercado mundial e segue com enorme potencial, precisa remar um tanto a mais para chegar ao mesmo patamar, ainda que produtos aqui fabricados tenham avançado muito nos últimos anos, sobretudo em eficiência energética.

Enquanto a mostra francesa primou por exibir veículos com elevado grau de conectividade, motores elétricos de grande autonomia e sistemas de condução autônoma que já estão ou estarão em breve nas ruas, o evento paulistano tem os pés fincados na realidade crítica do mercado interno atual, carente de produtos que impulsionem as vendas já em 2017.

A lista de novidades é grande, mas talvez a principal, que ficará registrada na história do evento, é bem mais palpável ao público. Trata-se do novo endereço do maior salão latino-americano, cuja primeira edição aconteceu em 1960 no Parque do Ibirapuera e desde 1970 tinha como palco o Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi.

Mais do que os próprios veículos expostos no São Paulo Expo, complexo na Zona Sul da cidade, é o espaço que está mais próximo do primeiro mundo automotivo. Há anos expositores e visitantes reclamavam da estrutura deficiente do Anhembi. Ainda assim, a última edição foi visitada por mais de 750 mil pessoas, o que a fez a quinta maior do mundo em público, atrás somente das mostras de Paris, Frankfurt, Detroit e Tóquio.

Agora são 90 mil m² de pavilhões climatizados, 20 mil m² externos para test drive e 4,5 mil vagas cobertas de estacionamento, outras 1 mil descobertas, além de um estacionamento alternativo para 10 mil carros. O São Paulo Expo – antigo Centro de Exposições Imigrantes – consumiu R$ 300 milhões na reforma do pavilhão existente de 40 mil m² e construção de mais 50 mil m² de área de exposição e 10 mil m² de centro de convenções, além do próprio edifício garagem. O obsoleto Pavilhão do Anhembi tem 76 mil m2 para exposições.

De qualquer maneira, vale para o visitante, claro, mais os atores do que o teatro. E aí o cardápio é farto, com vários protagonistas. Com exceção da Volvo Cars e JAC Motors, todas as montadoras que atuam no País estarão presente na mostra. Além dos chamados-carros show ou os superesportivos, que não cumprem outra função a não ser povoar o imaginário dos mais aficionados, prevalecerão os SUVs como campeões de audiência e quantidade neste ano.

O segmento é o que mais cresce em produtos no Brasil nos últimos dois anos e, apostam os fabricantes, tem muito ainda a evoluir – se aqui eles têm respondido por cerca de 12% das vendas, na Europa somam 25% e no México, mercado mais próximo do nosso, 14%.

Porém, mais do que os SUVs, a edição 2016 do evento deve também ser conhecida com a da geração Inovar–Auto, como definiu Antonio Megale, presidente da Anfavea. Isso porque ao longo dos últimos anos, desde que o novo Regime Automotivo entrou em vigor, em 2012, novas exigências obrigaram o desenvolvimento de tecnologias e modelos cujo objetivo foi entregar maior eficiência energética.

A empresa organizadora do evento, a Reed Exhibiton Alcantara Machado estima pelo menos cem lançamentos. A seguir os maiores destaques de cada montadora.

Audi
RS 6 e RS 7 Performance são as principais atrações. A fabricante aprimorou seu V8 biturbo, que agora render mais de 600 cv. Os esportivos aceleraram de 0 a 100 km/h em 3,7 segundos. A empresa também mostrará a segunda geração do R8 que chega em breve ao País. Seu motor V10 de 5,2 litros desenvolve 610 cv.

Chevrolet
No estande da fabricante de São Caetano do Sul, SP, o visitante poderá conferir de perto o Tracker reestilizado. De cara nova, deve desembarcar por aqui ate o fim do ano com o motor 1.4 turbo já presente no sedã Cruze. Confirmada pela montadora também a nova geração do Cruze Sport6 e, como curiosidade, a presença de seu modelo 100% elétrico Bolt. Por dentro das novidades deve surgir o sistema multimídia de segunda geração MyLink, como também o assistente OnStar.

FCA
Das boas novidades da companhia, a Fiat apresentará o Mobi com motor 1.0 de 3 cilindros, lançado recentemente no Uno, ea opção mais potente da picape Toro, com motor flex 2.4 de 186 cv da família TigerShark. A nova versãp se posicionará entre a 1.8 flex e a 2.0 diesel. Pelo lado da Jeep, o centro das atenções certamente será o Compass, lançado mundialmente no fim de setembro no Brasil.

Ford
Além das versões V8 premium, de 435 cv, e a Shelby GT 350R, de 533 cv, do Mustang, e do superesportivo GT, de 600 cv, a Ford mostrará a Ranger Wildtrack, versão com apelo aventureiro já vendida em mercados europeus e asiáticos que pode chegar ao País. Traz motor 3.2 turbodiesel de 200 cv, assim como a Ranger já comercializada por aqui.

Honda
A fabricante apresentará o SUV compacto WR-V. Menor do que o HR-V, utiliza a mesma plataforma do Fit, de quem heradará o conjunto mecânico. O modelo, diz a empresa, foi desenvolvido no Brasil e se baseou nas demandas dos consumidores regionais.

Hyundai
A montadora virá com uma turma de SUV. Um dos maiores destaques, no entanto, é a confirmação do Creta, programado para entrar em produção na sua fábrica de Piracicaba, SP, no ano que vem. Será oferecido com motor 1.6 de 128 cv, o mesmo presente no HB20, porém, sua plataforma vem do sedã Elentra. Além dele, o visitante poderá conferir também a nova geração do Tucson e do SUV compacto ix25.

Jaguar Land Rover
A tradicional marca inglesa mostrará o novo Discovery, lançado em setembro no Salão de Paris. O modelo abandonou as linhas quadradas e traz série de novas tecnologias, como ajuste dos bancos por controle no celular ou tablet. Também estará no estande o inédito Evoque conversível e também prometido para ser oferecido no mercado brasileiro. Já do lado da Jaguar, a maior atração será a versão mais potente do F-Type, a SVR, com motor V8 5.0 de 575 cv, e outro SUV, o F-Pace.

Kia
Além do novo sedã Cerato, que começará a ser trazido no México – vinha antes da Coreia -, a empresa confirmou o SUV Niro, modelo híbrido com motor 1.6 de 103 cv e um elétrico de 43 cv.

Mercedes-Benz
Para o Salão estão confirmadas as presenças das versões cupê do Classe C preparado pela AMG com motor V6 biturbo de 367 cv e câmbio automático de 9 marchas, o C 43 Coupé, e da Cabriolet, além da nova geração do Classe E. A grande surpresa deverá ser a picape Classe X, recentemente mostrada na Suécia e desenvolvida em colaboração com a Aliança Renault-Nissan, prevista para o mercado nacional no fim de 2018.

Nissan
A nova picape Frontier, a mesma que divide plataforma com a picape Renault Alaskan e Mercedes-Benz Classe X, deverá dividir as atenções com o esportivo GT-R. O utilitário deve trazer motor 2.3 de 190 cv a diesel.

Renault
A marca traz outra avalanche de SUVs: o compacto Kwid e o médio Captur, ambos com produção local confirmada, e o importado Koleos. A missão do primeiro é substituir o Clio, enquanto o Captur, que divide plataforma com o Duster, deve chegar em nível superior, para brigar com Jeep Renegade e Honda HR-V. Já o Koleos será o terceiro e maior SUV que a Renault pretende introduzir no País e deve ocupar a mesma faixa de Hyundai ix35, Jeep Compass e Kia Sportage. Será vendido com motor 2.5 de 170 cv a gasolina, aliado a uma transmissão do tipo CVT. Também o visitante poderá ver de perto a picape Alaskan.

Denatran lança app de multas

O Denatran, Departamento Nacional de Trânsito, lançou na terça-feira, 1º, o Sistema de Notificação Eletrônica, SNE, um aplicativo desenvolvido pelo Serpro, empresa de TI do governo federal, com o objetivo de facilitar a comunicação de infrações de trânsito pelos órgãos autuadores aos motoristas. A ferramenta ainda permitirá desconto de 40% no valor da multa interestaduais de trânsito.

De acordo com o Serpro, o aplicativo já está disponível para download, mas por enquanto apenas para usuários do sistema Android do estado de Santa Catarina. Na semana que vem, a partir do dia 7 de novembro, fica disponível também para os smartphone iOS.

Para se ter acesso às funcionalidades, o interessado precisa criar uma conta pessoal e cadastrar os dados do veículo, como placa e código Renavam. Após cadastro o usuário poderá verificar detalhe de cada multa, reconhecer a infração, copiar código de pagamento ou mesmo baixar formulário de indicação do motorista responsável pela infração.

Em nota o diretor de relacionamento com clientes do Serpro, André de Cesero, “O SNE é um canal de comunicação mais eficiente com o cidadão e trará mais comodidade e interatividade na gestão do pagamento de multas, além de possibilitar uma redução de custos, já que não será mais necessário aos órgãos autuadores imprimir e enviar notificações de trânsito para o cidadão.”

De acordo com o Serpro, nesta primeira etapa do SNE, estão aptos a aderirem ao sistema mais de 1,6 mil órgãos autuadores em todo o Brasil, integrados ao Renaif, Registro Nacional de Infrações de Trânsito: os 27 Detrans dos Estados e do Distrito Federal; órgãos municipais; Polícia Rodoviária Federal; DNIT, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). O montante hoje de infrações autuadas por esses órgãos é de 16 milhões de multas por ano.

Volvo lança sexta geração da caixa I-Shift

Presente na quase totalidade dos caminhões fabricados pela Volvo em Curitiba, PR, a caixa de câmbio eletrônica I-Shift acaba de ganhar uma nova versão: a sexta, considerada pela montadora “como o maior salto tecnológico na transmissão da linha F, desde que o sistema surgiu por aqui em 2003”.

Todos os caminhões FH já saem da linha de montagem com a I-Shift. Consideradas as linhas FM e FMX, a participação já é de 99%. Nos produtos VM, que dispõem da caixa de transmissão a partir de 2014, esse índice é de 84%.

A fabricante afirma que o novo câmbio possibilita trocas mais rápidas e eficientes, assegurando melhor desempenho, conjuntamente com mais economia de combustível e, por consequência, maior rentabilidade na operação de transporte.

O consumo de combustível nos veículos chega a ser 3% menor com a nova caixa, afirma a Volvo. “Como desenvolvemos e produzimos as transmissões e motores que equipam nossos caminhões, temos uma solução tecnológica muito mais eficiente”, afirma Wilson Lirmann, presidente do Grupo Volvo América Latina.

“Os transportadores brasileiros e latino-americanos terão, mais uma vez, acesso ao que há de mais moderno e avançado em transmissão para veículos comerciais”, acrescenta Bernardo Fedalto, diretor de caminhões da montadora, com indisfarçável entusiasmo.

E com muito pouco atraso com relação aos clientes de outros mercados. A sexta geração da I-Shift chegou à linha de caminhões europeia da Volvo ainda este ano.

Softwares mais avançados melhoram a conexão entre a caixa e todos os módulos que compõem a arquitetura eletrônica do caminhão. Com 12 marchas a frente e quatro a ré, “a nova caixa gerencia melhor a relação com o motor” e aproveita mais a potência disponível.

“A inteligência da I-Shift entende qual é o momento adequado para despender mais potência e garante um comportamento correto para cada situação”, completa Álvaro Menoncin, gerente de engenharia de vendas. A transmissão também é a única no Brasil, em conjunto com o sistema I-See, que monitora a estrada e efetua as trocas de marchas conforme a topografia e as cargas transportadas.

Super – Simultaneamente á chegada da sexta geração da I-Shift, a Volvo passa a oferecer mais uma novidade: a caixa eletrônica I-Shift Super Reduzida que pode sair de fábrica opcionalmente com 13 ou 14 marchas. Dirigida para a linha F, a nova transmissão proporciona arranque com maior facilidade em aplicações específicas e controladas com PBT de até 300 toneladas.