Venda de novas cotas continua em alta

O sistema de consórcio no segmento de automóveis e comerciais leves mantém desempenho positivo em total de participantes ativos e também no número de adesões a essa modalidade de compra. Balanço da Abac, Associação Brasileira das Administradoras de Consórcio, relativo aos primeiros nove meses do ano, indica que no período foram comercializadas 721,3 mil novas cotas, com alta de 1,7% em relação às 709,5 mil vendidas de janeiro a setembro de 2015.

Para o presidente da Abac, Paulo Roberto Rossi, a demanda crescente por novas cotas confirma o interesse do consumidor em planeja melhor suas compras: “Devido às suas características básicas, como parcela acessível ao orçamento, custos finais menores e prazos longos, a modalidade vem permitindo que cada participante economize, poupe com objetivo definido e forme ou amplie seu patrimônio”.

Também cresce este ano o número de participantes ativos no segmento. São 3,29 milhões no acumulado até setembro, 5,4% a mais do que os 3,12 milhões dos primeiros nove meses do ano passado. E apesar da desaceleração no mercado automotivo o volume de crédito concedido tem ficado estável no comparativo anual: R$ 15,67 bilhões até setembro deste ano contra R$ 15,8 bilhões nos primeiros nove meses do ano passado.

O número de contemplações, segundo a Abac, também está caminhando para a estabilidade. De janeiro a setembro foram contemplados no segmento de automóveis e comerciais leves quase 387 mil consorciados, ante os 389 mil dos primeiros nove meses de 2015.

Como nem todo o dinheiro que fica a disposição do consorciado é utilizado – segundo a Anfavea são 250 mil consorciados contemplados que aparentemente estão adiando a compra –, o total de crédito comercializado teve queda de 5,1% no mesmo comparativo, baixando de R$ 29,8 bilhões para R$ 28,3 bilhões.

O valor médio da cota no mês também caiu no comparativo de setembro deste ano com relação ao mesmo mês do ano passado, passando de R$ 42 mil para R$ 38,7 mil, uma retração de 7,9%.  
 

Produção de motos cai 31% no ano

Com 71,2 mil motos fabricadas em outubro, a produção do setor atingiu 784 mil unidades no acumulado dos primeiros dez meses do ano, o que representa queda de 31% em relação ao total de 1 milhão 137 mil do mesmo período de 2015. A produção caiu 11,5% no comparativo de outubro com setembro e 31,8% quando computados os números do mesmo mês do ano passado.

O balanço de outubro, divulgado pela Abraciclo, indica retração também no mercado interno e alguma recuperação nas exportações com relação a setembro. As vendas no atacado – das fábricas para as concessionárias – totalizaram 59,1 mil motocicletas no mês passado, recuo de 22,5% em relação às 76,3 mil do mês anterior.

No acumulado de janeiro a outubro foram comercializadas 742,6 mil unidades, queda de 29,3% em relação ao registrado no mesmo período de 2015.

As exportações somaram 4,9 mil motocicletas no mês passado, com alta de 14,3% em relação às 4,3 mil de setembro. Já em comparação com o mesmo mês de 2015, quando o setor embarcou quase 11 mil unidades para Exterior, a queda é de 55,2%. De janeiro a outubro, foram exportadas 48,6 mil motos, volume 14,4% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, com 56,8 mil unidades.

Os números, segundo o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, ainda refletem as incertezas da economia. Ele destaca, porém, que apesar do cenário atual adverso há uma expectativa de ligeira recuperação até o fim do ano. “Dois fatores são favoráveis”, diz o executivo. “A chegada do verão, que estimula o uso de motocicletas e o pagamento do 13º salário.”

Varejo – Além de divulgar os números de venda no atacado a Abraciclo também apresenta mensalmente o balanço do varejo, que em outubro indicou queda de 1,7% na média de vendas diárias em relação a setembro – 3.128 contra 3.182. No acumulado dos dez primeiros meses comercializadas 749,8 mil motos, retração de 27% em relação ao total de 1 milhão 28 mil de igual período de 2015.

Audi fechará 2016 com segundo maior volume na história

Mesmo com o mercado interno de veículos premium em forte declínio até outubro, a Audi já tem certo que encerrará 2016 com o segundo maior volume de vendas em toda a sua história no País. Jörg Hofmann, presidente da operação brasileira, projeta 12 mil unidades no encerramento de dezembro. No acumulado dos dez primeiros meses já foram 9,8 mil veículos.

Desde 2013, quando a empresa decidiu reativar suas atividades produtivas no mercado brasileiro e investir R$ 500 milhões na fábrica do Paraná para produzir A3 Sedan e o utilitário esportivo Q3, a Audi vinha registrando vendas ascendentes.

Se naquele ano negociou apenas 6,5 mil veículos no mercado interno, chegou a 17,5 mil no ano passado, recorde de vendas desde que seus carros importados começaram a rodar aqui por meio da Senna Import, no início da década de 90.

O total projetado por Hofmann é cerca de 20% abaixo do ano passado, mas ainda assim recuo inferior à média de cerca de 30% dos veículos premium no mesmo período.

“Em 2017 não será diferente, devemos repetir o mesmo volume deste ano”, calcula o executivo, que estima que o mercado como um todo também não deverá passar a marca deste ano.

Os cinquenta revendedores, praticamente o dobro de três anos atrás terá muitas novidades para confirmar esse desempenho previsto Hofmann. A montadora calcula que, entre novas versões de produtos nacionais e importados e veículos genuinamente novos no portfólio, fará doze lançamentos no transcorrer do ano que vem.

Mesmo com o crescimento expressivo do número de revendas, a empresa segue investindo na rede e no pós-vendas. Já são mais de R$ 200 milhões em três anos, afirma Hofmann. A última ação mais perceptível foi a criação do Audi Airport Service no aeroporto paulistano de Congonhas. Enquanto viaja, o cliente deixa o carro para revisão em uma oficina com  capacidade para  até duzentos veículos por mês.

“Os resultados alcançados até aqui, não só de vendas, mas também das nossas principais áreas de negócios, mostram que estamos trilhando o caminho certo para alcançar os objetivos”, enfatiza o presidente da Audi do Brasil, que fez do Salão do Automóvel de São Paulo palco para apresentação de, dentre outras, novidades como S5 Coupé, RS 6 e RS 7 Sportback performance e R8 Coupé V10 plus, superesportivo com motor 5.2 FSI que desenvolve 610 cv.

Mercedes-Benz: liderança incontestável.

Somente por um acontecimento extraordinário, fora de qualquer radar, para a Mercedes-Benz perder a liderança de vendas de caminhões em 2016. No acumulado ate o mês de outubro, a companhia encerrou o período com uma vantagem de 983 unidades vendidas a mais que a segunda colocada no ranking, a MAN.

De janeiro a outubro, o mercado absorveu 12.312 caminhões da fabricante de São Bernardo do Campo, SP, o que representou participação de 29,1%, contra 11.629 licenciamentos da montadora de Resende, RJ, ou fatia de 27,48%.

Ao fim do período dos dez primeiros meses do ano, a queda nas vendas da Mercedes-Benz, de 24,77%, também é menor que a do mercado total, de 31%, enquanto o recuo de sua principal concorrente é de 30,3%.

Bem distante dos ponteiros do ranking aparece a Ford Caminhões, em terceiro lugar. A empresa registrou 6.560 emplacamentos no acumulado até outubro, significativa queda de 42,25% na comparação com o mesmo período de 2015. O volume proporcionou à montadora uma fatia de 15,5%.

Com 10,94% do mercado de caminhões e na quarta colocação do ranking está a Volvo. A montadora de Curitiba, PR, negociou 4.628 unidades de janeiro a outubro, uma queda de 35,19% na comparação com os mesmos meses do ano passado.

No quinto lugar do ranking aparece a Scania, com vendas acumuladas até outubro de 3.592 unidades, representando participação de 8,49%. O volume foi 17,92% inferior ao anotado pela empresa no mesmo período do ano passado. Vale lembrar, no entanto, que tanto a Volvo quanto a Scania, participam somente das categorias de semipesados e pesados do mercado de caminhões.

A Iveco também é outra das montadoras que registram acentuada queda nas vendas acima de 40%. Nos dez primeiros meses do ano, foram emplacados 2.165 caminhões da montadora contra os 3.674 licenciados um ano antes. O desempenho da fabricante de Sete Lagoas, MG, permitiu alcançar 5,12% de participação do mercado.

Na sétima colocação está a DAF e diferentemente de todas as outras montadoras de caminhões é a única que registra crescimento em vendas, embora sua base de comparação seja pequena. De janeiro a outubro, o mercado negociou 534 unidades, alta de 52,57% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando registrou vendas de 350 unidades. A fabricante instalada em Ponta Grossa encerrou os dez primeiros meses com 1,26% de participação.

A lista do ranking segue com a FCA, na oitava posição e participação quase 1%, Agrale com 041% do mercado e Internacional, com 0,13%.

Ônibus – No segmento de chassis de ônibus também a Mercedes-Benz segue na liderança com mais da metade do mercado total: 55%. Nos dez primeiros meses do ano, a montadora vendeu 5.439 chassis, queda de 25,73% na comparação com o mesmo período do ano passado, mas quase 7 pontos porcentuais a menos que a baixa total do mercado de 32,31%.

O desempenho da Mercedes-Benz no acumulado do ano abriu uma vantagem de 3.912 unidades vendidas a mais que a segunda colocada MAN. A montadora de Resende registrou vendas de 1.527 até outubro, volume 51,07% menor do que o anotado uma ano antes. Seu desempenho permitiu alcançar participação de 15,45%.

Bem perto da MAN aparece a Agrale na terceira colocação com participação de 13,93% do mercado de chassi. A montadora vendeu 1.377 unidades de janeiro a outubro, volume 31,73% inferior ao anotado no mesmo período do ano passado.

Encerra o ranking das vendas de chassi a Iveco, com participação de 6,81% e 673 unidades vendidas (-36,09); a Volvo, na quinta colocação, vendeu 582 chassis o que representou 5,89% do mercado; a Scania, em sexto lugar, com 242 chassis vendidos e 2,45% de participação e a Internacional, com 12 chassis vendidos e fatia de 0,12%.

Muitos ovos na mesma cesta

Com alguma dose de exagero, pode-se dizer que a operação brasileira da Renault está próxima de se tornar uma fabricante – e ainda mais vendedora – quase que exclusiva de utilitários esportivos ou de produtos com conceito assemelhado.

Ao anunciar a produção local do Kwid e do Captur, além da importação do Koleos, a montadora terá, segundo Fabrice Cambolive, presidente da Renault do Brasil, potencialmente mais de 50% de suas vendas concentradas no segmento em futuro muito breve – talvez já em 2017.

E não será mesmo difícil chegar lá. Na fábrica da empresa em São José Pinhais, PR, já são produzidos o utilitário esportivo Duster, além do Sandero Stepway, versão do hatch com o, digamos, espírito perseguido pelos consumidores que aspiram um utilitário esportivo legítimo.

Ambos já representam perto de 27% das vendas da marca no Brasil no acumulado de janeiro a outubro: 33,1 mil dos 121,5 mil veículos Renault negociados, segundo a Fenabrave. Os outros 73% são divididos entre Clio, Logan, Sandero, Fluence e a picape Oroch – que registrou 11,7 mil emplacamentos no acumulado do ano já –, além dos comerciais Master e Kangoo.

O Kwid, a rigor, está longe de ser um utilitário esportivo, mas a Renault utilizará do marketing e de apetrechos estéticos, como no Sandero, para aproximá-lo do segmento. Ainda assim, o compacto será o modelo de entrada da marca no lugar que vem sendo ocupado pelo Clio há anos.

O presidente da Renault justifica essa opção crescente da marca pelos utilitários esportivos e assemelhados com projeções. Segundo ele, “o segmento tende a crescer muito mais do que o mercado brasileiro nos próximos anos”. A lista de veículos enquadrados como SUV’s pela Fenabrave já tem quarenta modelos.

O fenômeno é mundial e também regional. Olivier Murguet, presidente da montadora na América Latina, calcula comportamento e participação semelhantes dos SUVs nos mercados centro e sul-americanos.

Não à toa, portanto, Cambolive quer dedicar boa parte da produção do Captur, iniciada já este mês – o lançamento será somente em fevereiro – e do Kwid, previsto para sair da linha paranaense no transcorrer do primeiro semestre, para exportação. “Teremos muitas oportunidades e potencial para esses modelos lá fora, e também para os motores”, enfatiza o executivo, que confirma Argentina e Colômbia como destinos certos para o Captur.

As exportações têm registrado participação crescente nas atividades do Complexo Industrial Ayrton Senna, que tem trabalhado com 85% de sua capacidade para dois turnos ou 60 veículos por hora. Na média, está acima dos 20%. Porém, no caso de alguns modelos, como o da picape Oroch, já representam 35% da produção.

Com os novos produtos, considera o presidente que está no Brasil há apenas um ano, a montadora tem tudo para chegar a 8% de participação, talvez já no ano que vem, ou meio ponto porcentual a mais do que registrou no acumulado até outubro e que espera manter até o encerramento de 2016.

Zazcar projeta crescimento de 54% em 2017

O sucesso do Uber ajudou na reflexão da necessidade da posse de veículos e trouxe novas oportunidades de negócios na carona. Cada vez mais empresas miram as alternativas de mobilidade e a Zascar é uma das que apostam na mudança de comportamento dos motoristas para atrair clientes dispostos a compartilhar veículos em São Paulo. Fundada em 2013 como startup, a companhia ganhou um novo formato em setembro deste ano, quando lançou seu aplicativo e tornou o processo mais ágil e assertivo. Com 52 pontos de compartilhamento de veículos na capital paulista a empresa espera ampliar esse número para oitenta no ano que vem, crescimento de 54%. Cobrando R$ 8 por hora e R$ 0,50 por quilômetro rodado, a companhia mira o bolso e a praticidade para atrair usuários. O CEO da Zazcar, Felipe Barroso, conversou com exclusividade com a Agência AutoData. Confira a seguir.

A Zazcar é a primeira empresa de compartilhamento de veículos na América Latina. Qual a estrutura atual da companhia?
Nascemos em 2009 como um projeto piloto, mas ganhamos formato como startup em 2013, quando iniciamos uma estrutura física. Espalhamos carros por São Paulo e os clientes tinham de fazer suas reservas pelo nosso site para usar um dos nossos veículos. Porém, notamos que toda a tecnologia precisava ser simplificada e trazida para a palma da mão. Por isso desenvolvemos internamente um aplicativo e lançamos em setembro deste ano. Até agora são 12 mil downloads. Os interessados baixam o aplicativo, preenchem dados pessoais, tiram uma selfie, mandam uma foto da CNH e esperam até duas horas para a verificação do cadastro. Depois é só colocar o número do cartão de crédito, encontrar o ponto mais próximo e usar o carro. Cobramos R$ 8 por hora e R$ 0,50 por quilômetro percorrido. Atualmente temos 52 pontos espalhados no centro expandido de São Paulo.

Quais são as previsões de crescimento da empresa?
Não tenho dúvidas que o comportamento dos motoristas, em especial dos jovens, está passando por uma transformação. A posse dos carros está sendo discutida e cada vez mais pessoas optam por outros meios de chegar aos seus destinos. Estamos em um momento de consolidação com o novo aplicativo. Pretendemos chegar a oitenta pontos de compartilhamento em São Paulo em 2017 e mais para frente começar a expansão em outras cidades do Brasil.

Há muitas opções de veículos?
Todos os nossos veículos são Ford Ka. Quisemos padronizar a frota com carros compactos e temos mais de um veículo por ponto de compartilhamento. Nossa ideia é expandir as categorias e começar a oferecer outros tipos de veículos em breve. No desenvolvimento do nosso aplicativo, criamos uma tecnologia que destrava as portas de forma remota. Ao fazer a reserva, o motorista se aproxima do veículo com o celular e as portas do carro se abrem. A chave já fica lá dentro e isso permite que o processo seja rápido, sem a necessidade de atendentes no local.

Na sua avaliação, qual o potencial de compartilhamento de veículos no Brasil?
Precisamos entender o que acontece no mundo para elaborar essa resposta. No final da década de 90 alguns grupos bem específicos de pessoas preocupadas com o meio ambiente começaram a compartilhar veículos em países como Suíça e Alemanha. Era uma tendência de nicho, que aos poucos foi ganhando forma. No início dos anos 2000 isso chegou com mais força aos Estados Unidos e a tecnologia ajudou a ideia a ganhar novos patamares. De lá para cá o negócio só ganha força e já está consolidado em mercados mais maduros. Com a chegada do Uber no Brasil a discussão da mobilidade cresceu. As pessoas começaram a falar sobre isso e buscar alternativas de transporte. Pegamos carona nesse movimento e vimos que era a hora de investir. Antes as pessoas ficavam desconfiadas de compartilhar veículos, agora acham interessante e querem experimentar. Para se ter uma ideia, o mercado de compartilhamento de veículos movimenta cerca de US$ 4 bilhões por ano e com certeza vai crescer. Queremos estar prontos para atender essa demanda e abocanhar parte desse mercado.

Como fica a relação de vocês com as montadoras de veículos?
Acredito que é mais sentimento de união do que de competição. As próprias montadoras já entenderam que esse é um caminho sem volta e estão investindo em empresas de compartilhamento. Empresas como Daimler, BMW, General Motors e Ford já anunciaram aportes nesse sentido. Acredito que elas já notaram que a venda de carros motivada apenas pelo status e necessidade de posse não vai segurar o mercado por muito tempo. Acho saudável se adaptar às mudanças.

Convergência tecnológica é a bola da vez

Nunca se debateu tanto o tema mobilidade urbana como nos dias atuais. Os modais permanecem basicamente os mesmos, mas as soluções estão sendo aprimoradas à medida que tecnologias de suporte são criadas ou melhoradas. Com autonomia superior a 500 km nos últimos lançamentos, veículos puramente elétricos mostram que as limitações tecnológicas estão ficando para trás. Assim, abrem novas perspectivas para a sociedade, que se divide entre a necessidade de se locomover e a busca por soluções ecologicamente sustentáveis e viáveis.

Além de excelência em eficiência energética, os carros elétricos agora precisam apresentar propostas em conectividade porque cada vez mais os consumidores buscam dentro dos automóveis as mesmas experiências tecnológicas que vivenciam em casa ou no trabalho. Nesse sentido, a migração de soluções entre vários segmentos tecnológicos se mostra fundamental para a evolução do setor em relação à experiência do cliente.

Dentro das montadoras, os desenvolvimentos em veículos elétricos já estão associados aos novos modais de mobilidade urbana. Já se tornou condição natural relacionar, por exemplo, o desenvolvimento dos veículos autônomos à propulsão elétrica. Com este tipo de motor, é possível diminuir elementos mecânicos, conectar módulos eletrônicos, ter informações disponíveis em call center e, por meio de telemática, monitorar o veículo.

O compartilhamento de veículos também ganhou grande visibilidade dentro das montadoras e se tornou assunto obrigatório nas reuniões estratégicas. Hoje um veículo privado é utilizado somente de 5% a 10% do tempo disponível. Esse valor sobe de 30% a 35% com um veículo compartilhado. Dessa forma, é possível utilizar o carro seis ou sete vezes mais. Esses programas também já são associados aos carros elétricos porque demandam tecnologia embarcada, conectividade e telemática.

Para além da convergência tecnológica, a engenharia em todo o mundo avança para aumentar a autonomia dos veículos elétricos. Há muito trabalho sendo feito em relação a baterias para reduzir o tamanho e aumentar a carga; motores para reduzir as perdas de calor e aumentar a eficiência; e fontes alternativas para o abastecimento da bateria como freios regenerativos ou placas solares, além de materiais especiais para a otimização de carrocerias e a redução de peso.

Quem estiver interessado em discutir esses e outros assuntos ligados à área está convidado a participar do 5º Simpósio SAE Brasil de
Veículos Elétricos e Híbridos, que reunirá especialistas da indústria e da academia no Club Transatlântico, em São Paulo, dia 24 de novembro.

Alexandre Guimarães é engenheiro e chairperson do 5º Simpósio SAE BRASIL de Veículos Elétricos e Híbridos

Nada mais será como antes

Há usos melhores do tempo de qualquer pessoa do que sentar no banco do motorista e dirigir feito um robô, apenas tentando evitar bater em alguma coisa. A máquina pode fazer este trabalho tão bem quanto, se não melhor.

Se colocado por alguém que trabalhe em qualquer das empresas instaladas no Vale do Silício, Estados Unidos, tal conceito poderia muito bem ser interpretado como mera bravata, daquelas que se colocam na mesa na hora do happy hour apenas para impressionar os amigos ou provocar o debate.

No entanto, quando tal afirmação vem de ninguém menos que Sergio Marchionne, comandante global da FCA, é melhor prestar atenção. Trata-se, afinal, de alguém que não apenas entende, e muito, do setor automotivo, como tem condições, por cargo e função, de agir para transformar suas projeções em realidade.

Há pouco mais de um mês, quando esteve no Brasil para o lançamento do Compass, o mais novo produto Jeep, Marchionne foi até além. Revelou que os resultados da parceria do grupo que comanda com a Google – que objetiva justamente o desenvolvimento de veículos autônomos – renderão seus primeiros frutos já em 2017. “Acho que vocês verão nossos primeiros veículos no primeiro trimestre do ano que vem”, disse.

E mais: afirmou que “o custo da direção autônoma não será muito grande. Será possível torná-la disponível para a maioria dos consumidores por um preço razoável”.

Marchionne se declarou convencido de que o “negócio automotivo vai mudar drasticamente na próxima década”. Alinhou-se, assim, com o que vem sendo dito e repetido à exaustão pelos principais executivos de alto escalão de praticamente todas as montadoras.

É cada vez mais comum ouvir-se desses executivos que a indústria automobilística caminha na direção de deixar de ser fabricante de automóveis, caminhões ou ônibus para se transformar numa provedora de mobilidade, seja de pessoas ou de cargas.

Os exemplos desta tendência estão por toda parte. Ainda na última terça-feira de outubro, 25, a Otto, a unidade de veículos autônomos controlada pelo Uber, anunciou a conclusão da primeira entrega comercial de carga transportada por um de seus caminhões autônomos. Uma carga de cerveja foi levada de Ford Collins, Colorado, EUA, até Colorado Springs, num percurso de 200 quilômetros em rodovias comuns. Havia um motorista na cabine, treinado para assumir caso se tornasse necessário, o que não aconteceu.

Cerca de um mês antes a Mercedes-Benz havia apresentado, na Alemanha, uma van elétrica experimental equipada com um sistema que automatiza a coleta no armazém das mercadorias a serem transportada e as organiza dentro da cabine do veículo de maneira a permitir que, quando se chegar ao destinatário, uma espécie de mini empilhadeira robotizada possa selecionar autonomamente a encomenda a ser entregue.

Entrega, aliás, que, eventualmente, dependendo do tamanho da carga, pode ser feita até por um drone estrategicamente posicionado sobre a cabine e ao qual a mini empilhadeira tem acesso direto (ver edição 3.907 da Agência AutoData, de 9 de setembro).

Outros exemplos ligam-se mais diretamente à outra frente na qual grandes mudanças são esperadas: a da comercialização. No Brasil, Ford e General Motors instituíram neste ano programas pilotos nos quais trocaram os carros individuais atribuídos a um grupo de funcionários por uma frota de veículos que ficam a disposição de todos.

Neste caso especifico, o que se vende não é veiculo, mas a tal da mobilidade: a posse do veículo é trocada pela posse de um direito de uso de um entre vários veículos.

Nesta fase inicial a Ford ainda prefere colocar apenas um modelo, o Focus, no programa. A General Motors, de seu lado, optou por trabalhar como uma frota mais diversificada. Nesse caso, cada um dos membros do grupo escolhe, a cada dia, de acordo com a necessidade do momento, o carro com o qual pretende ir do trabalho para casa.

Se tiver programado uma viagem com a família, por exemplo, a escolha pode ser por um carro maior e mais confortável. Mas se tiver de fazer uma pequena mudança, melhor, então, optar por uma picape. Faz muito sentido.

No Salão de Automóvel que na quinta-feira abriu suas portas, em São Paulo, para o público em geral, a Audi apresentou outra variável do sistema. Também em caráter experimental, a empresa está colocando cinco carros da marca que podem ser locados por seus funcionais por hora, dia, semana ou mês, ao gosto do freguês (ver edição 3.949 da Agência AutoData, de 10 de novembro).

Em todos esses casos, a necessidade de posse do veiculo é deixada de lado. Nesta mesma direção, começam a aparecer, com alguma frequência, consumidores tradicionais do setor automotivo que trocam a posse do carro pela de um celular munido dos aplicativos do Uber ou de qualquer outra empresa que garanta um taxi na porta em dois ou três minutos. Em qualquer lugar e a qualquer hora do dia ou da noite. Com direto, ainda, a tomar um bom vinho durante o jantar no restaurante.

Também faz muito sentido. Ainda mais se o dinheiro resultante da venda do carro for utilizado, por exemplo, para uma grande viagem nas férias ou, eventualmente, para dar a entrada na compra de um imóvel próprio.

Na verdade, quem tem adolescente em casa já deve ter percebido que o carro saiu da lista de desejos prioritários dos jovens. Há pesquisas, inclusive, que chegam a indicar que, nestes novos tempos, a tendência seria a de que a posse do primeiro carro, seja por presente do pai ou por compra, está sendo postergada até a chegada do primeiro filho.

Até lá, as novas prioridades de gastos estão passando a ligar-se a viagens, cursos, shows, academias e compra de toda sorte de penduricalhos eletrônicos. Até porque a convivência com a turma toda está garantida hoje em dia, sem necessidade de deslocamentos físicos – e, portanto, de carro próprio – pelo WhatsApp e seus congêneres.

Na área da produção, a própria fabrica da FCA em Pernambuco na qual é fabricado o Compass, cujo lançamento trouxe Marchionne ao Brasil, indica o quanto é irreversível a tendência de aumento da automação das linhas de montagens.

Nos escritórios, as ausências de paredes e os vários departamentos trabalhando lado a lado já são quase que lugar comum. O próximo passo muito provavelmente vai incluir um sistema no qual ninguém tem sua própria mesa e as reuniões passam a ser em sua maioria on line, com larga aplicação do home office.

É bem verdade que há, ainda, um complexo caminho pela frente. A legislação, por exemplo, terá de se adequar a tantas novidades que seriam inimagináveis há apenas alguns poucos anos. Exemplo: um carro autônomo terá de ser programado para tomar decisões em momentos de
emergência. Digamos que a situação coloque em risco um pedestre ou, em caso de desvio abrupto, o passageiro do carro. Quem o programador deverá priorizar?

Quem trabalha ou pretenda trabalhar na área automotiva pode ter a certeza de que nada mais será como antes e, sobretudo, de que a mudança, desta vez, pouco terá de gradativa. Será muito rápida.

Os altos executivos globais do setor têm sido unanimes na projeção de que boa parte de tudo aquilo que hoje é experimental estará chegando ao mercado, de forma concreta, até os primeiros anos da próxima década.

No mundo automobilístico, convenhamos, isto não é muito mais do que depois de amanhã.

Audi já compartilha carros no Brasil

Serviços de compartilhamento de veículos é uma tendência crescente em todo o mundo. As próprias montadoras não pretendem perder mais esse filão de seus negócios e têm, elas mesmas, criado mecanismos, algumas por meio de associações, para racionalização do uso de veículos. No Brasil as investidas estão apenas no começo e restritas ainda ao universo de veículos de frota e funcionários das próprias montadoras.

As operações locais da General Motors e Ford foram as primeiras a tirar da gaveta programas do gênero em meados do ano. A primeira de maneira mais intensa, com vários modelos à disposição, enquanto a Ford restringiu as locações inicialmente ao carro médio Focus. Agora, porém, é a vez das marcas de luxo entrar na onda. E a primeira é a Audi.

Em meio à apresentação de seus luxuosos carros no Salão Automóvel de Sâo Paulo, Jörg Hofmann, presidente e CEO da Audi do Brasil, revelou a criação do Audi Shares, inédita ação dentro da marca em todo o mundo.

O programa começa com uma fase piloto, restrita a funcionários de empresas instaladas no condomínio corporativo WT Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, onde está a sede da montadora no País. Em princípio a empresa deixará à disposição de cerca de 2 mil pessoas cinco modelos para compartilhamento, do carro de entrada A3 Sedan até o esportivo Audi TT.

Diferente do que ainda acontece nos programas de GM e Ford, pelos quais as locações são feitas por dia ou fim de semana, contudo, os interessados podem reservar um Audi até por hora ou dias.

A Audi diz que a ideia no primeiro momento é “avaliar a funcionalidade do serviço e a viabilidade do modelo de compartilhamento no mercado brasileiro”, deixando em aberto, portanto, a possibilidade de expandir o universo de clientes já numa segunda etapa.

“Acreditamos que o serviço de compartilhamento de carros premium pode ser uma boa opção para os consumidores brasileiros. Queremos oferecer uma opção viável para quem quer utilizar um veículo da Audi por um período determinado a um valor acessível”, disse Hofmann, um entusiasta do serviço.

O programa ainda depende de atendimento e reservas via telefone ou até mesmo de forma pessoal no escritório da montadora. Após a assinatura do contrato de utilização, o pagamento pode ser feito com cartão de crédito ou via paypal. O carro é retirado na hora agendada no estacionamento do condomínio e a devolução será feita no mesmo local.

Os valores, porém, ainda que incluam seguro e combustível, são elevados. Para rodar com um A3 Sedan por uma hora, o usuário desembolsará R$ 45,00 mais R$ 0,70 por quilometro rodado. A conta ficará ainda mais salgada caso a opção seja pelo esportivo Audi TT. Por uma semana, de sexta à tarde a segunda-feira de manhã, custa R$ 990. Não dá para chamar de seu, mas de todo modo é um jeito mais barato de rodar com veículos de luxo.

BMW mostra o futuro próximo

Pouco mais de um mês depois de ser mostrado pela primeira vez no Salão de Paris, a BMW trouxe para o Salão de São Paulo, o Concept X2, um protótipo para o segmento de SUVs cupê compacto de caráter global. O desenvolvimento está em estágio avançado e, segundo Helder Boavida, presidente e CEO do BMW Group Brasil durante prévia do salão, na quarta-feira, 9, o modelo deverá estar pronto até 2018. Para o executivo, a presença do conceito aqui em tão pouco tempo, demonstra a importância do País para a marca.

No estande da marca, no entanto, estão expostos 21 modelos das marcas BMW, MINI e BMW Motorrad, de motocicletas. Os maiores destaques são o BMW 430i Cabrio Sport, disponível na rede a partir deste mês por R$ 278.950,00, e o novo BMW M140i, lançamento da marca para dezembro com preço sugerido de R$ 267.950,00.

A BMW comemorou em outubro dois anos de produção de produção no País. Em sua fábrica de Araquari, SC, já foram fabricadas 25 mil unidades, dos seis veículos que lá produz. Também recentemente, ganhou contrato de exportação de 10 mil unidades do X1 para os Estados Unidos.

Para o ano que vem, o presidente da BMW não acredita em grande saltos nas vendas, mas que “certamente será melhor de 2016. O mercado já estima crescimento do PIB, a taxa de juro deve continuar cedendo como também a inflação. As más notícias são de que o desemprego ainda deve continuar em alta e a confiança do consumidor ainda em baixa.”

De acordo com Helder, o ano deve acabar com queda de 30% nas vendas do segmento premium e a BMW com recuo de 24%.