Negócios externos deverão render US$ 35 milhões

Na busca por alternativas para minimizar o desempenho negativo do segmento de implementos rodoviários, o porto tem se apresentado como boa saída aos negócios. De acordo com a Anfir, a associação brasileira que reúne as fabricantes do ramo, no primeiro ano de ações no projeto desenvolvido pela entidade e a Apex-Brasil, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, o volume potencial de negócios poderá render por volta de US$ 35,1 milhões.

“A receptividade dos mercados sul-americanos surpreendeu”, observou em nota Alcides Braga, presidente da Anfir. “Vários empresários do setor de logística perceberam que oferecemos qualidade, preço competitivo e proximidade dos mercados.”

Até o momento o projeto proporcionou três rodadas de negócios e a participação de uma feira setorial. Começou na Colômbia, em junho, depois ocorreu uma visita na Expomina Peru, em setembro, desembarcou no Chile, em outubro, e, em novembro, recebeu onze empresas estrangeiras em São Paulo.

De acordo com a associação, o projeto deverá continuar com a escolha de novos mercados. “Estamos em contado com a Apex-Brasil e os associados para definirmos quais mercados deverão receber a atenção da missão brasileira”, revela Mário Rinaldi, diretor executivo da Anfir.

Pós-venda diferenciado une o útil ao agradável

Em mercados mais maduros já é praxe. No Brasil, onde as vendas seguem em declínio, atendimentos qualificados e diferenciados no pós-venda devem ser vistos, cada vez mais, como alternativa para algum ganho que possa ajudar no reequilíbrio das contas. E não bastam mais apenas cafezinho e água. É preciso oferecer bem mais.

É o que aponta o CSI, Customer Service Index 2016, estudo da J.D. Power do Brasil sobre a experiência de serviços. A pesquisa mostra que “as amenidades com maior impacto na satisfação dos clientes são justamente as menos oferecidas pelas concessionárias”.

Segundo o CSI, hoje, no Brasil, há uma relação inversamente proporcional entre o que o cliente deseja e o que de fato lhe é colocado à disposição. Salas com televisão, café e revistas já são considerados confortos básicos, obrigatórios. “Para conquistar o público é necessário mais”, diz a consultoria.

Hoje, indica o levantamento, 29% dos clientes permanecem nas lojas durante um serviço, com média de espera de duas horas. É tempo suficiente para que a concessionária propicie facilidades e estabeleça uma relação bem mais proveitosa com aquele consumidor. “Quem aguarda pelo serviço quer uma estrutura que permita aproveitar melhor o tempo”.

O estudo aponta que atualmente a televisão é a principal amenidade oferecida pelas concessionárias brasileiras, com 62% de incidência, seguida por jornais e revistas, 60%, e café, 57%. As menos oferecidas ainda são computadores com acesso à internet, somente 24%, e tablets ou videogames, presentes em apenas 19% das lojas avaliadas.

Pois são exatamente tevês, jornais, revistas e cafés os itens de menor relevância na consideração dos clientes consultados. Ficaram, respectivamente, nas últimas colocações, com 793, 805 e 813 pontos – no índice cuja escala é de 1 mil –, contra 844 pontos dos dois primeiros colocados, justamente computadores e tablets/videogames.

“Concessionárias que oferecem pelo menos uma das cinco amenidades mais desejadas possuem, em média, 827 pontos no índice, com 45% de seus clientes afirmando que definitivamente retornariam e 50% que a recomendariam.”

Já as concessionárias que não oferecem nenhuma das cinco amenidades, indica o CSI, têm queda de 96 pontos e apenas 26% dos clientes afirmam que retornariam e 29% que indicariam a familiares e amigos.

Mais do que conquistar o cliente que aguarda o serviço na concessionária, diz a pesquisa, o atendimento diferenciado é oportunidade para geração de receita e atingir, também, os outros 71% dos que não esperam.

Financiamento de usados cresce 12%

O volume de financiamento de veículos usados em novembro avançou 12,3% sobre o mesmo mês do ano passado, para 266 mil unidades, sinal claro de que o consumidor tem encontrado no mercado de segunda mão uma alternativa em relação ao 0 km. No que diz respeito aos novos, as 138.731 unidades financiadas no mês passado, representaram queda de 17,6% na mesma base de comparação.

Na soma de usados e novos dentre veículos leves, pesados e motocicletas, em novembro foram financiados 404,7 mil unidades, leve queda de 0,1% em relação ao mesmo mês de 2015. No acumulado do ano até novembro, as 4,2 milhões de unidades negociadas a prazo representaram queda de 12,2%. O levantamento é da Unidade de Financiamentos da Cetip, que opera o SNG, Sistema Nacional de Gravames, base integrada de dados que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil.

Dentre os negócios somente com automóveis, em novembro foram financiadas 89,5 mil unidades novas, queda de 15,7% na comparação com novembro do ano passado, enquanto os 245,4 mil automóveis usados negociados a prazo representaram alta de 12,5% na comparação com o volume registrado um ano antes.

Na soma de usados e novos em novembro, os 334,8 mil financiamentos acusaram alta de 3,3% sobre o mesmo período do ano passado. “As vendas financiadas por dia útil de autos leves novos avançou 7,9% em novembro em relação a outubro. Foi o melhor desempenho por dia útil do ano”, contabiliza em nota Marcus Lavorato, gerente de Relações Institucionais da Cetip.

De acordo com o relatório da Cetip, com exceção dos novos, todas as faixas etárias de automóveis apresentaram crescimento em relação a novembro de 2015. Os chamados seminovos, modelos com até três anos de uso, que registravam queda nas vendas financiadas até outubro, avançaram 2,1% em novembro na comparação com o mesmo período do ano passado, para 77,3 mil unidades.

No que diz respeito às modalidades de financiamento, a participação do CDC nas vendas financiadas passou de 81,7% para 83,1% em novembro de 2016, em relação ao mesmo mês do ano passado. A modalidade continua sendo a mais utilizada pelos consumidores. No período, foram vendidos a prazo 336.188 veículos por meio do CDC, aumento de 1,6% em relação ao mesmo período de 2015.

O levantamento também aponta que, considerando apenas os autos leves usados, a utilização do CDC aumentou 12,9% em novembro, ante o mesmo mês do ano passado, somando 217.953 unidades comercializadas a prazo. Já o consórcio cresceu 14,2%, na mesma base de comparação, com 25.054 carros vendidos a crédito.

Uber leva seu programa de autônomo para São Francisco

A Uber anunciou na terça-feira, 13, lançamento de programa com veículos autônomos em São Francisco, Califórnia, com os modelos Volvo XC90 e Ford Focus sedãs equipados com sistemas de condução autônomos. Os veículos serão supervisionados por dois engenheiros e farão para de uma frota de carros disponíveis para uso dos clientes da Uber. O programa foi introduzido pela primeira vez em setembro, na cidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, Estados Unidos.

De acordo com a Automotive News, presente no evento de lançamento, a Califórnia possui regulamentos severos em relação aos testes de veículos em estradas públicas, proibindo as avaliações não supervisionadas bem como a operação de veículos autônomos em frotas comerciais. O controle dos engenheiros, no entanto, faz com que os carros não sejam totalmente autônomos.

Anthony Levandowski, diretor do grupo de tecnologia avançada da Uber, disse que os últimos três meses de testes em Pittsburgh tornaram o software da empresa mais inteligente e mais capacidade para lidar com as adversidades climáticas, um dos grandes obstáculos no uso de carros autônomos. “Estamos trazendo a experiência e as lições que aprendemos em Pittsburgh para São Francisco”. Segundo a empresa, a decisão por São Francisco para avançar em seu programa se deve aos desafios oferecidos pela densidade de tráfego local, além do tempo e das condições das estradas.

O programa também amplia a parceria de US$ 300 milhões da Uber com a Volvo Cars. O acordo permite à Uber adequação dos XC90 com a sua tecnologia autônoma e proporciona à empresa acesso a cinquenta engenheiros da Volvo para desenvolver ainda mais o seu software. A Volvo trabalha em seus próprios sistemas autônomos com a Autoliv e lançará sua frota autônoma Drive Me na Suécia no ano que vem. Uber, porém, adianta que sua parceria com a Volvo não é exclusiva.

Potencial de vendas de carros usados é três vezes maior do que de novos

As vendas de veículos novos certamente encerrarão o ano em forte queda. Uma luz, porém, pode ser estar surgindo no fundo do túnel, pois o quadro foi menos crítico para os seminovos. E a julgar por recente pesquisa da J.D. Power, o futuro próximo não será muito diferente.

Com base nos clientes do site de classificados iCarros, a consultoria determinou o que preferiu chamar de “Intenção de Compra de Veículos” dos brasileiros. Para isso, consultou perto de 5 mil clientes. Apenas 24% afirmaram que pretendem adquirir um veículo novo. Os 76% restantes estão em busca mesmo de produtos usados.

“A procura por veículos usados cresceu muito nos últimos anos e é importante estarmos atentos a este movimento. O brasileiro dá sinais de que está disposto a comprar ou trocar de veículo, mas sem se aventurar”, analisa Sylvio de Barros, CEO do iCarros.

O levantamento revelou ainda que 65% pretendem fazer um empréstimo para comprar um automóvel e 41% devem utilizar seus veículos como moeda de troca durante o processo. Somente 8% manifestaram a intenção de fazer o pagamento à vista. Entre os entrevistados, mais de 40% demonstraram interesse em comprar um automóvel por meio da internet.

“Sabemos da importância da internet e do interesse do consumidor, embora, haja certa resistência na hora de finalizar a compra por esse canal. Todavia, a pesquisa mostrou que 9% dos clientes fariam o processo completo, incluindo o pagamento on-line. Essa é uma oportunidade de as marcas investirem para atrair clientes para essa plataforma”, reforça Fabio Braga, diretor de operações da J.D. Power do Brasil.

Em relação às montadoras mais citadas, lideram o ranking de carros zero km: Chevrolet (24%), Fiat (17%) e Volkswagen (10%). O estudo destacou também as marcas Honda (8%), Toyota (7%) e Hyundai (7%), que aparecem com interesse maior do que a atual participação de mercado, o que evidencia potencial de crescimento de interesse do consumidor nestas marcas.

A pesquisa identificou que qualidade (45%), conforto (40%) e reputação da marca (34%) são os principais atributos considerados na hora de comprar o carro. Design e estilo são mais valorizados entre aqueles que buscam veículos novos (38%). Já entre os potenciais compradores de carros usados são prioridade para somente 30%. Mas as principais razões de compra podem apresentar variações, dependendo da região do Brasil. Entretanto, qualidade e conforto são os itens prioritários em todo País, afirma a consultoria.

FCA: fundo do poço fica em 2016.

Apesar das tantas incertezas que contaminam o ambiente político e econômico do País, o fundo do poço do mercado automotivo ficará em 2016 e, portanto, o ano que vem não será pior do que se viu nos últimos tempos. Assim acredita Sérgio Ferreira, diretor comercial da FCA Automobiles, que, durante encontro com a imprensa especializada na manhã de quinta-feira, 15, na sede da empresa em São Paulo, estimou um “crescimento modesto, de um dígito. É um cenário conservador, mas nele a FCA também cresce, afinal, será o ano de vendas cheio dos lançamentos de 2016, Mobi, Toro e Compass”.

A confiança do diretor comercial no desempenho da empresa se sustenta no fato de a FCA estar presente nos segmentos que mais crescem com produtos novos, no caso, o de picapes e o de utilitários esportivos, principalmente esse último, menos sensível à crise e o que mais cresce em participação no mercado automotivo. Pelos números da companhia, em 2010 o segmento tinha fatia 8,8% em 2014, saltou para 12,5% no ano seguinte e deve chegar a 14,9% no encerramento deste ano. “As vendas de SUVs já possuem praticamente a mesma participação das picapes e, sem dúvida, a vocação é para participar com mais de 20%, em torno do que têm nos mercado internacionais.”

Ao fazer balanço em seu primeiro ano à frente da direção comercial da fabricante, Ferreira comemora a liderança de vendas da empresa no mercado brasileiro, fato que deve incomodar os rivais, afinal, o lugar mais alto do pódio só é possível com a soma das vendas de todas as marcas da FCA. O diretor justifica que ao contrário das fabricantes que detêm outras marca no mesmo grupo, elas atuam como empresas diferentes, “com áreas comerciais independentes. Em todos os mercados nos quais a FCA está presente, o modelo é o mesmo.”

Desta maneira, até a quarta-feira, 14, a FCA contabiliza 343,1 mil unidades negociadas, o que representou 18,3% do mercado, à frente da General Motors, com 325,6 mil veículos vendidos e participação de 17,4%, e da Volkswagen que vendeu no período 215,8 mil unidades, fatia de 11,5%, Ferreira admite que em 2016 a FCA deverá recuar 1%, pouco diante da queda de mais de 20% do mercado em geral. “A Fiat sofre mais por ser mais atuante no segmento de entrada, o que mais sofreu com a crise. A indústria perdeu uma década. Até bem pouco tempo se acreditava que o mercado brasileiro estaria absorvendo 4 milhões de veículos.”

Segundo Ferreira a força da FCA no mercado brasileiro ainda está no segmento de hatches, tanto com os motores 1.0 quanto os acima disso. Pelas contas da empresa, categoria que segue em queda – hoje com cerca de 40% do mercado -, por ser mais suscetível à crise. É justamente nesta seara onde a empresa contabiliza suas maiores perdas. Até o mesmo o lançamento do Mobi, em abril, e a introdução de novo motor 1.0 de 3 cilindros tanto no Uno quanto no Mobi, foram capazes de impedir a queda de participação da Fiat.

Segundo dados da Fenabrave e considerando apenas automóveis, a marca tinha 15% no acumulado até novembro do ano passado. Esse ano, a marca mordeu 11,35% nos onze meses do ano. O diretor admite que a vendas do Mobi não atenderam como se esperava. Estimava-se volume de 6 mil unidades mensais e está fazendo em torno de 4 mil. “Ainda assim, temos 3% de participação na faixa, como se projetava. Depois temos de considerar que é neste segmento que a indústria tem o maior potencial de crescimento para ano que vem. Caso ocorra uma retomada mais forte, o segmento volta a crescer.”

Ferreira adianta que em 2017 será também o ano de reposicionamento da Fiat. A empresa prepara pelo menos dois lançamentos inteiramente inéditos, inclusive no nome, além de atualizações nos produtos existentes. “No próximo ano, a Fiat recupera participação”, resume.

Setor de ônibus ainda espera condições do Refrota

Montadoras de chassis de ônibus e encarroçadoras ainda não dimensionaram os possíveis impactos da decisão do governo federal, relevada na terça-feira, 13, de repassar R$ 3 bilhões para financiamento de 10 mil novos ônibus a partir de 2017.

A medida faz parte do Refrota, Programa de Renovação de Frota do Transporte Público Coletivo Urbano, e os recursos serão captados pelo FGTS, Fundo de Garantia de Tempo de Serviço. A cautela das empresas é justificável.

Apesar da formalidade do anúncio, que reuniu diversas autoridades em Brasília, DF, o Ministério das Cidades informou que ainda não foram definidos o prazo de carência para quitar o financiamento e as garantias que serão exigidas dos empresários, o que deve ocorrer nos próximos meses somente. Segundo a pasta, a frota nacional de ônibus tem 107 mil veículos pertencentes a 1,8 mil empresas.

Consultadas pela Agência AutoData, Mercedes-Benz e MAN, as empresas responsáveis pela maioria dos ônibus produzidos e vendidos no País, disseram que qualquer análise mais aprofundada depende ainda da dissecação do plano.

“É  fato que a frota circulante tem idade média elevada e necessita de uma renovação. O Refrota 2017 é projeto recente e ainda é preciso aguardar sua implementação, para então, a partir daí, fazermos uma análise”, afirmou, por meio de nota, a Mercedes-Benz, que diz apoiar toda iniciativa que tem como objetivo estimular a renovação de frota de ônibus no País.

Para a Marcopolo, a maior fabricante de carroçarias do Brasil, “o plano poderá ajudar em muito a indústria brasileira de ônibus, mas ainda é cedo para fazer quaisquer prognósticos e, antes de março, nada muda”.

A empresa justifica esse prazo: “Faltam definições importantes e os clientes não farão novos pedidos até o fim de janeiro, período de férias. E mesmo que houvesse uma corrida às compras, só iria atingir a produção em março, após os operadores se definirem pela renovação de suas frotas, entrarem com os pedidos e eles serem aprovados”.

De qualquer maneira, diz a Marcopolo, se concretizada, a troca de 10 mil veículos seria “um salto enorme com relação ao que se produziu e vendeu em 2016”. A Anfavea calcula que suas associadas encerrarão o ano com cerca 11 mil unidades negociadas no mercado interno, um terço do que registrou em 2013.

A quarta fase do alumínio no carro brasileiro

A história do uso do alumínio na indústria automotiva nacional passa por quatro grandes fases. A primeira, já consolidada, foi a aplicação do metal em componentes trocadores de calor, como os radiadores. Depois vieram as rodas de liga-leve, já presentes em mais da metade dos modelos vendidos atualmente no mercado local. A terceira etapa, mais recente, foi a aplicação em componentes do motor, como blocos e cabeçotes – um exemplo foi a família Sigma, também da Ford, cuja estrutura era majoritariamente de alumínio.

A quarta fase vem se consolidando agora: o uso do metal em componentes estruturais de segurança. Por absorver melhor o impacto, o alumínio de alta resistência é mais seguro do que seus similares em aço. Por isso está cada vez mais presente em barras do para-choque, barras de proteção lateral, dentre outros.

“O Jeep Renegade e o Chevrolet Cruze já fazem uso do alumínio para aumentar a segurança”, conta Giuliano Michel, gerente corporativo para Novos Produtos, Mercado e Inovação da CBA, Companhia Brasileira de Alumínio, uma empresa do Grupo Votorantim. “Estamos trabalhando em seis novos projetos, entre montadoras e sistemistas, que deverão chegar ao mercado no primeiro semestre de 2017”.

Assim como a CBA, suas concorrentes Novelis e Arconic – empresa formada na cisão da Alcoa – também trabalham em novos projetos. As três são as principais fornecedoras de alumínio para a indústria automotiva brasileira. Por causa do aumento da aplicação do alumínio, suas vendas para o setor caem em ritmo inferior à produção nacional de veículos, que de janeiro a novembro ficou 14,6% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.

“A relação de consumo de alumínio no setor de transportes costuma ser de dois para um: se sobe 10% no geral, cresce 20% o fornecimento. Se a produção total cai 40%, reduz em 20% o consumo”, calcula Urso, da Abal.

O alumínio na indústria automotiva foi alvo de apuração de uma das principais matéria publicadas na edição de dezembro da revista AutoData. A reportagem completa pode ser conferida pelo site www.autodata.com.br

Fiat deixa de produzir o Ducato em Sete Lagoas

Desde quarta-feira, 14, a Fiat Ducato não é mais produzida na fábrica da Iveco em Sete Lagoas, MG. A unidade produziu volume suficiente para um estoque de transição para uma alteração na “estratégia industrial”, como definiu o diretor comercial da FCA, Sérgio Ferreira. Além da unidade mineira, o utilitário também é produzido no México, de onde já saí em uma nova geração, e na Itália.

O diretor comercial da FCA preferiu não revelar mais detalhes, limitando-se a afirmar que o modelo não sai de linha no País e que , em breve, a empresa anunciará as mudanças.

O caso, porém, é a que a plataforma da Ducato também serve para a produção de dois outros modelos de utilitários da PSA, o Citroën Jumper e o Peugeot Boxer, ambos também produzidos na unidade mineira de Sete Lagoas. A produção dos modelos faz parte de um acordo de longa data entre as fabricantes, na época em que a CNH Industrial ainda não existia, grupo do qual a Iveco hoje faz parte hoje e, anteriormente, sob o chapéu da extinta Fiat Industrial.

Procurada, a PSA Peugeot Citroën não confirma o fim da produção de seus furgões em Sete Lagoas. A CNH Industrial, no entanto, a proprietária da fábrica, confirma o fim da produção dos três modelos na sua unidade. Por outro lado, Carlos Gomes, presidente da PSA para o Brasil e América Latina, em recente entrevista durante o Salão do Automóvel de São Paulo, revelou que investirá em linha de utilitários no Mercosul, composta por três modelos a serem lançados em 2017 e 2021, adiantando que o local onde será instalada a nova linha só será comunicado em março e que será em complexo já existente na região, ou seja, El Palmar, na Argentina, ou Porto Real, RJ.

Segundo Gomes, o primeiro utilitário com produção própria da PSA será lançado no fim de 2017. O modelo, assim como os demais da linha, terá nomes diferenciados para as marcas Peugeot e Citroën. “Será o mesmo utilitário, mas com denominação diferente e alguns detalhes específicos para cada uma das duas marcas.”

Intrigante é que o executivo também afirmou que a parceria com a Fiat na fábrica de Sete Lagoas estava preservada, pois tanto o Jumper quanto o Boxer contam com um público fiel no Brasil e, por isso, continuariam a ser produzidos no complexo mineiro enquanto tivessem demanda local.

Segundo dados da Fenabrave, até novembro foram licenciados pouco mais de 4 mil Fiat Ducato, o que representou participação de 14% na categoria de furgões, sendo o Renault Master, o líder, com 30% do mercado. Dos modelos da PSA, somente o Citroën Jumper aparece no ranking do segmento, com 730 unidades vendidas de janeiro a novembro ou 3,7% de participação.

Novas medidas virão a conta-gotas

A política industrial que o setor automotivo discute há meses com o governo não deve gerar um amplo pacote a ser divulgado de uma só vez. Essa é a opinião do presidente da AEA, Associação de Engenharia Automotiva, Edson Orikassa, que prevê a divulgação de medidas específicas para o setor de forma paulatina e provavelmente a partir do segundo semestre do próximo ano.

Um dos motivos que levará a essa postura é a contestação do Inovar-Auto na OMC, Organização Mundial do Comércio. A partir de processo aberto a pedido da União Europeia e do Japão, a entidade decidiu que o regime automotivo brasileiro fere as leis de livre comércio por afetar as empresas estrangeiras que atuam no País.

Segundo Orikassa, a notificação oficial da posição da OMC deverá ser feita apenas em fevereiro e o Brasil terá seis meses para contestá-la. Uma decisão final, dessa forma, deve acontecer apenas no fim de 2017, quando o Inovar-Auto estiver chegando ao seu término.

“Tudo indica que o Brasil será punido, mas quando sair a sentença o programa provavelmente já não existirá mais”. Dentre os pontos contestados destacam-se o adicional de 30 pontos porcentuais do IPI para veículos importados e a concessão de incentivos fiscais para quem produz localmente.

Com relação aos temas que a Anfavea e outras entidades do setor estão discutindo com o governo, o presidente da AEA avalia que cada ponto terá uma regulamentação específica, ou seja, não haverá um único momento determinado para se divulgar uma nova política industrial ao setor. Como exemplo, citou a questão da eficiência energética: “Quando houver uma definição sobre o tema sai uma regulamentação a respeito das novas exigências e metas”. As medidas devem sair do papel ao longo do segundo semestre de 2017, antes do fim do regime automotivo em vigência atualmente.

Previsibilidade – O que o setor tem defendido com veemência é que haja previsibilidade das regras. Como diz o presidente da AEA, no momento ninguém sabe como ficará essa questão da eficiência energética, se modelos menos econômicos, por exemplo, poderão voltar ao mercado após o fim do Inovar-Auto:

“O importante é ter regras tanto com relação aos produtos quanto no que diz respeito aos processos produtivos. Pode-se definir, por exemplo, que caixas de câmbio têm de ter produção local. O fundamental é a indústria ter parâmetros para pautar seus investimentos”.

Orikassa participou na quinta-feira, 8, de encontro com a imprensa para balanço das atividades da AEA no ano. Discorreu sobre temas variados, dentre os quais o manual de auditoria do Inovar-Auto, ideias sobre as ações de continuidade, as melhorias em eficiência energética obtidas a partir do regime automotivo, legislações específicas para os veículos pesados e o Programa Brasileiro de Combustíveis, Tecnologias Veiculares e Emissões.

Com relação ao Inovar-Auto, disse que algumas montadoras já alcançaram as metas de eficiência energética e outras ainda não, mas no geral todas estão gerenciando suas vendas para cumprir as exigências do programa. O balanço, segundo ele, se dá pelo volume de venda. Às vezes é preciso aumentar a oferta de um modelo mais econômico em detrimento de outro que gasta mais para enquadrar-se nas exigências do Inovar-Auto. Com isso, a montadora pode perder dinheiro ao ter de vender menos um determinado modelo.

Quanto às normas relativas aos processos produtivos, Orikassa admitiu que as fabricantes que se instalaram há pouco tempo no Brasil estão com mais dificuldades de cumprir as exigências estabelecidas no Inovar-Auto. Lembrou, porém, que no geral o programa trouxe benefícios, tanto na oferta de carros mais econômicos quanto na produção local de itens antes importados. Como engenheiro da Toyota, Orikassa citou o exemplo da montadora na qual trabalha que investiu na produção local de motores para o Etios e, agora, fará novo aporte para nacionalizar o motor do Corolla.