Apesar das tantas incertezas que contaminam o ambiente político e econômico do País, o fundo do poço do mercado automotivo ficará em 2016 e, portanto, o ano que vem não será pior do que se viu nos últimos tempos. Assim acredita Sérgio Ferreira, diretor comercial da FCA Automobiles, que, durante encontro com a imprensa especializada na manhã de quinta-feira, 15, na sede da empresa em São Paulo, estimou um “crescimento modesto, de um dígito. É um cenário conservador, mas nele a FCA também cresce, afinal, será o ano de vendas cheio dos lançamentos de 2016, Mobi, Toro e Compass”.
A confiança do diretor comercial no desempenho da empresa se sustenta no fato de a FCA estar presente nos segmentos que mais crescem com produtos novos, no caso, o de picapes e o de utilitários esportivos, principalmente esse último, menos sensível à crise e o que mais cresce em participação no mercado automotivo. Pelos números da companhia, em 2010 o segmento tinha fatia 8,8% em 2014, saltou para 12,5% no ano seguinte e deve chegar a 14,9% no encerramento deste ano. “As vendas de SUVs já possuem praticamente a mesma participação das picapes e, sem dúvida, a vocação é para participar com mais de 20%, em torno do que têm nos mercado internacionais.”
Ao fazer balanço em seu primeiro ano à frente da direção comercial da fabricante, Ferreira comemora a liderança de vendas da empresa no mercado brasileiro, fato que deve incomodar os rivais, afinal, o lugar mais alto do pódio só é possível com a soma das vendas de todas as marcas da FCA. O diretor justifica que ao contrário das fabricantes que detêm outras marca no mesmo grupo, elas atuam como empresas diferentes, “com áreas comerciais independentes. Em todos os mercados nos quais a FCA está presente, o modelo é o mesmo.”
Desta maneira, até a quarta-feira, 14, a FCA contabiliza 343,1 mil unidades negociadas, o que representou 18,3% do mercado, à frente da General Motors, com 325,6 mil veículos vendidos e participação de 17,4%, e da Volkswagen que vendeu no período 215,8 mil unidades, fatia de 11,5%, Ferreira admite que em 2016 a FCA deverá recuar 1%, pouco diante da queda de mais de 20% do mercado em geral. “A Fiat sofre mais por ser mais atuante no segmento de entrada, o que mais sofreu com a crise. A indústria perdeu uma década. Até bem pouco tempo se acreditava que o mercado brasileiro estaria absorvendo 4 milhões de veículos.”
Segundo Ferreira a força da FCA no mercado brasileiro ainda está no segmento de hatches, tanto com os motores 1.0 quanto os acima disso. Pelas contas da empresa, categoria que segue em queda – hoje com cerca de 40% do mercado -, por ser mais suscetível à crise. É justamente nesta seara onde a empresa contabiliza suas maiores perdas. Até o mesmo o lançamento do Mobi, em abril, e a introdução de novo motor 1.0 de 3 cilindros tanto no Uno quanto no Mobi, foram capazes de impedir a queda de participação da Fiat.
Segundo dados da Fenabrave e considerando apenas automóveis, a marca tinha 15% no acumulado até novembro do ano passado. Esse ano, a marca mordeu 11,35% nos onze meses do ano. O diretor admite que a vendas do Mobi não atenderam como se esperava. Estimava-se volume de 6 mil unidades mensais e está fazendo em torno de 4 mil. “Ainda assim, temos 3% de participação na faixa, como se projetava. Depois temos de considerar que é neste segmento que a indústria tem o maior potencial de crescimento para ano que vem. Caso ocorra uma retomada mais forte, o segmento volta a crescer.”
Ferreira adianta que em 2017 será também o ano de reposicionamento da Fiat. A empresa prepara pelo menos dois lançamentos inteiramente inéditos, inclusive no nome, além de atualizações nos produtos existentes. “No próximo ano, a Fiat recupera participação”, resume.