CCR investirá R$ 3,5 bilhões na Dutra

A CCR, Companhia de Concessões Rodoviárias, investirá R$ 3,5 bilhões na melhoria da Nova Dutra no trecho da serra das Araras, no Estado do Rio de Janeiro. Ao todo a empresa captou, com a venda de novas ações na Bovespa, R$ 4 bilhões em janeiro. Como contrapartida ao investimento a concessionária pleiteia, junto ao governo federal, aumento de dezessete anos no prazo da concessão da rodovia, que termina em 2021.

A Nova Dutra liga São Paulo ao Rio de Janeiro, tem 402 quilômetros e corta 34 cidades. Possui uma média de tráfego diário de 59 mil veículos.

Roberto Borges, secretário de obras e urbanismo de Piraí, RJ, afirmou à Agência AutoData que as conversas do município com a concessionária se intensificaram nos últimos meses. Segundo ele o plano da CCR consiste em duplicar o trecho de subida da serra. Isso destravará um gargalo que impede o crescimento econômico regional. Segundo ele o traçado desta parte da rodovia é antigo, da década de 1940:

“Há muitos acidentes, o que causa prejuízos às empresas que dependem da estrada para escoarem a produção, e não apenas as de Piraí mas as da região do Vale do Aço, por exemplo”.

Borges não forneceu pormenores sobre o projeto de duplicação da pista, como datas de início e de término das obras, mas informou que o trecho, atual, de subida da serra será utilizado para descida quando a obra estiver concluída. E que o trecho novo será usado para a descida.

Para Paulo Cezar Ribeiro, professor de engenharia de transportes da Coppe/UFRJ, as melhorias na região permitirão que veículos mais pesados passem a trafegar com mais frequência pela rodovia concedida à CCR. Segundo ele “os caminhões bitrem, hoje, enfrentam dificuldade enorme em passar pela região, que é muito estreita para eles e oferece pouca segurança. O novo projeto deve levar em consideração um número maior de modelos de veículos pesados e isso exercerá impacto num volume maior de cargas passando pelos dois estados”.

Ameaça: negociação da GM com funcionários pode barrar investimento.

A General Motors passa por novo processo de negociação com seus funcionários da fábrica de São Caetano do Sul, SP. Após prorrogar o lay-off, a suspensão temporária do contrato de trabalho, por mais setenta dias, e conceder férias coletivas ali por um mês, a partir da segunda-feira, 27, a companhia agora busca revisões em acordos trabalhistas costurados em 2016 como único caminho para realizar investimentos em melhorias na unidade.

Nesta semana estão sendo discutidos com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano catorze pontos considerados chave para o futuro na produção na fábrica para os próximos anos. O mais importante deles, segundo o sindicato, é a demissão de funcionários que estão afastados por motivo de doença, que podem chegar a setecentos. Atualmente trabalham na unidade de São Caetano 9 mil pessoas, 5,5 mil dos quais na linha de montagem.

Caso o acordo não seja firmado a empresa informou aos representantes do sindicato que poderá deslocar os investimentos para a unidade de São José dos Campos, SP, ou até mesmo construir uma nova fábrica no Brasil. Em caso de sinalização positiva das partes a GM utilizaria os recursos de orçamento de US$ 800 milhões para atualizar a linha.

Segundo o presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, empresa e representantes dos trabalhadores se reunirão na quarta-feira, 22, para nova rodada de negociações. Além da demissão dos funcionários afastados discute-se, também, a redução de piso salarial para novas contratações e a substituição de repasse de reajustes da inflação por abonos salariais.

“Todos os pontos que estão sendo discutidos são considerados importantes, mas a questão dos funcionários afastados é a mais crítica para os trabalhadores”, contou o presidente. “Por enquanto não há nada resolvido.”

A GM informou que não se pronunciará sobre o assunto, por enquanto.

Revisão dos investimentos – A notícia sobre a possibilidade de investimentos em melhorias na fábrica de São Caetano do Sul, ou uma eventual construção de nova fábrica, surge em contraste à repercussão feita, esta semana, pela Automotive News, de Detroit, MI, de uma possível revisão dos investimentos da fabricante na Índia e também América do Sul.

Por aqui a empresa investe R$ 13 bilhões desde 2014 – um ciclo de investimento que chegará a 2020. Na Europa a companhia negocia com o Grupo PSA a venda da Opel/Vauxhall por US$ 2 bilhões.

Mercedes-Benz lança leasing operacional para caminhões

A decisão de remodelar atributos técnicos no caminhão extrapesado Actros em 2016, e oferecer o leasing operacional como forma atraente de pagamento a prazo, está abrindo as portas do agronegócio para a Mercedes-Benz. A empresa, que até o ano passado não possuía em seu portfólio um veículo que atendesse totalmente às necessidades de quem transporta carga neste segmento, fechou a venda de cinco modelos Actros 2651 com o Grupo Cereal, de Rio Verde, GO, especializado na industrialização, comércio e exportação de grãos.

A venda ocorreu depois de a companhia, localizada no Centro-Oeste, uma das maiores da região, já ter comprado quinze caminhões deste modelo em março do ano passado. Como disse Adriano Barauna, vice-presidente do Grupo Ceral, “o que determinou a compra foi justamente a combinação do potencial de durabilidade do produto com as vantagens que o leasing operacional traz para nossos custos”.

Com esta experiência a empresa, que possui 65 caminhões próprios para transportar soja in natura e processada de e para suas unidades produtivas no Sul de Goiás e também para os portos de Santos, SP e de Paranaguá, PR, pretende substituir o Finame pelo leasing a partir de agora.

“Estamos na contramão do mercado, mas esta opção permite abater no imposto de renda e não aparece no endividamento da empresa.”

Sem revelar o valor da negociação a área de finanças do Grupo Cereal informou que pagou pelos vinte caminhões 20% mais barato do que a oferta feita pela concorrência com esta mesma modalidade de pagamento.

Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing da Mercedes-Benz do Brasil, contou que, apesar de esta não ter sido uma venda expressiva em volumes, é mais um indicativo de que o agronegócio será o carro-chefe para o crescimento previsto de 10% no mercado de caminhões em 2017:

“Não teremos grandes encomendas de 150 caminhões para uma única empresa, como acontecia no passado. O que haverá serão vendas pulverizadas em pequenas quantidades, mas significativas para o nosso negócio”.

De acordo com Leoncini já estão fechados novos contratos de vendas para este caminhão em Rondonópolis, MT: “São dois clientes e cada um comprou dez”.

Lançado em 2016 o Actros 2651 foi destaque em vendas da Mercedes-Benz, com 260 unidades emplacadas no acumulado do ano: “Isto contribuiu para aumentar a nossa participação no segmento de extrapesados, chegando a 22,9%, contra 21,5% em 2015”.

Em janeiro a empresa já avançou mais 2 pontos porcentuais, totalizando 24,2%, crescimento que provavelmente foi puxado pelas vendas em Goiás e Mato Grosso.

Copom reduz Selic para 12,25%

O Copom, Comitê de Política Monetária, do Banco Central, reduziu a taxa básica de juros, Selic, em 0,75 ponto porcentual. Os juros referenciais da economia estão em 12,25% ao ano. Em nota o BC informou que há sinais macroeconômicos compatíveis com a estabilização da economia ao longo de 2017. No âmbito externo, de acordo com o Copom, o cenário ainda é incerto.

Entretanto, em nota, o Copom informa que, “até o momento, a atividade econômica global mais forte e o consequente impacto positivo nos preços de commodities têm mitigado os efeitos sobre a economia brasileira de revisões de política econômica em algumas economias centrais”.

Antônio Jorge Martins, coordenador de economia da FGV, disse que somente a queda na taxa ainda não é suficiente para melhorar a confiança na economia e gerar uma onda de consumidores nas concessionárias do País. A expectativa da Anfavea, associação que reúne as fabricantes de veículos instaladas aqui, é de uma alta nos licenciamentos de 4% em 2017, chegando a 2 milhões 130 mil unidades vendidas.

Segundo ele ainda não há sinais sólidos de que a recessão está no fim e as pessoas ainda estão receosas na hora de fazer uma dívida. Em janeiro 54,5% dos veículos licenciados no País foram financiados, segundo a Anfavea. Historicamente, de 60% a 65% das vendas são financiadas.

“Tenho uma postura mais conservadora. O desemprego ainda não cedeu a ponto de ser percebido pelo consumidor. O medo de perder o emprego ainda assusta o cliente das concessionárias de veículos.”

A taxa de desemprego, segundo dados do IBGE, fechou o último trimestre de 2016 em 12%. O País registrou nível recorde de desempregados no fim do ano, um total de 12 milhões 342 mil pessoas em busca de uma vaga.

Otto Nogami, professor de economia do Insper, também acredita que somente a redução da Selic não será suficiente para levar os clientes às concessionárias. Segundo ele as taxas de juros praticadas pelas financeiras levam em conta, além da Selic, os impostos que incidem sobre a operação financeira e os risco embutido na concessão do crédito:

“Como a inadimplência ainda é grande, os juros para a compra de veículos continuam altos. E há a estimativa de que a inadimplência deve crescer até agosto e, aí sim, depois começar um ritmo de queda”.

Para Nogami, outro fator que pode prejudicar o mercado é a volta da inflação. Segundo ele o governo quer “a qualquer custo” resgatar o consumo e isso pode gerar inflação, pois os empresários ainda não estão preparados para atender essa alta: “Todo cuidado é pouco e o Banco Central não tem todos os preços sob controle. A confiança ainda não retornou para estimular os investimentos em produção”.

Agronegócio deve fazer melhorar desempenho

A indústria de máquinas e equipamentos prevê alta de 5% nas vendas este ano. Em 2016 o faturamento das empresas do setor chegou a R$ 66,2 bilhões. O que sustentará o crescimento estimado desta vez, segundo a Abimaq, entidade que reúne os fabricantes, é o agronegócio. Somente para o campo a projeção é de receita 15% superior à registrada no ano passado.

Para José Velloso Dias Cardoso, presidente da Abimaq, a expectativa de safra recorde para este ano fez os clientes tirarem da gaveta planos de investimentos em modernização de máquinas e equipamentos adiados por causa da crise, e isso fará com que o segmento tenha um crescimento maior do que o do setor como um todo este ano, além de refletir no desempenho nas empresas da cadeia automotiva que produzem insumos e componentes para máquinas agrícolas.

Ele conta, ainda, que “o agronegócio é o único setor dentro da Abimaq que vai bem. Nosso número está bem parecido com o da Anfavea, apesar de a projeção da entidade levar em consideração também a produção de automóveis”. A Anfavea estima crescimento de 10,7% na fabricação de máquinas agrícolas, chegando a 59,6 mil unidades.

Exportação – Os números da balança comercial de janeiro já mostram alta nos negócios envolvendo máquinas agrícolas. De acordo com dados da Abimaq as exportações aumentaram 48,7%, com vendas direcionadas principalmente para países da América Latina. Nas importações a alta foi de 36,7%. Os principais mercados foram, pela ordem, Estados Unidos, China e Alemanha.

Se os negócios na vertical agrícola seguem bem o setor como um todo amarga crise cíclica que já dura três anos, segundo Dias Cardoso. Apesar da projeção de 5% de crescimento com relação ao ano passado, o desempenho operacional registrado em janeiro denota que o ano será de desafios, mesmo para se alcançar uma taxa de crescimento considerada modesta pela entidade.

No mês passado a receita líquida do setor foi de R$ 4,2 bilhões, volume 19% menor do que o registrado na comparação anual. É o quarto ano de queda de receitas no período. Nas exportações o desempenho foi ainda mais impactante – queda de 38,7% no volume de vendas ao Exterior, atingindo receita de R$ 445 milhões com a queda de pedidos nos principais clientes do País, Estados Unidos e China. Puxou para baixo os indicadores das exportações o setor de máquinas para bens de consumo, que registrou queda de 73,6%. A queda em máquinas para petróleo e energia foi de 29,3% e em componentes para a indústria de bens de capital de 16%.

Para se recuperar a indústria aponta para a criação de políticas públicas de desoneração e condições de financiamento a longo prazo mais atrativas para o setor. Mário Bernardini, diretor de competitividade da Abimaq, observou que mudanças na indexação da taxa de juros de longo prazo, a TJLP, poderiam diminuir os juros para valores menores que os 14% praticados atualmente para aquisição de máquinas, o que estimularia a contratação de crédito e o consumo. Além disso ele acredita que o estímulo ao comércio de máquinas por parte do governo federal, poderia no médio prazo melhorar a empregabilidade no setor e tornar adimplente as empresas que não suportaram os efeitos da crise.

Bernardini disse que “a indústria não tem interlocutor no governo, não há agenda que inclua o setor na lista de prioridades do País. Houve muitas demissões e só não foi pior porque as empresas não tinham dinheiro para demitir mais pessoas. Posso afirmar que, hoje, metade do setor de máquinas está inadimplente com fornecedores e com a União, contra 25% que estão com as contas em dia. Se apenas esta parte menor está saudável, pode-se imaginar o que está acontecendo com dinheiro para pesquisa e desenvolvimento. Normalmente dinheiro para investir em inovação a empresa retira do lucro. Empresa que não dá lucro, não investe em inovação”.

Negócios externos crescem na receita da Marcopolo

Com alta de 21% nos negócios externos, que alcançaram R$ 1 bilhão 785 milhões, resultado das exportações feitas a partir do Brasil e das vendas das unidades localizadas em outros países, a Marcopolo amenizou a forte queda de 37,6% no mercado doméstico. A fabricante de carrocerias de ônibus, sediada em Caxias do Sul, RS, apurou receita líquida consolidada de R$ 2 bilhões 574 milhões, recuo de 6%, resultado da venda de 9 mil 212 carrocerias, em queda de 17,5%.

O faturamento externo representou 69% do total da receita, avanço de 15 pontos porcentuais na comparação com 2015. As exportações somaram R$ 950 milhões, expansão de 27,3%, e as receitas vindas das unidades localizadas em outros países, R$ 835,8 milhões, crescimento de 14,6%.

A Marcopolo exportou 2 mil 929 unidades, crescimento de 53% sobre 2015. Fator determinante para o resultado, segundo a companhia, foi o projeto Conquest, que buscou o fortalecimento da atuação nos mercados tradicionais da América Latina, a cobertura de novos mercados e ampliação do portfólio de clientes no exterior. Segundo o balanço financeiro da companhia, foram visitados, ao longo do ano, mais de 65 países.

As operações instaladas na África do Sul, Austrália e México (que entram na totalização dos números por serem controladas) registraram a venda de 2 mil 034 unidades, recuo de 10,1%. No Brasil, a companhia colocou 4 mil 425 ônibus, em queda de 38%.

Como forma de enfrentar as condições adversas, especialmente as do mercado interno, companhia adotou uma série de medidas ao longo de 2016. Em Caxias do Sul, flexibilizou a jornada de trabalho e, em Duque de Caxias, RJ, suspendeu temporariamente os contratos de trabalho. Também atuou na redução de despesas e de custos indiretos, no aumento da eficiência operacional e na melhoria do capital de giro pela redução de estoques e recebíveis.

A Marcopolo apurou lucro bruto de R$ 325,8 milhões, em queda de 31,6%. Já o Ebitda teve elevação de 67%, para R$ 353,6 milhões. O lucro líquido do exercício atingiu R$ 222,5 milhões, crescimento de 149%, e margem de 8,6%. Dentre as razões, a companhia aponta a venda parcial de ações da New Flyer Industries, sócia no Canadá, no terceiro trimestre do ano, que gerou resultado de R$ 268,1 milhões, e o resultado financeiro positivo de R$ 66,3 milhões (no balanço anterior fora negativo de R$ 38,4 milhões).

No ano passado, a Marcopolo reduziu seus investimentos em 53%, para pouco mais de R$ 73 milhões. O principal aporte ocorreu na Volare do Espírito Santo, que absorveu R$ 51 milhões. O quadro de colaborares teve redução de 3%, fechando em 15.749 em todas as unidades no Brasil e no exterior. Nas operações locais estão empregadas 8 mil 260 pessoas, alta de 8,5%, decorrência de admissões nas controladas – 766 no ano.

Diretoria projeta retomada no segundo semestre

A queda na inflação e nas taxas de juros sinaliza, no entendimento da diretoria da Marcopolo, para uma retomada gradual da demanda de ônibus, em especial no segundo semestre. A visão é que as vendas internas sejam impulsionadas pela regulação de acessibilidade, que exigirá, a partir de julho próximo, que novos veículos sejam equipados com elevadores, e pela obrigatoriedade de redução da idade média da frota das linhas interestaduais e internacionais, conforme determinação da Agência Nacional de Transportes Terrestres.

A diretoria também vislumbra maior volume de vendas de ônibus urbanos em razão do programa Refrota, que autoriza bancos a acessarem o Fundo de Garantia para o Programa de Infraestrutura de Transportes e Mobilidade Urbana (Pró-Transporte) para novos investimentos. Ainda devem ter influência aumentos pontuais de tarifas em algumas capitais, e a renovação e modernização da frota em municípios menores.

Em relação ao mercado externo, a perspectiva continua sendo positiva, com manutenção de clientes atuais e prospecção de novos. Como mecanismo de fortalecimento dos negócios, a empresa reestruturou, no início deste mês, a área comercial de mercado externo, integrando-a com a de negócios internacionais. Também é positiva a visão em relação às unidades localizadas no exterior. Além das controladas, a Marcopolo tem operações coligadas no Egito, Canadá, na Argentina, Colômbia e Índia.

Pelo terceiro ano consecutivo, Grupo PSA fica no azul.

O Grupo PSA fortalece sua posição no jogo global depois do terceiro ano consecutivo de resultados positivos. A fabricante multimarcas anunciou vendas de 3 milhões 150 mil unidades em 2016, alta de 5,8% sobre ano anterior, além de margem operacional da divisão automotiva de 6%, melhor resultado da história e dois pontos porcentuais acima do objetivo traçado no início do ano passado. Melhora das margens nas vendas, reestruturação dos custos fixos e foco em todas as áreas da operação automotiva, além do sucesso dos novos produtos, sobretudo veículos comerciais, foram os diferenciais que trouxeram os números positivos, segundo o presidente para o Brasil e América Latina, Carlos Gomes: “Vendemos mais, vendemos melhor e baixamos os custos com gente comprometida, calibrada para fazer negócios em todos os nichos do setor automotivo”.

O faturamento global do Grupo foi de 54 bilhões 30 milhões de Euros, queda de 1,2% com relação ao ano anterior. Já o lucro consolidado foi de 2 bilhões 149 milhões de Euros. Em 2015, os resultados da PSA foram de 1 bilhão 202 milhões de Euros. O fluxo de caixa fechou em 8 bilhões 100 milhões de Euros em 2016. É com esse dinheiro que a PSA vai comprar marcas concorrentes na Europa e na Ásia. “Temos uma posição interessante com o caixa total líquido de 8 bilhões e 100 milhões de Euros, o que nos proporciona pensar uma expansão, como os entendimentos que já anunciamos com relação a marca Opel na Europa e a Proton na Malásia. Mas esses assuntos vamos abordar com mais propriedade no momento oportuno”.

América Latina – O desempenho do Grupo PSA na região foi um dos destaques do balanço global apresentado nesta quinta-feira. Foram negociadas 183 mil 900 unidades no ano passado, um avanço de 17,1% com relação a 2015, o segundo maior crescimento das marcas do Grupo no mundo. Assim, o market share cresceu de 3,3% para 3,6% na região. O Chile respondeu pelo melhor resultado, passando de 5,4% para 6,9% de participação em 2016, assim como na Argentina onde as marcas elevaram o market share de 11,7% em 2015 para 12,8% no ano passado. “Vendemos mais e vendemos melhor, recuperando as margens nesses países, além de termos crescido nossa participação no Brasil para 2,5% enquanto o mercado interno caía 20%”, explica Gomes.

A recuperação das margens, que segundo Gomes também ocorreu no Brasil, é resultado de uma estratégia cujo ponto central passou pela criação de um comitê de preços para discutir, semanalmente, os indicadores dos mercados, as políticas de preços e serviços e as estratégias das marcas do Grupo. “Ainda não estamos no azul na operação brasileira, mas junto com a nossa rede, fizemos um trabalho importante de não entrar na guerra de preços e de acreditar, todos nós, que temos os melhores produtos do mundo. Isso vem fazendo a diferença. Além disso, reduzimos nosso custo fixo em 21% no ano passado. Estamos no caminho para triplicar nossos resultados até 2021”.

Ainda sem projetar grandes resultados para o próximo período, apesar do otimismo oriundo do bom desempenho nos últimos três anos, a PSA prepara uma nova estratégia para a operação de veículos utilitários. A ideia é reproduzir no Brasil o sucesso na Europa e recuperar a participação média dos líderes, entre 24% e 25%. “Vamos anunciar ainda em março um novo modelo de negócios para os veículos utilitários e picapes. Será uma estratégia PSA eventualmente com parceiros no negócio”.

Arroz de festa com quatro rodas

Fevereiro chega ao final marcado pela decisão do Comitê de Política Econômica do Banco Central de mais uma vez reduzir a Selic, a taxa básica de juros da economia, em 0,75 ponto porcentual, para 12,25%.

Foi a quarta redução consecutiva e se somou a uma série de indicadores de que a vida econômica do País pode, enfim, estar no rumo de entrar em nova fase, agora positiva. A mudança de humor dos chamados agentes da econômica fica nítida em qualquer conversa formal ou, sobretudo, informal.

Não sem razão. São, afinal: dois meses seguidos, janeiro e fevereiro, com a menor inflação mensal em vários anos; variação acumulada do IPCA em doze meses na faixa de 5,02% e, assim, cada vez mais próxima do centro da meta; confirmação de uma safra recorde pela frente e, ainda, três bancos, Bradesco, Itaú e Banco do Brasil, dando inicio formal e oficial a pelo menos alguma redução da taxa de juros.

Para fechar o quadro de boas noticias, ao explicar as razões da nova redução da Selic em 0,75 ponto porcentual, o próprio Banco Central afirmou, no mais puro economês, que “o processo de desinflação é mais difundido e indica desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária. Houve ainda, uma retomada da desinflação dos preços dos alimentos, que constitui choque de oferta favorável”.

E, ainda mais importante, acrescentou que “uma possível intensificação do ritmo da flexibilização monetária dependerá da extensão do ciclo, mas, também, da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectavas da inflação”.

Na prática e, em linguagem mais próxima daquela que qualquer pequeno empresário, empregado ou consumidor consegue entender, isto significa que se a inflação permanecer sob controle, como tudo indica que deva permanecer, o processo de redução da Selic não apenas será mantido como poderá, sim, se necessário, ganhar mais velocidade para ajudar na retomada da economia.

Tudo isso é música da melhor qualidade nos ouvidos dos responsáveis pela administração de empresas que estão prestes a realizar investimentos ou a contratar mais funcionários.

É certo que: 12 milhões de pessoas continuam desempregadas; índice de desemprego ampliado, que inclui os que fazem bicos entre os desempregados, chega a 21,2%; os juros bancários se mantêm entre os mais elevados do mundo; o endividamento das famílias ainda está bem acima do razoável, e, principalmente, que o quadro político federal permanece um tanto quanto conturbado e indefinido, com reflexos diretos na vida econômica do País.

De qualquer forma, este relativo equilíbrio entre as boas e as más notícias, já com alguma vantagem para as boas, parece tornar cada vez mais provável que o início da retomada da economia seja, a rigor, agora, apenas uma questão de tempo. Talvez até bem pouco tempo. De poucos meses.

No caso especifico do setor automotivo isto significa que está chegando a hora de deixar um pouco de lado o foco nas férias coletivas ainda em curso e passar a encarar de frente uma grande mudança que vem por ai.

Como livre pensar é só pensar, pode-se projetar, sem muito medo de errar, que quando as vendas de automóveis retomarem, os fundamentos básicos deste novo mercado automotivo que emergirá serão muito diferentes dos que existiam há alguns poucos anos, na época das vendas recordes de 3,6 milhões de unidades.

Neste curto período de dois anos, não são poucos os consumidores que, até por falta de alternativa, acabaram percebendo que podem perfeitamente viver sem um carro zero quilometro e, mais grave, que não deixa de ser um luxo desnecessário cada membro da família ter seu próprio carro.

A dura vida real acabou mostrando aos consumidores nestes últimos anos que, com o aumento da qualidade na produção dos veículos, é possível permanecer, hoje, de três a quatro anos com o mesmo carro sem qualquer problema mecânico de vulto. Em boa parte dos casos até sem precisar nem mesmo trocar os pneus.

Além disso, expulsos da base do mercado de carros novos pelo amento da seletividade dos bancos, outros consumidores aprenderam que, com o mesmo dinheiro que antes gastavam para ficar com um carro novo bem básico, conseguem comprar um usado seminovo, bem equipado e, talvez, até ainda na garantia.

E há ainda o fato de que, ao menos nos grandes centros, o automóvel vem perdendo o status de grande coqueluche dos consumidores, de necessidade prioritária de qualquer cidadão.

O orçamento doméstico bem mais apertado forçou muitas famílias a reduzir a frota doméstica para apenas um carro. No começo, foi difícil, incômodo, motivo de brigas dentro de casa. Depois, no entanto, chegaram o Uber e assemelhados — novidade global que vem mudando os hábitos de mobilidade em todo o mundo. E hoje até aquele único carro remanescente da frota doméstica acaba ficando parado na garagem no mínimo porque o estacionamento ao lodo do teatro é muito caro ou, então, porque todos na família preferem beber uma cerveja gelada ou um bom vinho quando almoçam ou jantam num restaurante.

No passado, bastava uma montadora lançar um carro novo para cair nas boas graças dos consumidores e transformar, quase que imediatamente, a novidade em objeto de desejo. Era um tempo em que poucas montadoras disputavam um mercado fechado as importações e os lançamentos de carros se limitavam a três ou quatro por ano.

Agora, com dezenas de montadoras devidamente instaladas no Pais, novos modelos são apresentados quase que toda semana. As vezes até mais de um por semana.

Carro recém lançado acabou por se transformar, em síntese, numa espécie de arroz de festa com quatro rodas. Não fala mais ao coração, a mente e, sobretudo, ao bolso de qualquer consumidor.

Decididamente, nesta época em que os consumidores escolhem os modelos pela internet e usam o Uber para se deslocar até o concessionário na hora de fechar o negócio, as áreas de vendas e de marketing das montadoras, mais do que qualquer outra, vão precisar se reinventar. Completamente.

Breve hiato

Os admiradores dos carros DS, marca premium da Citroën, não precisam temer o fim das importações dos luxuosos modelos conhecidos sobretudo pelo arrojo de suas linhas. Paulo Solti, diretor geral da Citroën no Brasil, nega categoricamente que a marca sairá do Brasil, apesar de notícias “vazadas” para a imprensa.

“Estamos desenvolvendo um novo modelo de negócios para a DS no Brasil”, assegura o executivo, que admite, porém, que interrompeu momentaneamente as encomendas até que a nova estratégia seja colocada em prática, algo que – calcula –, deverá demandar mais três ou quatro meses.

A marca DS, reforça o presidente da Citroën, terá operação ainda mais destacada aqui a partir de então. A ideia é que os três modelos oferecidos ao consumidor brasileiro pela rede Citroën desde 2012 e 2013 – DS 3, DS4 e D5 – passem a ser negociados, junto com futuros lançamentos, em rede exclusiva da marca de luxo, que será constituída após a definição do plano de negócios. 

“Ainda é cedo para antecipar detalhes da operação e de todas as estratégias que envolverão a DS no Brasil. Mas seguiremos, claro, as orientações que estão sendo adotadas em todo o mundo pela marca”, antecipa Solti, lembrando que na França os DS já têm rede de revendas independente e que outros países europeus já trabalham no mesmo sentido.

O principal executivo da Citroën no País afirma que as próprias projeções de mercado já seriam fortes argumentos para justificar a continuidade das importações dos DS. Segundo ele, o mercado brasileiro de veículos premium deve triplicar nos próximos três anos, passando das 50 mil unidades negociadas em 2016 para algo em torno de 150 mil até o fim da década.

Há uma demanda reprimida para produtos desse segmento, avalia Solti – gerada em especial nos últimos dois anos de crise. “Basta observarmos a evolução da renda das classes A e B. Na verdade, já em 2017 ou 2018 o mercado brasileiro já deveria estar consumindo acima de 120 mil veículos de marcas premium.”

A DS vendeu no Brasil somente cerca de 120 veículos no ano passado. Embora não revele quantas unidades Solti assegura que ainda existem veículos disponíveis para vendas nas concessionárias Citroën, “que seguem atendendo os clientes dos carros DS normalmente, inclusive no pós-venda”.

Como os embarques de novos lotes para cá foram interrompidos, esse pequeno estoque de passagem sumirá nas próximas poucas semanas. “Estamos, definitivamente, em um momento de transição. Mas o Brasil consta nos planos globais da marca entre os mercados prioritários nos próximos anos.”

Os carros da DS chegaram oficialmente ao Brasil em maio de 2012, quando chegou às revendas o DS3, modelo compacto de entrada, com preços atualizados a partir de R$ 92,9 mil. Ainda no mesmo ano, em dezembro, chegava às revendas o topo de linha DS5, ofertado hoje por preços a partir de R$ 138 mil. O terceiro modelo, o DS4, intermediário na gama, tinha como preço referência de R$ 102,9 mil e desembarcou aqui no primeiro bimestre de 2013.

Nesses quatro anos, segundo a Citroën, foram negociados perto de 4,5 mil unidades dos três modelos, todos importados da França. O Grupo PSA, porém, tem outra base produtiva para os DS: sua unidade na China, de onde sai ainda o DS6, utilitário esportivo para o mercado local.

Marcopolo reforça política de vendas no exterior

Tendo a América Latina como mercado já consolidado, a Marcopolo implementará ações para avançar em outras regiões. Oriente Médio, África e Ásia receberão atenção especial nesta estratégia da fabricante de carrocerias de ônibus, que projeta crescimento de 5% a 10% nos volumes a serem comercializados no exterior em 2017 na comparação com o ano passado, já definido como um dos melhores resultados na história da companhia em negócios externos. Em 2016, a Marcopolo produziu 2 mil 770 unidades para exportação, alta de 57%, e outras 1 mil 970, em queda de 10,5%, foram montadas nas controladas localizadas em outros países.

Embora estime volumes crescentes, o CEO Francisco Gomes Neto alerta que, possivelmente, os resultados não evoluam na mesma proporção em razão da apreciação do real. Lembrou que, no início de 2016, a cotação estava próxima de R$ 4,00; atualmente está perto de R$ 3. Uma das alternativas, além da manutenção das ações de redução de custos, é o reajuste do preço em dólar, acrescentou José Antonio Valiatti, CFO & Diretor de Relações com Investidores.

Francisco Neto expôs que a empresa está acelerando ações para ganhos operacionais e de eficiência nas controladas e coligadas localizadas no exterior. Destacou que todas, com exceção do Egito, têm potencial expressivo de crescimento. Anunciou durante a teleconferência, realizada na manhã desta sexta-feira, 24, para apresentação dos resultados de 2017, que a empresa está revendo e deverá reduzir sua atual participação de 49% na sociedade existente no Egito.

Em relação ao mercado interno, a visão da companhia é de tímida, mas gradual, retomada a partir do segundo semestre. O CEO reconhece que há movimentos interessantes de clientes, mas ainda muito tênues. Valiatti, por sua vez, acredita que 2016 foi o piso do mercado interno, com o pior volume dos últimos anos, na casa de 9,8 mil unidades, recuo de 26% sobre 2015. Exigência de elevadores para novos veículos, redução da idade média da frota de rodoviários e lançamento de mais um edital para o programa Caminhos da Escola, dentre outros, são fatores que deverão influenciar no resultado. Gomes Neto salienta, no entanto, que as condições econômicas do país ainda são forte obstáculo para a recuperação mais consistente.

A carteira de pedidos na Marcopolo, segundo o CEO, tem visibilidade curta, somente até março. Afirma que existem vários projetos em negociação, mas dependentes da situação econômica e da disponibilidade de chassis. Reconheceu, porém, que a carteira deste início de ano é melhor que a do mesmo período de 2016.

Também confirmou que a empresa iniciou, no último trimestre do ano passado, movimento de recomposição de margens por meio do repasse de preços. “É um processo difícil, especialmente neste momento em que a crise atinge a todos”, assinalou. Reforçou, no entanto, que a companhia continua trabalhando na redução de custos como outra forma de recomposição de margens.