Assalto é um dos principais medos dos motoristas de ônibus do País

Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte, CNT, com 1 mil 55 motoristas de ônibus urbanos de todas as regiões do País, mostrou que 35,9% deles consideram a profissão perigosa. Isso porque 28,7% já foram vítimas de assalto pelo menos uma vez nos últimos dois anos e 3,1% presenciaram incêndio proposital no ônibus em que trabalhavam. Ainda de acordo com 19,8% dos profissionais ouvidos a profissão é arriscada devido à possibilidade de acidentes.

Para Bruno Batista, diretor executivo da CNT, este estudo chama atenção para os pontos críticos que precisam ser corrigidos, principalmente, os relacionados com o nível de segurança no trabalho.

“Eles estão sujeitos a assaltos e uma exposição muito grande à violência porque trafegam por toda a cidade e acabam passando por regiões mais inseguras”. Batista disse que este número é muito grande e mostra que o poder público não está sendo eficaz para reduzir estes riscos na jornada de trabalho. “Passageiros também ficam expostos e é preciso que hajam ações estruturadas para diminuir este problema e não torná-lo crônico.”

O estudo abordou também questões relacionadas à rotina de trabalho e outros temas para obter mais informações sobre o perfil destes profissionais. Dos motoristas entrevistados 57% destacaram a profissão como desgastante, estressante ou fisicamente cansativa. E isto é explicado pelas condições de infraestrutura que dificultam o dia a dia destes profissionais. O pavimento das ruas e avenidas foi considerado regular, ruim ou péssimo para 77,6% dos entrevistados. E 81,8% deles relataram que sempre enfrentam problemas com fluidez no tráfego. De acordo com Bruno Batista para que este cenário melhore é preciso que haja um planejamento do transporte urbano que priorize os ônibus. “O que tem acontecido é um aumento do número de carros nas ruas. E os motoristas de ônibus precisam trafegar no meio de uma infinidade de veículos tornando as viagens mais longas e cansativas.”

As principais reivindicações de 61% motoristas ouvidos estão relacionadas com a segurança policial, 33,7% disseram que precisam de um local de descanso com mais conforto e estrutura. Já 29,4% sentem falta de mais vias exclusivas para ônibus e 24,5% gostariam que houvesse uma redução dos custos de aquisição da carteira de motorista.

Apesar destes entraves a pesquisa mostrou que 75,5% dos motoristas disseram estar satisfeitos e não têm vontade de trocar de emprego e 70,6% afirmaram que gostam de dirigir ônibus urbanos. Já 33% avaliam que esta profissão deveria oferecer um salário melhor do que outras. Ainda segundo a pesquisa a idade média dos motoristas é de 43 anos e grande parte possui vasta experiência na profissão com 12 anos de bagagem. “Chamou atenção o fato de eles estarem orgulhosos com a profissão.”

De acordo com Batista este estudo inédito forneceu um número grande de elementos que permitem efetuar planejamentos. “Conhecer estas principais demandas nos permite fazer cobranças mais efetivas junto aos órgãos públicos para que os problemas enfrentados por estes profissionais possam ser solucionados.”

Kurt Michels assume área de compliance do Grupo Volkswagen

O Grupo Vokswagen anunciou Kurt Michels como novo diretor de compliance da companhia. O executivo, que antes exercia o cargo na área de caminhões e ônibus da Daimler, assume o posto no dia 1 de abril. Ele tem pela frente o papel de administrar os efeitos provocados pelo “dieselgate” dentro da empresa. Na Daimler, ele será sucedido por Frank Fabian que era o responsável pela área na VW.

O executivo chega para assumir uma área que hoje é estratégica para o grupo. Após a descoberta da fraude no sistema de medição das emissões nos veículos movidos a diesel, a empresa busca estancar os problemas internos e com autoridades do mundo todo. Michaels é um executivo que possui vasta experiência na área de emissões e governança e foi escolhido para tomar à frente nas decisões relacionadas ao escândalo das emissões.

Depois de estudar direito em Tübingen, Michels iniciou sua carreira na Daimler-Benz como advogado na área de compras, em 1998. Desde 2006, chefiou o departamento de segurança e regulamentação de produtos da empresa. Nesta função, ele assumiu a responsabilidade global das áreas de segurança, prevenção da responsabilidade, lei de emissões, conformidade técnica, direito penal e direito público. Ele prestou, também, apoio em conexão com as operações da empresa nos Estados Unidos.

Em 2011, Michels foi nomeado diretor de compliance para caminhões e vans e, em 2013, também para o setor de ônibus. Nesta função, foi responsável pelo desenvolvimento e adoção de um programa de conformidade para a prevenção da corrupção a nível mundial, para a salvaguarda sustentada do cumprimento dos requisitos legais e regulamentares. Durante a supervisão da Daimler, o executivo colaborou com as autoridades dos Estados Unidos e com o monitor de conformidade nomeado por eles.

Fabian, por sua vez, é doutor em direito e iniciou sua carreira em 1996 como advogado. Ingressou no Grupo Volkswagen em 2001 e ocupou vários cargos de responsabilidade no setor jurídico. Foi nomeado chefe de governança, risco e cumprimento em 2011.

ZF investiu 2 bilhões de euros em 2016

A ZF quer se tornar um dos lideres em fornecimento de tecnologia de eletromobilidade e condução autônoma. Em 2016, a empresa investiu € 2 bilhões na área, o que representa 5,5% de seu faturamento. No ano anterior, os aportes em desenvolvimento de novas tecnologias representaram 4,8% da receita. Segundo a empresa, este aumento resultou principalmente da intensificação das atividades de desenvolvimento nas Divisões de Tecnologia de Segurança Ativa e Passiva e E-Mobility.

“A ZF está aproveitando a oportunidade de mudanças fundamentais na indústria automotiva para se transformar em uma empresa de tecnologia líder em eletromobilidade e condução autônoma”, disse, por comunicado, o presidente Stefan Sommer. Segundo ele, a empresa continuará com os aportes em sistemas mecânicos e eletrônicos. “O carro do futuro ainda dependerá de componentes mecânicos. Mesmo com toda tecnologia, se um ‘iPhone fosse sobre rodas’ precisaria de freios, sistema de direção, eixos e todo o resto.” Ele completou: “nossa força é a combinação de hardware e software. Então produzimos sistemas mecânicos inteligentes”.

No ano passado, a companhia faturou € 35,2 bilhões no mundo, um aumento de 20,6% no comparativo com 2015. Segundo dados do balanço da ZF, em 2016, a América do Sul foi responsável por 2% dessa receita, com cerca de € 700 milhões. Em 2016 a empresa reduziu em € 1,6 bilhão sua dívida com a aquisição da TRW. A margem Ebit ajustada subiu um ponto porcentual para 6,4% e o fluxo de caixa livre ajustado totalizou € 2 bilhões. A meta para este ano é de um faturamento de aproximadamente € 36 bilhões. “A partir dessa posição de força e estabilidade financeira, podemos nos dar ao luxo de investir consideravelmente em tecnologia orientada para o futuro. Isso irá garantir empregos para nossos funcionários em longo prazo”, disse Sommer.

Taxa de desemprego na Grande São Paulo sobe para 17,9% em fevereiro

A taxa de desemprego na Região Metropolitana da Grande São Paulo passou de 17,1%, em janeiro, para 17,9%, em fevereiro, a maior registrada para o mês desde 2005, informou a Agência Brasil com dados da Fundação Seade e do Dieese, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Em fevereiro de 2016 a taxa de desemprego foi 14,7%.

O contingente de desempregados foi estimado em 1,9 milhão de pessoas, 99 mil a mais do que em janeiro. Houve redução do nível de ocupação, com eliminação de 39 mil postos de trabalho, o equivalente a 0,4% de queda. A PEA, população economicamente ativa, registrou alta de 0,5%, com 60 mil pessoas passando a fazer parte da força de trabalho.

O desemprego aberto, ou seja, pessoas que buscaram trabalho nos últimos trinta dias e que não trabalharam nos últimos sete dias, variou de 14,1% para 14,8%. A taxa de desemprego oculto, que se refere a pessoas que fizeram trabalhos eventuais, não remunerados em negócios de parentes e tentaram mudar de emprego nos últimos trinta dias, ou que não buscaram emprego em trinta dias, variou de 3% para 3,1%.

Na comparação dos setores a indústria de transformação eliminou 42 mil postos de trabalho em fevereiro, queda de 3,2% com relação a janeiro. Em serviços houve retração de 0,6%, ou 32 mil postos de trabalho. No mesmo período o comércio e o setor de reparação de veículos automotores e motocicletas apresentaram alta de 2,2%, com 38 mil postos de trabalho cada. No setor de construção foi registrado aumento de 1,2%, com 7 mil postos de trabalho.

O rendimento médio real no mês de janeiro, quando foi feita a última aferição do indicador, caiu 3,7% no meio dos ocupados e 3,9% junto aos assalariados. Os salários médios mensais foram de R$ 1 mil 974 para os ocupados e R$ 2 mil 32 para os assalariados da Grande São Paulo.

Ibama confirma multa de R$ 50 milhões a Volkswagen

O Ibama, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais, confirmou a multa de R$ 50 milhões à Volkswagen do Brasil por fraude em testes de emissão realizados no modelo Amarok 2011/2012. A empresa é investigada internacionalmente no caso que ficou conhecido como “dieselgate”, no qual a fabricante adulterava o software de controle de emissões para omitir o real volume de poluição de seus veículos movidos a diesel. O Ibama multou a fabricante em novembro de 2015, dois meses após o escândalo explodir nos Estados Unidos. No entanto, somente agora o processo foi julgado em primeira instância e a fabricante tem até 20 dias para recorrer.

Em sua defesa, a empresa tentou demonstrar que o software instalado nos carros para adulterar o padrão de emissões durante testes laboratoriais não estaria ativo, nem seria efetivo para burlar medições. No entanto, relatório concluído pela Cetesb, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, em janeiro deste ano, a pedido do Ibama, apontou que os veículos testados continham dispositivo que reduzia em 0,26 g/km, em média, a emissão de poluentes durante os testes.

“Se não fosse pela ação do dispositivo, as emissões de óxidos de nitrogênio superariam o limite regulamentado que, em média, atingiram 1,101 g/km. Portanto, os veículos teriam sido reprovados nos testes. Assim, estão caracterizadas as violações às Resoluções Conama, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, configurando infração ambiental descrita no artigo 71 do Decreto 6.514/2008”, aponta trecho da decisão apresentada pelo Ibama no dia 21.

Se fosse considerado o artigo 71 do Decreto 6.514/2008 a multa poderia chegar a R$ 170,5 milhões. Com os atenuantes e agravantes do caso, caberia ainda um acréscimo de 40%, que elevaria a multa para R$ 238,7 milhões. No entanto, o valor final foi fixado com base na Lei 9.605/1998 que estipula um valor máximo de R$ 50 milhões para multas ambientais.

O Ibama também determinou, por meio de ofício, que a empresa realize o recall dos veículos Amarok que contêm dispositivo destinado a reduzir as emissões de poluentes durante testes de laboratório. No total, 17 mil 57 veículos Amarok no Brasil continham um software que poderia alterar os resultados dos testes de homologação.

A Volkswagen, por meio de nota, informou que foi notificada pelo Ibama na quinta-feira, 23, e que está “analisando a decisão e se manifestará oportunamente”.

Mesmo com prejuízo, Randon está otimista para 2017

A política de gestão de custos na estrutura e nos processos associada a uma forte ação para a redução do endividamento foi reforçada pelas Empresas Randon no ano passado para se adequar ao novo mercado de veí­culos comerciais de cargas e passageiros. Dentre as medidas, houve enxugamento do quadro de funcionários em 14%, algo como 1,2 mil vagas formais a menos, fechando o ano com 7,4 mil empregados. A empresa também desativou a unidade de Guarulhos (SP) e reduziu os investimentos em quase 75%, para pouco mais de R$ 43 milhões. “Foi um ano de fortes ajustes, que esperamos influenciem positivamente no exercício de 2017”, definiu Geraldo Santa Catharina, diretor financeiro e de relações com investidores, durante teleconferência para apresentação do desempenho de 2016.

No ano passado, a receita bruta total somou R$ 3,7 bilhões, 13,1% inferior a do período anterior. A receita líquida atingiu R$ 2,6 bilhões, queda de 15,3%. A divisão autopeças respondeu por 50,1% das receitas e a divisão implementos por 44,4%, enquanto os serviços financeiros representaram 5,5%.

Como resultado da conjuntura adversa, a Randon apresentou lucro bruto de R$ 520,9 milhões, redução de 18,7% com relação a 2015. O prejuízo líquido, por sua vez, aumentou 172%, para R$ 67,2 milhões, o segundo consecutivo, em 2015 o resultado negativo foi de R$ 24 milhões.

Para 2017 a empresa espera crescer 8% no faturamento bruto, para R$ 3,9 bilhões, e 7,5% na receita líquida, para R$ 2,8 bilhões. A reação deve vir, especialmente, das exportações, estimadas em US$ 240 milhões, o que representaria alta de quase 60%. Entre as iniciativas está em andamento o projeto de viabilidade para aumentar os embarques pelo sistema CKD, enviando o equipamento em partes para ser montado no local de destino. A empresa também pretende investir R$ 100 milhões neste ano. Um dos projetos é retomar a construção da fábrica de Araraquara, SP. “Mas este aporte depende do caixa disponível.”

Segundo ele, este mês tem se revelado bastante promissor, com aumento de cotações e encaminhamento de fechamentos de negócios. Hemerson Fernando de Souza, gerente de planejamento e relações com investidores, observou que há dois anos não se percebia algo semelhante no mercado. “Não estamos esbanjando otimismo, mas temos a confiança de que o ano será melhor”. Santa Catharina complementou com a informação de que a carteira de pedidos deste início de ano é maior do que a dos períodos anteriores, mas não expôs números.

De acordo com Santa Catharina, outro fator que deve influenciar no resultado positivo da empresa é a diminuição da concorrência no País. 23 marcas deixaram de emplacar implementos nos últimos dois anos, caindo para 148 competidores. A Randon liderou o segmento com 29% de participação, três pontos porcentuais de alta sobre 2015. Outro fator decisivo para a perspectiva positiva é a estimativa de uma safra de grãos com mais de 223 milhões de toneladas.

Mercedes-Benz antecipa lançamento da linha 2017 de caminhões

A corrida pelo aumento na participação de mercado está acelerada dentro dos muros da Mercedes-Benz. Isto porque a empresa decidiu antecipar o lançamento da linha de caminhões 2017 que, a princípio, seria realizado em outubro, durante a Fenatran, o principal evento da América Latina para o setor. A partir deste mês a companhia inicia as vendas dos modelos Atego, Axor e Actros que serão oferecidos com a cabine mais confortável e com mais ergonomia.

Outra novidade para estas famílias é o tacógrafo digital de série que facilitará o controle e gestão da operação. O dispositivo grava a velocidade do caminhão, distância percorrida, rotação do motor, velocidade máxima e se está parado ou em movimento.

De acordo com Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing da Mercedes-Benz, a melhorias vão proporcionar à empresa mais competitividade para atender clientes que estão criteriosos com a rentabilidade que o veículo oferece. “Isto se intensifica em momentos de crise econômica.”

Segundo ele, não haverá aumento do preço destes veículos por causa destas atualizações. “No ano passado fizemos um reajuste de 10% já visualizando este lançamento.”

Os caminhões Atego têm preço sugerido a partir de R$ 198 mil 655 mil, a linha Axor é oferecida com valor inicial de R$ 316 mil 594 e o Actros começa com R$ 453 mil 218.

Estas melhorias fazem parte do conceito de desenvolvimento econfort que foi lançado em 2014 com objetivo de oferecer caminhões mais econômicos, confortáveis e maior desempenho de operação. Leoncini contou que em um primeiro momento a empresa se voltou para oferecer veículos que proporcionassem mais economia de combustível. Em uma segunda etapa o foco foi com relação à redução dos custos de manutenção. Agora chegou a vez do conforto dentro da cabine.

Com a comercialização dos novos caminhões a Mercedes-Benz espera aumentar sua participação no mercado. Também será mais uma cartada para que se mantenha na liderança que reconquistou no ano passado. De 2008 a 2016 a MAN Latin America ocupou o posto mais alto do ranking, com vendas de 36 mil 835 caminhões. Já a Mercedes-Benz, em 2008, comercializou 36 mil 19 unidades. De acordo com dados da Anfavea, em 2016 a Mercedes-Benz vendeu 14 mil 958 caminhões, enquanto a MAN emplacou 13 mil 690 unidades.

Um nó econômico difícil de desatar

A economia brasileira vive a síndrome do gato escaldado, aquele que tem medo até de água fria. Apesar dos sinais da retomada começarem a aparecer em várias frentes e já se refletirem nas pesquisas que medem o ânimo nacional, a demanda permanece estagnada neste primeiro trimestre e, em alguns casos, como o do automotivo, por exemplo, até apresenta nova redução.

Os sinais verdes começam a aparecer em diversas frentes. Entre tantos outros, depois de 22 meses em queda, o número de empregados com carteira assinada, por exemplo, voltou a crescer em fevereiro. Ao mesmo tempo, a inflação se aproximou do centro da meta, a Selic foi novamente reduzida, os juros bancários mostraram alguma contenção e até as exportações cresceram em relação ao mesmo mês do ano passado, o que não acontecia há 17 meses.

No entanto, escaldadas e ainda trazendo no corpo os hematomas gerados pelas duras dificuldades amargadas nos últimos anos, empresas e consumidores até se animam um pouco com as várias boas notícias, mas, ao menos por enquanto, mantém aceso o sinal vermelho, quando muito o amarelo.

Em decorrência, embora não estejam mais demitindo em massa, as empresas continuam retardando ao máximo qualquer recomposição de seu quadro de funcionários, a espera de que tudo se reflita em consistente aumento da demanda por seus produtos.

E os consumidores, de seu lado, embora constatem algum aumento da estabilidade em relação ao emprego, preferem, por precaução, restringir o consumo ao que for absolutamente indispensável, pelo menos até que a temporada de retomada das contratações se apresente de forma mais firme e convincente.

Ou seja, embora já tivesse boas razões para embicar na direção do virtuoso, o quadro econômico nacional permanece engolido por um nefasto circulo vicioso: como a demanda não aumenta, as empresas não contratam e, em contrapartida, como as empresas não contratam, os consumidores, mesmo os já empregados, não se animam a ativar o consumo.

O quadro é mais complexo e bem mais difícil de ser equacionado do que pode parecer à primeira vista. Acontece que, para conseguir sobreviver a três anos seguidos de recessão, as empresas tiveram de enxugar sua estrutura e aumentar substancialmente a eficiência.

Na entrevista que concedeu na segunda-feira, 20, para o From the top da edição de abril da revista AutoData, José Eduardo Luzzi, presidente da Navistar Mercosul, contou que sua empresa concentrou toda sua produção de motores na planta de São Paulo, SP, e colocou em hibernação a fábrica de Canoas, RS, agora exclusiva da produção de caminhões, a espera da retomada do mercado de veículos comerciais.

Simultaneamente, passou um pente fino na operação como um todo. Com o auxilio de uma consultoria externa, o processo foi completamente revisto em todas as áreas. Resultado prático: 25% de aumento na eficiência, com reflexo proporcional nos custos.

E a Navistar não é, por certo, caso isolado. A maior parte das empresas que conseguiram sobreviver a estes três últimos anos foram forçadas a encarar de frente processos de ajustes semelhantes. E, agora, em decorrência, necessitariam de bem menos funcionários para fabricar o mesmo tanto que produziam antes do inicio desta crise, que reduziu em 9% o PIB, Produto Interno Bruto nacional, e é, assim, a maior da história do País.

Além disso, a queda de vendas e de produção foi tão pronunciada que, hoje, a maior parte das empresas opera com apenas um turno e, ainda assim, com parte de seus funcionários dentro do PPE – Programa de Proteção ao Emprego, agora reformatado e rebatizado de PSE, Programa Seguro-Emprego.

Ou seja, mesmo depois que o crescimento da demanda começar a dar o ar da graça de forma mais significativa, as empresas, em particular as ligadas ao setor automotivo, tem muita margem para aumentar a produção ainda sem necessidade de voltar a abrir novas vagas em suas linhas ou escritórios. E margem que certamente vão utilizar até o limite das horas extras.

Ainda mais quando se considera as dificuldades de planejamento que decorrem da instabilidade que ainda predomina no quadro político nacional e dos eventuais e imprevisíveis desdobramento da operação Lava Jato e, agora, também a Carne Fraca, que igualmente ameaça respingar na área política.

Tudo anda tão confuso em Brasília, DF, que no curto espaço de duas semanas dois projetos tratando da Terceirização da mão de obra tramitaram simultaneamente, um na Câmara e outro no Senado. E com diferenças substanciais entre si.

Num quadro assim, como projetar os desfechos mais prováveis para as reformas trabalhista e previdenciária também em fase de tramitação no Congresso?

E, para ir pouco além, a pouco mais de um ano das próximas eleições presidências, como projetar, com um mínimo de dose de certeza, não quem tem maiores chances de ganhar a eleição, mas, ao menos, quais poderão ser os candidatos de cada partido?

Em meio a tantas incertezas, prudência e carne de galinha passam compreensivelmente a ser artigos de primeira necessidade. É um quadro que dá toda razão tanto as empresas que adiam as novas contratações quanto aos consumidores que se negam a consumir nada além do básico.

Empresas ou consumidores, cada um por suas boas e concretas razões, ninguém se atreve a dar o primeiro passo. É a síndrome do gato escaldado. Tai um nó econômico difícil, muito difícil, de desatar.

Os impactos da terceirização na indústria: saiba quais são.

O projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados sobre a terceirização irrestrita de mão de obra gera discussões sobre os impactos positivos e negativos que trará para a indústria no curto e médio prazos. Se sancionada pelo presidente da República a regra passa a permitir a terceirização de quaisquer atividades das empresas – principais ou secundárias. Também regulamenta o aumento, de três para seis meses, do prazo máximo da duração de contratos de trabalho, com possibilidade de extensão por mais noventa dias.

AutoData entrevistou com exclusividade especialistas que mostram os reflexos desta nova realidade. Nélson Marconi, coordenador do Fórum de Economia da FGV, acredita que com mais liberdade para terceirizar as companhias obterão uma redução de custo em curto prazo porque terão mais condições de negociar e de realizar contratações com salários menores.

Mas ele alerta que no médio e longo prazos possa haver uma série de fatores que levarão estas companhias a terem gastos maiores. Um deles está relacionado à perda de produtividade:

“Funcionários terceirizados não têm identificação com os valores da empresa e, consequentemente, menos comprometimento com os resultados, o que reflete na perda da qualidade do produto final”.

Outra razão que poderá ocasionar prejuízos é que há, na lei, um ponto que ficou vago sobre a contratação de mão de obra temporária: “Não se sabe quais os tipos de admissão podem ser realizados e isto poderá abrir precedentes para futuros processos trabalhistas”.

Já Wolnei Ferreira, diretor jurídico da ABRH, Associação Brasileira de Recursos Humanos, disse que, se sancionada pelo presidente, a lei permitirá que as empresas tenham mais segurança jurídica para definir suas estratégias de negócio.

“Isso dará liberdade para analisar com clareza quando é mais viável buscar serviços especializados ou contratar um funcionário”.

Ele contou que atualmente 50% dos processos trabalhistas que tramitam na Justiça envolvem denúncias relacionadas a terceirização.

De acordo com Ferreira neste novo cenário, quando a empresa notar que há oportunidade de reduzir custos, principalmente na contratação de atividades especializadas, ela a fará. Exemplifica: “A companhia que hoje possui um funcionário somente para realizar manutenção de máquinas poderá contratar uma empresa para prestar serviços sem precisar arcar com encargos trabalhistas”.

Outra vantagem, sob a ótica de Ferreira, é a criação de um ambiente de trabalho com relações mais harmoniosas. Isso porque a nova lei obrigará que a tomadora de serviço, ou seja, a companhia que contratará mão de obra de outras empresas, tenha responsabilidade direta com relação às condições de trabalho do colaborador: “Isto permitirá que haja uma fiscalização mais rigorosa”.

Há duas semanas AutoData publicou reportagem sobre a discussão do tema e ouviu advogados e frentes sindicais, que falaram sobre as consequências da terceirização para o trabalhador. Veja em noticias/22969/ganha-forca-a-discussao-sobre-terceirizacao-da-mao-de-obra

Marco Silva é o novo presidente da Nissan do Brasil

A Nissan anunciou Marco Silva, seu diretor financeiro para a América Latina, como o novo presidente no Brasil. O anúncio foi feito um dia após a empresa informar o nome de seu novo vice-presidente de vendas para a América Latina, Guy Rodríguez. Segundo a Nissan, que confirmou a informação veiculada na quinta-feira, 23, pelo Flash de Motor, da Venezuela, ambos o executivos assumirão seus cargos a partir de 1º de abril.

Silva também acumulará sua atual posição, de vice-presidente de administração e finanças da Nissan na América Latina. O executivo possui mais de vinte anos de vivência na área de finanças e acumula em sua trajetória passagens por Venezuela, Coreia do Sul e China. Graduado em administração de empresas pela Unimep, Universidade Metodista de Piracicaba, SP, tem pós-graduação em finanças e auditoria pelo INPG, Instituto Nacional de Pós-Graduação, e mestrado em controle financeiro pela FGV, Fundação Getúlio Vargas.

As mudanças no board da empresa também passam pela área comercial. José Luiz Vendramini assume essa diretoria no mês que vem e se reportará a Marco Silva, em âmbito nacional, e a Guy Rodríguez, no que diz respeito aos assuntos referentes à operação continental. Vendramini é engenheiro mecânico formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

A Nissan passa por uma série de mudanças em sua operação global após ser anunciada a integração da Mitsubishi à aliança que mantém com a Renault, um negócio que movimentou no ano passado R$ 8 bilhões. Além da saída de Carlos Ghosn do cargo de presidente global da Nissan para assumir a direção da Mitsubishi, a empresa pretende também realizar mudanças nos veículos das marcas como parte de estratégia de corte de gastos e ganhos de eficiência.

As empresas já estariam trabalhando, por exemplo, no desenvolvimento de nova versão construída sobre a plataforma utilizada pela Patrol, picape da Nissan que concorreu com o Pajero na mesma categoria desde 1982 e que hoje se encontra na sexta geração.

A aliança das fabricantes também propiciou a criação de unidade específica para o desenvolvimento de veículos comerciais leves, especificamente furgões e picapes. Nissan e Renault, no segmento, compartilham a mesma plataforma com o modelo Nissan NV400, que não é vendido no Brasil, e com o Renault Master. E a nova picape da Renault, Alaskan, que chega ao País no ano que vem, é manufaturada sobre a mesma plataforma da Nissan Frontier.