Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte, CNT, com 1 mil 55 motoristas de ônibus urbanos de todas as regiões do País, mostrou que 35,9% deles consideram a profissão perigosa. Isso porque 28,7% já foram vítimas de assalto pelo menos uma vez nos últimos dois anos e 3,1% presenciaram incêndio proposital no ônibus em que trabalhavam. Ainda de acordo com 19,8% dos profissionais ouvidos a profissão é arriscada devido à possibilidade de acidentes.
Para Bruno Batista, diretor executivo da CNT, este estudo chama atenção para os pontos críticos que precisam ser corrigidos, principalmente, os relacionados com o nível de segurança no trabalho.
“Eles estão sujeitos a assaltos e uma exposição muito grande à violência porque trafegam por toda a cidade e acabam passando por regiões mais inseguras”. Batista disse que este número é muito grande e mostra que o poder público não está sendo eficaz para reduzir estes riscos na jornada de trabalho. “Passageiros também ficam expostos e é preciso que hajam ações estruturadas para diminuir este problema e não torná-lo crônico.”
O estudo abordou também questões relacionadas à rotina de trabalho e outros temas para obter mais informações sobre o perfil destes profissionais. Dos motoristas entrevistados 57% destacaram a profissão como desgastante, estressante ou fisicamente cansativa. E isto é explicado pelas condições de infraestrutura que dificultam o dia a dia destes profissionais. O pavimento das ruas e avenidas foi considerado regular, ruim ou péssimo para 77,6% dos entrevistados. E 81,8% deles relataram que sempre enfrentam problemas com fluidez no tráfego. De acordo com Bruno Batista para que este cenário melhore é preciso que haja um planejamento do transporte urbano que priorize os ônibus. “O que tem acontecido é um aumento do número de carros nas ruas. E os motoristas de ônibus precisam trafegar no meio de uma infinidade de veículos tornando as viagens mais longas e cansativas.”
As principais reivindicações de 61% motoristas ouvidos estão relacionadas com a segurança policial, 33,7% disseram que precisam de um local de descanso com mais conforto e estrutura. Já 29,4% sentem falta de mais vias exclusivas para ônibus e 24,5% gostariam que houvesse uma redução dos custos de aquisição da carteira de motorista.
Apesar destes entraves a pesquisa mostrou que 75,5% dos motoristas disseram estar satisfeitos e não têm vontade de trocar de emprego e 70,6% afirmaram que gostam de dirigir ônibus urbanos. Já 33% avaliam que esta profissão deveria oferecer um salário melhor do que outras. Ainda segundo a pesquisa a idade média dos motoristas é de 43 anos e grande parte possui vasta experiência na profissão com 12 anos de bagagem. “Chamou atenção o fato de eles estarem orgulhosos com a profissão.”
De acordo com Batista este estudo inédito forneceu um número grande de elementos que permitem efetuar planejamentos. “Conhecer estas principais demandas nos permite fazer cobranças mais efetivas junto aos órgãos públicos para que os problemas enfrentados por estes profissionais possam ser solucionados.”