A Ford detectou a possibilidade e pôs mãos à obra: apresentou na terça-feira, 28, a versão Trail, dita “aventureira urbana”, do seu modelo Ka, que já estará nas concessionárias nos primeiros dias de abril. Diferencial imbatível, diante da concorrência, são os preços, crê o pessoal de marketing da empresa: R$ 47 mil 690 com motor 1.0 e R$ 51 mil 990 com motor 1.5.
Mais: na fase de lançamento, coisa de uns dois meses, aceita entrada de 60% do valor e financia o saldo em trinta meses com taxa dita zero – se a opção for pelo motor 1.5 inclui-se mais R$ 59 nas parcelas.
Mas ninguém quer ouvir a própria voz projetando o que se espera como resultado: há uma orientação geral para escapar das projeções “para não entregar o ouro”. O pessoal de marketing de produto, de design, de engenharia e de imprensa faz de conta que não ouve a pergunta. Atrás dos panos alguém diz que a esperança é de crescimento de até 30% nas vendas. No ano passado o Ford Ka foi o terceiro modelo mais vendido no País, com 76 mil 615 unidades emplacadas – antes chegaram o Chevrolet Onix, com 153 mil 371, e o Hyundai HB20, com 121 mil 616. Este ano, no acumulado janeiro-fevereiro, é o carro de entrada mais vendido, 12 mil 843 unidades, participação de 25,57%.
No mundo – vinte países europeus, Índia, México e Brasil – é um dos dez modelos mais vendidos. Aqui, desde seu lançamento em 2014, vendeu 219 mil unidades.
A Ford considera que seus concorrentes não são nada além de quatro modelos, todos eles no segmento de entrada: Chevrolet Onix, Hyundai HB20, Renault Sandero e Toyota Etios. A empresa localizou seus preços para a versão Trail 1.0 do Ka R$ 10 mil abaixo do concorrente mais próximo e, também, pretende explorar o que considera “o baixo custo de propriedade” de um Ka como, por exemplo, o fato de que suas revisões custam 20% menos do que as dos concorrentes, que o custo de sua cesta básica de peças seja 10% menor e que o que se paga como prêmio pelo seguro seja mais baixo.
No press-kit há sentença atribuída a Fernando Pfeiffer, gerente de marketing de produto, para definir a versão Trail: “O Ka Trail combina uma série de vantagens para quem deseja um carro personalizado versátil, moderno e acessível. Acima de tudo ele reúne todas as qualidades já consagradas do Ka no uso urbano com uma capacidade maior para o lazer e aventura. É um carro de atitude com uma proposta de mercado e de valor atraente”.
A isso ele soma a “modernidade do design”, o espaço para cinco pessoas, a potência dos dois motores e a economia que geram, e o padrão dos equipamentos de série.
De acordo com ele “a oferta do melhor custo-benefício foi o nosso desafio para chegar ao lado B das pessoas, dos seus instantes de lazer e diversão. Ka é um dos pilares de nossa marca no Brasil, um alicerce fundamental em nosso negócio”.
Quem é aparentado aos linces percebe a primeira diferença nos Trail no primeiro passar de olhos: o sistema de suspensão é mais alto, coisa de 31 mm a mais do que num Ka não Trail, e os pneus também são diferentes, de uso misto, os Pirelli Scorpion ATR 185/65 R15 com rodas de liga leve de 15 polegadas. Há, também, as faixas esportivas laterais e traseira, rack decorativo no teto, moldura nas caixas de roda, faróis de neblina.
Tem, de série, ar condicionado, direção elétrica, vidros elétricos dianteiros. E abertura elétrica do porta-malas. O som é MyConnection com comando de voz e bluetooth, há compartimento para celular no MyFord Dock, o banco traseiro é bipartido na proporção 60/40.
O motor 1.0 é o TiVCT, flex, de três cilindros, que gera 80 cv usando gasolina e 85 cv usando álcool, e o 1.5 é o Sigma, igualmente flex, 105 cv a gasolina e 110 cv a álcool. Com caixa de câmbio manual de cinco velocidades.
“Todas as cargas da suspensão foram recalibradas”, lembrou Gilberto Geri, gerente de desenvolvimento de produto da Ford América do Sul. “Mexemos nos amortecedores, nas molas, na barra estabilizadora, no eixo traseiro, que ficou mais rígido. Usamos, no motor, coxins com amortecimento hidráulico. Do ponto de vista da engenharia trata-se de um novo produto e não uma adaptação do modelo com finalidade estética. É um carro com atributos reais de desempenho para uso fora-de-estrada leve.”
As novas cores sólidas disponíveis para o Ka Trail são vermelho Arpoador, preto Ebony e branco Ártico, e a metálica o prata Dublin, informou Adília Alonso, supervisora de design da Ford América do Sul.
Ela contou que os bancos são revestidos com couro sintético e com tecidos com apliques e pespontos em dois tons de laranja e de verde. E que os tecidos são tratados com repelente à sujeira para facilitar sua conservação e manutenção: “Usamos texturas orgânicas e combinações de materiais que valorizam a esportividade e a praticidade de uso”.