Mudar quem senta à mão direita do CEO

Agora é praticamente oficial: na quinta-feira, 30, ao divulgar o Relatório Trimestral da Inflação, o Banco Central reconheceu, ainda que em bom economês, que, “como o processo de desinflação em curso mostra-se mais difundido”, passa a ter espaço para a “intensificação moderada do ritmo de flexibilização monetária”.

Traduzindo: o ritmo de redução da taxa Selic deve subir de 0,75 ponto para pelo menos 1,0 nas próximas reuniões do Conselho de Política Monetária, Copom, com reflexos diretos, ainda que não imediatos, nas taxas de juros cobradas dos consumidores e das empresas pelos bancos.

Para um setor, como o automotivo, cujas vendas são umbilicalmente dependentes de financiamentos, é uma grande notícia. Afinal, para que a decisão de compra do consumidor seja tomada, bem mais do que o preço total do carro, o que importa, de fato, é se o valor mensal da prestação a ser paga cabe dentro do orçamento.

Na prática, assim, dentro da relatividade que caracteriza os valores constantes nas tabelas de preços das montadoras, a redução do valor da prestação decorrente de qualquer eventual queda nas taxas de juros bancários tem o mesmo efeito que uma redução equivalente nos preços dos veículos. Ou, numa imagem espelhada, o mesmo reflexo que o aumento proporcional do poder aquisitivo do consumidor.

Todavia, fiel ao ritmo do clássico de João Bosco imortalizado por Elis Regina, o “Dois pra lá, dois pra cá”, movimento cíclico que tem caracterizado a vida econômica nacional neste início de 2017, já na sexta-feira, 31, o IBGE encarregou-se de jogar verdadeira ducha de água gelada. Informou que o desemprego do País foi de 13,2%, em média, no trimestre de dezembro a fevereiro, alta de 11,7% com relação ao trimestre anterior é a taxa mais alta desde que o instituto começou a publicar a pesquisa, em 2012.

O efeito, no caso, é diametralmente oposto ao da redução das taxas juros. Afinal, nada como um desempregado em casa para reduzir drasticamente o poder aquisitivo da família e, por decorrência natural, acabar com a possibilidade de viabilizar a compra de um carro zero ou pelo menos de um mais novo.

Segundo os dados divulgados pelo IBGE, que fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio, Pnad, o trimestre em questão fechou com 13,5 milhões de desempregados, 1,3 milhão a mais do que no período anterior.

Com o endividamento das famílias em níveis tão alto, não é à toa que não há como acomodar no orçamento familiar uma prestação adicional ligada à compra de um carro novo. É isto, por mais que o valor desta parcela diminua em razão de eventual queda nas taxas de juros.

É bem verdade que, desta vez, este aumento no número de desempregados traz uma leve, porém muito importante, distorção estatística. Muito provavelmente trata-se de um aumento que teria ocorrido de qualquer forma, ainda que nenhum outro trabalhador tivesse sido demitido,

Explica-se: o IBGE considera desempregado quem não tem trabalho e procurou alguma colocação nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram coletados. Pois bem, com os vários bons indicadores econômicos que tem pipocado com razoável frequência, é bem provável que isto tenha animado muitos trabalhadores que estava em casa há tempos a voltar a tentar encontrar alguma colocação. E foi assim que, por passar a reunir simultaneamente as duas premissas básicas, ingressaram nas estatísticas.

É bem provável que este quadro se mantenha pelo menos inalterado nos próximos meses. É certo que, de um lado, o Índice de Confiança da Industria, ICI, divulgado trimestralmente pela Fundação Getúlio Vargas, FGV, mostrou na quinta-feira, 30, avanço de 2,9 pontos em março, chegando a 90,7 pontos acumulados no período, o mais alto desde maio de 2014, conforme mostrou matéria de Bruno de Oliveira, na edição de sexta-feira, 31 da Agência AutoData.

Todavia, e sempre fiel ao ritmo “Dois pra lá, dois pra cá” da economia nacional, na mesma edição da Agência AutoData matéria de Aline Feltrin mostrou que no relatório trimestral de inflação o Banco Central também indicou que o nível de utilização da capacidade industrial, NUCI, apontou que a alta ociosidade sugere limitações para a retomada dos investimentos em novos equipamentos e, mais grave, para abertura de nossos postos de trabalho.

O próprio setor automotivo registra, hoje, ociosidade de 54%, índice que chega a 80% no universo especifico das fábricas de caminhões. E várias das empresas do setor tem funcionários em regime de Programa Seguro Desemprego, novo nome e formato do antigo Programa de Proteção ao Emprego.

Na prática isto significa que, embora já enxerguem alguma luz no horizonte, como mostra o ICI, a indústria, ainda castigada pelo NUCI, está bem longe de começar a contribuir de forma mais marcante e decisiva para a redução do grande contingente de desempregados que o IBGE constada na Pnad.

É todo este conjunto de fatores que tem feito com que o mercado de veículos permaneça relativamente insensível às mais variadas promoções que têm sido ativadas a cada semana pelas montadoras.

Ainda que às custas de muita perda da qualidade de vendas, o máximo que o setor vem conseguindo é, quando muito, manter as vendas em patamar próximo ao do ano passado, o que equivale a venda de praticamente a metade do que era comercializado antes do início da crise.

As tradicionais fórmulas de descontos com relação ao preço de tabela, IPVA grátis e juros zero mostram-se desgastadas e perdem força. Até porque, depois de tanto tempo seguido de crise, o consumidor sabe muito bem que aquela mesma oportunidade será repetida, senão melhorada, na próxima semana.

É bem provável, então, que esteja chegando a hora de fazer nova mudança na escolha de quem deve sentar á mão direita do CEO nas reuniões da diretoria.

Quando o problema era manter a empresa viva e rentável mesmo com vendas pela metade, está posição foi do financeiro. Depois, na fase das demissões em massa e acordos de redução da jornada, passou para o RH. E, na sequência, quando foi preciso enxugar a estrutura das fábricas, o posto ficou com o diretor de produção.

A rigor, com a confusão que tem marcado a vida de Brasília, apenas o responsável pelas relações governamentais, que no passado por muitos e muitos anos teve este lugar como cativo, vem ficando desta vez, de fora do rodízio.

Agora muito provavelmente chegou a hora da área especifica de marketing ganhar assento a mão direita do CEO. E com a difícil missão não apenas e tão somente de convencer os consumidores de que o produto que sua montadora fabrica é um inegável objeto de desejo.

Agora é preciso mais. Bem mais. Neste momento é preciso convencer o consumidor de que ele precisa e deve transformar este desejo na compra efetiva de um carro. E o mais depressa possível.

Pode até não chegar a ser uma missão impossível. Mas, com certeza, é bem difícil. Um desafio e tanto. Ainda mais nesta fase de Uber e outros que tais.

Mercedes-Benz moderniza fábricas e cuida dos fornecedores

As fábricas da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, SP, e em Juiz de Fora, MG, devem se tornar referência para a Daimler no mundo. Segundo o presidente da empresa para a América Latina, Phillip Schiemer, R$ 730 milhões estão sendo investidos principalmente para modernizar as duas unidades e, assim, aumentar a produtividade. Desse recurso, programado para até 2018, já foram gastos mais de 60%. “É uma atualização expressiva. Não fizemos isso nos últimos 30 anos. Todas as linhas precisavam ser modernizadas, os maquinários são antigos.”

Schiemer ressaltou que, dentro dessa atualização, alguns processos que estavam sob o chapéu da fabricante foram terceirizados para melhorar a competitividade das fábricas brasileiras. “Quando viemos para o Brasil, há 60 anos, tivemos que fabricar muitas peças de nossos veículos. Agora, já contamos com fornecedores capacitados para isso. Identificamos quais gargalos da linha de produção impediam os ganhos de produtividade”, disse o executivo sem mencionar que tipo de componente a montadora terceirizou.

A Mercedes-Benz conta com um parque de fornecedores de 400 empresas. A maior parte, segundo Schiemer, se encontra em situação financeira saudável, mesmo com a crise do setor automotivo. A empresa monitora diariamente os parceiros e quando há problema, a Mercedes-Benz analisa como auxiliar o fornecedor a fim de não prejudicar a produção. “Quando a situação é crítica, podemos antecipar recebíveis, comprar matéria-prima ou ceder funcionários para o parceiro. A relação é muito próxima.”

O diretor de compras da Mercedes-Benz, Érodes Berbetz, disse que por meio desse monitoramento diário, a companhia conseguiu detectar que menos de 5% de suas compras é feita em fornecedores em situação crítica. “A partir daí, entramos com o auxílio para que esse parceiro não pare a sua produção. Outra frente é uma ajuda para manter os fornecedores competitivos para quando o mercado voltar.”

A Mercedes-Benz espera um aumento das vendas, principalmente de caminhões, em torno de 10% neste ano. No ano passado, as montadoras instaladas aqui comercializaram 50 mil 559 unidades. Em 2015, esse volume foi de 71 mil 651 caminhões. “Um crescimento de até 15% não afetará tanto esses fornecedores em situação difícil”, disse Berbetz.

Custo Brasil – Segundo Schiemer, mesmo com a melhora da produtividade das fábricas no País, a Mercedes-Benz é pouco competitiva em relação a outras unidades da companhia no mundo. “O custo Brasil é muito alto. Para se ter uma ideia, é 20% mais caro produzir aqui do que no México, por exemplo. Isso se dá não por falta de competitividade dentro das fábricas e sim pela burocracia, pela alta carga tributária e pela falta de uma logística eficiente.”

Para o executivo, a crise econômica que o País enfrenta é uma boa oportunidade para reformas estruturantes. Isso pode melhorar a competitividade brasileira e promover a retomada da economia. “O Brasil tem uma carga tributária alta, mas antes de aumentar os impostos, o governo precisa olhar quais são os gastos que podem ser cortados. O problema não é arrecadação. O dinheiro é mal gasto. Mas, a prioridade absoluta tem de ser o ajuste fiscal.”

Vendas diminuem ritmo de queda no trimestre

As vendas de veículos no País recuaram 1,94% no primeiro trimestre com relação a igual período do ano passado: foram licenciadas 472 mil unidades contra 481 mil 360. Os números do mês passado, contudo, são mais animadores: foram comercializados 189 mil 143 veículos, alta de 5,5% no comparativo com a mesma base de 2016. Os dados são da Fenabrave.

Caminhões seguem ladeira abaixo. De acordo com o levantamento foram emplacadas 9 mil 675 unidades no primeiro trimestre, o que resultou em queda de 25,52%, pois no mesmo período do ano passado foram vendidas 12 mil 990. Em março as vendas chegaram a 4 mil 124 caminhões, o que representou declínio de 14,48%.

A venda de ônibus também não apresentou recuperação nas vendas. De janeiro a março foram comercializadas 2 mil 523 ante 3 mil 344 unidades no mesmo período do ano passado. O recuo foi de 24,55%. No mês passado os emplacamentos foram 1 mil 169, queda de 2,5%.

De acordo com o levantamento da Fenabrave de janeiro a março os licenciamentos de automóveis e comerciais leves somaram 459 mil 806. Esse volume representou queda de 1,12% com relação aos 465 mil 26 emplacamentos registrados no mesmo período do ano passado. Em março chegaram a 183 mil 850, alta de 6,11% no comparativo com o mesmo período de 2016.

A General Motors segue líder de vendas no trimestre, de acordo com os dados da Fenabrave. Deteve 17,80% de participação nas vendas de automóveis e comerciais leves. A Fiat é a segunda no ranking, com 13,59%, seguida de perto pela Volkswagen com 12,79%. A Hyundai foi quarta em licenciamentos no trimestre, com fatia de 9,32%, a Ford abocanhou 9,23% de participação e a Toyota 8,84%.

A liderança na tabela dos mais vendidos continua com o Chevbrolet Onix, com 40 mil 624 unidades. O segundo colocado, o Hyundai HB20, teve 24 mil 520 unidades licenciadas. O Ford Ka aparece em terceiro, com 20 mil 864 unidades. O Volkswagen Gol é o quarto, com 15 mil 947, e o Renault Sandero o quinto, com 14 mil 973 unidades licenciadas.

Já nos licenciamentos de comerciais leves do trimestre a Fiat tem os dois primeiros lugares no ranking de mais vendidos: a picape Strada foi a campeã, com 12 mil 269 unidades, seguida da Toro, com 11 mil 240 emplacamentos. A VW Saveiro foi a terceira colocada, com 9 mil 495 unidades. A Toyota vendeu 7 mil 406 unidades da picape Hilux, que foi a quarta colocada no trimestre, e a Chevrolet S10 foi a quinta, com 5 mil 878 unidades emplacadas.

Vendas da GM crescem nos Estados Unidos, diz The Detroit News

Cresceram as vendas da General Motors em março, nos Estados Unidos, enquanto as das rivais Ford e Fiat Chrysler apresentaram declínio no período. As informações são do The Detroit News.

De acordo com a publicação naquele país continua em alta o consumo de picapes e SUVs. A Ford, por exemplo, viu as vendas da Série F saltarem 10%, com volume de 81 mil 330 no mês. Já as dos seus automóveis declinaram 36%, com 53 mil 780 unidades.

Os emplacamentos dos automóveis da GM recuaram 11%. Apesar de Toyota e Honda terem registrado recuo nas vendas totais, também sentiram alta na procura por SUVs.

Mark LaNeve, vice-presidente de marketing, vendas e serviços da Ford nos Estados Unidos, disse em teleconferência com analistas e repórteres que as vendas de automóveis estão em queda e que este movimento ocorre em toda indústria, mas que isto não é ruim para a receita da Ford:

“Temos visto este movimento há seis anos. É um fenômeno muito positivo. Picapes e SUVs possuem um preço bem mais elevado, o que é muito bom para a empresa”.

No entanto analistas consultados por The Detroit News disseram que os números mais recentes são vistos como abaixo das expectativas e são uma indicação de que as vendas destes veículos podem ter atingido o pico. Michelle Krebs, analista executivo da Autotrader, disse ao site que há algum tempo as vendas nos Estados Unidos estabilizaram em nível muito alto: “Em março foram altas, mas estão se mantendo como previsto”.

Números e marcas – A Fiat Chrysler vendeu 190 mil 254 veículos em março, queda de 5% com relação ao mês anterior, uma redução de 44 mil unidades. A estratégia da empresa tem sido se afastar de vendas para locadoras – e as comercializações para concessionárias foram responsáveis por um quarto do total do mês. DE acordo com Krebs “quando o desempenho da Jeep cai isto reflete nos resultados gerais da empresa”.

Em vendas gerais a Dodge teve aumento de 10%, e a marca Ram cresceu 6%. As vendas da Chrysler caíram 33% e as da Fiat 5%.

Já as da GM seguem subindo. Em março a companhia contabilizou 256 mil 224 veículos comercializados, consolidando previsões dos analistas. O volume foi 15% superior ao do mesmo mês de 2016, porém as vendas para o varejo dos carros Chevrolet caíram 11%. Em contrapartida as comercializações do Chevy Cruze aumentaram 88% com relação a março do ano passado, as de Impala e Malibu retraíram 23% e 36%, respectivamente. As vendas da GMC recuaram 12%, o que significou emplacamento de 49 mil 948 picapes e SUV´s no último mês.

A Ford licenciou 236 mil 250 veículos no mês passado. Embora tenha registrado acréscimo de 10% na comercialização dos veículos da Série F – fazendo com que as vendas globais subissem 2,5% –, os outros veículos tiveram queda de 17%.

Seguindo este cenário as vendas de picapes e SUVs Toyota também se sobressaíram com relação às de automóveis. De acordo com informações da empresa houve recuo de 1,2%: somente os emplacamentos de Exus tiveram queda de 7,5%.

As vendas de picapes e SUVs também foram destaque na Honda, com 61 mil 975 unidades, o que significa 12% de acréscimo sobre o mesmo período do ano passado. Mas no desempenho total houve recuo de 0,7%. Entre os modelos o CR-V foi líder em vendas de picapes, com 82 mil 872 unidades emplacadas e acréscimo de 23% com relação ao mesmo período do ano anterior. O Civic continuou na posição de automóvel mais vendido nos Estados Unidos no primeiro trimestre.

E a Audi registrou acréscimo de 2% nos licenciamentos de março, mas no acumulado do primeiro trimestre teve aumento 9%.

Cresce no Google a procura por peças, acessórios e informações sobre manutenção

A queda na venda de veículos novos tem motivado o consumidor a buscar alternativas para continuar a utilizar seu carro. Como a frota nacional tem, em média, 6 anos a reparação ganhou força desde 2014. Para manter o veículo em boas condições os donos de carros procuram na internet informações sobre o que fazer e como fazer. Isso fez aquecer o mercado não só de compras de peças e acessórios online mas, também, de buscas de informações sobre mecânica automotiva.

É o que mostra a segunda edição do Estudo do Setor de Autopeças realizado pelo Google Brasil, ao qual a AutoData teve acesso com exclusividade. Desde 2014, segundo o estudo, a procura na categoria autopeças tem crescido impressionantes 40% ao ano.De acordo com Rodrigo Rodrigues, head de soluções de marketing do Google, “este mapeamento do mercado cruza dados do setor com informações sobre o comportamento dos brasileiros nas buscas feitas pela internet. Mensalmente identificamos 20 milhões de buscas no Youtube somente sobre essa categoria”.

Este desempenho é relevante quando comparado com buscas de todas as outras categorias do varejo online. Segundo o Google consultas sobre todos os produtos disponíveis no varejo crescem 25% ao ano: “Sabemos, por resultados de outras pesquisas sobre o comportamento dos consumidores, que 82% daqueles que querem comprar peças e acessórios estão online. E 39% deles já são consumidores online, e-shoppers, frequentes”.

Um olhar mais apurado para as buscas dentro da categoria automotiva revela que, neste momento, o consumidor está atrás de itens essenciais para o bom funcionamento e segurança do veículo. Destaca-se a procura por pneus, obviamente porque é um item que sofre diretamente o desgaste pelo uso do veículo e também por sua importância na segurança dos ocupantes – pneus desgastados aumentam as possibilidades de acidentes, sobretudo em períodos chuvosos.

Rodrigues diz que “o pneu é um dos itens mais buscados no Google e desperta três vezes mais interesse do que a subcategoria baterias, por exemplo. Aro e marca são atributos importantes na busca. Aro 14 e 15 correspondem a mais de 50% das consultas”.

Oportunidades – A DPaschoal, que desde 2015 atua no e-commerce e é pioneira na venda online de pneus do Brasil, percebeu a necessidade de aumentar sua presença na rede e para isso utilizou as ferramentas do Google.

“Usamos principalmente o Google Meu Negócio, o YouTube e o Google AdWords”, lembrou Hugo Santos, analista de marketing digital da DPaschoal. “E atingimos resultados expressivos, tanto para entregar o conteúdo buscado pelo usuário quanto para aumentar a presença da marca no meio digital, inclusive no mobile, que hoje representa mais de 55% dos acessos ao site.”

O estudo realizado pelo Google também identificou oportunidades para as pequenas e médias empresas que atuam no comércio eletrônico, oferecendo produtos automotivos na rede. Quase todas as categorias analisadas apresentaram aumento expressivo no buscador mais popular da internet. Alguns destacados pelo executivo do Google: capacetes, baterias, farol e volantes.

No entanto, segundo o Google, ainda há uma lacuna no segmento online que tem espaço para avançar. São os disseminadores de informações, uma categoria que contribui muito para que o cliente fique seguro na hora de promover a manutenção do seu veículo. A ferramenta mais popular para esse tipo de informação é o YouTube, observou Rafael Campion, cientista de dados do Google que trabalhou nas análises do estudo: “Quando você oferece um conteúdo explicativo o consumidor se sente mais seguro para comprar”.

Mais: “Temos empresas nos mais diversos segmentos automotivos e até o consumidor comum gerando conhecimento no YouTube, que contribui para o consumo mais consciente do cliente”.

Veja o exemplo do canal da DPaschoal com quase 1 milhão de visualizações. Clique aqui.

Para esses empreendedores o Google oferece soluções que contribuem para potencializar tanto a disseminação de informação quanto para aumentar as vendas online.

“Fornecemos ferramentas de inteligência de gestão, como por exemplo, para administrar estoques”, disse Rodrigo Rodrigues. “E também as tendências nas categorias, como as marcas mais buscadas na região. É possível mensurar o volume de contatos, de vendas e qual o incremento das lojas. Toda nossa plataforma é voltada para reduzir pontos de tensão do consumidor.”

Com crise ou não, essa modalidade de negócios é uma tendência que chegou para ficar. #ficaadica.

Iveco mantém busca por maior participação

A Iveco completa este ano uma década desde que iniciou planejamento para crescer no mercado brasileiro. Na época seus executivos anunciavam objetivo de ter pelo menos 10% de participação no médio prazo. Em 2007, dez anos depois de se instalar no Brasil, a fabricante licenciava 4 mil 338 unidades/ano. Um ano depois o volume saltou para 9 mil 139 unidades. O plano ia às mil maravilhas até 2011. Naquele ano, a empresa chegou a 6,5% de participação, com vendas de 14 mil 240 caminhões.

A empresa investiu pesado na ampliação da oferta de veículos – desde o segmento de semileves até os mais pesados –, na inauguração do centro de operações de peças em Sorocaba, SP, no aumento da rede de concessionárias e na inserção de ferramentas como o contrato de manutenção no pós-venda. No entanto a partir daí a empresa não avançou mais.

Para buscar mais competitividade há três anos a Iveco anunciou investimentos de R$ 650 milhões para o período 2014/2016. A verba foi utilizada para a nacionalização de componentes, na melhoria de processos industriais da fábrica de Sete Lagoas, MG, e em tecnologia embarcada.

À medida que a meta dos 10% de participação ficou distante nessa segunda década de vida a Iveco mudou o discurso. Agora, o que importa, segundo Ricardo Barion, seu diretor de marketing para a América Latina, é atender às necessidades dos clientes: “A fatia de mercado é importante, mas o principal é ter a confiança dos nossos parceiros”.

Essa mudança de postura tem uma razão de ser: com o mercado ladeira abaixo e o aumento da concorrência não é fácil manter nem mesmo essa participação nas vendas de caminhões. Vender veículos comerciais no País nos últimos anos é para os fortes.

Para a Iveco os 7,6% de mercado, conquistados no ano passado, 2 mil 573 unidades, já são suficientes para manter a operação rentável no Brasil. O executivo disse que a meta é crescer de 2% a 3% este ano, com as vendas impulsionadas pelo Daily.

Webasto confia no mercado brasileiro para crescer

A Webasto, fornecedora O&M de tetos solares para a indústria automotiva, está animada com o mercado brasileiro. Mesmo com a recessão econômica que se instalou no País nos últimos dois anos a expectativa da empresa é que cresça o volume de encomendas das fabricantes de veículos a partir deste ano. Stephan Müller von Kralik, vice-presidente da companhia, disse que com o término da crise a tendência é que o consumidor deseje carros mais caros. E muito deles podem vir equipados com teto solar.

No Brasil desde 2009, com fornecimento direto para as montadoras instaladas aqui, a Webasto viu seus negócios crescerem de lá para cá. Naquele ano seus produtos equiparam 50 mil veículos de treze modelos diferentes. No ano passado as encomendas da empresa chegaram a pouco mais de 114 mil unidades.

De acordo com Carlos Santos, gerente de vendas para o Brasil, a companhia ainda não fechou os volumes de 2016: “O objetivo era alcançar 136 mil encomendas, mas creio que alcançamos pouco mais de 114 mil”.

No mundo a empresa possui três braços de negócios: tetos solares e componentes, tetos conversíveis e sistemas internos de aquecimento. O de tetos solares foi responsável por 75% do faturamento de € 3,2 bilhões da companhia no ano passado. Rússia, Índia e Brasil representaram 6% da receita com as vendas de teto solares. A China é o maior mercado, com participação de 31% no faturamento. Europa, sem contar a Alemanha, responde por 25%, e Estados Unidos e Alemanha tiveram 19% de fatia.

Nacionalização – Carlos Santos disse que a Webasto estuda a montagem de seus equipamentos no Brasil. Mas, para isso acontecer, a empresa terá de conquistar um contrato que justifique os investimentos e conseguir incentivos fiscais para levantar a fábrica. Um plano não tão fácil de acontecer, pois, atualmente, não há no País fabricantes de tetos solares e com isso as montadoras importam os equipamentos com descontos no II, Imposto de Importação. As alíquotas são de 2%, enquanto que em outros produtos com similar nacional incidem taxas de 16% a 18% no II.

Ainda de acordo com Santos o estabelecimento de fábrica no País também dependeria de pelo menos dois projetos com, no mínimo, 100 mil unidades/ano.

“Atualmente as encomendas são pulverizadas e isto não justificaria investimentos.”

O executivo disse que a empresa tem negociado com a Hyundai para o fornecimento para o HB20. Outra frente é com o governo do Estado de São Paulo, para buscar incentivos para o futuro empreendimento na região: “São Paulo é um local estratégico para atendimento às montadoras”.

Tesla ultrapassa GM e já é a maior em Wall Street

A Tesla segue desafiando a gravidade em Wall Street. O entusiasmo que gera a companhia de Elon Musk junto aos investidores provocou o crescimento de seu valor de mercado na terça-feira, 4. Essa valorização fez a companhia superar a General Motors e se tornar o fabricante de automóveis com maior valor de mercado dos Estados Unidos. No dia anterior ela já havia superado a Ford e triplicado seu valor com relação à Fiat Chrysler. As informações são do jornal El País.

Os carros da Tesla tornaram-se, nos últimos anos, um verdadeiro objeto de desejo. Assim, a companhia já forja a sua história e marca o ritmo dos investimentos da indústria no desenvolvimento de carros elétricos. Os investidores compraram essa mensagem e o resultado é que a ação da companhia é negociada a mais de US$ 300.

A esse preço o valor de mercado da Tesla, no pregão da terça-feira, fechou em US$ 53 bilhões, uma apreciação de 1,5%. Já o da General Motors estava em US$ 50 bilhões, o da Ford em US$ 45 bilhões e a FCA valia três vezes menos do que a Tesla, US$ 16 bilhões.

Essa valorização, no entanto, não é racional quando se compara os números de vendas que sustentam o negócio da companhia. A GM teve faturamento global no ano passado de US$ 166,4 bilhões, com a comercialização de 10 milhões de carros, a Ford faturou US$ 151,8 bilhões, com a venda de 6,7 milhões de veículos. Já a Tesla vendeu 76,2 mil unidades, o que lhe rendeu receita de US$ 7 bilhões.

Dessa forma, tomando como base a valorização nos últimos dias em Wall Street, cada carro da Tesla deveria ter sido vendido, no ano passado, a US$ 690,8 mil, valor seis vezes maior do que o preço real de cada veículo. No caso da GM cada carro da empresa valeria US$ 4 mil 950 considerando o seu valor de mercado, e os da Ford deveriam ser vendidos a US$ 6 mil 860.

A Tesla nasceu quando a Ford completava 100 anos de existência e seu valor foi apreciado mais 40% desde o começo deste ano, enquanto a icônica marca criada por Henry Ford viu seu valor de mercado cair 7% no mesmo período. Se a comparação fosse feita há dois meses a situação seria muito diferente, pois as ações da Tesla eram negociadas a US$ 150. Há quatro anos a Ford valia dez vezes mais do que a Tesla.

Na semana passada a Tesla informou a entrada em seu capital da Tecent, empresa de tecnologia da China, que pagou US$ 1,8 bilhão por 5% de participação. Os recursos, de acordo com a Tesla, financiarão a produção do utilitário esportivo Model 3, que deve chegar ao mercado até o fim deste ano. A Tesla já tem pedidos firmes de 300 mil unidades do carro, que custará US$ 35 mil.

Vendas de importados caem 38,3% no trimestre

As vendas de veículos importados caíram 38,3% no primeiro trimestre. As importadoras comercializaram 6 mil 84 unidades ante 9 mil 860 no mesmo período do ano passado. De acordo com levantamento da Abeifa, Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores, em março os licenciamentos somaram 2 mil 453 veículos, queda de 26% ante igual período de 2016, quando foram vendidas 3 mil 317 unidades.

O presidente da entidade, José Luiz Gandini, disse que a cota de 4,8 mil unidades/ano, sem a incidência dos 30 pontos porcentuais do IPI, Imposto sobre Produtos Industrializados, é fator inibidor de crescimento do segmento.

“O resultado comercial do setor em março foi importante porque conseguimos interromper uma sequência de quedas. A alta de vendas, porém, foi pífia. Não fosse a alíquota extraordinária de 30 pontos porcentuais do IPI e a limitação da cota com teto máximo de 4,8 mil unidades/ano sem a sobretaxa, certamente nosso desempenho teria sido melhor.”

Comparado ao mês de fevereiro deste ano o volume de vendas de março representou uma alta de 45,5%. As vendas diárias no mês passado foram de 106,6 unidades ante 93,6 em fevereiro, alta de 13,9%.

“A contribuição do segmento teria sido mais expressiva na forma de maior arrecadação de impostos, mas principalmente de recuperação da rede autorizada de concessionárias, que chegou a empregar 35 mil trabalhadores em 2011 e hoje conta com pouco mais de 13 mil postos de trabalho diretos.”

Participações – Em março, com 2 mil 453 unidades licenciadas, a participação das associadas à Abeifa foi de 1,33% no mercado total de automóveis e comerciais leves, 183 mil 850 unidades. No acumulado do primeiro trimestre o market share foi de 1,32%, 6 mil 84 unidades do total de 459 mil 837.

Se for considerado o total de veículos importados, ou seja, aqueles trazidos também pelas fabricantes instaladas aqui, as associadas à Abeifa responderam, em março, por 12,03%, ou 2 mil 453 unidades, do total de 20 mil 384 unidades importadas. No acumulado a representatividade foi de 11,94% do total de 50 mil 955 veículos importados.

Produção local – Das associadas à Abeifa, que também têm produção nacional, BMW, Chery, Land Rover, Mini e Suzuki fecharam março com 1 mil 230 unidades emplacadas, aumento de 73,2% no comparativo com o mesmo período do ano passado, quando foram emplacadas 710 unidades nacionais. No acumulado do ano as cinco associadas à Abeifa totalizaram 3 mil 56 unidades emplacadas, alta de 63,9% ante as 1 mil 865 unidades do ano anterior, ainda sem a produção da Jaguar Land Rover.

“Estamos cientes de que o super IPI cairá a partir de 1º de janeiro do ano que vem”, contou Gandini. “Mas a nossa preocupação com relação à sobrevivência dos importadores oficiais e da rede autorizada de concessionárias é emergencial, pois temos, ainda, nove meses pela frente. Por isso a liberação das cotas não utilizadas em 2016 seria providencial.”

Marry Barra é a executiva mais bem paga de Detroit

A presidente da General Motors, Mary Barra, foi a executiva mais bem paga pelas fabricantes de automóveis, no ano passado, nos Estados Unidos. Segundo o site Detroit News a GM lhe pagou US$ 22 milhões 580 mil em remuneração total, queda de 21% com relação aos US$ 28 milhões 590 mil pagos em 2015.

A Ford, por sua vez, pagou a seu presidente, Mark Fields, US$ 22,1 milhões em 2016. A Fiat Chrysler pagou em salários a Sergio Marchionne cerca de US$ 11,5 milhões no mesmo período. A Tesla Motors, que esta semana superou a GM e a Ford em valor de mercado pela primeira vez, ainda não liberou os dados de seus altos executivos.

Em 2015 foram pagos a Elon Musk, presidente da Tesla, US$ 37 milhões 584 mil em compensação total – valor que ele não aceitou, de acordo com comunicados enviados pela empresa para a SEC, agência regulatória do setor financeiro, Securities and Exchange Commission, no ano passado. Em 2012 Musk recebeu US$ 78,2 milhões oriundos de sua opção de receber seus vencimentos baseado em um plano de seu próprio desempenho nos últimos dez anos. Desde então não tem salário. Sua próxima opção vence em 2022, quando ele poderá receber US$ 1,6 bilhão.

Mary Barra é a primeira presidente mulher da indústria automobilística. Seu salário tornou-se um problema depois que algumas reportagens, analisando dados incompletos, informaram erroneamente que em seu primeiro ano o salário seria cerca da metade daquele pago a seu antecessor, Dan Akerson. Barra, de 55 anos, foi nomeada CEO da GM em janeiro de 2014. A executiva recebeu pagamentos que incluíram um salário base de US$ 2 milhões, acima de US$ 1 milhão 750 em 2015, e US$ 13 milhões em ações, de acordo com a apresentação preliminar da GM enviada à SEC.

A GM teve um lucro líquido de US$ 9 bilhões 430 mil em 2016 e Ebitda de US$ 12,5 bilhões. A fabricante gastou também US$ 241 mil 829 em outros benefícios para Barra, como custear viagens da executiva em voos charter e no avião da própria companhia. Esse total também incluiu US$ 81 mil 868 em gastos com segurança pessoal.