As exportações de veículos foram recorde no primeiro trimestre deste ano. De janeiro a março os embarques alcançaram 172 mil 693 unidades, 69,7% a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado, 101,8 mil unidades. Os dados são da Anfavea. Considerando participação no volume exportado, os principais destinos dos veículos brasileiros foram Argentina, com 65%, México, com 13% e Chile, com 5%.
A entidade justifica o crescimento verificado no período com a estratégia das fabricantes, que buscaram novos mercados nos últimos dois anos em razão da queda na demanda interna.
Antônio Megale, presidente da Anfavea, disse na quinta-feira, 6, que é possível que se exerça, ainda este ano, uma revisão das previsões:
“Se as exportações continuarem neste ritmo pode ser que haja revisão nas previsões sobre as exportações já no segundo semestre”.
Para este ano, e por enquanto, a previsão de exportações é de 558 mil unidades, 7,2% a mais do que ano passado.
O presidente da entidade apontou, também, os acordos comerciais costurados pelo Brasil com os países vizinhos como um fator que ajudou o setor a obter um desempenho recorde no trimestre. O acordo com o Uruguai, firmado no fim de 2015, segundo Megale, refletiu nas exportações do setor deste ano:
“No ano passado exportamos 11 mil unidades ao Uruguai. Só no primeiro trimestre deste ano foram 8 mil. Isso mostra como os acordos são importantes e como o governo está auxiliando o setor neste sentido”.
A expectativa da indústria é a de que o acordo de livre-comércio com a Colômbia, que deverá ser oficializado ainda este ano, impulsione ainda mais as exportações de veículos. Além disso existe a possibilidade de a Argentina, o principal destino dos veículos produzidos aqui, bater o recorde de veículos vendidos este ano:
“Em 2016 o país fechou o ano com 700 mil veículos. Este ano tudo indica que será um recorde, chegando a 900 mil. Como somos o seu principal parceiro comercial em automóveis, tudo indica que teremos uma balança comercial maior nos próximos trimestres”.
As exportações de veículos leves somaram no trimestre 165,2 mil unidades, 71,9% a mais do que no igual trimestre do ano passado. Já caminhões somaram 5 mil 844 unidades, mais 42,4%, enquanto que ônibus somaram 1 mil 636 unidades, mais 3,9%.
No segmento de caminhões destaque para os pesados, sendo 2 mil 106 unidades enviadas ao Exterior, 27,2% a mais do que a quantidade exportada no mesmo período no ano passado. Crescimento expressivo no comparativo anual também foi o dos caminhões semipesados, sendo exportadas 1 mil 963 unidades, 57,7 a mais do que no primeiro trimestre de 2016.
Perto do recorde – Os incrementos nas exportações para a América do Sul proporcionados pelos acordos refletiram diretamente nas receitas obtidas pelo setor no primeiro trimestre. De janeiro a março os negócios com o Exterior envolvendo veículos e máquinas agrícolas injetaram nas fabricantes brasileiras US$ 3 bilhões 343 milhões 991 mil. Esse valor é o maior desde 2014, quando o setor exportou em valores US$ 2 bilhões 888 milhões, e se aproxima do valor recorde do setor, obtido em 2012, quando as exportações renderam US$ 3 bilhões 553 milhões 940 mil.
As máquinas agrícolas, segmento que tem gerado bons resultados dentro do setor nos últimos meses, registraram um aumento de 14,4% nas exportações. No primeiro trimestre foram exportadas 2 mil 268 unidades, que geraram receita de US$ 544 milhões 987 mil frente aos US$ 439 milhões 247 mil obtidos no mesmo trimestre do ano passado. Este segmento voltou a apresentar números positivos nas exportações a partir de junho, mas o crescimento ainda é considerado tímido porque o produto nacional tem enfrentado dificuldades na concorrência nos mercados vizinhos.
Segundo Ana Helena Corrêa Andrade, vice-presidente da Anfavea e diretora de assuntos governamentais da AGCO na América do Sul, “o Brasil tem perdido negócios nos mercados tradicionais da região por causa de outros países que estão exportando para eles, e isso é um sinal de alerta. Os asiáticos, por exemplo, estão equalizando preços para tornar seus produtos mais competitivos”.