Volvo CE mira mercado latino com veículos importados

A VCE, Volvo Construction Equipment, que atua no segmento de máquinas e equipamentos, quer defender sua participação de 13,8% nos mercados da América Latina. As principais atitudes serão instalar dois escritórios, no Peru e na Bolívia, e trazer ao mercado latino-americano novas máquinas de mineração – todas importadas da Europa.

A região é muito importante para a empresa, pois representa 50% do destino da produção da fábrica instalada em Pederneiras, SP. Hoje, a Volvo mantém escritórios na Argentina, Chile, Colômbia e México.

Afrânio Chueire, presidente da empresa na região, disse que estar presente nesses países é uma forma de entender melhor o mercado e, assim, se defender dos produtos asiáticos, muito mais competitivos do que os brasileiros: “Os custos de produção no Brasil, aliados ao câmbio nesses países, deixam os produtos asiáticos muito mais baratos. Por isso a escolha de nos aproximarmos ainda mais deles e oferecer condições adequadas às suas demandas”.

Segundo dados da Abimaq, Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, as exportações para a América Latina no bimestre aumentaram 26,9%. Chueire contou que o crescimento da demanda na região está ligado às vendas de equipamentos para mineração e construção: “Os investimentos dos clientes estão se concentrando nos equipamentos de menor valor agregado, como carregadeiras”.

Sem citar o volume ele garante que, atualmente, metade do que é produzido no Brasil é destinado para Argentina, Chile, Colômbia e México. Em 2016 a empresa manteve o mesmo market share conquistado na região em 2015, 13,8%.

No mercado brasileiro a empresa possui participação de 16,8% no segmento de máquinas de construção, atendido por escavadeiras, caminhões e tratores –em 2015 era de 15,8%.

Já no segmento de carregadeiras a fatia VCE foi de 19,7% em 2016 e de 17,9% em 2015. Em escavadeiras a fatia de mercado saltou de 13,1%, em 2015 para 13,9% no ano passado.

Dentre os lançamentos previstos para este ano estão a escavadeira EC950 EL e o caminhão articulado A60H, que serão importados e ainda não possuem previsão de nacionalização.

ZF exporta projeto

Os engenheiros brasileiros da ZF têm trabalhado muito nos últimos anos, e a equipe foi líder no desenvolvimento de um novo eixo para tratores de 160 cv a 240 cv, o TSA23. Sílvio Furtado, diretor de vendas da ZF América do Sul, contou que a tecnologia já foi exportada para unidades da empresa na China e Alemanha.

“O equipamento será fabricado também nesses países, e sofrerá adaptações para as operações locais.”

Segundo ele o novo eixo chega ao mercado brasileiro ainda este ano e, melhor ainda, já há contratos com fabricantes de tratores de alta potência para o seu fornecimento.

Para este ano a expectativa de vendas, só com os contratos já firmados, é de 3 mil eixos:

“Adaptamos a nossa linha de montagem para receber o novo produto e trabalhamos com os fornecedores no desenvolvimento. Essa parceria é importante para o sucesso do produto”.

Paulo Vecchia, gerente de vendas da divisão de veículos fora de estrada, disse que o equipamento já nasce com mais de 75% de conteúdo local – e isso só foi possível com os programas que a ZF mantém com os fornecedores: “Em todos os projetos já partimos com nível de nacionalização acima de 60%. Até para que, na composição total do conteúdo local do trator, esse índice esteja enquadrado nas regras de financiamento das máquinas”.

A companhia mantém, desde 2014, um programa de capacitação de seus fornecedores. Desde então já passaram pelo curso cerca de vinte parceiros, recordou Furtado: “Investimos muito na cadeia e com isso conseguimos manter uma base forte. Verificamos, para cada projeto, qual é o processo mais adequado para cada fornecedor, e trabalhamos em conjunto. Não adianta esmagar o parceiro para ter redução nos custos, pois ele não terá capacidade financeira para nos atender com qualidade”.

Investimento – No ano passado a ZF investiu R$ 124 milhões na América do Sul, e boa parte desse dinheiro foi gasta no desenvolvimento e na preparação da linha de montagem para o novo eixo:

“Não há um valor específico para o desenvolvimento deste produto. Desenvolvemos os fornecedores para várias linhas. Um volume maior torna muito melhor o processo de produção dos nossos parceiros”.

Furtado acrescentou que os recursos representaram 3,8% do faturamento total da empresa na região no ano passado: em 2016 a ZF obteve receita de R$ 3 bilhões na América do Sul. A divisão de produtos para automóveis e comerciais leves, que inclui a TRW, foi responsável por 69% desse valor. Já o braço para veículos pesados por 24% e outros 7% foram obtidos com a divisão de equipamentos fora de estrada, que inclui máquinas agrícolas.

Em 2015, o faturamento na região, de acordo com a ZF, foi de R$ 2,3 bilhões.

Inovar-Auto à moda de Jo?burg

A retração de mais de 60% nas vendas de modelos importados do Grupo BMW no primeiro trimestre preocupa. Para Helder Boavida, seu presidente e CEO no Brasil, o antídoto para esse momento particular do segmento premium, no qual se insere, é equilibrar essa balança com o crescimento da participação dos produtos nacionais nas suas vendas.

Mas ele tem uma preocupação ainda maior no curto prazo: o fim dos incentivos do Inovar-Auto para veículos importados – o que pode prejudicar, e muito, a estratégia da companhia no Brasil.

“Cumprimos todas as metas do Inovar-Auto. Mas a forte tendência de acabar com os incentivos de IPI e o regime de cotas não dará a necessária previsibilidade para projetarmos nosso negócio no longo prazo.”

Ou seja: a empresa perderá vantagem competitiva por produzir aqui.

Boavida, que desde fevereiro de 2016 está à frente da operação brasileira, acredita que é necessária uma regulamentação alternativa a partir de 2018 para proteger os investimentos das fabricantes que iniciaram sua operação na era Inovar-Auto. E cita o exemplo da África do Sul, que também passou por fase de ajustes como a indústria nacional vive agora, e que deu condições às empresas novatas de amortizar seus investimentos:

“A África do Sul enfrentou os mesmos desafios que o Brasil está tendo agora. Lá eles mantiveram incentivos para que houvesse uma previsibilidade maior. Trabalhar com um horizonte de cinco anos é muito pouco para a indústria automotiva”.

A Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, trabalha com o governo visando a uma alternativa para proteger os fabricantes de baixo volume. Segundo o presidente Antônio Megale uma opção é estender o regime de ex-tarifário para componentes automotivos sem similar nacional.

“Um motor BMW, por exemplo, é importado porque a empresa não vai produzí-lo aqui. E ele é único. Isso faz com que a alíquota do Imposto de Importação seja menor, em torno de 2%. Talvez isso reduza o impacto com o fim da cobrança dos 30 pontos porcentuais para veículos importados.”

A questão principal para a BMW é amortizar os investimentos para, nos próximos anos, recuperar o tempo perdido com um mercado pouco animador. A fábrica demandou investimentos de US$ 264 milhões: “Em 2016 vendemos 12 mil unidades. Este ano pode ser que não seja possível repetir esse volume. Se chegarmos lá será muito bom”.

No primeiro trimestre foram negociados 1 mil 419 veículos BMW produzidos no Brasil, 24,4% a mais que em igual período de 2016.

Atualmente a fábrica de Araquari, SC, trabalha em um turno de produção, com ociosidade perto de 50%, segundo o presidente: “Fechamos um contrato de exportação de 2 mil unidades do X1 para a região Nafta. Sem esse negócio a ociosidade seria maior.”

Otimismo com o Brasil

Empresários brasileiros estão otimistas com o desempenho dos negócios nos próximos doze meses. A informação é da Grant Thornton, empresa de consultoria e auditoria que avaliou a expectativa de trezentos deles, que dirigem médias e grandes empresas localizadas aqui no primeiro trimestre. Para 61% deles haverá aumento da receita – no ano passado eram 42% os que acreditavam nesse crescimento. Já 25% acham que haverá mais empregos, aumento de 9 pontos porcentuais com relação ao levantamento feito no mesmo período de 2016.

No que diz respeito à rentabilidade 35% acham que crescerá, porcentual que era de 27% na comparação com igual período do ano anterior.

Daniel Maranhão, sócio da área de consultoria da Grant Thornton, disse que a instabilidade política de 2016 e a recessão econômica fizeram com que a totalidade dos entrevistados, à época, demonstrasse pouco entusiasmo em melhorias de indicadores como receita e rentabilidade: “A postura dos entrevistados mudou completamente este ano, que tem cenário político mais claro”.

No entanto, de acordo com Maranhão, a confiança voltou a cair quando há a comparação do primeiro trimestre deste ano com os últimos três meses de 2016: “Esses empresários estão receosos porque não sabem, por exemplo, se a reforma da previdência se concretizará, o que gera incertezas sobre novos investimentos”.

Dos entrevistados 50% tinham boas expectativas nos primeiros três meses deste ano – e 59% nos três últimos de 2016. Esta queda é acompanhada pela redução nas expectativas de rentabilidade. E mais: 35% acreditam na expansão dos lucros, o que mostra redução de 15 pontos porcentuais na comparação com os últimos três meses de 2016. Já a receita crescerá para 61% deles, alta de 3 pontos porcentuais. O nível de emprego aumentará para 25% dos consultados, retração de 4 pontos porcentuais. Ainda de acordo com a pesquisa as preocupações com burocracia e regulamentação aumentaram 19 pontos porcentuais, ou 42% demonstraram esta preocupação.

No mundo – Globalmente o otimismo registrou nível maior na comparação do primeiro trimestre com o último trimestre de 2016. Dos 2,4 mil dirigentes de empresas consultados 49% têm boas expectativas para os negócios nos próximos doze meses, aumento de 11 pontos porcentuais.

A confiança é mais forte nos Estados Unidos, onde o índice saltou de 54% para 80%. Os canadenses também vêem boas perspectivas, passando de 33% para 59%. De acordo com informações da Grant Thornton a confiança empresarial dos Estados Unidos acaba impulsionando todo o mercado global.

Toyota investirá US$ 1,3 bilhão. No Kentucky.

A Toyota anunciou investimento de US$ 1 bilhão 330 milhões na sua fábrica Georgetown, KY. O aporte será utilizado para melhorias nas linhas de montagem dos sedãs Camry, informou o portal The Detroit News. A empresa não anunciou novos postos de trabalho na fábrica compo decorrência do investimento, mas ressaltou que será a maior atualização já realizada em uma de suas fábricas nos Estados Unidos.

A modernização pela qual passará a linha de montagem garantirá os empregos dos 8,2 mil trabalhadores da unidade, onde são produzidos aproximadamente 25% de todos os veículos Toyota na América do Norte. Will James, diretor da unidade – que também monta Avalon e Lexus ES 350 –, disse que a modernização “permitirá que a fábrica permaneça flexível e competitiva”.

O aporte anunciado faz parte de pacote de investimentos Toyota de US$ 10 bilhões nos Estados Unidos nos próximos cinco anos, segundo o CEO da Toyota América do Norte, Jim Lentz.

O investimento de Toyota já será percebido na produção do Camry 2018, modelo que por muito tempo foi o carro-chefe da companhia no país. A empresa disse que o novo carro foi projetado há quatro ou cinco anos, e que a atualização de fábrica é necessária para sua produção. O modelo será lançado no final de agosto.

A fábrica recentemente admitiu mais de setecentos trabalhadores para apoiar o seu lançamento. De acordo com Scott Vazin, porta-voz da companhia, “a própria linha de produção está sendo reestruturada para acomodar essa mudança”. Ele informou, também, que os planos de modernização incluem nova área de pintura.

A Toyota aposta que as mudanças solidificarão sua posição de vendas com o Camry, que está ameaçada com a popularidade dos SUVs: “Estou convencido de que, quando o Camry 2018 chegar às estradas, ainda este ano, será um sucesso”, disse Will James, para quem as melhorias darão forma à fábrica “para competir globalmente por novos modelos, construir carros cada vez melhores e nos permitir responder mais rápido às demandas do mercado”.

Exportações de empilhadeiras crescem 53% em 2016

As empresas fabricantes de empilhadeiras e equipamentos para movimentação de cargas exportaram, no ano passado, US$ 1 bilhão 199 milhões, a melhor resultado dos últimos nove anos. O valor é 53,4% maior do que o registrado em 2015, quando os embarques renderam US$ 779 milhões 696 mil, segundo dados da Abimaq, Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, obtidos com exclusividade.

As importações continuam pesando mais na balança comercial do setor, ainda que as cifras venham diminuindo desde 2014. No ano passado os custos com equipamentos importados totalizaram US$ 4 bilhões 573 milhões, queda de 13% em relação a 2015.

João Marchesan, presidente da Abimaq, disse que com a melhoria do desempenho das exportações o Brasil se fortalece como produtor regional:

“Se há obras no País o setor vai bem porque abastece a cadeia que atua na área de infraestrutura. O varejo também é outro motor do segmento. Quando ambos estão desaquecidos as empresas buscam oportunidades na América Latina, onde o produto brasileiro é bastante competitivo”.

Das exportações de máquinas e equipamentos no primeiro bimestre o segmento de empilhadeiras e equipamentos de movimentação de cargas teve participação de 4,3%, ou US$ 46 milhões 432 mil. Essa receita foi 27,3% superior à registrada no mesmo período do ano anterior. O valor, no entanto, está abaixo do recorde obtido em 2014, quando as exportações no primeiro bimestre somaram US$ 57 milhões 986 mil.

Marchesan, acredita que o desempenho do início do ano indica que 2017 será um ano interessante para o segmento: “O setor de máquinas e equipamentos como um todo passa por dificuldades, mas não vai mais cair”.

Sobre a queda nas importações de empilhadeiras e equipamentos de cargas Marchesan afirmou que as fabricantes elevaram o nível tecnológico dos equipamentos produzidos no País: “De 2008 para cá chegaram novos competidores, empresas que estavam aqui nacionalizaram produção e outras se uniram porque viram potencial no mercado brasileiro e nos países vizinhos”.

Setor – O saldo da balança comercial de máquinas e equipamentos caiu 24,7% no primeiro bimestre, chegando a US$ 959 milhões 49 mil. No período as exportações foram de US$ 1 bilhão 53 milhões e as importações somaram US$ 2 bilhões 12 milhões. A boa notícia é que as vendas externas para a América Latina cresceram 19,4% no bimestre, chegando a US$ 480 milhões. O presidente da Abimaq afirmou que os embarques para a região foram maiores para os países do Mercosul, atingindo US$ 189 milhões, alta de 19,7%.

As vendas internas de máquinas e equipamentos, no primeiro bimestre, somaram R$ 5 bilhões 792 milhões, valor 3,7% superior a janeiro e fevereiro de 2016. O consumo aparente, que soma as vendas internas e as exportações, caiu 22,4%, e totalizou R$ 13 bilhões 59 milhões.

Renovação, por enquanto, só no papel

Há três meses a renovação da frota de caminhões voltou a fazer parte da pauta de discussões do governo com a Anfavea, Associação Nacional da Fabricantes de Veículos, e outras entidades. Desta vez a proposta é que o tema esteja na nova política industrial para o setor automotivo. Segundo Fernando Trujillo, consultor da IHS Automotive, um dos maiores desafios para tirar do papel a renovação da frota é a regulamentação do desmanche, a venda de peças e a captação de subsídios para a troca de caminhões antigos por novos.

“Serão necessários incentivos governamentais. Para ser sincero este é o grande entrave, porque o governo está enxugando custos.”

De acordo com Trujillo também será preciso estruturar um processo para a realização da reciclagem da frota. Atualmente não existem ações neste sentido.

Enquanto a renovação de frota não sai do papel pelas ruas e estradas do País circulam quase 1,7 milhão de caminhões com idade média de 13,7 anos. Deste total cerca de 590 mil estão nas mãos de motoristas autônomos e neste caso a idade média é de 17,2 anos. Os dados são do RNTRC, Registro Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas. Isto significa que estes veículos rodam com combustível mais poluente, com a emissão de partículas tóxicas, pincipalmente de material particulado e óxido de nitrogênio.

Com a obrigatoriedade da motorização Euro 5 em 2012 a expectativa era a de que este impacto ambiental diminuísse consideravelmente. Isto porque os poluentes emitidos por um motor Euro 5 equivalem a cinco caminhões com motorização Euro 1 e 2, de acordo com especialistas.

Segundo Élcio Farah, presidente da Afeevas, Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América do Sul, há atualmente uma frota de 470 mil caminhões com motorização Euro 5 que utiliza a tecnologia de pós-tratamento de gases poluentes. Contudo, estes veículos pouco estão contribuindo para a redução de emissão de poluentes: o consumo de Arla 32, agente para anular a emissão de particulados, está 50% abaixo do necessário.

“O ideal é que estes caminhões consumissem 37 milhões de m³ de Arla 32 por mês, mas este volume não passa de 18 milhões de m³.”

O baixo consumo ocorre porque há mistura de água no tanque de Arla. Para Farah esta situação anula os benefícios ambientais que deveriam ser gerados por esta motorização.
Caminhoneiro – Nos últimos anos esforços foram realizados para rejuvenescer a frota de caminhões que está nas mãos dos autônomos e que é a responsável pela maior parte das emissões de gases. Mas nenhuma delas teve êxito.

Em 2006 o governo lançou o programa de financiamento ProCaminhoneiro com a proposta de gerar acesso a caminhões zero quilômetro com juros subsidiados. Segundo o BNDES o programa deixou de existir no fim do ano passado e foi incorporado pelo Finame. Em 2016 o banco desembolsou R$ 22,5 milhões para o ProCaminhoneiro.

Em alguns estados existiam programas para a renovação de frota de caminhões. Uma delas foi o Renova SP, criado em 2013 no Estado de São Paulo. A meta era renovar a frota que circulava no porto de Santos com mais de 30 anos de idade. O programa era subsidiado com juro zero para a compra de caminhões equipados com motor Euro 5. O programa foi destinado a caminhoneiros autônomos e empresários individuais que prestam serviços no porto.

No entanto nos últimos quatro anos apenas 93 novos veículos foram entregues aos caminhoneiros que atuam no porto, totalizando desembolso de R$ 22,6 milhões. Atualmente o programa está suspenso e, de acordo com informações do governo, passará por reformulação.

Livre comércio com Caribe pode favorecer ônibus brasileiro

Ainda que para este ano sejam positivas as projeções de vendas de veículos nos Estados Unidos, Europa e China, cujas economias refletem diretamente no setor automotivo brasileiro, o BID, Banco Interamericano de Desenvolvimento, sugeriu a criação de uma zona de livre comércio da América do Sul com países do Caribe. A ideia é proteger a corrente de comércio dos países da região de eventuais barreiras impostas por esses mercados.

Segundo o banco a região, que ficaria conhecida como LAFTA, Área de Livre Comércio da América Latina e Caribe, tem potencial de mercado de US$ 5 trilhões, o que corresponde a 7% do PIB global. Segundo a Anfavea, Associação Nacional de Veículos Automotores, a indústria tem se esforçado nos últimos dois anos em obter acordos que aumentem os volumes das exportações, e as projeções do BID seria um incentivo direto ao crescimento das exportações.

Diz Antônio Megale, presidente da entidade, que “não temos nenhum acordo com o Caribe, que demanda caminhões e ônibus, principalmente. Seria bom para o setor porque, em bloco, nosso poder de negociação é maior frente aos grandes fabricantes”.

No ano passado algumas empresas de caminhões e ônibus aumentaram as exportações. A MAN, segundo dados da Anfavea, exportou 2 mil 548 ônibus em 2016, 33,4% a mais do que em 2015. Ainda que o maior volume tenha sido enviado à Argentina e ao México Megale afirmou que a participação caribenha tem aumentado nos últimos dois anos.

Ainda no segmento de ônibus a Scania Latina America viu suas exportações no ano passado aumentarem 90% em função dos negócios fechados na região caribenha. Em 2016 os embarques totalizaram 3 mil 962 veículos ante 2 mil 84 unidades. Somente para a Costa Rica, de acordo com a Scania, em 2015 e 2016, as exportações aumentaram 87%. Os negócios foram fechados junto a empresas que atuam no segmento de turismo.

Segundo Rogério Rezende, diretor de assuntos institucionais e governamentais da empresa, a região possui um potencial de crescimento interessante porque são países que estão vivendo em um período de melhoria econômica, com os governos locais investindo em áreas de infraestrutura:

“Nos últimos dois anos, principalmente, a empresa se esforçou para criar uma rede comercial que torne viável os negócios na região. O segmento de turismo é promissor para as vendas de ônibus. Em caminhões os projetos de infraestrutura em alguns países demandarão veículos pesados e estamos atentos às oportunidades”.

Para Luiz Carlos de Moraes, diretor de assuntos institucionais da Mercedes-Benz, “todo e qualquer acordo que o País conseguir assinar neste momento será benéfico para a indústria”. Além disso, ele lembra que a região tem demanda conjunta reprimida:

“Individualmente os países caribenhos são mercados menores comparados a Brasil, Argentina ou México. No entanto, juntos, podem chegar a números interessantes, como os verificados no Peru, por exemplo”.

Em fevereiro, segundo dados da Secex, Secretaria de Comércio Exterior, para o mercado peruano foram exportados 1 mil 78 veículos, alta de 146% no comparativo com o mesmo período de 2016.

Crise chega à Mitsubishi: 350 demissões, diz sindicato.

A Mitsubishi demitirá mais 350 funcionários de sua fábrica de Catalão, GO: na semana passada sessenta empregados foram desligados, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão. Eram funcionários das áreas administrativa e de engenharia. De acordo com Thiago Cândido Ferreira, secretário geral do sindicato, os próximos cortes devem se concentrar nas mesmas áreas. A Mitsubishi não quis comentar o assunto.

Segundo Ferreira “essas demissões são uma continuidade dos cortes feitos nos últimos anos, que atingiram a produção. Desde 2014 cerca de 1 mil colaboradores foram desligados da empresa”.

A Mitsubishi emprega, atualmente, 1,8 mil funcionários na unidade. Há três anos eram 3,5 mil.

No ano passado empresa e sindicato haviam acordado a utilização do banco de horas e a estabilidade de emprego até março.

“Assim que terminou o acordo as pessoas foram demitidas. Na sexta-feira, dia 7, tivemos uma reunião na Justiça do Trabalho para tentar reverter os desligamentos. Mas a empresa foi irredutível e somente se comprometeu em não realizar cortes este mês.”

Ferreira acrescentou que o sindicato propôs a adoção de lay-off, suspensão temporária do contrato de trabalho, ou do PSE, Plano do Seguro Emprego, antigo PPE: “A empresa alegou que o seu plano de negócios não permite esse tipo de flexibilização”.

Os funcionários demitidos receberão, além da multa rescisória, um abono de R$ 3,5 mil e mais três meses de vale alimentação. O plano de saúde, segundo Ferreira, não foi estendido por mais tempo: “Não acredito que a empresa possa reverter esse corte e os próximos que virão. A fábrica está trabalhando bem abaixo de sua capacidade”.

Para este ano a Mitsubishi negociou com o sindicato a produção de 27 mil veículos. A fábrica de Catalão foi projetada com capacidade instalada de 110 mil unidades/ano. Atualmente, por hora, são fabricados cerca de setenta veículos. No melhor ano para a empresa, 2014, saíram da linha de montagem 56 mil unidades.

Em Catalão são produzidos os modelos da linha L200, Pajero Full e Outdoor e o Suzuki Jimny. De acordo com dados da Anfavea de janeiro a março a Mitsubishi licenciou 2 mil 550 unidades, queda de 33,4% com relação ao mesmo período do ano passado. Já a Suzuki comercializou 862 veículos, 3,5% a menos que no primeiro trimestre de 2016.

Vendas de papelão ondulado crescem no trimestre

As vendas de papelão ondulado mostraram alta acumulada, no primeiro trimestre, de 5,23%, para 816 mil 39 toneladas. Em março as expedições brasileiras de caixas, acessórios e chapas de papelão subiram 7,07% frente a março de 2016, para 292 mil 153 toneladas. Com relação às vendas de fevereiro o aumento foi de 15,79%. Os dados preliminares foram divulgados pela ABPO, Associação Brasileira do Papelão Ondulado.

No ano passado as vendas desse tipo de embalagem no País caíram 2,27%, para 3 milhões 260 mil toneladas.

As expedições de papelão ondulado são importante indicador do nível de atividade do País. Para 2017 a entidade projeta crescimento de 1,5% a 2% nas vendas desse tipo de embalagem, após dois anos de quedas superiores a 2%.