Marcopolo estuda desativação de fábrica

A Marcopolo estuda alternativas para aumentar a sinergia das suas unidades em Caxias do Sul, RS. Uma das medidas em análise contempla a desativação da unidade Planalto, onde atualmente se concentra a produção de veículos Volare e micro-ônibus. A perspectiva é a de que a empresa anuncie a decisão até agosto.

Com a desativação da unidade, que completa 60 anos este ano, a produção seria transferida para uma estrutura existente no complexo da Neobus – que passou a ser controlada pela Marcopolo – no distrito de Ana Rech. O espaço foi construído pelos antigos controladores, que negociavam a constituição de parceria com a Navistar para a fabricação de ônibus completos, ação que não se concretizou, e hoje está sem uso. A empresa também estuda utilizar parte da estrutura da fábrica de Ana Rech, atualmente focada em modelos rodoviários e especiais urbanos.

Os estudos e a possível desativação da fábrica foram informados aos colaboradores em correspondência enviada pela direção, que não se manifesta oficialmente sobre o assunto. A carta informa que não haveria demissões, situação que preocupava os trabalhadores da unidade.

A decisão final ainda considera os efeitos da medida junto aos colaboradores, que terão de ser transportados, diariamente, até Ana Rech, pois a maioria reside no entorno da fábrica de Planalto. Outro fato é a existência de áreas bastante sensíveis de transferência, como uma fundição. Todos estes aspectos estão sendo considerados no estudo, que também avalia qual destino será dado ao prédio, que tem área construída de 38,8 mil m² sobre terreno de 48 mil m².

Rodada de negócios impulsiona exportações

O convênio que a Anfir, Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários, assinou no início de 2016 com a Apex, Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos, com o objetivo de incentivar suas exportações, acabou em fevereiro. A parceria possibilitou que as empresas associadas colocassem em prática estratégias de aproximação com clientes na América Latina.

De acordo com o presidente Alcides Braga estas ações contribuíram para o aumento de 18,9% no volume de exportações no ano passado. Os negócios movimentados por meio dessa parceria significaram US$ 35 milhões.

O convênio implicou investimento de R$ 1 milhão, sendo R$ 700 mil da Apex. A agência atua como fomentadora de negócios internacionais das empresas brasileiras: “No ano passado participamos de missões no Chile, Colômbia e Peru, e também recebemos grupo de compradores em São Paulo”.

O presidente da Anfir disse um novo projeto já foi enviado para aprovação pela Apex. Braga, contudo, está preocupado:

“A situação é preocupante porque não temos condições de afirmar se haverá esta renovação porque o momento ainda é de contenção de gastos do governo”.

A nova parceria proposta pela Anfir prevê investimento de R$ 2 milhões e um contrato de dois anos: R$ 1,3 milhão da Apex e R$ 700 mil das fabricantes de implementos. A verba, segundo ele, será utilizada para dar continuidade às prospecções comerciais na América Latina e na África.

Apesar da descrença Braga disse que assinatura deste novo contrato será importante para que as exportações do segmento sejam superiores às registrada no ano passado, “pois o convênio com a Apex teve a virtude de fazr crescer, de cinco para quinze, o número de empresas exportadoras”.

Em 2016 as empresas associadas embarcaram 4 mil 86 máquinas, e 3 mil 436 no ano anterior.

A Randon Veículos, braço armado de implementos da empresa, foi uma das que participou do convênio. Com longa trajetória em exportações, contabilizou US$ 49,6 milhões em embarques no ano passado.

Mercado interno – No primeiro trimestre deste ano foram emplacadas 11 mil 445 unidades de implementos, queda de 26,82% com relação ao mesmo período do ano passado, quando foram licenciadas 15 mil 640 unidades. Por setores o recuo foi de 31,09% em chassi sobre reboque – 6 mil 540 emplacamentos – e queda de 20,24% no de reboques e semirreboques.

No entanto a Anfir ainda mantém projeção de crescimento de 10% nas vendas internas para este ano. Alcides Braga acredita que alguns setores da economia estão puxando essa alta, como o de papel e celulose e de mineração.

Braga observou que os leilões de aeroportos, que devem ser iniciados no segundo semestre, também contribuirão para o crescimento, sobretudo nas vendas de implementos tipo betoneira: “Serão realizados com empreiteiras de médio porte, com perfil diferente das tradicionais, e que precisarão comprar novos caminhões”.

Para 2018 a expectativa da Anfir é a de que a taxa TLP, Taxa de Longo Prazo do Finame, que substituirá a atual TJLP, Taxa de Juros a Longo Prazo, traga mais previsibilidade e que isto contribuirá para a geração de novos negócios. Veja aqui. De acordo com Braga o BNDES passará a atuar com taxas mais próximas às do mercado.

Grupo Águia Branca vai às compras

O Grupo Águia Branca, de Cariacica, ES, comprou sessenta chassis de ônibus da Mercedes-Benz. Desses, doze são veículos 8 x 2 de 15 metros. O preço de lista deste tipo de ônibus é de cerca de R$ 1 milhão, contando o chassi e a carroceria. O plano da empresa é comprar cem equipamentos este ano para renovar a sua frota.

Segundo Paula Correia, sua diretora comercial e de marketing, dos veículos já acordados 48 serão entregues em junho e os outros em setembro. Ela informou, também, que os chassis serão encarroçados pela Marcopolo na classe double decker:

“Financiamos os ônibus por meio do Finame. O plano de renovação é mais agressivo este ano, pois em 2016 não realizamos nenhuma compra: o mercado não estava, mesmo, favorável aos investimentos”.

A executiva lembrou que em 2015 a Águia Branca comprou quarenta ônibus.

A Viação Águia Branca transporta aproximadamente 11 milhões de passageiros por ano, atendendo cerca de setecentos municípios. São mais de 330 linhas interestaduais e intermunicipais das regiões Sudeste e Nordeste.

“Temos como meta manter uma idade média dos ônibus de até 6 anos. Isso torna a nossa operação mais competitiva.”

Com essa venda a Mercedes-Benz chegou a 450 chassis negociados neste trimestre, quase 70% da comercialização total no período, quando foram comercializados 650 unidades por todas as fabricantes. Esses negócios devem refletir nos números de emplacamento nos próximos três meses.

Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz, disse que a nova legislação, que prevê a adoção de ônibus de 15 metros de cumprimento pelas empresas de transporte rodoviário, motivou os negócios no início deste ano. A empresa também informou que a Viação Garcia, do Paraná, encomendou outros doze chassis 8×2 de quinze metros.

Segundo Barbosa, o segundo semestre deverá ser “um pouco mais fraco que o primeiro. Mas, ainda veremos vendas bem melhores do que 2016”. A expectativa da Mercedes-Benz é de licenciamentos da ordem de 1,4 mil ônibus rodoviários. No ano passado, foram emplacados 800 unidades. “Nossa expectativa é alcançar cerca de 50% de participação do mercado total de ônibus rodoviários neste ano”.

Barbosa ressaltou que os fatores que deverão impulsionar o crescimento nas vendas de ônibus rodoviários, é a melhoria do ambiente econômico e a nova legislação que entra em vigor na segunda metade do ano: “Isso significa aumentar a capacidade de transporte de passageiros e mais espaço para bagagens e encomendas, otimizando o custo da operação para as empresas de transporte e assegurando mais rentabilidade”.

Cresce procura por leasing operacional em caminhões

Para enfrentar um mercado cuja demanda vem encolhendo consideravelmente nos últimos anos – de 154 mil 577 unidades emplacadas em 2015 para 50 mil 559 no ano passado – as fabricantes de caminhões estão lançando mão do leasing operacional para atrair a clientela. Este produto é oferecido para empresas que precisam do caminhão para suas operações de transporte mas que não têm interesse em permanecer com o veículo após o término do contrato.

De acordo com Valter Viapina, diretor comercial do Banco Volvo, clientes estão em busca do leasing operacional porque não precisam se preocupar com o gerenciamento do bem e não estão dispostos a fazer investimentos neste momento.

Na prática o leasing funciona como aluguel e o cliente contrata um pacote de serviços, como contrato de manutenção, seguro e rastreamento. Outra diferença do leasing com relação ao financiamento via Finame ou CDC é que, ao fim do contrato, o bem é devolvido à operadora de crédito. Os prazos dos contratos são mais curtos, média de 36 meses. Já o do Finame pode chegar a sessenta.

Viapina conta que esta modalidade de negócio se torna mais atrativa principalmente para empresas de transporte de grande porte, e até mesmo para embarcadores e indústrias que não possuem o transporte como atividade fim. No Banco Volvo este produto estava congelado por falta de procura nos últimos dez anos, mas desde abril do ano passado os clientes passaram a optar por esta transação:

“Nos últimos doze meses cerca de 150 caminhões Volvo foram comercializados por meio do leasing operacional”.

O Grupo Cereal, do Centro-Oeste, é especializado na industrialização, comércio e exportação de grãos, e comprou quinze caminhões Mercedes-Benz por arrendamento mercantil. (veja aqui noticias/22917/mercedes-benz-lanca-leasing-operacional-para-caminhoes).

O leasing começou a ganhar força depois que o Finame PSI deixou de existir, em meados do ano passado. Isto porque os subsídios do BNDES diminuíram e as taxas de juros, que já foram de 0,48% ao mês no passado, ficaram mais altas.

Paulo Pinho, superintendente de operações de campo do Banco Volkswagen, disse que com esta nova realidade o Finame praticamente equiparou-se ao CDC, que tradicionalmente tem prazo de sessenta meses, 30% de entrada e juros de 1,17% ao mês.

“O Finame TJLP varia de 1,09% a 1,12% ao mês. As taxas do leasing estão aproximadas às do CDC, porém variam muito de acordo com o perfil, operação de transporte e outras variáveis”.

Pinho contou que o Banco Volkswagen começou a oferecer o leasing operacional no ano passado como forma de driblar a crise. A modalidade está disponível para os caminhões pesados da linha TGX com prazos de pagamento de até 36 meses. De lá para cá foram assinados trezentos contratos com 25 clientes de diversas regiões do País: “A projeção é chegar a até quinhentos em dezembro”.

Há um ano a Scania também passou a identificar clientes em potencial para oferecer contratos de leasing operacional. Como condições estão o prazo médio de 36 meses e as taxas de juros montadas de acordo com o perfil do cliente. De acordo com Victor Carvalho, diretor de vendas de caminhões da Scania, a empresa passou a aproximar-se mais de empresas que possuem perfil para adquirir caminhões via leasing operacional: “Este trabalho começou a render seus primeiros frutos e comercializamos dez unidades por leasing operacional para uma empresa da área de siderurgia de Minas Gerais”.

De acordo com ele a tendência é a de que esta modalidade de negócio se solidifique nos próximos anos.

up! inaugura nova fase da VW no Brasil

O novo Volkswagen up!, versão 2018, apresentado na noite da segunda-feira, 17, em São Paulo, é ponto de inflexão de uma nova fase da companhia no Brasil. Não que o modelo seja o salvador para a queda de participação sem precedentes na longa história de uma das mais tradicionais fabricantes nacionais. Mas a reestilização aplicada no compacto de entrada inicia uma série de lançamentos que, segundo o presidente David Powels, redefinirá o portfólio VW e o “voltar ao jogo”, como ele definiu o futuro próximo.

Serão nove apresentações de produto em 2017, sendo dois inéditos: o Polo e seu sedã, o Virtus, que devem ser fabricados na unidade Anchieta, em São Bernardo do Campo, SP.

“Fizemos uma das maiores reestruturações da história da Volkswagen no Brasil. Temos um acordo para os próximos cinco anos com os sindicatos: é a primeira empresa do setor a fazer um acordo com esse prazo no País. Estamos mais enxutos, mais produtivos e seremos mais competitivos no mercado interno a partir de agora.”

No entanto, mesmo com uma nova safra de veículos, a VW ainda não está confortável com o futuro do mercado nacional. A preocupação está na cadeia de fornecimento que, segundo Powels, não terá fôlego para investir na produção dos itens que equiparão a próxima geração de automóveis: “Temos que conversar com o governo, com o BNDES, para que seja pensada uma alternativa de financiamento que torne viável os investimentos dos fornecedores”.

Sem a atenção e prioridade necessárias na falta de competitividade desta cadeia o presidente da VW considera muito difícil a indústria automotiva nacional tornar-se uma grande competidora global:

“Com o índice de nacionalização das peças de automóvel caindo, a competitividade dos produtos feitos aqui obviamente é menor”.

Novo up! – Lançado inicialmente para ser um modelo de grande volume o up! não conseguiu atingir seu objetivo, ser o primeiro carro de muitos brasileiros. No ano passado foram comercializados 38 mil unidades, um resultado muito aquém do esperado. Powels acredita que o posição de mercado do modelo anterior não foi a mais adequada. Assim, o preço da versão de entrada, com quatro portas, do novo up! não mudou: parte de R$ 37 mil 990. No entanto as outras versões sofreram reajustes: a esportiva cross, por exemplo, custa R$ 55,6 mil, R$ 1,5 mil a mais do que a anterior.

O compacto ganhou mudanças estéticas na parte frontal e na traseira, novo painel e tecnologias para melhor conectividade. Sem definir um objetivo para as vendas do novo compacto, que começam ainda este mês, a VW acredita que está no rumo correto para voltar a disputar o jogo em condições muito melhores do que no passado. Mas isso tende a acontecer mesmo só em 2018.

Iveco tem micro-ônibus para o Caminho da Escola

A Iveco Bus, fabricante de ônibus e vans da CNH Industrial, produzirá a SoulClass, versão atualizada de micro-ônibus para concorrer à próxima licitação do Programa Caminho da Escola. A expectativa, segundo a empresa, é a de que um novo edital de concorrência saia em maio, mesmo mês em que o veículo estará disponível para venda.

O Caminho da Escola já investiu, desde 2008, R$ 8,3 bilhões no transporte escolar em cidades do Interior do Brasil. Desde 2009 a Iveco entregou 7,5 mil veículos ao programa.

O novo veículo utilizará o mesmo chassi da van Daily e terá carroceria Caio Induscar. O chassi será montado na fábrica de Sete Lagoas, MG. A Iveco utilizará, na linha de montagem, espaço liberado pela van Fiat Ducato, que teve sua produção transferida para o México em dezembro de 2016.

A capacidade de produção dessa linha é de 20 mil unidades/ano. Atualmente são produzidos, em apenas um turno, 8 mil veículos, vans e micro-ônibus.

Segundo Humberto Spinetti, diretor de negócios Iveco Bus para a América Latina, o novo modelo reforçará a atuação da empresa no mercado brasileiro. A Iveco mantém portfólio com quatro modelos de micro-ônibus e 60% da produção são destinados a clientes no Brasil – e exporta 40% para Argentina, Colômbia e Peru.

Spinetti contou que o maior cliente para micro-ônibus é o poder público: “Fechamos 2016 com um market share de 48% no segmento de micro-ônibus. A área pública consome 70% da nossa produção de veículos leves e é natural, então, que entremos em disputas de fornecimento como a do Caminho da Escola”.

Em pregões passados a Iveco dividiu o fornecimento de ônibus escolares com MAN e Mercedes-Benz.

Nacionalização – O modelo lançado pela Iveco Bus tem índice de nacionalização de 80% e passou por atualizações em sua construção para atender às exigências da licitação que ocorrerá este ano para o Caminho da Escola. Dentre elas, estipulada na portaria 264 do Inmetro que trata da acessibilidade, a instalação de dispositivo de embarque de passageiros com mobilidade reduzida. O SoulClass é equipado com sistema de plataforma que cumpre as normas, segundo a fabricante. O veículo tem capacidade para levar até 24 passageiros, incluindo dois cadeirantes.

Esta é o segundo veículo da empresa desenvolvido para atender demandas de acessibilidade. Em agosto do ano passado lançou a van Daily Elevittá, que utiliza o mesmo chassi do SoulClass, o E70C17. O veículo entrou no mercado cinco meses após o lançamento e, até março deste ano, foram vendidas cinquenta unidades.

A expectativa da empresa com o novo modelo é, também, atender às demandas de pequenas e médias empresas que atuam no segmento de transporte escolar e turismo executivo. Maurício Lourenço da Cunha, diretor industrial da Caio Induscar, disse que as exportações do veículo estão em pauta porque “possui especificações que atendem às exigências do mercado latino-americano”.

Paraguai na mira das autopeças brasileiras

O Paraguai quer ser um polo de autopeças na América do Sul. O país tem custo de produção menor que o do Brasil e isto tem atraído muitas empresas do setor automotivo. Lá, considerando mão de obra e energia, as despesas ficam até 40% menores do que a produção nacional.

De acordo com Wagner Weber, sócio da Braspar, Centro de Negócios Brasil-Paraguai, das dez maiores companhias de autopeças que atuam no Brasil cinco já instalaram fábricas no Paraguai. Na lista constam companhias que produzem chicote elétrico, como Leoni, Fujikura, Yazaki e, mais recentemente, a Sumidenso, que inaugurou suas instalações há um ano e meio:

“A Sumidenso acaba de anunciar investimentos de US$ 30 milhões para melhorar sua operação local. Iniciou as atividades com duzentos funcionários e hoje possui 1,5 mil”.
Também está instalada por lá a THN, que faz sistemas de interiores e revestimentos de porta dos Hyundai.

Vantagens como menores encargos trabalhistas, custos e tributos reduzidos e menos complexos fazem com que o Paraguai se torne um local cada vez mais atrativo: “Apesar do salário mínimo ser maior, R$ 1,2 mil, os encargos sobre o trabalhador são reduzidos. Enquanto lá há 30% de custos adicionais no Brasil este índice é de 110%”.

Outra vantagem é o custo reduzido de energia, que chega a ser 60% mais barato do que o nosso.

Mais: no Paraguai não existem vários impostos que são exercidos no Brasil.

Segundo Fernando Zilveti, sócio da Zilveti Advogados e especialista em direito tributário, o sistema paraguaio é totalmente diferente. Há apenas um imposto sobre o consumo, o IVA, que não sofre alterações como ocorre com o ICMS daqui, por exemplo, cujo valor muda de acordo com o Estado, e “isto gera mais segurança jurídica porque as regras são claras”.

As empresas instaladas no Brasil precisam pagar, também, PIS, IPI e Confins.

Para Roberto Vasconcellos, especialista em direito tributário internacional da FGV Direito de São Paulo, a complexidade dos impostos brasileiros faz com que as empresas fiquem cada vez mais interessadas em países que adotam tributos mais simplificados e menores, “o que impacta no preço final do produto e faz com que sejam mais competitivas”.

As empresas de autopeças são 85 das 120 instaladas no Paraguai que operam pelo Regime de Maquila, criado em 2000 para desenvolver a indústria local. Este sistema permite exportar mercadorias para outros países pagando 1% de impostos. E garante que toda a matéria-prima, bens de capital e insumos importados estejam isentos de impostos desde que o produto acabado ou semiacabado seja exportado no prazo de até dois anos. O imposto de importação também é suspenso desde que seja adquirido com certificado de origem do Mercosul.

Estes benefícios têm feito com que estas companhias se tornem competitivas no mercado de exportação, garante Wagner Weber, da Braspar:

“Pelo fato de o país ter menos burocracia quem se instala no Paraguai também tem mais facilidade para exportar para a Europa. Já as companhias instaladas aqui têm mais dificuldades”.

De acordo com ele as exportações de autopeças têm crescido consideravelmente: “A alta foi de 60% na comparação com o primeiro bimestre do ano passado. Nos dois primeiros meses de 2017 estas empresas exportaram R$ 27,3 milhões, e R$ 17 milhões no mesmo período do ano passado”.

Para Sara Saldanha, gerente de serviços de internacionalização da CNI, Confederação Nacional das Indústrias, as operações de integração produtiva são uma tendência no comércio internacional: “Cada vez mais empresas buscam alianças estratégicas com países que permitem que seus produtos cheguem a mais mercados a preços competitivos”.

Ainda de acordo com a executiva, este movimento não é algo temporário e cada vez mais o Paraguai se consolidará como parceiro estratégico do Brasil, assim como outros da região.

Neo Rodas exporta para Lifan e GM

A Neo Rodas, empresa que surgiu da aquisição da Alujet pelo Grupo ABG, expandiu os seus negócios na América Latina. Em fevereiro a companhia passou a fornecer rodas para a chinesa Lifan, que anunciou o retorno da produção no Uruguai, e em março a exportar para a General Motors no Chile e na Argentina. Com os dois negócios a expectativa é a de chegar a 600 mil rodas vendidas até o fim deste ano, volume que supera as 540 mil de 2016.

Segundo Murillo di Cicco, diretor comercial da Neo Rodas, a internacionalização da empresa foi adotada para que ela tivesse alternativas às oscilações do mercado brasileiro. A companhia fornece rodas para FCA, Hyundai CAOA e Volkswagen:

“Conseguimos os contratos com Lifan e GM e estamos conversando com mais três montadoras que atuam na Argentina. Ainda são volumes relativamente baixos, mas que demonstram a atividade internacional da empresa”.

A fábrica da empresa, localizada em Vinhedo, SP, opera com 280 funcionários em três turnos para atender, principalmente, ao mercado interno. Sobre investimentos na linha de produção a partir de um eventual aumento de demanda externa o executivo disse que a empresa opera com cerca de 50% de sua capacidade instalada e que há espaço, portanto, para manter a atual configuração: “Conseguimos produzir até 1,2 milhão de rodas por ano em Vinhedo, volume que, segundo projeções internas, consegue atender aos mercados onde queremos atuar”.

A Alujet foi uma das UPIs, Unidade Produtiva Isolada, negociados pelo Grupo Sifco no ano passado. Por R$ 18,2 milhões os empresários Alexandre Abage, do Grupo ABG, e Carlos Santiago, do Grupo Handel, adquiram os ativos – fábrica, equipamentos, contratos e certificados – da Alujet, que ganhou destaque no segmento com as rodas Binno. No processo de aquisição ficou decidido, à época, que os funcionários e o corpo diretivo e gerencial da empresa seriam mantidos na Neo Rodas.

Em entrevista à Agência AutoData em setembro o presidente Alexandre Abage disse que 40% de todos os veículos comercializados no Brasil saem de fábrica com rodas de alumínio. No nicho de mercado em que atua, que fechou 2016 com 2 milhões 87 mil unidades, automóveis e comerciais leves, a Neo Rodas responde por 600 mil – a terceira maior fornecedora do produto do Brasil, depois de Maxion Wheels e Mangels:

“Não pretendemos voltar a trabalhar com a reposição. Nosso foco é ampliar o fornecimento para montadoras, no Brasil e no Exterior”.

Vendas da Ford na China caem em março. GM tem alta.

A Ford vendeu 90 mil 457 veículos em março na China, queda de 21% com relação ao mesmo período do ano passado, informou o site Detroit News. A empresa atribuiu a queda ao “setor de varejo mais fraco” no país após um corte aos incentivos fiscais para determinados veículos. No acumulado do trimestre a companhia vendeu lá 255 mil 261 veículos, 19% a menos do que de janeiro a março de 2016.

Já a General Motors registrou venda recorde de 345 mil 448 unidades em março, aumento de 16% no comparativo com o mesmo mês do ano passado. Segundo a empresa foi o maior volume de vendas registrado desde agosto.

“SUV, minivans e veículos de luxo nos ajudarão a explorar ainda mais o potencial de crescimento do mercado”, disse o presidente da GM China, Matt Tsien, em comunicado distribuído na segunda-feira, 17. “Continuaremos a expandir e a atualizar nossas ofertas em todos os segmentos. Muitos dos nossos novos modelos estarão em exibição no Salão de Xangai, este mês.”

O comunicado da GM informa que suas vendas das marcas Buick, Cadillac e Baojun atingiram novos recordes em março, com destaque para os modelos SUV. As vendas de Buick aumentaram 21%, totalizando no mês 88 mil 519 veículos, as Cadillac saltaram 63%, chegando a 12 mil 369 veículos e as da Baojun cresceram 81%, com 81 mil 353 veículos vendidos.

Ford – A Ford afirmou que está analisando a demanda por seus veículos maiores na China. Apesar da queda nas vendas em março e no primeiro trimestre, as vendas de Everest, Edge e Taurus aumentaram no período com relação ao resultado do ano passado. As vendas da marca de luxo da Ford, Lincoln, de janeiro a março dobraram para 12 mil veículos vendidos no comparativo com o primeiro trimestre de 2016.

“Vemos uma forte demanda por nosso sedã premium Taurus, e as SUVs Edge e Everest na China”, disse Peter Fleet, vice-presidente de marketing, vendas e serviços da região Ásia Pacífico. “Estamos satisfeitos com o impulso que Lincoln possui na China, como evidenciado pelo seu excelente desempenho no primeiro trimestre.”

A Ford também divulgou os resultados de vendas de março para o mercado europeu, onde registrou aumento de 14% nas vendas com relação ao ano passado, chegando a 199,9 mil veículos.

Marchionne diz que estão suspensos sonhos de fusões irrealistas

O presidente executivo da FCA, Fiat Chrysler Automobile, Sergio Marchionne, colocou em segundo plano a sua busca por fusão ou incorporação da empresa. Ele disse que a FCA não está em condições de firmar acordos e que se empenharia, agora, no desenvolvimento de seu plano de negócios. De acordo com informações de América Economia Marchionne afirmou que o seu objetivo principal é eliminar as dívidas da empresa antes de se aposentar, em 2019.

Respondendo a perguntas de investidores em Amsterdã, Holanda, ele admitiu que não há negociações em curso para uma possível fusão com a Volkswagen, um acordo que já considerara, no passado, ser uma “possibilidade”.

“Sobre a Volkswagen, sobre a pergunta se há discussões em curso, a resposta é não. Tenho muito respeito pela Volkswagen e creio que não estamos em posição de discutir nenhuma aliança. O nosso foco principal dentro da Fiat Chrysler está na execução do nosso plano”.

Ele insistiu: “Precisamos ter muito cuidado para não adotarmos sonhos irrealistas sobre a consolidação. Estamos a caminho de alcançar resultados historicamente importantes e de saldar as nossas dívidas”.

Marchionne, de 64 anos, tem sido um defensor da consolidação industrial há muito tempo, argumentando que particularmente a indústria automobilística desperdiça dinheiro desenvolvendo a mesma tecnologia. Desde que a General Motors rejeitou sua proposta de fusão, dois anos atrás, o excutivo tem procurado eliminar a dívida da FCA.

Mesmo afirmando que a fusão com algum concorrente não é o seu foco atual, Marchionne busca acordos de cooperação para os investimentos em tecnologia e, assim, reduzir custos. A FCA, a primeira grande montadora com parceria com o Google para o desenvolvimento do carro autônomo, continua a discutir a expansão do projeto e pode anunciar uma nova parceria tecnológica até o fim do ano, ele afirmou.