ContiTech espera crescimento de 20% na reposição independente

A ContiTech, divisão de correias do Grupo Continental, projeta aumento de 20% nas vendas no mercado independente de reposição em 2017. A expectativa é baseada no crescimento do mercado e da estratégia que iniciou no ano passado em oferecer aos distribuidores conjunto de correia dentada, tensor e polia a preços mais acessíveis. De acordo com Paulo Eduardo Lira, gerente de vendas de reposição para a América do Sul, a iniciativa foi essencial e contribuiu para o crescimento de 50% das vendas no ano passado.

As exportações para o mercado de reposição também subiram algo em torno de 50% em 2016, principalmente por causa da abertura do mercado argentino. O país é o principal destino das vendas externas das fábricas da Contitech em Ponta Grossa, PR, e Santana do Parnaíba, São Paulo. Lira ressaltou que: “A expectativa é de estabilidade para este ano”.

Hailton Florencio de Alcantara, gerente de engenharia e vendas para a América do Sul, contou que a companhia também lançou mão da estratégia de incentivar seus clientes de OES, ou seja, concessionárias, a iniciarem vendas de conjunto completo de peças. Isto aumentou substancialmente os pedidos.

Em 2016 a ContiTech registrou alta de 30% nas vendas para as fabricantes de veículos, puxadas principalmente por causa destas soluções. Alcantara acrescentou que novos projetos com a Volkswagen e General Motors contribuíram igualmente para manter as linhas de produção em pleno trabalho.

Para suportar o volume de pedidos vindos da reposição independente , das fabricantes de veículos e das concessionárias a Contitech precisou abrir um terceiro turno de trabalho nas fábricas de Ponta Grossa e Santana do Parnaíba. Lira comentou que : “A empresa havia feito cortes no quadro de colaboradores no fim de 2015, mas precisou recontratar para atender a demanda que reaqueceu já no início do ano passado”.

Agrale se prepara para a próxima licitação do Caminho da Escola

A Agrale está se preparando para concorrer ao próximo leilão de ônibus para o programa Caminho da Escola, do Governo Federal. Segundo a Cummins, única fornecedora de motores para os chassis da empresa, no primeiro trimestre deste ano a Agrale aumentou os pedidos do motor ISF 3.8 litros para concorrer à próxima licitação. Em janeiro, do total de motores fornecidos à empresa de Caxias do Sul, RS, 50% eram dessa linha. Ao final de março, 70% dos motores vendidos eram do ISF 3.8 litros.

Maurício Rossi, diretor de vendas da divisão de motores, disse que a expectativa entre os fornecedores de empresas que concorrem ao Programa é que a demanda governamental por micro-ônibus, neste ano, esteja de dois mil a quatro mil unidades: “A projeção se baseia no cenário em que há cidades que vão passar por um momento de renovação de suas frotas e municípios que ainda não foram contemplados pelo programa”.

Em novembro do ano passado, 102 chassis da empresa foram fornecidos ao programa federal. À época, a Seduc, Secretaria de Estado de Educação, da Paraíba, recebeu os modelos Volare Escolarbus 4×4 com motor Cummins ISF 3.8l com 152 cv de potência.

A expectativa das fabricantes que já concorreram no leilão é que as regras da próxima licitação sejam divulgadas em maio. Em edições passadas, a Agrale participou com um modelo de ônibus 4×4 encarroçado pela Volare. O Caminho da Escola já investiu, desde 2008, R$ 8,3 bilhões no transporte escolar em cidades do Interior do Brasil.

Assim, como a Agrale, a Iveco também vislumbra oportunidades no próximo leilão. Neste mês, a empresa lançou o modelo Soul Class cujas especificações se enquadram nas exigências de acessibilidade do Caminho da Escola. O novo veículo utilizará o mesmo chassi da van Daily e terá carroceria Caio Induscar. O chassi será montado na fábrica de Sete Lagoas, MG. A Iveco utilizará, na linha de montagem, espaço liberado pela van Fiat Ducato, que teve sua produção transferida para o México em dezembro de 2016.

GM cresce 34% em receita líquida no trimestre

O bom desempenho em vendas de picapes e SUVs na China e o crescimento da GM Financial impulsionaram o crescimento de 34% na receita líquida da General Motors no primeiro trimestre deste ano. A cifra de US$ 2,61 bilhões representou um novo recorde para o período. A informação é do jornal The Detroit News. O lucro por ação totalizou US$ 1,70 e a empresa ganhou US$ 1,26 por ação na mesma época do ano passado.

Ainda de acordo com o jornal, desde quando a GM passou por processo de recuperação em 2009 vem se estruturando como uma nova empresa e isto fez evoluir seus resultados financeiros. A receita de 2016 foi de US$ 41,2 bilhões, alta de 10,6% com relação ao ano anterior. O Ebitda foi de US$ 3,4 bilhões, aumento de 27,9% no comparativo com o primeiro trimestre de 2016. A margem de lucro foi de 8,2%, aumento de 1,1 ponto porcentual com relação ao ano anterior.

Segundo Chuck Stevens, diretor financeiro da GM, este resultado reflete o planejamento que a empresa vem executando nos últimos anos. Já as ações da fabricante de veículos subiram cerca de 1,5% na negociação pré-comercial.

Grande parte do lucro no trimestre foi determinado novamente pela América do Norte, onde a GM também registrou receita recorde no primeirro trimestre: US$ 29,3 bilhões, alta de 10,7%. Stevens disse que o bom resultado é consequência de uma redução de custos de US$ 500 milhões.

As vendas nos Estados Unidos também ajudaram. Até março subiram 0,9% para 689 mil 521 eículos. As comercializações de SUVs aumentaram 16% e de picapes 3%. Na China, que é a maior região de comercialização da GM, as vendas totalizaram 913 mil 442 veículos, queda de 5,2% no trimestre. A redução está relacionada a um feriado chinês que ocorreu no período e com a redução de um incentivo fiscal. De acordo com a GM, os resultados devem melhorar ao longo do ano. Para Mary Barra, CEO da GM, os números do primeiro trimestre refletem a determinação em aumentar a rentabilidade e demonstrar o forte potencial de lucro que a companhia possui.

Na América do Sul a GM registrou perda de EBITIDA de US$ 115 milhões, maior que a de US$ 67 milhões registrada no primeiro trimestre do ano anterior. A empresa atribuiu este cenário às condições econômicas desafiadoras, principalmente no Brasil, o maior mercado da região. No início deste mês optou em cessar imediatamente as operações na Venezuela depois que as autoridades governamentais apreenderam a fábrica de Valencia. A empresa empregava cerca de 2,7 mil colaboradores que receberam indenização. Há mais de um ano a GM não produzia veículos no país.

Desemprego cresce e é o maior da história

A taxa de desocupação continua em alta e o País tem agora 14,2 milhões de desempregados no trimestre encerrado em março. O número é 14,9% superior ao trimestre imediatamente anterior, outubro, novembro e dezembro de 2016, – o equivalente a 1,8 milhão de pessoas a mais desocupadas. Os dados fazem parte da Pnad Contínua, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua divulgada nesta sexta-feira, 28, pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No trimestre encerrado em fevereiro, o Brasil tinha 13 milhões de desempregados.

Segundo o IBGE, a taxa de desocupação fechou março em 13,7% com alta de 1,7 ponto porcentual frente ao trimestre de outubro a dezembro de 2016, quando o desemprego estava em 12%. Essa foi a maior taxa de desocupação da série histórica, iniciada no primeiro trimestre de em 2012. Com relação ao primeiro trimestre do ano passado, a alta da taxa de desocupação chegou a 27,8%, o que significa que mais 3,1 milhões de pessoas estão procurando emprego.

Carteira assinada –
O aumento crescente das taxas de desemprego no País vem refletindo no número de pessoas com carteira de trabalho assinada, que fechou o trimestre encerrado em março também com o menor contingente já observado na série histórica. Segundo os dados da pesquisa o número de empregados com carteira assinada fechou março em 33,4 milhões de pessoas, recuando em ambos os períodos de comparação, frente ao trimestre de outubro a dezembro de 2016, o recuo foi de 1,8%, ou menos 599 mil pessoas com carteira assinada. Já com relação ao primeiro trimestre do ano passado, a queda foi de 3,5%, ou menos 1,2 milhão de pessoas.

Já o rendimento médio real do trabalhador brasileiro manteve-se estável no primeiro trimestre chegando a R$ 2 mil 110. No trimestre anterior o rendimento era de R$ 2 mil 64 e, de janeiro a março do ano passado, R$ 2 mil 59.

O cheiro é bom

O sensível aumento das vendas diárias tanto de ônibus quanto de caminhões nos últimos três meses motivou a MAN a alterar seu ritmo de produção na fábrica de Resende, RJ. A jornada de trabalho acordada pelo Programa de Sustentação de Emprego, PSE – antigo PPE –, de quatro dias de parada por mês retornou ao regime de 2015, quando os trabalhadores tiveram somente duas folgas por mês.

Roberto Cortes, presidente e CEO da MAN Latin America, disse que: “As condições estão melhorando em todos os sentidos e as vendas diárias justificam esse novo cenário. Chegou a hora da necessidade”.

O executivo raciocina que a idade da frota de caminhões das pequena, média e grande empresa transportadora já chegou ao limite e, que a partir de agora, verá um movimento de renovação pela necessidade: “Temos clientes rodando com o mesmo caminhão há sete anos. Isso não é normal. O ideal são frotas com dois, dois anos e meio de idade”.

Imbuído do sentimento de que o pior já passou e apoiado em planilhas que mostram o desempenho de vendas diário, Cortes argumenta com segurança. No segmento de caminhões as vendas diárias passaram de 134 em janeiro para 138 em fevereiro, 187 em março e 181 em abril: “Temos a sazonalidade de um mês de abril com menos dias úteis. E mesmo assim a média diária está muito próxima da de março”.

Assim, apesar de ainda operar com ociosidade próxima a 70%, a fábrica de Resende passa a produzir mais preparando estoques para uma retomada dos negócios com seus principais clientes. Sinal positivo de que essa tendência pode se confirmar no curto prazo foi a entrega de 100 caminhões VW Constellation 19.330 Titan Tractor para a transportadora Brasspress. Esse lote vai compor a ampliação da frota da Brasspress, em um claro sinal de que há uma melhora no setor de transportes. Segundo Cortes, a atividade econômica ainda traz um pouco de dificuldades: “Mas encomendas como essa e uma retomada nos pedidos de frete mostram que o cheiro do que vem pela frente é bom”.

Ele acredita que ainda é possível atingir no fim do ano um resultado positivo na venda de caminhões. Mas a retomada tem que vir forte nos próximos meses: “A partir de agora as vendas têm que crescer 20% por trimestre para chegar na projeção da Anfavea.”

Governo argentino quer atrair autopeças do Brasil

O governo da Argentina enviou ao Brasil representantes do departamento de comércio exterior com a missão de atrair investimentos das empresas brasileiras. A medida é incentivada pela política industrial lançada pelo presidente Mauricio Macri para reerguer o setor de autopeças locais. Eles querem convencer as empresas do Brasil a produzirem ou montarem componentes em solo argentino.

Segundo Andrés Superbi, da agência de investimentos e comércio internacional, entidade ligada ao governo, o plano será finalizado neste ano e seu conteúdo é baseado em ofertas de incentivo fiscal às autopeças estrangeiras: “A ideia é que as empresas tenham condições de se instalarem na região onde se encontra o nosso polo, nas províncias de Buenos Aires, Cordoba e Santa Fe”.

Além da questão fiscal, o representante disse durante a 13ª Feira Internacional de Autopeças Equipamentos e Serviços, a Automec, que o governo argentino sinaliza para a construção de medidas que estreitem as relações das empresas estrangeiras com o polo industrial local: “Não apenas no Brasil, mas estamos buscando investidores em outros locais, como a Europa. A maior dificuldade de quem chega é criar laços com o mercado local em pouco tempo. Neste sentido, estamos trabalhando para que os interessados sejam integrados o mais rápido possível”.

O mercado de veículos argentino, assim como o brasileiro, vem se tentando se recuperar de períodos de vendas baixas. No primeiro trimestre, a produção teve queda de 7,4% com relação ao mesmo período em 2016, quando foram produzidas 98 mil 168 unidades. Já as exportações do trimestre deste ano superaram as do ano passado em 14%, chegando 40 mil 193 unidades ante 35 mil 258 vendidas no trimestre do ano passado. dados da Adefa, a associação argentina que representa os fabricantes daquele país.

Já a produção em março superou a de fevereiro deste ano em 66,9%, chegando a 40 mil 107 veículos. Nas exportações, no comparativo mensal, a alta em março foi de 35,4% com relação a fevereiro, e somou 17 mil 508 veículos.

O principal destino dos veículos argentinos, de acordo com a Adefa, segue sendo o Brasil. Do total de veículos produzidos no trimestre, 24 mil 335 unidades foram exportados para o mercado brasileiro. Na sequência vem a região do Caribe, destino de 3 mil 804 unidades produzidas pela Argentina no trimestre. México é o terceiro maior mercado argentino, o qual recebeu 2 mil 684 veículos de janeiro a março de 2017.

Retomada econômica será modesta e gradual

O ano não será aquela maravilha, mas o cenário é melhor que o do ano anterior. A frase de Constantin Jancsó, do Departamento de Economia e Pesquisas do Bradesco, resumiu a visão unânime exposta pelos palestrantes de seminário promovido pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs) de Caxias do Sul, para avaliar a situação atual e as perspectivas econômicas para o ano.

O economista disse que o agronegócio terá papel preponderante na economia deste ano. O Bradesco estima crescimento do PIB, Produto Interno Bruto, em 0,3%. Já os demais segmentos deverão continuar com desempenhos negativos. Indicou aumento no desemprego, que poderá chegar a 13,5 milhões de pessoas no final do ano.

Jancsó disse que as empresas ainda estão na fase de ajustes. Com a retomada, pretendem fazer mais com menos funcionários: “A contratação está vinculada a reação das margens”. Ele projetou esta situação para o início de 2018, ano que deverá registrar a criação de 150 mil empregos.

Jancsó também destacou a importância da redução da taxa Selic, acreditando ser possível chegar a 8,5% no final do ano. Com a inflação em queda, estimada pelo Bradesco em 3,9% para 2017, o economista afirmou haver espaço gigante para uma taxa de juros menor. Com relação ao câmbio, o economista estima valor de R$ 3,10 a R$ 3,25 para o final do ano. Ele disse ainda que a agenda de reformas proposta pelo governo federal é fundamental para que o cenário de melhoras se consolide.

Faturamento segue em queda – A indústria metalúrgica de Caxias do Sul consolidou faturamento de R$ 2,6 bilhões no primeiro trimestre do ano, queda de 8% sobre igual período de 2016. No acumulado de 12 meses, as perdas totalizam 17,5%.

O setor automotivo tem recuos de 15% no trimestre e de 19% em 12 meses. Mas apresentou forte reação em março, de 30,5%, com relação a fevereiro último. No trimestre, houve avanços de 2,73% na atividade eletroeletrônica e de 14,5% na metalmecânica. No acumulado de 12 meses, ambas têm variações negativas de 24% e 5%, respectivamente.

De acordo com Reomar Slaviero, presidente do Simecs, a indústria ainda fará ajustes no quadro de funcionários ao longo do ano, aumentando as demissões. Ele estima que a reversão do quadro somente se dará a partir de 2018. No ano passado, o setor fechou 3,7 mil postos de trabalho. De março de 2014 a igual mês deste ano, são 17 mil vagas encerradas. O estoque, em março, era de 33.850 empregos formais.

Mudanças já são sentidas – Após consolidar, em 2016, os piores números de vendas internas em 40 anos, as fabricantes de carrocerias de ônibus projetam leve recuperação de 2%, para 10 mil 30 unidades. As exportações, em expansão nos últimos anos, deverão ter alta de 8%, com embarques de 4 mil 575 ônibus. A produção estimada é de 14 mil 605 carrocerias, elevação de 3,5%. Paulo Corso, diretor comercial e de marketing da Marcopolol, disse que as empresas estão se preparando para uma retomada mais forte em 2018.

Também vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus, Corso afirmou que países como o Brasil, os demais da América Latina, nações africanas e o Oriente Médio apresentam demandas atraentes para as fabricantes. Mas ele disse que são necessárias adequações nos custos e nos processos de todas as áreas das empresas para que se tornem competitivas.

O diretor afirmou que o primeiro trimestre tem sido positivo para a Marcopolo, que vendeu 700 unidades de ônibus rodoviários, número que quase se iguala aos 880 de todo o ano passado: “Foi um período alentador, mas não temos a garantia de que se manterá nos próximos meses. Temos, no entanto, esperança de mudanças”.

Os fabricantes de tratores agrícolas contabilizaram, no primeiro trimestre, alta de 50% nas vendas, totalizando 8 mil unidades, condição que permite ao setor projetar, para o ano, incremento de 18%, algo na casa de 42,5 mil veículos. De acordo com Edson Martins, diretor comercial da Agrale, de Caxias do Sul, a montadora previa, inicialmente, incremento de 15%, mas está revisando o desempenho para cima. Dentre os motivos para o incremento, o executivo cita a estimativa de safra recorde de grãos, na casa de 227,1 milhões de toneladas, aumento de 21% sobre a anterior, e a expansão em 3,3% da área de cultivo, para 60,2 milhões de hectares.

Produzir volumes de 20 anos atrás, a custos atuais, e vender a preços de quatro anos foi o cenário exposto para análise pelo diretor da Divisão Montadoras das Empresas Randon, de Caxias do Sul, Alexandre Gazzi. Segundo ele, para sobreviver a este quadro, é preciso fazer ajustes pesados, desmobilizar, segurar investimentos e focar no caixa, visando reorganizar a empresa para este novo momento e modelo de negóci: “A concorrência será cada vez mais acirrada. Muitos não irão sobreviver e sobrará espaço para ser ocupado”.

Gazzi entende que o Brasil não voltará mais a ter picos de vendas internas de 174 mil caminhões e 75 mil implementos. Mas também não será um mercado, como o de 2016, de 67 mil caminhões e 30 mil implementos: “Vamos ter de nos ajustar a valores intermediários, o que se dará no prazo de dois a três anos”.

O executivo alertou para a elevada ociosidade, de 75%, na indústria de ônibus e caminhões, e de até 25% na frota de veículos para o transporte de cargas e passageiros, índices que tendem a melhorar com a expansão do agronegócio. No entanto, as restrições financeiras inibem a capacidade de investimento dos clientes. Segundo ele, o setor depende do Finame, responsável por 62% das compras de veículos de transporte.

Da mesma forma, manifestou preocupação com a confiança do consumidor, que não se anima e deixa de comprar: “O desemprego está sendo uma questão crucial para a retomada da economia”. Os fatores positivos para a retomada são a baixa dos juros, a queda da inflação e a expectativa de expansão do agronegócio, que já está influenciando no aumento dos preços dos fretes nas principais regiões produtoras.

De acordo com Gazzi, mesmo com as dificuldades de câmbio e Custo Brasil, é preciso continuar explorando mercados fora do Brasil, investir em produtividade e reduzir a distância com os concorrentes, inovar em produtos, processos e gestão; trabalhar com entidades e governo para renovar a frota por meio de inspeções veiculares, revisão de impostos sobre veículos e sucateando as unidades antigas, dando baixa e estimulando a compra de novos por meio de bônus.

A História, a Vitória: vida e obra de Oscar Augusto de Camargo.

No tempo das carruagens do setor automobilístico brasileiro alguns pioneiros até eram engenheiros, profissão que o imaginário das pessoas associa a veículos. Outros eram advogados, burocratas e muitos foram formados pelas escolas da vida, uma escola generalista que os levou à direção de empresas notáveis. O caso de Oscar Augusto de Camargo, presidente da Anfavea de 1966 a 1974, é um desses – de quando o filho de um marceneiro do Brás conseguia programar a sua ascensão profissional.

E o resultado foi um profissional da administração que, afinal, sofreu perseguições, no bom sentido, de empresas privadas e estatais, e de entidades associativas, como solução para seus problemas. Mais: esse destaque no meio de executivos empresariais colocou-o no centro do furacão da economia brasileira desde 1930, quando seu mentor, o advogado Alfredo Egydio de Souza Aranha, convidou-o para dirigir a Fiação e Tecelagem São Paulo, na Mooca, em São Paulo.

A relação dos dois remontava a 1920, quando Oscar, 12 anos completos, foi admitido, como office boy, na banca de Alfredo Egydio, que também era político, empresário, banqueiro e dono do diário paulistano A Razão. Exerceu diversos cargos e funções “e mostrou a sua natural vocação para o empreendedorismo e para a liderança”.

Em dois anos já era o diretor de fiação e associou a empresa ao recém-criado Sindicato da Indústria Têxtil, hoje Sinditêxtil, do qual tornou-se diretor em 1935. Por esta época adquiriu conhecimentos ligados à organização racional do trabalho por meio do IDORT, criado por Armando de Sales Oliveira e por Roberto Simonsen, e passou a adotá-los na Fiação.

Em 1945 Simonsen colocou seu nome no conselho fiscal do CIESP. Daí até a aposentadoria Oscar conheceu e conviveu com todos os presidentes da República – de Vargas a Sarney. E conheceu, e conviveu, com outros setores de atividade e suas dificuldades, como a industrialização do trigo como diretor técnico do Moinho São Paulo, e o de chapas de fibras de madeira como diretor técnico da Duratex, empresas do amigo Alfredo Egydio.

Numa época em que pouco se viajava para o Exterior e em que as alegres caravanas comerciais demoravam meses para terminar seus périplos ele viajou pelas Américas, visitou a Ásia, foi à África, conheceu o mundo.

Oscar era diretor da Fiação e do Moinho São Paulo, primeiro vice-presidente da FIESP/CIESP, presidente do Sindicato da Indústria Têxtil nos meados do governo JK. E nos tempos de Fenit, a primeira realizada em 1958, e de Salão do Automóvel, o primeiro realizado dois anos depois.

De 1958 a 1962 ele trabalhou para o governo do Estado, a chamado do governador Carvalho Pinto, que queria “gente séria” para fazer a unificação das rodovias paulistas debaixo de um novo guarda-chuvas, a Fepasa.

Ao telefone com Oscar o governador teria dito que precisava “de alguém de confiança para não deixar a política interferir na companhia, e que tenha alto padrão de idoneidade. Gostaria que você assumisse”. Os autotrens foram gestados nessa época: a ferrovia transportava os caminhões em viagens noturnas, aliviando o tráfego nas complicadas rodovias da época.

A indústria de veículos achegou-se a Oscar em 1963, por meio de convite do superintendente da Vemag, Lélio de Toledo Piza e Almeida Filho. Queria a colaboração de Oscar por duas horas diárias.

No ano seguinte ele já era diretor da Anfavea, a entidade que reúne os fabricantes de veículos, fundada em maio de 1956: “Foi o suficiente para que ele se motivasse com a nova experiência. Ficou claro que deveria dedicar-se por mais tempo à empresa [a Vemag] e reforçar sua contribuição. Comprometido com o cargo de diretor administrativo permanece lá até 1974, e participou do desenho e desenvolvimento do setor, desde o início”.

A companhia era muito animada e aproveitava a pobreza das ofertas no mercado para fazer lançamentos com muita frequência. Oscar, por exemplo, participou dos lançamentos da Caiçara, versão popular da Vemaguet, do Fissore e do DKW Lubrimat, do jipete Candango, da Vemaguet Rio, do popular Pracinha, que sucedeu à Caiçara.

O carro popular, então, foi gerado nesse período infante da indústria automobilística, e correspondeu provavelmente à sua primeira grande crise, quem sabe uma febre do feno. A solução da época não foi surpreendente: já era 1965 e o governo da ditadura se comprometeu a comprar 50 mil unidades contanto que fossem populares – tanto é que Pé de Boi era o Fusca popular.

“Fui eu que recebi o cheque das mãos de Roberto Campos, que era o ministro do Planejamento no governo do presidente Castello Branco”, contou Oscar mais tarde. “O governo pagou à vista, trazendo alívio imediato às indústrias.”

É possível que o projeto tenha envolvido período de tempo, como três meses, e não volume de veículos, 50 mil, adverte o jornalista José Roberto Nasser, que conheceu Oscar Augusto de Camargo rapidamente e dele se recorda do aperto de mão, “firme, duro”. E que as vantagens tenham sido a redução do IVC, Imposto sobre Vendas e Consignações, e o financiamento pela caixas econômicas da época, num total de pouco mais de 14 mil unidades.

Depois disso os pé de boi foram mantidos nas linhas de produção com preços situados no primeiro degrau da tabela, recorda Nasser.

Em 1966 tornou-se o quarto presidente da associação, sucedendo a Sebastião Dayrell de Lima, que representava a Simca, sendo reeleito duas vezes.

A Volkswagen comprou a Vemag em 1967 e em 1974, com mandato encerrado como presidente da Anfavea, Oscar deixa a empresa e torna-se diretor gerente da Karmann-Ghia até dois anos depois, cargo no qual foi sucedido pelo também pioneiro Harald Uller Gessner.

Também em 1967 o Estado voltava a atrair os esforços de Oscar na forma de convite feito pelo governador Roberto Costa de Abreu Sodré para que assumisse a diretoria financeira da Cosipa. Ficou lá até 1976. Em 1980, com Oscar já aos 72 anos, assumiu a presidência do IDORT, cargo que ocupou por onze anos.

Foi dono da fazenda Vitória – “mais do que uma fazenda foi um projeto de vida” –, de 586 alqueires, localizada em Itapeva, a 270 quilômetros de São Paulo, que comprou em 1957 e onde desenvolveu trigo e soja e pecuária.

Faleceu em São Paulo em 1996.

Serviço

Oscar Augusto de Camargo: a História, a Vitória.
Escrito por Eliana Mendonça com edição de texto de Vanise P. Martines
Edição do Autor
Primeira edição: Rio de Janeiro, 2016
134 páginas

Sai a queda e entra o crescimento

Da mesma forma que os bons resultados de março devem ser olhados com alguma prudência, quaisquer eventuais quedas na produção e nas vendas de veículos que venham a ser registradas neste mês não devem ser encaradas como motivo de frustação.

Nem tanto ao céu de um lado, mas, também, nem tanto ao inferno no outro. Afinal, assim como diversos fatores atípicos inflaram os números do mês passado, em abril ocorre o inverso: o resultado final deverá ser puxado para baixo.

Em março, vale recordar, foram 23 dias úteis, quatro a mais que em fevereiro e um a mais que no mesmo mês do ano passado. Além disso, o fato do Carnaval ter caído no final de fevereiro postergou para o mês passado o registro de várias vendas no Renavan, o que fez subir a média diária de comercialização no período.

Em abril acontece o oposto: além da média diária voltar a refletir apenas e exclusivamente o que for vendido no mês, o número de dias úteis cai para 18, dois a menos do que no mesmo mês do ano passado e quatro a menos do que março.

Tais parâmetros evidenciam que quedas de vendas e de produção neste mês em relação a março, se acontecerem – o que é bastante provável, sobretudo em função do menor número de dias úteis – não significarão necessariamente esfriamento do mercado.

A boa notícia é que, segundo o presidente da Anfavea, Antônio Megale, ao menos na primeira metade do mês a média diária de vendas vem se mantendo cerca de 15% acima do registrado em março.

E, mais importante, desta vez com aumento do peso das vendas no varejo, com relação ao atacado, cuja participação se reduziu, no período, de 38% para 33%, índice já bem mais próximo do que pode ser considerado como usual no setor.

Tal cenário abre concretamente a perspectiva de que as vendas domésticas deste mês, ainda que fiquem abaixo das registradas em março, se coloquem, pelo menos, um pouco acima das verificadas em abril de 2016.

Não é pouco. Bem ao contrário. Como o primeiro trimestre do ano fechou com vendas apenas 1,94% abaixo das anotadas nos três primeiros meses do ano passado, um eventual bom resultado em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado poderá representar, enfim, no quadrimestre, a inversão do sinal: sai a queda e entra o crescimento. Ou, no mínimo, o equilíbrio.

O setor automotivo entrou em 2017 apostando que o pior já teria ficado para traz e que este ano marcaria o inicio da retomada. A Anfavea, em particular, projetava 4% de crescimentos nas vendas e 11,9% na produção, neste caso com alguma ajuda das exportações, que também cresceriam.

Neste contexto, a queda verificada no início do ano não apenas frustrou as expectativas como, mais grave, trouxe de volta o temor de que, tal como o constatado nos dois anos anteriores, haveria, ainda, mais um inesperado porão escondido no fundo do poço.

Os magros resultados de janeiro e fevereiro, sobretudo na área específica de veículos comerciais, reforçaram ainda mais tais temores.

Em contrapartida, os bons números de março, ainda que inflados por fatores outros, trouxeram de volta um certo alento. E é neste ponto que um eventual bom resultado em abril, sobretudo se for capaz de fazer sair a queda e entrar o crescimento no resultado final do quadrimestre, ganha muita importância. Quase decisiva.

Nas montadoras, em particular, vale destacar, os executivos mapeiam continuamente hoje cada centímetro do terreno para tentar definir se já devem ou não começar a pisar com mais força no acelerador da produção.

A dúvida se justifica. De um lado há o risco de errar na dose e aumentar demasiadamente o estoque dos revendedores. Mas, de outro, há a certeza de que, depois de três anos seguidos de crise, a base do setor de autopeças está em frangalhos e, assim, no caso de uma retomada, quem sair atrasado vai ter muita dificuldade para conseguir todos os componentes dos quais vai necessitar para poder produzir.

GM encerra atividades na Venezuela

A General Motors anunciou o encerramento de suas operações na fábrica de Valencia, Venezuela, depois de o governo forçar a interrupção das suas atividades. Ocorreu também o confisco de veículos e outros ativos da empresa.

Segundo o El Pais a intervenção aconteceu depois que o Tribunal de Justiça venezuelano deu ganho de causa à concessionária Chevrolet de Maracaibo, que questionava a não renovação de seu contrato de concessão em 2000. A alegação da GM, na época, era que o desempenho da revenda era insuficiente para o mercado venezuelano.

O volume de recursos em litígio é equivalente a US$ 4 bilhões 760 milhões. A GM informara, em comunicado, que o valor a ser pago “excede toda a lógica e inviabiliza as atividades da companhia de forma permanente”. Para a empresa o embargo é “improcedente, absurdo, fora da lógica jurídica para o processo. A GMV está tomando todas as medidas legais ao seu alcance para proteger todos os direitos de seus trabalhadores e seus ativos”.

A notificação de confisco foi enviada pelo tribunal do Estado de Zulia. A fabricante também informou, de acordo com o El País, que outros ativos, como veículos, foram “retirados ilegalmente de suas instalações”. A GM informou ainda que essa intervenção causará danos “irreparáveis” à empresa e a seus 2 mil 678 funcionários, às 79 concessionárias e aos fornecedores.

A intervenção na fábrica da GM chega em um contexto de profunda crise econômica e institucional do país. Instituiu-se o Plano Zamora, que é uma operação militar, policial e civil com o intuito de impedir um suposto golpe de Estado.

Fundada na Venezuela em 1948 a GM é a fabricante de veículos mais antiga do país e foi líder de mercado por mais de 35 anos. Possui capacidade para a produção de 45 mil unidades/ano, mas desde 2015 já não produzia nenhum veículo. Lá eram feitos os modelos Aveo LT 4 portas, Aveo LT 3 portas, Cruze, Orlando e Série N.

De acordo com o site venezuelano Flash de Motor nos últimos anos, e por várias razões, Fiat, Renault, Hyundai, Mitsubishi e Fuso também encerraram suas atividades industriais no país.