A Marcopolo lançou nova linha de ônibus urbano pensada para diminuir o tempo de entrega ao transportador e a ociosidade da fábrica em Duque de Caxias, RJ. Este novo veículo, o Torino S – de Soluzione – está sendo feito em linha exclusiva na unidade Xerém, que recebeu atualizações em processos, tornando a operação mais enxuta e eficiente.
Paulo Corso, diretor de operações e comercial, disse que na unidade Marcopolo Rio são produzidos por dia sete ônibus, para uma capacidade diária de 32 veículos: “Estamos trabalhando com um nível de ociosidade alto e precisamos melhorar a utilização de nossas fábricas para mantermos a operação. Com o Torino S podemos chegar a dez unidades por dia.” A capacidade total da Marcopolo no Brasil é de 90 unidades por dia.
Em Duque de Caxias a Marcopolo concentra mais de 80% da produção de ônibus urbano da companhia e hoje a unidade opera com 700 funcionários: “Já chegamos a ter 2,2 mil empregados nessa fábrica e produzimos, nos tempos áureos, na sua capacidade máxima. Esperamos que com o novo produto possamos melhorar a utilização da fábrica a partir do ano que vem. Em 2017 o mercado de urbano não terá grandes surpresas”.
No ano passado foram comercializados cerca de seis mil ônibus urbanos, de acordo com a Marcopolo, e a companhia deteve 18% de participação. Historicamente, a empresa é responsável de 20% a 25% das vendas de urbanos: “Acredito que o mercado deverá ser estável este ano com relação a 2016. No início esperávamos um crescimento de 5%, mas o primeiro trimestre não foi muito bom. O ano não está perdido, mas não veremos aumento nas vendas”.
Corso afirmou, ainda, que o programa para financiamento de ônibus urbanos, o Refrota, deve finalmente sair do papel em alguns dias. Ele disse que governo, empresas e transportadoras fizeram ajustes no programa para torna-lo menos burocrático:
“Havia, por exemplo, uma exigência de um seguro total para o ônibus financiado. Isso é inviável e com as conversas mostramos à Caixa Econômica Federal que não era possível e o programa foi retirado. Agora falta pouco para os primeiros financiamentos serem aprovados”.
Os recursos do Refrota somam R$ 3 bilhões para o financiamento de até 100 mil ônibus urbanos: “Há três empresas habilitadas que aguardam o dinheiro. Há projetos e necessidade para que o mercado melhore, mas ainda somos muito dependentes de decisões políticas”. Ele acrescentou que há uma empresa de Londrina, PR, uma do Rio de Janeiro, RJ, e uma de Guarulhos, SP, esperando o dinheiro sair para renovar as frotas.
Modelo econômico – Corso afirmou que o Torino S tem um custo de operação até 10% menor que o modelo atual: “É um ônibus que foi adaptado às exigências dos clientes”. Segundo ele, com este modelo a Marcopolo deve recuperar participação de mercado no País: “Tivemos ajustes na produção, paradas mais longas e isso impactou os negócios. Agora, estamos mais enxutos e mais produtivos”.
Outra estratégia que fez a Marcopolo perder mercado foi o reajuste de preços no final do ano passado. Corso afirmou que, para garantir a viabilidade das unidades da companhia foi necessária a recomposição das margens: “Vínhamos há mais de três anos segurando os preços para não perder vendas, mas quando começou a comprometer os resultados foi impossível manter essa estratégia. Até a fábrica de Duque de Caxias, que era lucrativa começou a dar prejuízo”.
O executivo ressaltou que o mercado também seguirá o mesmo caminho: “E assim vamos recuperar o nosso espaço. O segundo e terceiro trimestre já sinalizam que serão melhores. Há encomendas já feitas”.