A popularidade dos veículos autônomos certamente gerará oportunidades de negócios que crescerão de US$ 800 bilhões em 2035 para US$ 7 trilhões em 2050, segundo pesquisa da Strategy Analytics divulgada pela Intel na segunda-feira, 12. O levantamento, Economia de Passageiros, explora o potencial econômico que surgirá com os veículos autônomos, quando os motoristas se tornarem passageiros.
As empresas devem começar a contemplar os veículos autônomos em suas estratégias a partir de agora, segundo afirmou Brian Krzanich, CEO da Intel, por comunicado: “Menos de uma década atrás ninguém considerava o potencial do mercado de aplicativos ou da economia de compartilhamento. Queremos despertar as pessoas para a quantidade de oportunidades que surgirão quando os carros autônomos se tornarem os dispositivos de geração de dados móveis mais poderosos que usamos e as pessoas trocarem a direção por outra ocupação durante o percurso”.
No momento a Intel mantém parceria com a BMW. Como resultado colocarão quarenta veículos autônomos nas ruas da Europa e dos Estados Unidos no segundo semestre. Por enquanto não há previsão do desembarque deste tipo de veículos no Brasil, que depende do desenvolvimento da tecnologia 5G. O que há no País é um caminhão autônomo da Volvo que trabalha em algumas atividades em lavoura de cana.
Para 2050 a projeção é que o uso comercial da mobilidade como serviço, MaaS, Mobility as a Service na sigla em inglês, deverá gerar US$ 3 trilhões em receitas, 43% do total da economia de passageiros. A receita esperada com o aumento do uso de novos aplicativos pelos consumidores é de US$ 200 bilhões.
Ganhos substanciais – De acordo com a pesquisa o tempo gasto pelos motoristas no trânsito também deverá diminuir, graças à presença de sensores espalhados pelas cidades. Por sua vez os motoristas economizarão mais de 250 milhões de horas de deslocamento por ano nas cidades mais congestionadas do mundo. Os carros autônomos serão mais seguros. A estimativa é a de que 585 mil vidas poderão ser salvas de 2035 a 2045. Os governos também reduzirão em até US$ 234 bilhões os custos relacionados a acidentes de trânsito.
São vários os tipos de serviços a ser gerados com essa nova forma de mobilidade. A conveniência prevê serviços sobre rodas como salões de beleza, aulas de idiomas, clínicas de saúde, serviços de hotelaria, vendas remotas. Já os produtores de conteúdo e mídia desenvolverão conteúdo personalizado para combinar com períodos curtos e longos de deslocamento. Publicitários de agências terão novas possibilidades para apresentar anúncios baseados na localização de veículos.
Experiência no Brasil – Um dos polos educacionais que investe em pesquisa e desenvolvimento de veículos autônomos é o ICMC, Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP, da Universidade de São Paulo, em São Carlos, SP. Em 2009 o instituto desenvolveu um veículo autônomo movido a eletricidade. Dois anos depois os pesquisadores utilizaram esta tecnologia em um Fiat Palio Adventure. Em 2015 o instituto firmou parceria público-privada com a Scania, para o desenvolvimento de um caminhão autônomo.
São muitas as vantagens do caminhão autônomo, segundo Fernando Osório, professor do ICMC e do LRM, Laboratório de Robótica Móvel: “Não haveria a parada para descanso do motorista, o que aumentaria a capacidade de transporte e a produtividade. A segurança é outro fator, pois os sensores dos veículos têm uma visão mais apurada do que o ser humano. Estes veículos, contudo, não gerarão desemprego, pois dependeriam da presença do motorista, assim como o piloto e o copiloto nos aviões”.
De acordo com ele foi um projeto pontual: “A Scania pediu uma solução de baixo custo. A empresa tinha muito interesse em continuar com o projeto, que foi interrompido por causa da crise econômica. Atualmente, continuamos com nossas pesquisas e estamos prospectando novas parcerias”.