Venda de veículos 1.0 cresce 40%…

As vendas dos veículos dotados de motores 1.0 aumentaram cerca de 40% de abril para maio, segundo dados da Anfavea, Associação Nacional dos Veículos Automotivos, divulgados na quarta-feira, 6. As vendas cresceram de 43 mil 324 unidades, em abril, para 60 mil 513, o que representa alta de 39,7%.

O aumento nas vendas fez crescer a participação dos carros 1.0 no mercado, que passou de 33,9% para 37,1%, avanço de 3,2 pontos porcentuais. O que é bastante expressivo, disse o presidente Antônio Megale:

“Os consumidores estão voltando sua atenção para os carros de menor preço. A queda da taxa de juros deve motivar a procura por linhas de crédito, que sempre foram importantes para o setor automotivo”.

Se, até dois anos atrás, os carros 1.0 abocanhavam até 80% das vendas de veículos novos hoje alcançam perto de 30%. Perderam a liderança para os hatches, que agregam mais itens de tecnologia e conforto com preço um patamar acima.

Percebendo a mudança no gosto do consumidor as montadoras passaram a investir na melhoria do desempenho do motor dos carros 1.0, como também em aparatos tecnológicos, de acordo com Ricardo Bacellar, diretor da área automotiva da KPMG:

“Todo consumidor raciocina em cima da relação custo e benefício. Um bom exemplo é Peugeot 208. A marca deu nova posição ao modelo, incluindo design diferenciado, preço acessível e itens tecnológicos”.

Os veículos 1.0 também perderam boa fatia de mercado para os seminovos. No momento da compra o consumidor optava por um carro usado em vez de um novo, pelo mesmo preço, privilegiando itens como conforto e tecnologia. Em 2016 foram vendidos 2 milhões de automóveis novos e 10 milhões de usados, o que corresponde, em média, a um novo para cinco usados.

Com a queda da taxa da inflação a diferença de preços de novos para usados tende a diminuir, o que poderá inverter esse quadro, segundo o consultor automotivo Valdner Papa: “Está ocorrendo uma readequação nos preços dos carros 1.0, o que motiva o aumento das suas vendas”.

Grupo VW terá novo presidente

Bastidores das vidas das grandes companhias sempre são notícia, e agora é a vez do Grupo Volkswagen, já cercado de encrencas e de investigações: o jornalista Sergio Piccione, escrevendo para o espanhol El Mundo, fez análise sobre o que está pretendendo o poderoso conglomerado alemão: “A correria pela presidência executiva do Grupo Volswagen começou depois de se saber que a maioria dos integrantes do seu Conselho Executivo estaria disposta a não terminar os seus contratos atuais”.

Mais: “Ainda não há razões para este acordo, e tudo parece indicar que seria uma forma de ficar a salvo das responsabilidades no escândalo Dieselgate”.

Se esses rumores se confirmarem as possibilidades de Rupert Stadler, atual presidente da Audi, ser o novo presidente do grupo poderiam vir abaixo. Stadler, executivo de perfil financeiro que passou pela Vaesa, a filial espanhola distribuidora da Audi, Volkswagen e Skoda, chegou à presidência da Audi como sucessor de Martin Winterkorn, o presidente do grupo que viu o Dieselgate estourar nas suas mãos.

Sua gestão tem sido impecável, ampliando a gama e as vendas para tornar a Audi a marca mais rentável do grupo. O problema é que nos últimos tempos algumas investigações, nos Estados Unidos e na Alemanha, atribuíram-lhe responsabilidade sobre publicidade enganosa a respeito dos modelos equipados com motores a diesel. Stadler renovou, no mês passado, seu contrato até o fim de 2022, o que não implica que tenha que permanecer em sua atual posição e nem que possa abandonar a companhia se este for o seu desejo.

Nesta situação voltou a despontar a figura de Herbert Diess, o atual presidente da Volkswagen. Diess chegou ao grupo vindo da BMW tendo passado, também, pela Robert Bosch, onde dedicou boa parte de seu tempo como diretor da fábrica de Treto, Espanha.

Na BMW ocupou posto no conselho de administração e, em sua última passagem, era responsável por pesquisa e desenvolvimento. Eram os tempos em que a presidência executiva era exercida por Norbert Reithofer, que logo a deixou. Surgiram vários nomes para substituí-lo e um deles foi o de Diess – mas elegeram Harald Krüger, e Diess decidiu aceitar a oferta da Volkswagen.

Presidente da Audi, quer discutir ética para carros autônomos

Em meio à onda de desenvolvimento de veículos autônomos e fusões e aquisições sendo feitas em função disso, a Audi, uma das fabricantes que correm atrás do desenvolvimento do seu modelo sem motorista, chama a atenção do setor para um debate que vai além da tecnologia: questões éticas e legais que envolvem a condução autônoma, informou comunicado distribuído na quarta-feira, 7.

Durante congresso da ONU, Organização das Nações Unidas, sobre o uso da inteligência artificial, Rupert Stadler, presidente da Audi, disse que a condução autônoma apresenta uma oportunidade para melhorar significativamente a vida, e fez uma advertência sobre as expectativas em torno do tema.

Em outras palavras ele questionou como deve se comportar um veículo autônomo diante de uma situação inevitável de perigo:

“Em situações em que um acidente é inevitável esperamos uma decisão do carro autônomo. Mas uma situação de dilema não pode ser resolvida nem pelo homem nem por uma máquina. Portanto, ao lado de questões legais, as questões éticas sobre o uso da nova tecnologia também precisam ser discutidas”.

Nos últimos dois anos a Audi construiu rede interdisciplinar beyond, formada por especialistas em inteligência artificial reconhecidos internacionalmente nos campos de ciência e dos negócios. A iniciativa estuda os efeitos sociais da inteligência artificial aplicada ao automóvel e ao mundo do trabalho. Filósofos, psicólogos, juristas, cientistas da computação e empreendedores de start-ups participaram dos primeiros eventos.

O segundo ponto da iniciativa da Audi está focado no futuro do trabalho nesse novo contexto. Sobre isso o executivo disse que a indústria precisa compreender como a inteligência artificial está mudando os mecanismos básicos do mercado de trabalho e também com projetos nas empresas: “Nosso objetivo é uma colaboração perfeita dos humanos com as máquinas. A ideia de montagem modular sem uma linha de produção é um exemplo de como poderia se dar essa interação em uma fábrica inteligente”.

Agronegócio empurra o PIB e as máquinas agrícolas

A safra recorde de 232 milhões de toneladas contribuiu decisivamente não apenas para a leve elevação do PIB do País. Pois o desempenho do agronegócio também foi a principal razão para a recuperação da produção e da venda de máquinas agrícolas e rodoviárias, segundo a Anfavea.

Para o presidente Antônio Megale, da Anfavea, este ano a curva da indústria está sendo positiva. E a tendência é que seja assim até o fim do ano: “Pois está mantida a previsibilidade e as condições de financiamento tão importantes para esse setor”.

De janeiro a maio foram negociadas 17,3 mil unidades, incremento de 28,7% com relação a igual período de 2016. Este desempenho, no entanto, ainda está longe da média histórica do segmento, que é de 23,1 mil unidades negociadas para os primeiro cinco meses do ano.

“Ainda não voltamos à média, mas a curva ascendente já é uma grande notícia.”

Considerando apenas maio as 4,1 mil unidades de máquinas agrícolas e rodoviárias negociadas representaram aumento de 16,4% com relação a maio do ano passado e de 17,6% sobre abril:

“Este desempenho está vinculado aos financiamentos disponíveis para o setor. Pela primeira vez não tivemos interrupções na oferta de empréstimos, política que foi coordenada pelo Ministério da Agricultura, que compreendeu as necessidades dos produtores”.

Toda a cadeia foi beneficiada pela previsibilidade dos negócios agrícolas, afirmou o presidente da Anfavea. A produção deu salto de 52,2% nos cinco meses de 2017 sobre igual período do ano passado. Foram produzidas 24,1 mil unidades. Na comparação com maio de 2016 houve crescimento de 39,5% na produção.

A tendência a partir de agora é de continuidade, de acordo com Megale. A Agrishow, maior feira agropecuária do País é uma das razões para o otimismo: “Os negócios de máquinas agrícolas realizados na feira foram os melhores dos últimos quatro anos”.
Esses pedidos continuarão a dar impulso à cadeia nos próximos meses.

Megale tem esperanças no Plano Safra 2017/2018, que será anunciado na quarta-feira, 7: poderá gerar, para o setor, um ritmo de aquisições que corresponda à superação da superssafra, que acabou de ser colhida: “Temos a confiança de que as condições financeiras para o agronegócio sejam mantidas no ano que vem”.

Vendas: do pântano para o pequeno jardim.

A indústria automotiva começa a vivenciar tempos um pouco melhores nas vendas de veículos: no acumulado de janeiro a maio foram comercializadas 824 mil 490 unidades, alta de 1,6% no comparativo com o mesmo período de 2016 – o melhor resultado para um acumulado do ano desde o primeiro bimestre de 2014. Os dados foram divulgados na terça-feira, 6, pela Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.

Antônio Megale, presidente da Anfavea, afirmou que o desempenho está dentro das expectativas da entidade, que estimava estabilidade nas vendas no primeiro semestre: “Ainda é um crescimento modesto, mas em linha com que imaginávamos. Apesar da instabilidade política esperamos que a economia do País não seja contaminada e continue melhorando”.

No mês passado os licenciamentos, independente da nova crise política instaurada no governo, cresceram 16,8% no comparativo com o mesmo mês de 2016, passando de 167,5 mil para 195,6 mil unidades. A média diária de vendas foi de 888,9 veículos ante 871,6 de abril e 797,6 de maio do ano passado.

Para Megale os licenciamentos devem se manter em crescimento a partir de agora, pois já está chegando na ponta do consumo a redução dos juros e isso torna viável o financiamento: “Começamos a sentir a queda da Selic, ainda em pouca intensidade. Mas já há sinais positivos de diminuição dos juros. A questão do financiamento é fundamental nos emplacamentos”.

O dirigente ressaltou, no entanto, que a aprovação das reformas trabalhista e da previdência social deve ocorrer o mais rápido possível: “Mesmo com essa incerteza política o que dizemos é que as reformas têm de ser aprovadas. São medidas fundamentais para a estabilidade econômica do País. Independente de quem esteja na presidência”.

Produção cresce com foco nas vendas do segundo semestre

A produção de veículos continua acelerada: de janeiro a maio saíram das linhas de montagem 1 milhão 37 unidades, volume 23,4% maior que o de mesmo período no ano anterior. Em maio foram 237, 1 mil veículos, alta de 33,8% com relação a maio de 2016. Os dados foram divulgados na terça-feira, 6, pela Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos.

O presidente Antônio Megale disse que o volume produzido de janeiro a maio ainda está abaixo da média dos últimos dez anos, de 1 milhão 246 mil unidades. Mas, segundo ele, com esse ritmo mensal as fabricantes devem superar a meta de 11,9% de crescimento para este ano:

“A produção mensal acima de 200 mil unidades significa volume interessante. Estamos nos preparando para o segundo semestre que, historicamente, é melhor em vendas e em exportação”.

No fim do mês passado os estoques de veículos juntavam 214,4 mil unidades, sendo 140,9 mil nas concessionárias e 73,5 mil nos pátios das fabricantes. Esse volume corresponde a 33 dias de vendas. Isso significa, segundo Megale, que tudo o que foi produzido no mês passado foi vendido.

Apesar do cenário positivo o presidente da Anfavea observou que a entidade está atenta ao quadro político e que aguarda as definições: “Estamos em compasso de espera. Esperamos que tudo se resolva rapidamente para que o País retorne ao nível útil de estabilidade. Precisamos de um mínimo de previsibilidade para avançarmos nas vendas e na produção”.

Emprego – Megale lembrou que, mesmo com a melhora no ritmo de produção, o nível de ociosidade ainda é alto. No segmento de automóveis e comerciais leves gira em torno de 50% e em veículos comerciais esse porcentual salta para 80%.

Isso, segundo Megale, causa estabilidade no nível de emprego. No mês passado a mão-de-obra empregada pelas montadoras somava 121,4 mil funcionários, com leve crescimento de 0,4% com relação a abril. Desse total em torno de 10,3 mil empregados estão em algum programa de flexibilização da produção. “Pelo menos não caímos. Não estamos contratando porque usamos a capacidade ainda ociosa das nossas fábricas”.

Exportações recordes em maio

Maio foi o melhor mês de exportação da história do setor automotivo com relação ao volume de unidades embarcadas: atingiu 73 mil 426 unidades, englobando veículos, caminhões e ônibus – o que representa aumento de 51,1% com relação a maio de 2016. A alta nas remessas impulsionou o crescimento das exportações no período de janeiro a maio, quando foram embarcadas 307,6 mil unidades – seu o melhor acumulado histórico.

Com relação a valor maio foi o segundo melhor mês da história, somando US$ 1 bilhão 470 milhões, atrás de outubro de 2011, que alcançou US$ 1 bilhão 482 milhões. De janeiro a maio as exportações somaram R$ 6 bilhões 40 milhões, aumento de 52,7% em comparação com o mesmo período do ano passado, que foi de R$ 3 bilhões 960 milhões. Este é o segundo maior valor da história, atrás apenas do mesmo período de 2013, que alcançou US$ 6 bilhões 394 milhões.

O crescimento das exportações superou as expectativas da indústria automotiva, de acordo com Antônio Megale, presidente da Anfavea.

“Superaremos a expectativa de 558 mil unidades exportadas que tínhamos para este ano. Podemos ainda ultrapassar o patamar das 700 mil unidades exportadas de 2005, que foi o melhor ano para exportações. Estamos a caminho para o recorde de exportações de veículos”.

Vários fatores, porém, podem interferir nesta estimativa, como a variação cambial, a crise política e o fechamento de acordo comercial com a Colômbia, que depende apenas da assinatura de autoridade daquele país.

Segundo Megale os países latino-americanos vivem um bom momento econômico, com aumento do PIB, Produto Interno Bruto, o que contribui para o aumento das exportações. A Argentina continua sendo o principal parceiro comercial: tem diminuído em termos porcentuais mas aumentado no volume.

Com foco – Com a alta taxa de ociosidade nas fábricas, que chega a 50% nas montadoras de automóveis e comerciais leves e a cerca de 80% nas de caminhões e ônibus, as empresas estão mirando nas exportações para aumentar a sua competitividade, segundo Antônio Jorge Martins, coordenador dos cursos da cadeia automotiva da FGV, Fundação Getúlio Vargas:

“Quando o mercado interno estava em alta as empresas abandonaram as exportações. Hoje elas não têm outra alternativa a não ser retomá-las, uma estratégia que demanda certo tempo. As empresas aprenderam que o mercado externo serve como suporte para a produção. A BMW, dona de fábrica novíssima, por exemplo, exportou para o mercado dos Estados Unidos”.

Todos os segmentos de veículos aumentaram suas exportações em maio de 2017 no comparativo com o mesmo mês do ano anterior – foram 70 mil 187 automóveis e comerciais leves, aumento de 52,2% na comparação. As de caminhões alcançaram 2 mil 377 unidades, alta de 28% ante o mesmo período de 2016. Quanto aos ônibus foram embarcados 862 unidades, alta de 35,7%.

As exportações de máquinas agrícolas cresceram 72,7%, chegando a 1 mil 321 unidades.

Só PIB 3% maior gera retomada nos negócios de caminhões

Os licenciamentos de maio no segmento de caminhões já mostram uma leve melhora no cenário. Segundo dados da Anfavea, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, de janeiro a maio o volume comercializado foi de 17 mil 239 unidades, 19,4% a menos do que no mesmo período do ano passado. O ritmo de queda, no entanto, vem diminuindo. No primeiro bimestre o recuo no acumulado foi de 32,8%, e no comparativo com maio de 2016 as vendas ficaram praticamente estáveis no mês passado, com leve alta de 0,7%, chegando a 4 mil 105 caminhões.

Para o presidente Antônio Megale, da Anfavea, o retrato que se pode extrair dos dados apresentados na terça-feira, 6, é o de um setor que se mantém estável e em busca de oportunidades de negócios em áreas onde há investimento. Para voltar a crescer no mesmo nível de 2015, quando a média mensal de licenciamentos esteve acima das 5 mil unidades, entretanto, será preciso um crescimento do PIB, o Produto Interno Bruto, de 2,5% a 3%:

“O País como um todo está retomando a confiança a partir da melhora do cenário econômico, que é positivo para o setor. Mas ainda muito pouco para que seja refletido em negócios específicos na área de caminhões”.

Segundo projeções do relatório de mercado Focus, divulgado esta semana, o PIB brasileiro alcançará o crescimento esperado pelo segmento de caminhões em 2018. Economistas do mercado financeiro, cujas projeções compõem o documento, esperam que as riquezas produzidas tenham elevação de 2,40% no ano que vem. A agência de classificação de risco Fitch, por sua vez, estima que a economia brasileira cresça 2,5% em 2018, apesar dos riscos de desemprego elevado e de incertezas políticas e fiscais.

Fatores como a taxa de juros baixa e queda na inflação são apontados pela Anfavea como significativos para que os investimentos sejam redirecionados para a compra de caminhões novos. Outro motivador que decide a compra de veículos pesados são as linhas de crédito. Megale considerou que a manutenção dos empréstimos do BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, para a compra de caminhões e equipamentos agrícolas denota que a confiança está sendo retomada em função de um cenário financeiro favorável à tomada de empréstimos.

Na semana passada o BNDES aprovou R$ 6,7 bilhões para a Finame de janeiro a abril. Esse valor representa aumento de 38% com relação ao mesmo período do ano passado. Desse total as aprovações para a compra de caminhões, ônibus e máquinas agrícolas somaram R$ 4,4 bilhões no quadrimestre. A aprovação é a última etapa antes do desembolso dos recursos, que deverá acontecer no segundo semestre.

No segmento de ônibus os licenciamentos em maio também se mantiveram estáveis com relação ao mesmo mês de 2016. Foram 1 mil 67 unidades, o que significou pequena alta de 0,2%. No acumulado do ano o cenário ainda é de queda: foram 3 mil 643 unidades, 22,5% a menos do que no mesmo período do ano passado.

Hora para profissionais de TI nas montadoras

O desenvolvimento de veículos conectados e a manufatura avançada demandarão, da indústria automobilística, investimentos da ordem de US$ 80 bilhões em tecnologia até 2020. Hoje, essa cifra está em US$ 15 bilhões, segundo pesquisa divulgada na segunda-feira, 5, pela consultoria Frost & Sullivan. Neste contexto, que denota o embarque definitivo do setor rumo ao ambiente digital, o cargo de diretor de tecnologia, ou CIO, na sigla em inglês, ganhará poder de decisão onde, antes, não havia espaço para sua função.

Segundo Yeswant Abhimanyu, gerente de pesquisa de mobilidade urbana da Frost, a indústria automotiva está debruçada em projetos que não envolvem apenas produtos mais modernos, mas também projetos que têm como foco ela mesma. Em um universo onde será possível conectar linhas de produção à internet e carros que enviam informações sobre manutenção às concessionárias, por exemplo, as fabricantes deverão estar preparadas para armazenar e, principalmente, administrar um volume de dados ao qual não estão acostumadas:

“Diria até que muitas sequer estão preparadas para enfrentar este cenário que se aproxima cada vez mais. Um ponto de partida interessante é trazer para junto de si o diretor de tecnologia. Esta função pode ajudar as empresas a tomarem decisões em um ambiente desconhecido por aqueles que hoje estão à frente das decisões corporativas”.

Ele disse, ainda, que os especialistas em tecnologia da informação dentro das fabricantes passaram anos desempenhando um papel de manutenção na infraestrutura das empresas, como compra de equipamento, reparos e instalação de sistemas. No futuro, aponta o analista, será necessário um profissional que faça parte do negócio, ou seja, terão participação ativa nas decisões que envolvam planejamento estratégico:

“A figura do CIO ganhará importância porque sua especialidade, hoje, tem sinergia com o caminho tomado pela indústria, que é o da convergência digital. Serão criados departamentos onde não há, e os que já existem receberão orçamento como acontece em áreas mais tradicionais, como engenharia e finanças”.

A inserção deste novo cargo é feita gradativamente nas fabricantes de todo o mundo, com maior intensidade em fábricas na Europa e nos Estados Unidos por causa das fusões e aquisições de empresas de tecnologia pelas principais empresas do setor automotivo. No Brasil, disse Dorival Alcalde, da consultoria Advance, a estrutura organizacional das fábricas mais recentes já conta com a figura do diretor de tecnologia, e outras estudam contratações no mercado ou investimento em treinamentos nas matrizes onde existe a figura do CIO:

“As fabricantes que estão no Brasil há mais tempo estão enviando profissionais com formação em tecnologia para que passem por treinamentos nas matrizes. É uma forma de acelerar o processo de capacitação, porque este profissional precisa se especializar em negócios atrelados à sua especialidade técnica”.

No País a FCA informou já contar com um CIO em seu quadro de funcionários, André Souza. Na Volkswagen o CIO da matriz, Martin Hofmann, é o responsável pela área de TI de todo o grupo. No segmento de caminhões a MAN informou que a área está ligada ao departamento de finanças, dirigido por Paulo Barbosa. E a BMW informou não ter CIO em seu quadro de executivos.

Competitividade: País é melhor do que Mongólia e Venezuela. Serve?

O Brasil é um dos países menos competitivos do mundo, indica o índice de competitividade mundial, versão 2017, divulgado pelo IMD, International Institute for Management Development, e pela Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte, MG. Do total de 63 países o Brasil ocupa a 61ª posição, na frente de Mongólia e Venezuela.

A metodologia da pesquisa combina dados estatísticos como PIB, inflação e taxa de juros e entrevistas realizadas com centenas de executivos no Brasil, de janeiro a abril. A pesquisa inclui quatro fatores principais de competitividade: desempenho econômico, eficiência de governo, eficiência empresarial e infraestrutura.

A cada ano o Brasil vem perdendo competitividade no cenário mundial. Após atingir sua melhor posição em 2010, o 38º lugar, o País caiu 23 posições. O fato positivo nessa pesquisa é que as empresas brasileiras estão mais competitivas quando se compara o desempenho delas no ano anterior. Em 2017 o Brasil obteve 55 mil 829 pontos no índice agregado de competitividade, que mede esse desempenho, aumento de 4 mil 153 pontos com relação a 2016.

Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral e coordenador do estudo, disse que nem mesmo os investimentos das companhias para driblar a falta de competitividade do País foram capazes de impedir a queda do Brasil no ranking:

“O relatório permite avaliar os avanços e os retrocessos de cada país. Há um ditado que diz que o importante não é nadar mais rápido do que o tubarão, e sim nadar mais rápido do que os outros nadadores. E, neste caso, o Brasil está ficando para trás”.

Para Ricardo Bastos, diretor de relações públicas e institucionais da Toyota do Brasil, o Inovar-Auto ajudou as empresas fabricantes de veículos a adotar práticas de gestão para driblar essa falta de competitividade do Brasil. Segundo ele a obrigatoriedade de aumentar os investimentos em P&D é um exemplo disso:

“A Toyota, por exemplo, inaugurou seu primeiro laboratório na América Latina. Com isso ganhamos em competitividade, pois não precisamos validar materiais ou componentes no laboratório do Japão. Isso gerou mais agilidade nas decisões”.
Bastos, que também é vice-presidente da Anfavea, afirmou que nas discussões para a nova política industrial, o Rota 2030, empresas e governo estudam diminuir a carga tributária que incide sobre veículos produzidos por aqui – hoje, coisa de 37% a 40% em impostos sobre o preço final:

“Há muito imposto cobrado em cascata. O que estamos analisando é a possibilidade da cobrança dos tributos no fim da cadeia, acabando com a re-tributação. Se for adotado será um grande ganho de competitividade para as fabricantes, principalmente na exportação”.

O executivo acrescentou que a meta da Toyota é aumentar em 20% as exportações este ano, chegando a 49,5 mil unidades embarcadas. Até maio suas vendas externas alcançaram 20 mil 869 veículos:“Já fechamos contratos com Costa Rica e Guatemala. E a expectativa é exportamos para Chile, Colômbia e Peru”.

No caso do Chile Bastos ressaltou que a operação brasileira poderá concorrer com unidades do Japão para fornecer o Corola, “mas as exportações do Etios deverão sair daqui”.

Na Mercedes-Benz a parceria com seus fornecedores tem ajudado a driblar o custo Brasil e a ganhar competitividade, principalmente nas exportações. A companhia exporta para América Latina, África e Oriente Médio. De 2014 até o ano passado os seus embarques saltaram de 3 mil 613 caminhões para 6 mil 382.

Luiz Carlos Moraes, diretor de comunicação corporativa e relações institucionais, disse que um exemplo da parceria com os fornecedores é o caminhão leve Accelo: “Ele foi totalmente desenvolvido no Brasil e complementa o portfólio de caminhões para atender a mercados que têm características de transporte similares às do Brasil”.

As vendas do Accelo para países da África e Oriente Médio só aumentam. Se em 2015 foram vendidas quatro unidades em 2016 as vendas aumentaram para 146. Este ano a expectativa é de mais de 425 unidades exportadas.