Novo Polo chega no segundo semestre

A sexta geração do Polo foi apresentada pela Volkswagen em evento mundial realizado em Berlim, Alemanha, na sexta-feira, 16 de junho. O lançamento comprova a aposta da empresa no carro que é um dos maiores sucessos no segmento de veículos compactos premium. Incluindo todas as suas diferentes versões o Polo já vendeu mais de 16 milhões de unidades pelo mundo.

O carro deve ser apresentado no Brasil no segundo semestre.

Segundo a VW a nova versão tem maior espaço interno, motor mais eficiente e alguns dispositivos autônomos. A proposta é ampliar a tecnologia no segmento de compactos premium, de acordo com Herbert Diess, seu presidente do conselho administrativo da divisão de carros de passageiros:

“O Polo é um carro jovem, inovador, que combina com tecnologia. Nenhum outro carro oferece tanto espaço na sua categoria. Isso faz dele o compacto número 1 que permanecerá número 1”.

Em nota a companhia informou que o novo design confere um ar mais esportivo do que seu antecessor e um significativo aumento de tamanho no porta-malas, que passou de 280 para 351 litros. O modelo é mais tecnológico e dispõe de itens como frenagem automática, monitoramento de pontos cegos, assistente de estacionamento e condução semi-autônoma.

Há opções de catorze cores e doze tipos de rodas, algumas pintadas em tons contrastantes. Outras opções de personalização incluem faixas LED, sistema de ar condicionado com sensores de umidade e luminosidade, opções de wireless para smartphones e grandes tetos solares panorâmicos. O novo modelo custará a partir de € 12 mil 975 na Alemanha, cerca de R$ 48 mil, pela cotação direta em vigor na segunda-feira, 19.

Aliança Renault-Nissan na diateira?

Há dois anos, Carlos Ghosn, CEO da Aliança Renault –Nissan, disse que seria uma das três principais montadoras até 2018. Essa previsão se tornou realidade um ano mais cedo, em grande parte devido à compra da Mitsubishi em 2016. Agora, Ghosn acredita que a aliança poderá em breve passar o Grupo Volkswagen e a Toyota e se tornar a líder de mercado no mundo.

“Estamos entre os três maiores fabricantes de automóveis desde janeiro no volume de vendas, e esperamos estar no primeiro lugar até o segundo semestre, embora esse não fosse nosso objetivo”, disse Ghosn aos accionistas na reunião anual da Renault na semana passada. As informações são da Automotive News. De acordo com a empresa de pesquisa de mercado JATO Dynamics, a VW Group vendeu 3 milhões 320 mil de veículos, Toyota 3 milhões 6 mil e Renault-Nissan 3 milhões 2 mil.

Felipe Munoz, analista automotivo da JATO, disse que não tem certeza se a aliança Renault-Nissan poderia subir para o topo do mercado este ano. No entanto, ele classifica a Renault-Nissan à frente do VW Group e da Toyota em termos de crescimento futuro, dada a força da empresa em SUVs e veículos elétricos, e enorme potencial na China e em outros mercados emergentes: “Renault-Nissan está apontando na direção certa de muitas maneiras. Eles estão gerenciando suas marcas muito bem. Onde a Renault é fraca, a Nissan é forte e vice-versa”.

Crescimento mais rápido – O sucesso de Ghosn foi mais do que a questão de adicionar puramente a Mitsubishi Motors, que vendeu cerca de 934 mil veículos em 2016, para a aliança depois que a Nissan assumiu uma participação de controle no final do ano passado. Até abril, as vendas globais da aliança aumentaram 8% no comparativo com o mesmo período do ano passado, enquanto a Toyota subiu 6% e o Grupo VW viu suas vendas caírem 1%.

Segundo dados da JATO, a Nissan cresceu em 7% suas vendas no período, Renault 10%, Mitsubishi 5% e Dacia 7%. A marca mais vendida da Rússia, a Lada, que agora está integralmente consolidada no balanço da Renault, aumentou 8 %, pois o mercado russo mostra sinais de recuperação. A marca premium da Nissan, a Infiniti, cresceu 24% e a marca sul-coreana da Renault, Samsung, aumentou 38%. O Datsun da Nissan, a menor da aliança, apresentou queda em abril de 2%.

Os modelos SUVs têm apresentado um crescimento mais rápido nos últimos anos, e a aliança tem a maior participação neste segmento no mercado global. O Nissan X Trail é o SUV mais vendido do mundo, e, segundo Munoz, veículos como Dacia Duster e Renault Kwid atraem mercados emergentes na Índia, no Brasil e no Oriente Médio: “SUVs estão gerando crescimento global, e eles são muito fortes nesse segmento”.

Renault acelera para atingir meta do Inovar-Auto

O novo Captur pode ajudar a Renault a cumprir a meta de eficiência energética do Inovar – Auto. Em 2012, ela se comprometeu a reduzir em 12% a emissão de poluentes em seus carros para ter o desconto de 30 pontos porcentuais sobre o IPI, Imposto sobre Produtos Industrializados. Para se adequar e não pagar multa milionária ao final deste ano, ela represou as vendas do Captur 2.0 que é considerado “gastão”. Agora, com a chegada do modelo 1.6 equipado com câmbio CVT, ela espera chegar à cota de emissões estabelecida. O compacto Kwid, que deve ser apresentado em agosto, também é visto como um meio para se alcançar os níveis acordados. Até hoje, três montadoras já se enquadraram e reduziram suas metas de eficiência: Audi, Ford e Nissan.

Federico Goyret, seu diretor de marketing, disse que a nova caixa de câmbio proporciona uma redução de 20% nas emissões de poluentes. Segundo ele, a transmissão contínua das marchas, característica do CVT, diminui o consumo do combustível: “O câmbio foi desenvolvido para melhorar a eficiência do motor e tem reflexo nas emissões. Isso nos ajuda a obter uma gama de veículos que atendam aos requisitos do Inovar-Auto”.

Desde que foi lançado, o Captur teve suas vendas controladas pela Renault para que a empresa atingisse a meta do Inovar- Auto. Alejandro Botero, vice-presidente comercial recém-chegado ao Brasil, disse que a nova versão vai permitir que a empresa tenha mais margem manobra em sua estratégia comercial: “Existem outros fatores que determinaram a configuração do Captur com câmbio CVT, mas com certeza economia de combustível é algo que nos deixa com mais espaço para vender o carro no País”.

O Brasil é o único país onde essa versão do Captur está disponível. O Captur europeu, montado em outras plataformas, possui outro tipo de caixa de transmissão. Goyret, da área de marketing, apontou também as preferências do cliente brasileiro como outro fator que determinou a aplicação do CVT apenas no Captur nacional: “As características do terreno e do tráfego brasileiro, e o perfil dos clientes, também nos ajudaram a tomar esta decisão”.

A caixa de câmbio que equipa o Captur brasileiro é importada do Japão e produzi-la aqui, pelo menos por enquanto, é algo que não está no horizonte da empresa. Seu desenvolvimento foi capitaneado por engenheiros da Nissan, empresa com quem a Renault mantém uma aliança comercial e de compartilhamento de tecnologias. Algumas etapas da sua construção e adaptação ao mercado nacional contaram com os trabalhos da unidade de powertrain da fábrica de São José dos Pinhais, PR. A expectativa é grande em torno do câmbio que em breve deverá ser parte integrante dos outros modelos produzidos por aqui, como o Duster, o Logan e o Sandero.

Com Kicks, Nissan abre segundo turno em Resende

A Nissan entrou na reta final para a contratação de 600 funcionários para a abertura do segundo turno de trabalho na fábrica de Resende, RJ. Os novos empregados serão alocados na produção do Nissan Kicks, crossover lançado no Brasil no ano passado e que, desde abril, passou a ser fabricado por aqui, junto com o March e o Versa.

Segundo comunicado da Nissan, as contratações, que fazem parte de um plano de investimentos de R$ 750 milhões, estão sendo feitas de forma gradativa, para que toda a equipe possa ser treinada. Com os novos empregados a folha de pagamento contará com 2,4 mil funcionários.

A sua estratégia é expandir a comercialização dos modelos fabricados em Resende e exportados para outros países da América Latina. Até o momento, Argentina, Chile, Bolívia, Costa Rica, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai já recebem o March e o Versa. Agora, com o início da produção local do Kicks, a perspectiva é iniciar também a sua exportação ainda neste ano.
Inaugurada há três anos, com investimentos totais de R$ 2,6 bilhões, a fábrica já produz os motores 1.0 12V de 3 cilindros e o 1.6 16V de 4 cilindros.

Nissan Kicks – Agora fabricado no Brasil, o Kicks é um dos primeiros a integrar o conceito de “Mobilidade Inteligente” da Nissan, resultado de avançados processos de engenharia e manufatura e inclusão de itens tecnológicos que proporcionam o equilíbrio do desempenho e economia de combustível.

O modelo é equipado com o câmbio Xtronic CVT, tem peso menor em comparação com seus concorrentes e com de design aerodinâmico que aumenta a eficiência. O carro também tem câmera de visão 360°, o detector de objetos em movimento, controle dinâmico do chassi, controle dinâmico em curvas, estabilizador ativo de carroceria e controle dinâmico de freio motor.

Dividir para conquistar

Na busca por formas alternativas de mobilidade, o compartilhamento de carros ou car sharing começa a ganhar espaço no Brasil, a exemplo do que já ocorre na Europa e nos Estados Unidos. Várias iniciativas estão surgindo por aqui. No ano passado, Fortaleza, CE, ganhou o VAMO, Veículos Alternativos para Mobilidade e a General Motors iniciou o serviço Maven em sua fábrica em São Caetano do Sul, SP. Agora, chegou a vez de São Paulo ter um serviço de compartilhamento de carro.

O Urbano LDSharing será lançado em São Paulo no dia 9 de julho pela locadora de veículos de luxo LDS Group, com investimento de R$ 6 milhões. O projeto é feito em parceria com a empresa de tecnologia Vulog, que atua na França, Espanha, Dinamarca e Canadá.

Ao todo serão 60 veículos, sendo quinze elétricos BMW i3 e 45 Smart Fortwo, da Mercedes-Benz. Para utilizar os veículos, o usuário precisa baixar o aplicativo Urbano, realizar um cadastro e aguardar a aprovação. Também pelo aplicativo é possível localizar, reservar e retirar o veículo da estação. Ao fazer a reserva, o cliente pode ver o estado de carga da bateria, por exemplo.

Os carros estarão espalhados por cerca de quarenta pontos pela cidade, as home zones, que, num primeiro momento, ficarão restritas a bairros nobres de São Paulo como Jardim Europa, Vila Olímpia, Vila Nova Conceição, Itaim Bibi, e depois Moema e a região da avenida Luiz Carlos Berrini, um dos centros econômicos paulistanos.

A taxa inicial é de R$ 29 por utilização de 20 minutos. Após esse período, o minuto custo R$ 1,20 na primeira hora, R$ 1,10 na segunda e assim sucessivamente até chegar a R$ 0,60. Já o pacote mensal sai por R$ 89 com direito a 74 minutos de uso fracionados.

Leonardo Domingos, CEO da LDS Group, disse que a ideia principal do compartilhamento de carros é facilitar a mobilidade urbana, oferecendo a possibilidade de deslocamentos rápidos por trajetos curtos: “A cada carro compartilhado, temos uma diminuição de quinze carros nas ruas. Os elétricos não emitem CO2, o que significa que há redução de emissão de dióxido de carbono”. Segundo ele, a prefeitura de São Paulo está disposta a apoiar o projeto, cedendo vagas de estacionamento exclusivas para veículos compartilhados.

Já em Fortaleza, o programa VAMO já foi concebido em parceria a Prefeitura Municipal de Fortaleza. O patrocinador do projeto é o Hapvida Saúde e a empresa de tecnologia Serttel é a responsável pela operação e manutenção. A Hapvida, maior operadora de saúde das regiões Norte e Nordeste, investiu mais de R$ 7 milhões no projeto.

O VAMO conta com hoje com vinte carros elétricos distribuídos em doze estações de compartilhamento. São dois modelos da BYD: o Zhidou, que comporta duas pessoas, e o BYD, com espaço para até cinco pessoas. O VAMO conta com 2 mil 532 usuários cadastrados, de acordo com Simone Varella, diretora de comunicação e marketing do Hapvida Saúde. A maioria, cerca de 40%, está na faixa etária dos 21 aos 30 anos:

“Em setembro de 2016, o sistema teve 92 viagens. Hoje, são mais de três mil viagens por mês, o que mostra o aumento do interesse das pessoas por formas de mobilidade alternativa. Esse modelo foi trazido de experiências que já ocorrem em Milão e Paris”. Segundo ela, o sistema está presente em toda a cidade de Fortaleza, tanto no centro como na periferia.

Para utilizar o VAMO, o cliente precisa fazer um cadastro no site do programa, vamofortaleza.com.br. As informações são verificadas pela Serttel, que entra em contato com ele para agendar hora, data e escolha da estação para assinatura do Termo de Responsabilidade, bem como para realizar test drive acompanhado de técnico, que irá explicar o funcionamento do sistema e do veículo.

Após o test drive, o usuário pode reservar qualquer carro elétrico disponível em qualquer uma das estações, por meio do site e do aplicativo para smartphone, tendo até 15 minutos para efetivar a retirada do veículo. As tarifas dependem do tempo de utilização. Para os primeiros 30 minutos, o valor cobrado é de R$ 20. Após esse período, a cobrança varia conforme o tempo de uso.

O usuário que utiliza mensalmente o VAMO paga uma taxa de R$ 40, que é integralmente revertida em crédito para uso dos carros. Se possuir o Bilhete Único, o usuário ganha um desconto de 25% nesta taxa, pagando R$ 30.

GM – A General Motors lançou, no Brasil, o Maven, programa de compartilhamento de carros para seus funcionários em junho do ano passado. Se no início, o programa era disponível apenas para a fábrica de São Caetano do Sul, SP, hoje ele está presente em todas as suas unidades: São José dos Campos, Mogi das Cruzes, Indaiatuba e Sorocaba, em São Paulo e Gravataí (RS) e Joinville (SC).

A frota também foi expandida e conta com dezessete veículos nos modelos S10, TrailBlazer, Spin, Cruze e Cobalt.

O valor a ser pago é R$ 35,00 por hora ou até R$ 210,00 para uma reserva de 24 horas, já incluído o combustível e o seguro do carro. O pagamento é efetuado através da própria folha de pagamento do empregado.

SUV com comportamento de hatch

Dizem, por aqui, tratar-se de um SUV médio dotado do comportamento dinâmico de um veículo hatch. Não é bem assim, claro, mas a imagem criada pela Peugeot para o seu Novo 3008 tem lá o seu sentido: dirigi-lo leva o motorista à leveza divertida de um hatch a bordo de um SUV com entre-eixos de… 2 m 675 mm e comprimento total de 4 m 447 mm com 1 m 906 mm de largura.

Trata-se da sua única versão, a Griffe 1.6 THP AT, com motor turbo de 165 cv acoplado a transmissão automática de seis marchas avante. Custará R$ 135 mil 990.

É grande a demanda por 3008 na Europa e, a partir de julho, e até dezembro, a Peugeot brasileira disporá de lotes mensais de 250 unidades – um total de vendas projetado de 1,5 mil unidades até dezembro. O que acontecer depois será consequência.

Dizem, também por aqui, que é o primeiro resultado visível da consolidação de um programa de ruptura, de um processo de fazer melhor e de maneira mais eficiente, fundamentalmente na direção dos vários níveis de satisfação dos clientes.

“É, esta, uma nova Peugeot”, disseram, cada um à sua vez, a diretora geral para o Brasil, Ana Theresa Borsari, e Marcus Brier, o responsável pelas relações com a imprensa. Destacaram a renovação na rede de concessionários, que trocou 60% dos grupos. E apostam que as 1,5 mil unidades serão vendidas.

É um enfrentamento de cachorros grandes. Pois, na linha de batalha deste Novo 3008 estão Hyundai Tucson, Audi Q3, Jeep Compass, Volkswagen Tiguan, Honda C-RV.

Avaliação – A síntese da experiência, um percurso misto de cidade e estrada rumo à serra de Petrópolis a partir do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, RJ, de pouco menos de 190 quilômetros, é, sim, muito agradável – e não apenas por aqueles predicados dinâmicos. Este Novo 3008 tem beleza externa dos estóicos e belezas embutidas no seu interior. Seu muito bom nível de acabamento e o design interno que soa avançado só reforçam o sentimento.

Não por outra razão o texto do press kit chama o Novo 3008 de elegante e tecnológico e garante que, “além de passar emoção, valoriza quem está ao volante e transmite sintonia com sua época”.

Pois é quase aeronáutica a sensação de sentir o painel de instrumentos, algo que a Peugeot chama de I-Cockpit 2.0, tela de 12,3 polegadas, digital, passível de personalização. Ao lado localizaram a central multimídia, com tela de 8 polegadas sensível ao toque, descrito como “um tablete colocado no centro do painel que dispõe de tecnologia capacitiva, de utilização mais reativa e prática”. Seis teclas, descritas como “bastante elegantes”, fornecem acesso a tarefas de conforto: rádio, ar-condicionado, navegação, os parâmetros do carro, telefone – compatível com Android Auto e Apple Carplay e Mirrorlink – e aplicativos móveis.

Mas voltemos para o mais pesado do que o ar rodoviário: seu volante, compacto – à primeira vista parece ter seis lados e uma base pouco maior –, remete, novamente, à aviação mesmo estando longe de ser um joy stick. Será, certamente, este volante batizado de Sportdrive, sonho de consumo de pré-adolescentes e de pós-adolescentes. Atrás dessa jóia estão as aletas para a troca manual da marchas.

Ah!: os bancos dianteiros são dotados de massageadores, que atuam em cinco modos, o teto solar panorâmico agora abre de maneira automática, a cabine oferece seis airbags. Cores: cinza artense, metallic copper, preto perla nera e branco nacré. Porta-malas de 520 litros e tanque para 53 litros de gasolina. E é claro que tem chave presencial.

Para o pós-venda a Peugeot criou o sistema Total Care, com dez compromissos assumidos com os clientes: da transparência dos preços das revisões a itens antes reservados para seguros, como empréstimo de veículo e serviços de reboque gratuito.

E há um mimo adicional: os trinta primeiros compradores ganharão patinetes Peugeot e-Kick, dobráveis e com assistência elétrica. As pré-vendas estão abertas.

Rota 2030 também será utilizada por outros setores industriais

O Rota 2030, nova política industrial do setor automotivo que vai substituir o Inovar-Auto em 2018 está em fase final de gestação: ministérios, representantes de toda a cadeia e dos trabalhadores discutem em reuniões semanais os pormenores da proposta final que, provavelmente, será validada oficialmente em agosto. Independente do que virá daqui em diante, um ponto tem sido destacado por Antônio Megale, presidente da Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, que diferencia este de outros momentos em que o setor esteve envolvido em negociações com o governo: “A Anfavea nunca teve uma participação tão intensa dos presidentes das associadas na elaboração de políticas para o setor”.

O grande interesse e participação dos principais executivos das fabricantes de veículos evidencia a preocupação que não é de hoje: a previsibilidade das políticas para o setor como garantia de manutenção dos programas de investimentos no País e fortalecimento de toda a cadeia para que o Brasil possa, de fato, participar do jogo global em pé de igualdade com outros polos produtivos: “Entendemos que temos potencial de consolidar o Brasil como o quinto maior mercado e quinto maior produtor do mundo. Para isso precisamos ter políticas calcadas em investimentos, não apenas em crescimento”.

Dessa forma, a Anfavea elaborou vários estudos e criou o Agenda Automotiva Brasil, uma série de propostas divididas em pilares. São eles: recuperação da base de fornecedores, localização de tecnologia, relações trabalhistas, eficiência energética, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, segurança, inspeção veicular, logística e tributação.

Esta é a agenda definida pela entidade. Porém, Megale acredita que nem todos eles serão abordados na primeira fase do Rota 2030: “São temas complexos demais para termos um direcionamento imediato. Mas os pontos estão aí para serem trabalhados ao longo da vigência da nova política industrial”.

As diretrizes que certamente terão maior destaque no início do Rota 2030, não à toa, serão as que já estão sendo desenvolvidas pelo Inovar-Auto: “Eficiência energética, pesquisa, desenvolvimento e engenharia e segurança terão continuidade na nova política. E precisamos dar um impulso grande na recuperação dos fornecedores. Os outros pilares ainda estamos discutindo como e quando serão abordados, pois são interesses diversos e não é fácil encontrar a convergência em tão pouco tempo”.

Sobre as mudanças nas relações trabalhistas, que não deve ter um avanço imediato, Megale espera que a reforma que está sendo discutida no Congresso – e deve ser votada antes do recesso parlamentar – possa trazer um avanço que propicie redução das estruturas jurídicas criadas nas empresas do setor para administrar conflitos que oneram a cadeia produtiva: “Validando o acordado sobre o legislado já seria um grande avanço. Hoje as empresas têm um exército na área jurídica para tratar de questões que não deveriam ser o foco delas”.

Ele se refere a um ajuste na legislação trabalhista para evitar que acordos entre empregados e empregadores não sejam analisados em caso de uma ação na Justiça apenas sob a ótica da lei: “Um exemplo é o pleito do próprio sindicato para diminuir para 45 minutos o horário de almoço e assim liberar o pessoal quinze minutos mais cedo. Quando o trabalhador entra na Justiça contra a empresa o juiz dá ganho de causa porque a lei diz que tem que haver uma hora de almoço. O acordado não vale, hoje, para o juiz”.

Outro ponto considerado polêmico por Megale é a questão logística. Estudo realizado pela entidade mostra que o Brasil está 70% defasado com relação aos países com logística mais eficiente: “Isto não vamos avançar do dia para a noite. Temos muitos problemas para dar o salto necessário em logística. Porém, entendemos que, assim como a legislação tributária que é muito complexa e necessita de uma simplificação, o desafio da logística é igualmente ou mais complexo. Mas estou otimista, pois os debates desses grandes temas têm um objetivo em comum: transformar a cadeia automotiva, trazendo maior competitividade aos nossos negócios”.

Um sinal de que o grupo que atua na elaboração do Rota 2030 parece estar no caminho certo é que outros setores industriais do País também poderão ser contemplados com a nova politica industrial: “O Rota 2030 não será usado exclusivamente na cadeia automotiva. Setores industriais que também precisam de previsibilidade para dar continuidade a seus investimentos vão utilizar essa nova política. Porque este é um plano de Estado, e não de Governo.”

Ford muda os planos de produção no México…

A Ford anunciou que cancelará seus polêmicos planos de fabricar o Focus no México. Com isso o maior beneficiário será os Estados Unidos, porque a empresa deixará de produzir essa linha de veículos na América do Norte e investirá mais nos centros de pesquisa e nas fábricas do Estado de Michigan, Estados Unidos. Assim a Ford passará a importar principalmente da China no próximo ano, investindo cerca de US$ 1 bilhão. As informações são do Flash de Motor, da Venezuela.

Segundo a Ford a produção da próxima geração do Focus na China começará no segundo semestre de 2019, um ano depois do final da montagem do modelo na fábrica de Michigan. Com a última decisão ela abandonou completamente sua estratégia de mudar a produção de automóveis pequenos para o México, o que havia sido anunciado no ano passado pelo seu presidente, Mark Fields.

“Realizamos muitos estudos e os consumidores se preocupam muito mais com a qualidade dos produtos do que onde são produzidos”, disse Joe Hinrichs, presidente das operações globais da Ford. “O iPhone é produzido na China, por exemplo, e realmente não fala sobre isso.”

Segundo a Ford a fábrica de Michigan, que atualmente monta o Focus, será equipada para produzir a picape Ranger, no fim de 2018, e um veículo utilitário esportivo médio, Bronco, em 2020. Hinrichs disse que a estratégia poderá receber críticas do presidente dos Estados Unidos:

“A China recebe muita atenção, veremos como funcionará isso. Mas cremos que é um plano muito melhor para o nosso negócio. E libera, do plano original, US$ 1 bilhão que poderemos reinvestir em outras coisas, incluindo as tecnologias que estamos desenvolvendo para condução autônoma e eletrificação e muito desse trabalho tem sido feito nos Estados Unidos”.

A empresa informou, ainda, que investirá US$ 900 milhões em sua fábrica no Kentucky para montar o utilitário esportivo Expedition e o Lincoln Navigator, conservando 1 mil postos de trabalho.

Quatro anos no vermelho

A indústria metalmecânica de Caxias do Sul, RS, deverá fechar pelo quarto ano consecutivo com queda no seu faturamento. Durante a apresentação dos resultados do semestre, na quarta-feira, 21, Reomar Slaviero, presidente do Simecs, Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico, estimou para este ano recuo na ordem de 3,06%, com faturamento total de R$ 10 bilhões 770 milhões.

No primeiro semestre o valor deverá ser de R$ 5 bilhões 380 milhões. Até maio era de R$ 4,5 bilhões, recuo de 5,5%.

O setor automotivo tem peso próximo a 70% nestes números e índices. Pelos dados do Simecs a queda acumulada em doze meses na atividade de veículos é de 18,66% e, no ano, até maio, de 10,6%. Maio comparado a igual mês do ano passado tem alta de 1%.

Em 2015 a atividade metalmecânica consolidou declínio de 28,9% e, no ano passado, de 20,9%. No acumulado as perdas foram de 43,7%. Quando o valor é comparado a 2013, último ano em que houve aumento com relação ao anterior, com faturamento de R$ 23,6 bilhões, a queda chega a 54%. Em 2010 o setor teve seu melhor resultado, de quase R$ 25 bilhões.

Slaviero disse que alguns segmentos da atividade estão obtendo números positivos, fato que contribuiu para uma melhora do mercado de trabalho. De janeiro a maio o setor criou em torno de quinhentas novas vagas, com estoque de 33 mil 750 empregos em maio último, bem abaixo dos 55 mil de novembro de 2011.

Embora manifestando otimismo com a mudança de rumo na economia, Slaviero informou que o sindicato tem recebido consultas de vários empresários inclinados a encerrar seus negócios: “Eles querem informações sobre como demitir os funcionários e fechar as empresas. Outros estão abrindo mão de patrimônio próprio para dar continuidade, acreditando na melhoria. Quem superar este ano chegará fortalecido em 2018”.

Ele informou, ainda, que há negociações em andamento com o sindicato de trabalhadores para encontrar alternativas para manter empregos, mas também aliviar a situação das empresas.

O presidente do Simecs enfatizou que o segmento de bens materiais, no qual Caxias do Sul se destaca pela produção de veículos para transporte de cargas e passageiros, equipamentos agrícolas e máquinas para manufatura, precisa de recursos públicos para investimentos, pois os bancos privados operam com juros elevados, que tornam os negócios inviáveis: “Precisamos de recursos de fomento, da área pública”.

Também cobrou políticas públicas de transporte que garantam o equilíbrio financeiro das operadoras e a desvinculação da crise política da economia: “Este é o maior sonho”.

Para amenizar as perdas Slaviero apontou para a necessidade de as empresas investirem em novas matrizes de produtos e de mercado. Disse que as exportações são a saída para o setor, principalmente neste momento em que o dólar torna o produto nacional competitivo. No entanto as vendas externas do setor fecharam o acumulado até maio com declínio de 17% sobre igual período do ano passado.

Autopeças: receita cresce no embalo das montadoras.

O bom desempenho da produção de veículos no início deste ano se espalha pela indústria de autopeças. O faturamento dos fornecedores cresceu 23% em abril na comparação com o mesmo período de 2016, segundo o balanço do Sindipeças, Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores, sem revelar cifras. No quadrimestre a receita apresentou alta de 13,7% no comparativo com o ano passado. Fora o crescimento da receita as vendas às montadoras ajudaram também o setor a melhorar a utilização de sua capacidade instalada: em abril, estava em 61%, ao passo que em 2016 foi de 50%: isso remonta ao nível obtido em 2015.

O Sindipeças credita o desempenho à aceleração da produção do setor automobilístico nos últimos doze meses, principalmente no primeiro quadrimestre deste ano. No período saíram das linhas de montagem 801 mil 60 unidades, alta de 20,9% com relação a idêntico período do ano passado, de acordo com a Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. O cenário gerou aumento dos pedidos, tanto que em abril as vendas para as montadoras representaram 62,3% do faturamento das 64 empresas filiadas ao sindicato. Em abril do ano passado essa participação foi de 55,3%.

Mauricio Muramoto, conselheiro da entidade, disse que aumento dos pedidos das fabricantes representa a interrupção do processo de queda da receita que teve seu pico no primeiro trimestre do ano passado, o que tem melhorado o clima dos negócios do setor: “Ainda estamos em um nível abaixo da capacidade que os fornecedores de peças possuem, mas é um alento se levarmos em consideração o faturamento do começo do ano passado”.

Em abril do ano passado, apontam os dados do Sindipeças, a queda da receita foi de 13% com relação ao mesmo mês de 2015. Em dezembro a queda foi reduzida para 0,8% e, a partir daí, o comportamento da receita foi positivo chegando a alta de 7,4% em abril deste ano.

Em lenta recuperação o nível de utilização da capacidade instalada encolheu 1 ponto porcentual se comparado março a abril, segundo os dados do sindicato. Entretanto, frente a abril de 2016, observa-se recuperação de 11 pontos porcentuais. O emprego cresceu em abril, mas permaneceu abaixo do nível de um ano atrás. O processo de ascensão foi similar ao do faturamento, mostrando que as empresas passaram a aumentar a capacidade à medida que os pedidos das montadoras foram se intensificando.

Em abril do ano passado a taxa de emprego do setor caiu 16,15%. Para Muramoto “havia naquele período mais demissões em função da diminuição dos pedidos das montadoras e poucos avanços nos negócios em outras áreas, como o mercado de reposição, exportações e vendas a outras autopeças”.

As vendas para as fabricantes de veículos cresceram em abril mas na reposição o cenário foi de queda com o mesmo mês do ano passado. O aftermarket representou 16,3% do faturamento do setor de autopeças, enquanto que em abril do ano passado chegou a 19,1% de participação. Para Muramoto os números na reposição melhorarão a partir deste ano, quando se intensificarão os negócios no segmento: “Ainda que o OEM seja responsável pela maior fatia das receitas do setor, o momento é favorável à reposição porque muita gente apostará na manutenção dos veículos em detrimento da compra de novos”.