O consórcio ainda é a terceira escolha do consumidor no momento da aquisição de automóvel, atrás das modalidades de financiamento e compra à vista. No entanto, as administradoras esperam que sua participação salte de 5% para 8% – mesmo patamar recorde de 2013 – nas compras de veículos até o final do ano em função de um cenário composto por três fatores: crédito bancário restrito, retenção dos investimentos e, principalmente, aumento de clientes da classe C nos consorciados.
Segundo Paulo Roberto Rossi, presidente da Abac, a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio, o agravamento da crise econômica a partir de 2015 diminuiu a renda de parte das famílias, fato que gerou uma migração de pessoas das classes A e B para a classe C. Isso refletiu no segmento de consórcios, que passou a contar com mais clientes em uma fatia que vinha reduzindo de tamanho:
“Depois de 2015 verificamos que clientes oriundos deste faixa populacional aumentaram sua participação na compra de cotas de consórcio, percebemos que a presença da classe C aumentava por causa da diminuição da renda das famílias”. De acordo com uma pesquisa da Abac, feita com 1,1 mil consorciados ativos no quadrimestre, 46% dos consorciados pertenciam à classe C, caracterizada por uma renda de quatro e dez salários mínimos. No mesmo período do ano passado, a fatia era de 44%.
Rossi disse que a tendência é que as empresas capitalizem o aumento deste perfil de cliente nos consórcios. A estratégia utilizada no momento é a de aumentar o prazo médio dos grupos: “Com a crise as empresas passaram a oferecer mais tempo para o pagamento das parcelas. Em alguns casos há parcelamentos em 80 meses. Antes da crise o prazo máximo foi de 60”.
No acumulado até abril, a venda de novas cotas de consórcio de veículos somou 637,8 mil unidades, alta de 4,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. Foi um aumento de 1,3 ponto porcentual com relação ao acumulado dos três primeiros meses por causa da melhora nos segmentos de motos e veículos pesados, aponta a Abac. No caso dos veículos leves, a venda de 345,6 mil novas cotas até abril resultou em alta de 16,2%. O valor médio das cotas no acumulado até abril foi de R$ 41,3 mil, ou 5,9% maior que o anotado nos mesmos quatro meses de 2016.
O aumento do valor das cotas, disse o presidente da Abac, se deu no período, em parte, pelo aumento dos preços dos veículos nos últimos anos. Por outro lado, esse avanço é visto como um indicador de que os consumidores mantiveram o ritmo de compra de cotas de consórcio apesar do período de instabilidade política e econômica: “Os preços dos veículos aumentaram, é fato, mas o clientes optaram pelo consórcio para comprarem carro porque as condições de contratação são favoráveis em meio às intempéries”.