A Takata pediu recuperação judicial de suas operações nos Estados Unidos, no Japão e no México na segunda-feira, 26. E anunciou que venderá seus ativos, por cerca de US$ 1,6 bilhão, à KSS, Key Safety Systems, fornecedora de peças estadunidense comprada pelo grupo chinês Ningbo Joyson.
O acordo de compra e venda não envolve as unidades que produzem disparadores de airbag, peças que causaram os defeitos nos equipamentos produzidos pela Takata a partir dos quais a empresa veio a conhecer seu inferno astral.
Aírton Evangelista, presidente da Takata na América do Sul, disse que a recuperação judicial não afetará as operações na região: “A informação que recebemos do nosso grupo é que não teremos recuperação judicial na América do Sul. Nossa situação está estabilizada apesar da grave crise política e econômica que vivemos no Brasil. Estamos conseguindo honrar todos os nossos compromissos, com produção em todas as fábricas”.
No Brasil a empresa conta com três fábricas: em Jundiaí, SP, em Mateus Leme, MG, e em Piçarras, SC. A unidade brasileira também é responsável pela fábrica localizada em San José, Uruguai. Juntas são responsáveis pelo faturamento anual de R$ 700 milhões.
Recall – O pedido de recuperação judicial e a venda dos ativos aconteceram em razão dos defeitos nos airbags produzidos pela Takata que provocou dezesseis mortes, a maioria nos Estados Unidos, e ferimentos em 180 pessoas. No Brasil não foi registrada nenhuma ocorrência.
Desde a divulgação dos problemas, em 2014, quase 100 milhões de airbags passaram por recall. Considerando que o custo de cada sistema seja de US$ 100 por veículo, o recall teria alcançado valor em torno de US$ 10 bilhões.
Este valor está acima do faturamento global da empresa, de US$ 6 bilhões por ano, de acordo com Evangelista: “O caixa é inferior à soma do recall, que foi gigantesco. A empresa não tem condições de arcar com esse custo. A única alternativa foi encontrar um novo investidor”.
Segundo ele o recall tomou proporções políticas, com a intervenção de dois senadores dos Estados Unidos, que não quiseram discutir a questão do ponto de vista técnico: “O recall atingiu a imagem da marca, uma empresa com mais de 80 anos de existência”.
América do Sul – As fábricas da Takata na América do Sul produzem, por ano, 3 milhões de airbags, 2,5 milhões de volantes e 1 milhão de cintos de segurança, o que representa metade dos itens fabricados no mercado regional.
As unidades fabricam peças para quase todas as montadoras instaladas no Brasil, como Fiat, Ford, General Motors, Honda, Mitsubishi, Nissan, Renault, Toyota, Volkswagen: fabricantes de veículos premium, por exemplo, preferem importar suas peças a comprá-las no mercado interno.