Primeira picape M-B aqui só em 2019

“Por que estamos produzindo uma picape?”, perguntou Florian Martens, diretor de comunicação da Mercedes-Benz, na terça-feira, 18, em Cape Town, África do Sul, durante o lançamento da X-Class, o primeiro modelo da empresa no segmento. A justificativa são projeções de mercado e as oportunidades de negócio que ela traz: até 2023, segundo ele, o mercado global terá o incremento de 1 milhão de picapes, ou 43% a mais sobre o volume atual.

O veículo estará disponível ao mercado europeu em novembro, por € 37 mil, e chegará a outros países, na América Latina e Oceania, em 2019. O modelo é fruto de parceria com a Renault Nissan e será produzido em Virrey del Pino, Argentina. Para receber a produção do novo veículo foi necessário investimento de US$ 150 milhões na modernização da fábrica, anunciado em abril. Lá são produzidos os veículos comerciais da empresa, como as vans Vito e Sprinter.

Dieter Zetsche, presidente da Daimler, o grupo que controla a Mercedes-Benz, disse que a picape tem um “apelo para o uso urbano”, apesar de ser um veículo “robusto”. A X-Class terá capacidade de carga de 1,1 tonelada, quase o dobro da capacidade da picape Fiat Toro, 650 quilos, por exemplo. A plataforma é a da picape Nissan Navara, modelo vendido nos Estados Unidos.

O veículo terá três tipos de motorização: 163 cv, 190 cv e 258 cv, sempre com a utilização de diesel.

Wilfried Porth, diretor de RH da Mercedes-Benz Vans e integrante do conselho de administração da Daimler, disse que o modelo deve ter sucesso no mercado brasileiro pois o agronegócio é um setor forte na economia: “É o principal mercado na América Latina. O uso urbano de picapes também é comum no Brasil. É um segmento interessante”.

Segundo dados da Anfavea as vendas de comerciais leves no semestre cresceram 2,8%, chegando a 145 mil 316 unidades, e a produção aumentou 13,2%, com 159 mil 932 veículos.

Montadoras na busca pelo usado

As fabricantes de veículos instaladas no Brasil usam a criatividade para driblar a crise e para apresentar resultados satisfatórios para suas matrizes, e algumas delas apostaram no pós-venda para melhorar suas margens. É o caso da FCA, da MAN Latin America e da Mercedes-Benz, que lançaram linhas de peças de reposição mais baratas para atrair clientes que, após o término da garantia, não frequentam mais as concessionárias.

A FCA, por meio da Mopar, o seu braço de pós-venda, lançou em maio uma linha de peças para modelos da Fiat acima de três anos de uso. A Classic Line, segundo a empresa, foi projetada para atender à alta demanda dos seus veículos usados. De acordo com as suas projeções atualmente cerca de 80% da frota circulante da Fiat já têm mais de três anos de uso. Isso representa aproximadamente mais de 7 milhões de veículos rodando fora do período de garantia contratual.

Francesco Abbruzzessi, diretor da Mopar para a América Latina, disse que em momentos de crise o pós-venda deve ser mais atuante e procurar reter o cliente que procura o reparador independente após o fim da garantia:

“Uma das formas de trazer esse consumidor de volta para a concessionária é justamente oferecendo uma linha de peças com qualidade da genuína, mas de custo-benefício melhor”.

Nesse primeiro momento, segundo Abbruzzessi, serão oferecidos 180 itens divididos em oito categorias: cabos, correias e tensores, embreagem, limpador de para-brisa, filtros, freios, suspensão e iluminação: “São peças com um giro maior. Usamos também sempre fornecedores nacionais, empresas que já são nossas parceiras”.

Todos os itens, contou o executivo, são testados e homologados pela engenharia da Fiat.

Em caminhões a lógica também é a mesma: reter o cliente com serviços e peças com preços mais competitivos. A MAN Latin America lançou no mesmo maio a sua linha de peças que chama de similares. Osmany Baptista, gerente executivo de peças e acessórios, contou que há três anos a empresa prepara a entrada nesse segmento e desde 201vende itens de alto giro a preços mais competitivos:

“Trabalhávamos esse segmento de peças mais baratas e com a mesma qualidade das originais, mas não com a marca Economy. Desde o lançamento até hoj já aumentamos o faturamento com essas vendas em 50%. É um bom indicador do desempenho da área”.

Baptista disse, ainda, que em veículos pesados o Brasil é o primeiro país a ter essa marca de peças similares. Em automóveis a Volkswagen já tem o negócio consolidado no mundo: “Temos um portfólio de cerca de sessenta itens que são fabricados por dez fornecedores. Alguns já são parceiros em outros componentes que estão em nossos veículos. Negociamos com essas empresas e conseguimos redução nos custos de produção. Todas as peças são homologadas pela nossa engenharia”.

Segundo o executivo a frota potencial é de 300 mil caminhões com mais de 5 e até 8 anos: “Costumo dizer que caminhão é como filho. Quando criança acompanha os pais. Adolescentes já têm vontade própria e, muitas vezes, não querem o mesmo programa, e quando adultos já não estão juntos de seus pais. Queremos atrair esse cliente com caminhão de 5 a 8 anos, que para nós é o adolescente”.

Na Mercedes-Benz esse negócio já é mais estruturado. Desde o início de 2014 a marca Alliance Truck Parts está nas suas concessionárias em todo o País. Mauro Santos, gerente de peças Alliance, afirmou que de janeiro a junho foram comercializadas 40 mil peças da marca, um crescimento de 150% no comparativo com o mesmo período do ano passado:

“Para o ano a expectativa é chegarmos ao volume de 120 mil componentes. Em 2016 vendemos 55 mil itens. Não atuamos só com veículos Mercedes-Benz: temos peças para caminhões de outras empresas. E é por isso que sustentamos essa expectativa de crescimento. Temos potencial para atender a 70% da frota brasileira”.

Hoje a Alliance tem portfólio com 353 itens e desde 2014 já foram comercializadas 109 mil peças: “Todo mês conquistamos novos clientes. Só no primeiro semestre tivemos 15 mil novos consumidores no Brasil. A marca está em franco crescimento”.

Segundo Santos as peças, assim como nas concorrentes, são homologadas pela Mercedes-Benz e são, em média, até 50% mais baratas do que os componentes originais.

PST agora com cidadania estadunidense

A PST Electronics já não é mais uma empresa brasileira. A Stoneridge, dos Estados Unidos, comprou os 26% restantes do capital votante da empresa e assumiu o seu controle. Segundo comunicado com a aquisição os produtos Pósitron poderão desembarcar na América do Norte, na Ásia e na Europa, pois a Stoneridge está presente nesses mercados. A venda também deverá aumentar os investimentos na operação brasileira, principalmente em desenvolvimento de novas tecnologias.

Com a aquisição pela Stoneridge a PST Electronics também terá alterações na sua estrutura funcional diretiva. Caetano Ferraiolo, que foi um dos responsáveis pela retomada do crescimento da PST desde dezembro de 2015, ocupando a posição de diretor de operações, COO, será o seu novo presidente. O executivo sucede a Sérgio Leite, um dos fundadores da PST, que passará à posição de diretor de tecnologia, CTO.

Ferraiolo disse que a nova composição acionária facilitará o fluxo de investimentos nas operações brasileiras, intensificando a troca de tecnologias, “permitindo combinar o talento dos
engenheiros no Brasil e no mundo na busca de soluções inovadoras para nossos clientes”.

Um exemplo dessa sinergia foi o recente lançamento de sistema na área de rastreamento e telemetria, específico para o mercado dos Estados Unidos, que foi 100% desenvolvido no Brasil.

No Brasil as estimativas da PST são de uma receita de R$ 350 milhões este ano, o que representará crescimento de 10% com relação a 2016, com forte foco no mercado de rastreadores: “Esta aquisição comprova a confiança que a Stoneridge tem na PST Electronics e na sua solidez”.

Renault Nissan avança para a liderança mundial

A corrida para a liderança mundial de vendas está se estreitando para os três maiores grupos em ação: o Toyota, a Aliança Renault Nissan e o Volkswagen. Os primeiros meses do ano foram liderados pela aliança mas os números de maio apontam a recuperação da Toyota como a líder de vendas.

Mas a Aliança Renault Nissan quer terminar o ano em primeiro e continua com a maior participação no acumulado, agora com o altamente rentável campo dos comerciais leves, informou o Flash de Motor, da Venezuela.

A Renault confirmou acordo para criar empresa em conjunto com a BCA, Brilliance China Automotive, especializada na produção de veículos comerciais leves, o que daria à aliança outro avanço nos números de suas vendas mundiais. Em março anunciaram o seu negócio de comerciais leves global, criando a Alliance LCV.

A BCA comprou a fabricantes de veículos industriais SBJ, Shenyang Brilliance Jinbei Automobile. A Renault comprará 49% da BCA na SBJ, o que formará uma nova empresa com controle em poder da BCA. Estas participações de empresas estrangeiras são as máximas permitidas pelas autoridades da China para uma joint venture.

JinBei LCV da BCA tem sólida presença no mercado chinês, onde o seu maior ativo é uma empresa conjunta que produz modelos da BMW para a China. Em 2016 ela vendeu 268 mil 485 veículos.

A empresa conjunta com a Renault desenvolverá e produzirá veículos e novos serviços para a JinBei e Renault. No ano passado em torno de 15% da produção da aliança foi de comerciais leves, com a Nissan fabricando 815 mil, Renault 444 mil e a Mitsubishi 248 mil.

Também no ano passado, na China, foram produzidos 3 milhões 690 mil comerciais leves, de acordo com dados da CAAM, Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis. Com quase 14% do mercado esses veículos são uma parte importante da indústria chinesa, com 28,1 milhões de unidades vendidas em 2016.

Este enorme mercado de comerciais leves na China dará à Renault Nissan condições de alcançar o objetivo de se tornar a maior fabricante de automóveis do mundo.

Início da retomada?

Depois de dois anos com quedas nas contratações e demissões, as empresas do setor automotivo voltaram a contratar. As vagas no primeiro semestre deste ano aumentaram 40% em comparação com o mesmo período de 2016, de acordo com o levantamento da empresa de recrutamento e seleção Robert Half, que atende mais de cem grandes montadoras e sistemistas. Na comparação com o último semestre do ano passado, a alta é de 30%.

As maiores demandas foram nas áreas de vendas, industriais, engenharia de projetos, produtos e qualidade, de acordo com Isis Borge, gerente de divisão da Robert Half: “Os setores automotivo, de construção civil e óleo e gás foram os mais afetados pela crise econômica e agora são os que demonstram retomada mais significativa. Era um cenário caótico com demissões todos os meses, programas de demissões voluntárias e agora estamos vivendo um momento muito positivo”.

Em 2015 e 2016, as vagas abertas eram apenas para substituições de profissionais e não para aumento de quadros de funcionários. As áreas de engenharia e desenvolvimento de novos projetos sofreram cortes significativos. Profissionais brasileiros especializados em engenharia e design foram transferidos para outros países como Estados Unidos, China, Índia e Tailândia. Por sua vez, as áreas de compras e controladoria estavam mais em alta, pois o foco era reduzir custos, visando aumentar lucratividade e garantir a precisão dos números.

Neste ano, o cenário é bem diferente: “Este ano, temos aberturas de novas vagas e de áreas diferentes. Para contratar um bom profissional, as empresas estão dispostas a negociar um reajuste de até 20% nos salários”. Outro ponto positivo é que as contratações nas montadoras alavancam a abertura de novos postos de trabalho nas fabricantes de autopeças.

Por enquanto, as movimentações não são sentidas em grandes volumes nas fábricas das montadoras: “A princípio, as contratações nas áreas administrativas são mais visíveis. Nas áreas fabris, os empregos costumam surgir em uma segunda etapa”.

Algumas montadoras, no entanto, sinalizam que retomaram a produção. A MAN Latin America, em Resende, RJ, voltou a trabalhar cinco dias por semana, dando fim à redução de jornada iniciada em 2015. Já a Nissan informou que irá contratar seiscentos funcionários para a abertura de segundo turno de trabalho para a produção do Kicks e também a contratação de mais 1,2 mil indiretos para a fábrica de Resende, RJ.

YPF inverte estratégia no Brasil

A petroquímica YPF, dona de 50% do mercado argentino no segmento de lubrificantes automotivos, inverteu sua estratégia no mercado brasileiro. No País há dois anos, a empresa fechou 2016 com um faturamento de R$ 182 milhões com lubrificantes e alcançou 2% de um nicho dominado por companhias brasileiras como Petrobras e Ipiranga e pela multinacional Mobil. A preocupação da YPF deixou de ser a competição por preço com as líderes, mas atacar o segmento premium, no qual, segundo a empresa, estão consumidores que buscam lubrificantes certificados pelas montadoras.

Segundo Ramiro Ferrari, executivo enviado ao Brasil para liderar a operação nacional, dessa maneira a YPF obtêm margens de lucro maiores mesmo vendendo volumes menores que as líderes no Brasil: “É uma minoria rentável”. A YPF criou um portfólio composto por lubrificantes com certificações que respaldam os pedidos das fabricantes. Ferrari disse que isso é um diferencial competitivo: “Há uma diferença importante quando se desenvolve um lubrificante que atende só às exigências da ANP, Agência Nacional de Petróleo, e outro que, além desta obrigação, está alinhado com as montadoras”.

Ferrari afirmou que a Volkswagen pediu um óleo para seus veículos que possuía aditivos de proteção específicos para proteção do virabrequim. A GM, por outro lado, solicitou aqueles que tenham um poder de refrigeração maior, assim como as fabricantes de origem japonesa. O desenvolvimento de uma linha com estas características foi feito na Argentina, onde a empresa possui em vigência contratos de fornecimento direto para Ford, GM, Volkswagen e Scania, no processo chamado de primeiro enchimento – cada veículo que sai das linhas de produção destas empresas contém uma média de cinco litros de lubrificantes da YPF.

Com este portfólio, a petroquímica busca contratos similares no Brasil. Segundo Pablo Luchetta, diretor de vendas no mercado nacional, já há conversas com as fábricas daqui. Ele não descarta um investimento na marca no sentido de baixar o preço em leilão de concorrência subsidiando a oferta com recursos próprios: “É uma maneira de entrar no mercado e dar visibilidade aos nossos produtos. Joga a nosso favor o histórico de fornecimento na Argentina e a capacidade que temos em atender também as operações destas fabricantes em outros países da América Latina”.

Paralelamente às conversas com as montadoras, a empresa busca expandir sua rede de distribuidores no mercado brasileiro, canal responsável por metade das vendas da companhia por aqui. São em sua maioria empresas multimarcas de óleos com forte presença regional. A YPF tem 15 distribuidores e estuda a criação de lojas no interior do País. Em parceria com um distribuidor ou investidor interessado no mercado de lubrificantes, a empresa bancaria a remodelação do ponto de venda de modo que pareça um canal exclusivo da marca Elaion, linha comercializada no Brasil. Há a possibilidade da abertura de duas lojas com este perfil até o fim do ano.

Mudança de foco – A estratégia atual difere bastante do plano inicial da empresa no País, que visava justamente mais participação de mercado com a prática de preços menores. Segundo Ferrari, esta visão atrasou o crescimento da companhia e provocou uma reformulação estrutural – saíram os executivos defensores da briga por preço e vieram outros com planos mais pragmáticos. A nova equipe percebeu que as rivais tinham musculatura e um volume de clientes que viabilizava preços mais em conta.

Na Argentina, onde é líder e possui uma refinaria na cidade de La Plata, a empresa registrou em 2016 um faturamento total, incluindo outros produtos derivados do petróleo, de US$ 200 milhões. A capacidade de produção é de três milhões de litros de óleo lubrificante por mês. No Brasil, em sua fábrica de lubrificantes na cidade de Diadema (SP), onde atuam 80 funcionários em um turno, a capacidade produtiva é de 1,5 milhão de litros, insuficiente para bater de frente com as líderes.

A [falta de] mobilidade que se cuide: a Bosch vem aí.

Os desafios globais para resolver os enormes problemas da mobilidade em um cenário de 6 bilhões de pessoas vivendo em cidades em 2050 não são poucos. E também não há uma única resposta que possa conduzir os trabalhos que já começaram, pelo menos na Bosch, a gigante sistemista alemã, que pretende oferecer soluções em todas as áreas: da eletrificação aos veículos autônomos, do transporte individual aos veículos comerciais. A visão do futuro, ou melhor, os produtos e serviços que conduzirão a companhia nos próximos anos, foram apresentados no pequeno vilarejo de Bad Mergenthein, Alemanha, em convenção que reuniu profissionais de dezessete países durante três dias até a sexta-feira, 7.

Os números que sustentam as ações estratégicas da Bosch são igualmente grandiosos diante do tamanho dos desafios. A empresa destina anualmente 9,5% do seu faturamento para pesquisa e desenvolvimento de produtos, serviços e novas tecnologias. Algo em torno de € 7 bilhões.

Boa parte dos esforços está concentrado nas soluções para resolver ou amenizar o caos urbano que se avizinha – ou já é realidade em muitos pontos do planeta. Como disse Rolf Bulander, chairman da unidade de mobilidade da Robert Bosch:

“As grandes metrópoles estão sofrendo com congestionamento, poluição e falta de estacionamento. Assim, no longo prazo, nossas prioridades são evitar, coordenar e melhorar o fluxo do tráfego”.

A ideia central é proporcionar uma variedade de soluções para qualquer pessoa se deslocar do ponto A para o ponto B. Vamos, a cada dia, dirigir menos nossos veículos, segundo a Bosch. E, se isso for realmente necessário, que seja feito da forma mais limpa e eficiente possível. Além disso uma prioridade é procurar evitar ao máximo o estresse que essa operação, a de dirigir, pode causar nas pessoas.

Veículos conectados, autônomos, elétricos, seja um caminhão ou uma scooter, todos eles utilizarão os produtos e serviços que a Bosch vem pesquisando e desenvolvendo: “O tráfego aumentará três vezes em 2050. Por isso estamos repensando a mobilidade neste momento”.

Algumas ações já estão literalmente nas ruas. Como as 1,6 mil scooters elétricas disponíveis em sistema de compartilhamento em Paris, França, e em Berlin, aqui na Alemanha. Mas este é um projeto de proporção insignificante comparado com o potencial desses veículos no mercado asiático. A Bosch calcula que são vendidos, somente na China, 200 milhões de veículos de duas rodas por ano. Isso sem contabilizar o que acontece na Índia, outro país superpopuloso e que utiliza muito motos e quetais. Bulander acredita que “o segmento de scooters elétricas pode crescer 100% por vários anos”.

Apesar do hábito consumista recentemente adquirido principalmente pelos chineses, a Bosch espera que o compartilhamento de veículos, no caso as scooters elétricas, possa ter um futuro promissor por lá.

Aliás, o mercado asiático parece ter grande importância nos negócios da Bosch. Alguns investimentos serão direcionados para a região, bem como produtos e serviços específicos, além de um projeto de cidade inteligente que está sendo desenvolvido a partir de Tianjin, China.

Segurança – A tecnologia autônoma é outro campo em que a Bosch está mergulhada de cabeça. São diversas soluções que podem ser aplicadas individualmente, mas que combinadas prometem reduzir drasticamente o grande número de acidentes: “São 1,2 milhão de acidentes fatais por ano no mundo. Nove em dez acidentes são causados por falha humana. Nossas pesquisas em acidentes mostram que podemos reduzir significativamente esses números preocupantes”.

Durante o evento, no campo de provas da Bosch, algum resultado dessa preocupação foi demonstrado em um Tesla Model S com tecnologia autônoma composta por diversos sensores, câmeras e sistemas inteligentes avançados. Rodando na pista com alguns obstáculos a Bosch demonstrou como essa tecnologia poderá, de fato, tomar todas as decisões em qualquer situação no tráfego urbano ou nas estradas.

“A capacidade de interpretar as situações no trânsito vão requerer uma grande capacidade de processamento”, observou Bulander. “Estamos avançando rápido nessa área para, em breve, termos um carro inteligente nas ruas.”

Mas os desafios nessa área são enormes. Por isso o “em breve” a que Rolf Bulander se refere, não será tão breve assim. A Bosch trabalha em parceria com a Mercedes-Benz para lançar um carro autônomo com essa tecnologia em 2022.

Junho tem a melhor média de venda diária do ano

A média diária de vendas de veículos, em junho, foi a melhor deste ano. Esse também é o segundo mês consecutivo de crescimento se comparado com o mesmo mês do ano anterior. Isso representa um sinal da estabilização na indústria automobilística, de acordo com o presidente Antônio Megale, da Anfavea:

“A média diária de vendas em junho foi a melhor do ano até agora, e este é o segundo mês consecutivo de crescimento sobre o mesmo mês do ano anterior. Isto representa mais um sinal da estabilização no comportamento dos negócios da indústria automobilística. Se tivermos um ambiente político mais estável e com alguns indicadores macroeconômicos positivos, a tendência é de retomada”.

Em junho a venda de veículos atingiu 194 mil 954 unidades – alta de 13,5% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, 171 mil 797. Já no acumulado de janeiro a junho foram comercializadas 1 milhão 19 mil unidades, alta de 3,7% com relação ao mesmo período de 2016.

Para Megale o volume está dentro das projeções da Anfavea, mas poderia ser ainda melhor: “Os números das vendas diretas foram maiores do que os de veículos financiados, que estão em níveis muito baixos. Apesar da queda da taxa de juros os bancos ainda estão muito conservadores para a concessão de crédito. Apenas 40% das fichas de financiamento são aprovadas”.

O destaque, segundo Megale, ficou para os licenciamentos de veículos elétricos e híbridos. No primeiro semestre foram vendidos 1 mil 184 unidades: “Em todo o ano passado, foram vendidos 1 mil 91 unidades. É um crescimento expressivo. Se se tornar tendência…”.

Caminhões ainda na marcha lenta

Como caminhão carregado subindo a serra o setor de veículos pesados tenta se recuperar do tombo sofrido nos últimos anos. Em 2011, quando o setor viveu seu ápice, foram vendidos 172 mil 870 caminhões no Brasil. No ano passado esse número ficou em 50 mil 559 unidades. Em 2017 a situação se agravou. Comparando o desempenho do primeiro semestre deste ano, quando foram vendidos 21,5 mil caminhões, com o do ano passado, o declínio nas vendas é de 16,1%.

Luiz Carlos de Moraes, vice-presidente da Anfavea, ponderou, durante encontro com a imprensa na quinta-feira, 6, que a queda vem diminuindo mês a mês (veja quadro abaixo):

“Aos poucos o segmento caminha para a estabilidade. Devemos terminar o ano um pouco acima das 50 mil unidades vendidas no ano passado”.

Segundo estimativa da Anfavea o crescimento pode chegar a 6,4%. Mas vale dizer que esse crescimento é sobre o pior ano da história.

A redução na queda das vendas deve-se principalmente ao agronegócio que, devido à safra recorde, movimentou o segmento dos caminhões mais pesados, acima das 15 toneladas. Neste segmento houve aumento de 22,7% nas vendas em junho com relação ao mesmo mês do ano passado. Todos os demais segmentos, de 3,5 a 15 toneladas, apresentaram queda. Segundo Moraes o setor tem conseguido se descolar da crise política: “O telefone voltou a tocar. As consultas estão de volta”.

Ele diz que a tendência de queda na taxa de juros e a inflação sob controle também ajudam.

A produção de caminhões, graças ao bom desempenho das exportações, mostra números melhores do que as vendas. Apesar da queda de 10,3% em junho com relação ao mês anterior, saíram 15,3% mais caminhões das linhas de montagem nesse semestre do que no mesmo período do ano passado. A ociosidade da indústria de caminhões, no entanto, segue na casa dos 70%.

Antônio Megale, presidente da Anfavea, voltou a falar em renovação da frota e em inspeção técnica veicular como estímulo para a indústria de caminhões: “Há 230 mil caminhões com mais de trinta anos rodando pelo Brasil”.

ÔNIBUS – No segmento de ônibus as vendas em junho foram de 1,3 mil unidades, crescimento de 17,4% ante as 1,1 mil de maio e de 27,6% no comparativo com as 982 unidades de junho de 2016. No acumulado, no entanto, o resultado apresenta retração de 13,8% ao comparar as 4,9 mil unidades de 2017 com as 5,7 mil do ano passado.

A melhora nos últimos meses deve-se principalmente às renovações de frotas de várias cidades. Uma das esperanças do setor é a renovação na compra de ônibus na cidade de São Paulo. A expectativa, segundo Luiz Carlos de Moraes, é que a licitação seja realizada no segundo semestre: “Está atrasada por motivos políticos e econômicos. Era para ser no governo anterior”.

A frota da Capital paulista é de 14,5 mil ônibus, uma das maiores do mundo. Segundo Moraes 60% dela ainda é Euro 3, ou seja fabricada até 2011: “O potencial de renovação é bastante grande”.

Um terço da produção é exportado

As exportações estão sendo a boa surpresa do ano no mercado automotivo brasileiro. Em junho chegaram a 66 mil 59 unidades, crescimento de 40,9% no comparativo com a mesma base do ano passado. Foi o melhor mês de junho desde 2005, quando a exportação bateu recorde de 70 mil unidades. Os dados foram divulgados pela Anfavea na quinta-feira, 7.

As exportações já correspondem a um terço da produção, de acordo com Antônio Megale, presidente da Anfavea: “Estamos próximo ao recorde histórico de 2005. Se tivermos um cenário de estabilidade no Brasil, principalmente na área política, poderemos crescer ainda mais este ano”.

De acordo com os dados da entidade os segmentos de automóveis e comerciais leves lideraram as exportações em junho, com 62 mil 225 unidades, seguidos por caminhões, com 2 mil 784, e ônibus, com 1 mil 50.

Em valor no mês passado as exportações atingiram US$ 1 bilhão 366 milhões, crescimento de 54,4% na comparação com junho do ano passado, que teve receita de US$ 884 milhões.

Melhor da história – No acumulado do ano as exportações chegaram a 372 mil 563 unidades de veículos, aumento de 57,2% ante as 236 mil 941 no mesmo período do ano passado. É o melhor desempenho para o período, segundo Megale: “Esse volume aponta para os primeiros sinais positivos de crescimento”.

De janeiro a junho de 2017 a exportação de veículos leves chegou a 354 mil 828, alta de 58,6% com relação ao mesmo período do ano passado, 223 mil 723. Foram embarcados 13 mil 631 caminhões, o que representou aumento de 45,4% com relação aos 9 mil 376 do ano anterior.
Em valor as exportações acumuladas atingiram US$ 7,4 bilhões, aumento de 53% com relação a idêntico período do ano passado, quando alcançaram US$ 4,8 bilhões. Este foi o terceiro melhor primeiro semestre da série histórica, atrás apenas de 2011 e 2013.

PAÍSES – As exportações continuam concentradas na América Latina. A Argentina é o principal destino, seguida por México, Chile e Uruguai. O mercado argentino está em crescimento, com expectativa de fechar o ano com 900 mil veículos vendidos. Segundo Megale o acordo bilateral com a Colômbia pode incrementar ainda mais esse volume:

“Estamos aguardando o aval do governo colombiano para o fechamento do acordo comercial. Se uma parte dos produtos exportados contar com isenção de impostos poderemos aumentar ainda mais as exportações para a Colômbia”.

Megale contou que venda expressiva de caminhões para a Rússia ocorreu no primeiro semestre. Já o volume de exportações para o Oriente Médio é numericamente baixo mas proporcionalmente registraram aumento significativo.