Um terço da frota mundial de veículos leves será de elétricos até 2040. É o que estima uma pesquisa da Bloomberg New Energy Finance, BNEF. Esse tipo de veículo, segundo o levantamento, representará 54% das vendas de carros novos no mundo. Em alguns países, o percentual das vendas será ainda maior: 67% das vendas de carros novos na Europa e 58% na China e nos Estados Unidos. No entanto, existem muitos entraves, principalmente no Brasil, para o carro elétrico ser uma alternativa ambientalmente viável e segura.
Segundo a pesquisa, a crescente queda do preço das baterias de íon de lítio permitirá que os fabricantes abaixem os preços dos elétricos, o que deve ocorrer de 2025 a 2029. Desde 2010, os preços das baterias de íons de lítio caíram 73% por kWh. O levantamento apontou que, até 2030, os preços devem ser ainda menores.
Os baixos custos operacionais também devem impulsionar as vendas, conforme destaca Colin McKerracher, analista em transportes avançados da BNEF: “Esperamos que veículos de grande utilização, como táxis, Ubers e comerciais, façam primeiro a transferência para os elétricos devido à economia atrativa. Os investimentos iniciais serão compensados pelo baixo custo operacional ao longo do uso por uma extensa quilometragem”.
O número de veículos elétricos na frota mundial poderia ser ainda maior se não fosse o seu maior entrave: a falta de locais para carregamento da bateria. Segundo McKerracher, a infraestrutura adequada será uma missão para governos, empresas de energia, fabricantes de automóveis e outros investidores do setor privado:
“Ainda assim, a maior parte do carregamento será realizada em residências e muitos consumidores já têm a capacidade de carregar os automóveis com um investimento mínimo. Os custos operacionais serão mais baixos e os consumidores com carregadores residenciais poderão começar todos os dias com um ‘tanque cheio”.
Solução brasileira – O consumo europeu é o responsável por inflar as projeções do número de veículos elétricos de acordo com Renato Romio, Chefe da Divisão de Motores e Veículos do Centro de Pesquisas do Instituto Mauá de Tecnologia: “Como a Europa não tem outra fonte de combustível renovável, a melhor solução é a eletricidade para baixar os níveis de emissão de gás carbônico. O governo europeu, inclusive, dá subsídios para a compra de elétricos”.
Ele acredita que cada país deve buscar sua própria solução por combustíveis menos poluentes. O Brasil, por exemplo, deveria investir prioritariamente em veículos híbridos – misto de motor à combustão e elétrico –, tendo o álcool como combustível, pois já desenvolveu toda a tecnologia para a sua produção:
“O álcool é bem menos poluente que a eletricidade usada para rodar o veículo elétrico na Europa. O gás carbônico que sai pelo escapamento é recapturado durante o cultivo de cana de açúcar”. Outra razão é que os veículos elétricos e suas peças de reposição serão importados, o que não irá desenvolver os centros de tecnologia automotiva no Brasil.
A falta de locais para carregar a bateria também poderá restringir a circulação dos veículos elétricos aos centros urbanos. Romio lembra, porém, que a Europa já conta com postos de carregamento em estradas.
Inúmeros acidentes têm acontecido nos últimos anos com os carros elétricos da Tesla: “A tensão elétrica nesses carros é mais alta, em torno de 600 volts, o que pode gerar curto-circuito. No entanto, as normas de segurança para os elétricos estão aumentando e, consequentemente, sua tecnologia, o que não irá atrapalhar a adoção desses veículos”.