Carros premium ocupam vanguarda tecnológica

As novas tecnologias são, em sua maioria, testadas em veículos premium. Durante o Seminário AutoData Os Novos Desafios da Indústria Automotiva Brasileira, João Oliveira, diretor comercial da Volvo Cars Brasil, e Henrique Miranda, executivo da BMW no Brasil, falaram que o futuro dos veículos passam pelas tecnologias desenvolvidas por essas empresas.

A Volvo Cars, Oliveira afirmou, mantém um programa que visa a acabar com as mortes e diminuir o número de feridos gravemente em seus carros até 2020: “Para isso estamos desenvolvendo muitas tecnologias de veículos autônomos. Em 2018 cem carros desse tipo rodarão na Suécia, em testes, que serão realizados com famílias. Dados mostram que 90% dos acidentes automobilísticos são causados pelo homem e, se conseguirmos reduzir essa intervenção humana, poderemos chegar à nossa meta”.

A Volvo, contou Oliveira, também tem como meta aumentar o uso de motores híbridos e elétricos em seus carros: “Nosso plano é produzir, a partir de 2019, somente carros mais limpos. Não estamos mais preocupados somente em desenvolver o produto e, sim, no impacto social que os automóveis têm sobre as pessoas. E, aí, estamos falando sobre eficiência energética e sobre carros autônomos”.

Essa também é a tônica nos centros de desenvolvimento da BMW. Henrique Miranda disse que os BMW já contam com SIN cards, que conectam o veículo a uma central: “Conseguimos acabar com a revisão programada. Temos acesso a todos os dados do veículo e sabemos quando, e o que, precisa de manutenção. É algo importante porque o concessionário se prepara para receber aquele cliente, o que dá mais confiabilidade ao serviço”.

Com o SIN card conecta-se, também, o carro à residência, contou Miranda: “Levamos a casa do cliente para dentro do seu carro e temos todas as informações necessárias arquivadas na nuvem. Acreditamos que o futuro da indústria passa pela eletrificação e pelo compartilhamento de veículos. E essa é uma grande oportunidade para as fabricantes de veículos premium, de atrair aquele cliente que não pensa em ter um automóvel, mas quer se ligar às empresas que pensam como ele: preocupadas com o meio ambiente e a mobilidade urbana”.

Mercedes-Benz quer crescer em serviços

A Mercedes-Benz tem planos para crescer no segmento de serviços para caminhões como forma de buscar espaço em outras áreas enquanto as vendas de veículos seguem a passos lentos no País. Um dos caminhos escolhidos foi expandir o modelo de oficina dedicada, aquele no qual a empresa mantém alguma estrutura nos domínios do cliente. Outra alternativa é um plano de modernização do atendimento nas concessionárias.

O diretor de vendas para caminhões, Robert Leoncini, disse que trabalha já há algum tempo na adoção de um processo que traga mais receitas ao segmento de serviços da M-B. Com o declínio das vendas de caminhões, principalmente nos últimos dois anos, o que era um projeto tornou-se demanda urgente: “Afora o plano de investir na diversificação há, também, uma frota circulante importante que precisa de atendimento de alto desempenho. Precisamos atrair o caminhoneiro para um lugar onde a manutenção seja rápida e com preços competitivos”.

Um serviço que possui importante valor agregado, e que traz previsibilidade do ponto de vista de receita para a M-B, são as oficinas dedicadas, uma oferta que não é novidade no mercado mas que tem recebido atenção especial por parte da companhia. Clientes considerados chave, e que atuam em áreas ligadas à infraestrutura, por exemplo, investiram recentemente em formas de trazer para perto as células de manutenção.

Jaqueline Neves, gerente de serviços ao cliente e concessionários, contou que a demanda destes clientes não é apenas ganhar tempo na reposição de componentes, mas ter acesso a profissionais que possam auxiliar na gestão da manutenção: “Clientes envolvidos em grandes operações, como é o caso de construtoras e mineradoras, investiram mais neste tipo de serviço, e nós queremos leva para outros segmentos, como o de logística”.

Já o modelo de oficina, que a empresa trata de levar ao mercado com o nome de oficina de alta performance 2.0, é uma parceria com a rede de concessionários para que os processos de gestão da manutenção dos clientes sejam mais precisos e padronizados do que o modelo atual. O concessionário recebe treinamento da M-B e, então, passa a seguir novos protocolos de atendimento.

Desde a sua adoção, em meados do ano passado, disse a gerente, esse tipo de oficina já é realidade em mais de 50% da rede, e que os atendimentos aumentaram nas lojas: “Até agora foram mais de 370 mil atendimentos, o que significa 120 mil veículos. São clientes que optaram por um atendimento mais profissional”.

A Mercedes-Benz tem 180 pontos de atendimento no País, com 3,1 mil funcionários.

 

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Ford cria joint-venture para fabricar elétricos na China

A Ford anunciou na terça-feira, 22, a assinatura de memorando de entendimento com a Anhui Zotye Automobile, grande fabricante de veículos elétricos na China. O objetivo é a criação de joint-venture para o desenvolvimento, produção, venda e manutenção de uma nova linha de veículos elétricos de passageiros no mercado chinês.

Segundo a Ford essa parceria, com participação igualitária, está alinhada à sua visão de oferecer veículos elétricos eficientes e acessíveis para os consumidores e de contribuir para a sustentabilidade ambiental.

Peter Fleet, presidente da Ford Ásia Pacífico, disse em comunicado que veículos elétricos terão participação importante na China no futuro: “Poder lançar uma nova linha de veículos totalmente elétricos no maior mercado automotivo do mundo é um passo empolgante para a Ford na China. Queremos ser líder em novas soluções nesse segmento”.

A China é o mercado de veículos com energias alternativas que mais cresce no mundo. A expectativa da Ford é a de que chegue a 6 milhões de unidades por ano em 2025, sendo cerca de 4 milhões totalmente elétricos.

A Zotye Auto foi uma das primeiras a produzir veículos de passageiros totalmente elétricos na China, mercado que lidera no segmento de compactos. Até julho a empresa já vendeu mais de 16 mil veículos elétricos, que representam crescimento de 56% sobre o ano passado.

Os futuros veículos da joint-venture serão vendidos sob uma nova marca local. Informações adicionais sobre produtos e volumes de produção serão anunciados após a aprovação do acordo definitivo.

Jin ZheYong, presidente da Anhui Zotye Automobile, disse que “a parceria com a Ford fortalece ambas as partes para que possamos ter participação importante no crescente mercado de veículos elétricos na China”.

A Zotye tem sua sede em Huangshan, província de Anhui.

A Ford, que planeja lançar globalmente treze novos veículos elétricos nos próximos cinco anos, com investimento de US$ 4,5 bilhões, anunciou sua estratégia de eletrificação na China: até 2025 70% dos seus veículos vendidos no país terão uma opção elétrica.

A nova joint-venture será um grande avanço nas iniciativas de eletrificação da Ford e ampliará a sua presença na China, onde já mantém as joint-ventures Changan Ford e Jiangling Motors Corporation.

Onde estão as menores taxas do mercado?

As taxas de juros nos financiamentos de veículos oferecidos pelos bancos das montadoras são menores do que as de bancos de varejo, de acordo com dados do Banco Central. Na primeira semana de agosto, por exemplo, a menor taxa era praticada pela BMW Financeira, com 12,33% ao ano, e a menor taxa de um banco de varejo era quase o dobro, 20,46% ao ano, oferecida pela Alfa Financeira. Depois dos da BMW Financeira os juros mais baixos praticados no mercado são 12,68% ao ano do banco da Mercedes-Benz e 13,15% ao ano do Banco PSA.

A diferença nas taxas de juros ocorre porque os bancos das montadoras têm interesse estratégico alinhado com suas empresas, para incentivar as vendas e diminuir os seus estoques nos pátios, de acordo com Marcelo Prata, fundador da plataforma Canal do Crédito: “Os bancos das montadoras são focados nos financiamentos de veículos enquanto os de varejo atendem clientes dos mais variados perfis para diferentes produtos. Por esse motivo seu risco é maior e, consequentemente, a taxa de juros é mais alta. É como se os bancos das montadoras se autofinanciassem e, por esse motivo, podem praticar taxas de juros mais agressivas”.

Segundo ele as taxas de juros dos bancos de montadoras costumam ser menores, mas a disparidade com os bancos tradicionais diminui quando o mercado está aquecido e as vendas em alta.

Concessão de crédito – Com a recuperação nas vendas de veículos o volume na concessão de crédito deve aumentar este ano, de acordo com a Anef, Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras. A entidade revisou para cima sua projeção do total de liberação de recursos para financiamentos em 2017, com alta de 10,2% contra a estimativa de 5,5% do início do ano. A entidade calcula que serão liberados R$ 90,6 bilhões em novos contratos em 2017 contra R$ 82,2 bilhões em 2016.

Segundo Luiz Montenegro, presidente da Anef, o aumento na projeção se deve à combinação de fatores econômicos como a queda na Selic, a inflação sob controle, a estabilização da taxa de desemprego e a projeção de crescimento do PIB para 2018:

“A estabilidade econômica provoca aumento da confiança do consumidor, o que, aliado à demanda reprimida, deverá aumentar a venda de veículos no segundo semestre. Mas será uma retomada lenta e gradual no setor automotivo”.

Só no primeiro semestre deste ano os bancos de montadoras e de varejo liberaram R$ 45,8 bilhões, o que representa alta de 18,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior, R$ 38,6 bilhões.

Novos veículos puxarão negócios da ABB no País

O ciclo de lançamentos de veículos no País, que deve se intensificar a partir de 2018 com a chegada de novas famílias de compactos e modelos inéditos de SUVs, é visto pela fabricante de robôs ABB como a oportunidade de expandir suas vendas na região, diversificar a oferta na área de serviços e aumentar o número de máquinas conectadas dentro dos clientes que dão os primeiros passos no universo da indústria 4.0.

A companhia, que segundo seus cálculos possui, no mercado brasileiro, 5 mil robôs em atividade com a sua logomarca – dentre os quais 70% estão dentro do setor automotivo –, afirmou que historicamente os períodos de lançamentos são marcados por volumes maiores de vendas de robôs. As novas linhas trazem a reboque equipamentos mais avançados para a montagem das carrocerias dos veículos, e este panorama é favorável aos negócios da ABB no Brasil.

Para seu gerente da divisão de serviços, Cássio Scarpi, ainda que o mercado esteja retomando o ritmo de vendas internamente, o que em tese refletiria no desempenho da empresa, muitos dos clientes hoje trabalham na finalização de projetos que envolvem mais automação nas fábricas: “Muita coisa está sendo feita neste momento, mesmo que o mercado esteja longe dos volumes de vendas de 2013. Chegarão novos produtos e, com eles, linhas mais modernas. Já temos diversos pedidos fechados com montadoras instaladas daqui”.

Levantamento feito pela consultoria IHS, especializada no setor automotivo, indicou onze lançamentos para 2018 utilizando como base a análise do ciclo de desenvolvimento das montadoras nos últimos anos. São esperadas novidades na BMW, Chery, Mercedes-Benz, Hyundai, Mitsubishi, PSA, Renault Nissan, Jaguar Land Rover, Toyota e Volkswagen.

Scarpi afirmou que as conversas com fabricantes e sistemistas se encontram em ritmo avançado no que diz respeito aos novos projetos de linhas de montagem: “Excluindo a FCA, que tem como fornecedor de equipamento de automação uma empresa do próprio grupo, os demais fabricantes são clientes globais que estão otimistas sobre os próximos anos a ponto de se prepararem para um aumento da demanda”.

O executivo disse, também, que afora a renovação do ciclo de alguns veículos a chegada de novos equipamentos servirá para aumentar o índice de automação da indústria brasileira: “O gosto do consumidor brasileiro demanda veículos com mais tecnologia, da estrutura ao acabamento, e as fabricantes estão buscando mercados mais exigentes nas exportações. A reformulação das linhas inaugura um novo período para o setor automotivo no caminho da conectividade”.

A ABB, ex-Asea Brown Boveri, neste sentido, planeja dobrar o número de robôs conectados no Brasil – aqueles que trocam ideias nas linhas de montagem –, chegando a cem unidades até o fim do ano.

Dados de pesquisa divulgada durante o Fórum Econômico Mundial, em janeiro, indicam que o Brasil está na 81ª posição em ranking de competitividade que conta com 138 países. Enquanto o nosso parque industrial conta com dez robôs para cada 10 mil funcionários a Coreia do Sul, líder do índice, soma 478. O governo, na semana passada, deu indícios de que pavimenta o caminho para a chegada de mais equipamentos de automação no País, ao anunciar que zerou a alíquota para a importação destes itens e outros ligados ao setor de autopeças.

Remanufatura – A ABB, que importa os robôs vendidos aqui, possui cinco unidades no País: uma em Blumenau, SC, um centro de distribuição e uma fábrica de motores e equipamentos de baixa tensão para o setor elétrico em Sorocaba, SP, um centro de distribuição e uma fábrica em Guarulhos, SP. Nesse último funciona linha de produção de equipamentos para o setor elétrico, centro de desenvolvimento em robótica e, nos últimos meses, uma área de remanufatura de robôs. A nova célula faz parte de um processo de diversificação da oferta da empresa em serviços:

“Percebemos que muitos setores que estão começando a se automatizar compraram equipamentos usados, e também há clientes tradicionais que decidiram apostar na manutenção dos seus robôs em vez de comprar equipamentos novos. É um mercado pouco explorado no Brasil”.

O centro de remanufatura é o primeiro da empresa na América Latina e tem capacidade para reparar trezentos componentes por ano. Sua concepção foi espelhada na unidade que a ABB possui na República Tcheca, em Ostrava. O equipamento que passa pelo processo, segundo Scarpi, chega a custar de 60% a 70% do valor de um novo.

Great Wall mais longe de comprar a FCA

A Great Wall Motor informou, e o site da prestigiosa Automotive News publicou, na terça-feira, 22, que não vê perspectivas de um acordo com a FCA, Fiat Chrysler Automobiles, a respeito de assumir sua divisão Jeep. Um dia, apenas, depois de manifestar seu interesse pela divisão Jeep da FCA a Great Wall disse que existem “grandes incertezas” com relação à sua disposição de continuar a estudar um eventual acordo de compra com a FCA.

Esse padrão de informação consta em comunicado da fabricante chinesa de automóveis, com base em Baoding, enviado à Bolsa de Valores de Xangai. Diz, também, que “os esforços da empresa chinesa não geraram progressos concretos até agora”, e que não estabeleceu, até agora, as conversas necessárias com o conselho de administração da FCA.

O CEO da FCA, Sergio Marchionne, fez uma especulação sobre o acordo no mês passado, quando disse que avaliaria a oportunidade de se desfazer de algumas empresas. A marca Jeep ancora operações automotivas de mercado da FCA e tem sido foco-chave de expansão. Estudo do Morgan Stanley avalia a Jeep em cerca de US $ 24,2 bilhões, US $ 4,7 bilhões a mais do que o valor de mercado do grupo todo.

É improvável que a Fiat pretenda vender a apenas a marca Jeep, dissociada das marcas Dodge, Ram e Chrysler. A Great Wall também poderia encontrar dificuldades para obter a aprovação da regulamentação chinesa devido a restrições recentes sobre a saída de capital, informaram em relatório analistas do Deutsche Bank, Vincent Ha e Fei Sun. Uma aquisição também exigiria a aprovação de órgãos governamentais dos Estados Unidos, EUA, o que poderia ser complicado sob a administração atual, disseram eles em nota: “Não podemos ignorar os potenciais obstáculos políticos envolvidos em uma potencial fusão”.

As ações da Great Wall foram suspensas na negociação em Hong Kong e Xangai na terça-feira, 22, com as bolsas aguardando esclarecimento sobre o assunto.

Consumidor quer carro mais tecnológico

Uma pesquisa com as principais tendência de mobilidade foi apresentada durante a palestra A expectativa do consumidor, realizada por Rogério Monteiro, diretor geral da área automotiva da IPSOS, durante o Seminário AutoData Os Novos Desafios da Indústria Automotiva Brasileira. O levantamento foi feito com mais de dez mil pessoas de nove países: Brasil, Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Espanha.

O brasileiro ficou em segundo lugar, com 44%, na preferência por condução autônoma, atrás apenas da China, com 57%: “Metade dos brasileiros se mostra disposto a dirigir veículos autônomos, independente da infraestrutura. Pode ser um fator para impulsionar as montadoras a desenvolver a tecnologia dos autônomos”.

Outro dado interessante é que o brasileiro é o mais preocupado com segurança de dados nos carros conectados e com condução automatizada. Segundo a pesquisa, 59% dos brasileiros têm receio de fraudes e roubo de informações, seguidos por 54% dos espanhóis e 53% dos franceses.

Os itens de tecnologia embarcada dos veículos como opções de serviços preferidos pelos brasileiros são localização do veículo, serviço de emergência, recarga inteligente em veículos elétricos, previsão de tráfego e comunicação carro a carro: “A tecnologia pode ser boa, mas ela tem que ser intuitiva, rápida, simples e fácil de ser usada”.

Bosch projeta alta demanda por conectividade

A Bosch projetou crescimento de 25% no volume de veículos conectados até 2025, chegando a 250 milhões de carros em circulação no mundo todo. O cenário traçado estimulou a companhia a investir na oferta de serviços ligados à conectividade. O mais recente esforço foi a construção de um centro de armazenamento de dados, ou datacenter, na cidade de Bremen, na Alemanha.

Segundo Besaliel Botelho, presidente da Bosch do Brasil, serão reunidos nos servidores do local os dados gerados pelos veículos conectados que possuem os sensores da empresa: “O investimento foi de € 1 bilhão no local e mostra como a empresa está se preparando para atender uma demanda que será importante no futuro”. O executivo disse também, durante o Seminário AutoData Os Novos Desafio da Indústria Automotiva Brasileira, que a estratégia faz parte de um novo pacote de serviços ligados à internet com lançamento esperado para 2018.

O serviço citado é o Bosch Automotive Cloud Suite, anunciado em março deste ano. Em linhas gerais, é uma plataforma de software por meio da qual os clientes desenvolvam serviços de mobilidade, seja diagnóstico preditivo ou estacionamento on-line. A oferta da Bosch é fruto de uma parceria com a TomTom e também com os provedores chineses AutoNavi, Baidu e NavInfo.

Botelho justifica os esforços da companhia na área de serviços de tecnologia com o atual rumo que a arquitetura dos veículos esta tomando, principalmente após a popularização de motores menores e mais eficientes: “Um motor elétrico tem 200 partes. A combustão, mais de mil. Existe uma transformação total do powertrain no que diz respeito à cadeia de fornecedores. A transformação vai acontecer, as montadoras e os sistemistas estão atentos a isso, e no futuro haverá uma combinação nas tecnologias destes dois lados do setor”. De acordo com balanço da companhia do ano passado, as vendas na área de soluções de mobilidade cresceram 7% na comparação com as vendas de 2015.

General Motors conecta 200 mil carros na América Latina

A General Motors atingiu a marca de 200 mil veículos conectados na América Latina por meio do sistema OnStar, a maioria deles no modelo Chevrolet Onix, disse Péricles Mosca, diretor de OnStar e Maven da GM, durante o Seminário AutoData Os Novos Desafios da Indústria Automotiva Brasileira.

O OnStar surgiu há 20 anos nos Estados Unidos e tem em todo o mundo sete milhões de usuários. No Brasil foi lançado em setembro de 2015 no modelo sedã Cruze. Entram na contabilidade da empresa carros equipados com sistemas de entretenimento e navegação de fábrica. O volume de veículos pode aumentar na região em função das vendas do Onix no Brasil, o mais vendido do País até julho com 98 mil 469 unidades. Outros fatores que podem contribuir são o desempenho das vendas da versão Activ nos países vizinhos e a parceria anunciada recentemente com o aplicativo Waze.

O sistema da General Motors havia atingido a marca de 130 mil em adesões, em março, desde o seu lançamento no Brasil. O sistema oferece conexão do usuário com o veículo tendo as funções de navegação, monitoramento remoto e uma central de atendimento que dá suporte em emergências, na busca de informações úteis e na localização do carro.

O executivo chegou há dois anos na GM com a responsabilidade de expandir a operação da plataforma de conectividade OnStar e o serviço de aluguel e compartilhamento de veículos Maven no Brasil. Este último está em funcionamento aqui apenas nas três fábricas da GM instaladas no Rio Grande do Sul e em São Paulo, restrito ao uso dos funcionários. Não há previsão, segundo Mosca, de estar disponível para fora dos portões da montadora.

Nos Estados Unidos, no entanto, detém uma fatia de 9% do concorrido mercado de compartilhamento de veículos. A plataforma Maven tem mais de 35 mil usuários em 13 cidades daquele país e iniciou operação em Nova York em maio deste ano.

Veículos comerciais estão de olho na tecnologia

A revolução tecnológica na indústria automotiva envolvendo conectividade, automação, eletrificação e mobilidade foi a tônica do painel sobre o futuro tecnológico dos veículos comerciais realizado no Seminário AutoData Os Novos Desafios da Indústria Automotiva Brasileira.

Para Alan Holzmann, diretor de planejamento e desenvolvimento de produto caminhões da Volvo, a conectividade terá impactos na gestão da frota, aumentando a produtividade e reduzindo custos, pois serão necessários menos veículos para realizar o mesmo trabalho. Já a automação irá aumentar a segurança e diminuir a manutenção dos veículos: “A tecnologia já existe. A questão é quando estará disponível para caminhões e ônibus”.

Sabendo disso, as montadoras já se preparam para o futuro que está batendo na porta. Na Suécia, a Volvo desenvolve projetos pilotos usando veículos autônomos, como caminhão de lixo em Gotemburgo e caminhão na mina subterrânea em Boliden. Os funcionários apenas inspecionam o carregamento e o transporte da carga. São projetos pilotos para desenvolver tecnologia, estão em fase de testes para serem comercializados.

No centro de desenvolvimento e pesquisa em Curitiba, PR, foi desenvolvido o caminhão autônomo VM para plantações de cana de açúcar. O projeto, realizado por técnicos brasileiros, reduz perdas com o pisoteio nas colheitas em 12%, aumentando a produtividade: “Ele é um protótipo que está em fase de testes. Acredito que poderá ser comercializado em 2019. Apesar de ter sido desenvolvido para a realidade brasileira, o veículo pode ter adaptações e ser exportado”.

Já a MAN lançou uma plataforma de conectividade que permite conexão com veículos de diferentes marcas com o objetivo de fazer gestão logística e da frota. Apesar da rapidez tecnológica, é preciso buscar alternativas locais, de acordo com Leandro Siqueira, diretor de engenharia e desenvolvimento da MAN:

“O Brasil tem grande capacidade de produção de bicombustíveis, que podem ser utilizados para fortalecer nossa indústria. Acredito que os veículos com motores a combustão interna ainda serão utilizados por um tempo, mas serão combinados com outros combustíveis”.

Segundo ele, é necessário garantir alternativas para que a indústria automotiva brasileira acompanhe o ritmo das transformações para ser competitiva em escala mundial. Para tanto, é preciso vencer desafios como qualificação dos motoristas bem como qualidade das estradas e da manutenção dos veículos.