Iveco aposta no crescimento de uso do câmbio automatizado

A Iveco, do Grupo CNH Industrial, projetou o crescimento de modelos semipesados equipados com câmbios automatizados no mercado brasileiro, e acredita que em dois anos 80% da frota de veículos novos do País tenham este tipo de câmbio. Em 2014 a fatia era de 3%, e aumentou ao longo do tempo em função da demanda por veículos com baixo consumo de combustível. Alinhada com a projeção a empresa estima que metade de suas vendas internas de semipesados corresponda a unidades dotadas de câmbios automatizados.

 

O cenário vislumbrado pela empresa incidirá nos negócios focados no segmento. Na visão da Iveco o horizonte é o de que o crescimento das vendas de caminhões automatizados exigirá estratégia comercial que leve em consideração treinamentos aos motoristas e, mais desafiador, a massificação dessa linha de veículo. Para Ricardo Barion, diretor de marketing para América Latina, assim como ocorre nos Estados Unidos os motoristas brasileiros têm preferência por câmbios manuais:

 

“Já os frotistas, por uma série de razões ligadas à redução de custo e à eficiência operacional, darão cada vez mais preferência à composição de suas frotas com veículos automatizados. Da nossa parte isso exigirá um esforço intenso em treinamento de motoristas por meio da rede de concessionários, para que eles conheçam o produto”.

 

Para Darwin Viegas, diretor de desenvolvimento de veículos comerciais da CNH Industrial para América Latina, os semipesados têm sido cada vez mais utilizados em aplicações que demandam veículos dotados de mais recursos no powertrain, algo que no passado aconteceu no segmento de pesados: “Operações como as de coleta de resíduos e de distribuição de varejistas exigem, hoje, basicamente redução de consumo de combustível em função da alta do preço e queda dos fretes. E quem proporcionará isso são recursos como troca inteligente de marchas e retomada de potência em baixa rotação”.

 

A empresa nutre há algum tempo a ideia de expandir a aplicação do câmbio automatizado também para sua linha de veículos leves, outro segmento no qual os clientes estão mais atentos com relação ao custo operacional. A crise nas vendas de veículos, que se intensificou no País nos últimos anos, no entanto, engavetou o projeto que, em linhas gerais, daria à luz a van Daily com câmbio automatizado, contou Marco Borba, vice-presidente da Iveco para a América Latina: “Estamos acompanhando a retomada do mercado nesse sentido. Por ora a ideia é a de que nosso mix, no ano que vem, seja composto por 70% de veículos com câmbio automatizado”.

 

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O que um câmbio automatizado pode fazer pelos Iveco Tector

O desempenho das exportações do caminhão semipesado Tector aos mercados da América Latina provocou a Iveco a traçar projeto mais agressivo para ampliar sua participação de vendas na região. O plano de expansão gira em torno da versão equipada com câmbio automatizado, lançada na terça-feira, 15, em Sete Lagoas, MG.

 

O veículo já está sendo produzido na planta local e chegará aos concessionários em duas semanas. Ele se junta à versão manual na gama de semipesados da empresa, a qual foi responsável pelo aumento das exportações no ano passado, como disse o vice-presidente Marco Borba: “Acreditamos que a versão automatizada poderá nos ajudar a crescer nesses mercados e, mais importante, abrir espaço em outros novos”.

 

A Iveco declarou que foram exportados, no primeiro semestre, 1,7 mil caminhões, alta de 144% na comparação com o volume exportado no mesmo período do ano passado. Borba reconheceu que o crescimento expressivo se deu por causa de base baixa de exportações, mas destacou que pode aumentar em função de demandas verificadas nos principais mercados da Iveco fora do Brasil: Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai.

 

Na Argentina, onde a empresa mantém fábrica em Córdoba, o segmento de 16 toneladas – no qual atua uma versão do Tector 4×2 – é um dos que mais crescem, de acordo com dados da empresa, que lá vendeu, no ano passado, 2 mil 341 unidades de semipesados. Só no primeiro semestre deste ano o volume foi maior, 4 mil 133 unidades, e isso animou as projeções de vendas da nova versão.

 

O Tector dotado de câmbio automatizado também será produzido na Argentina com as mesmas configurações do veículo brasileiro, assim como versão pesada do modelo exclusiva para o país. A decisão de manter a produção do modelo em ambos os países, disse Borba, aconteceu por causa de questões ligadas às políticas de cada país sobre conteúdo nacional e sua relação com programas de financiamento: “Isso ocorre por causa das exigências do Finame sobre conteúdo local. Na Argentina ocorre o mesmo, de forma que no caso do Tector manteremos a produção do modelo em ambos os países”.

 

Em Córdoba está a produção dos veículos pesados acima de 16 toneladas, e ao Brasil foi reservada a produção de todo portfólio, que inclui a linha leve na plataforma da van Daily, os veículos pesados, tanto a família do Tector quanto a do pesado Hi-Way, e os ônibus.

 

Tanto o Tector nacional quanto o produzido na Argentina são equipados com caixa de câmbio automatizada da Eaton, fabricada em Valinhos, SP, que exportará o componente para a Iveco Argentina. O motor é fornecido pela FPT, que integra o grupo por meio da CNH Industrial.

 

O Tector é produzido em Sete Lagoas, tem 300 cv de potência e atende à norma Euro 5 de emissões.

 

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Consórcios caem no gosto do cliente

As vendas de novas cotas para consórcio de veículos, que inclui carros, caminhões, motos e máquinas agrícolas, aumentaram 7,4% no primeiro semestre deste ano com relação ao mesmo período do ano passado. O número de novos consorciados cresceu de 896,6 mil para 963,2 mil. Como consequência, o volume de créditos comercializados pulou 21,5%, de R$ 23,5 bilhões para R$ 28,5 bilhões. Os dados foram divulgados pela ABAC.

 

As baixas taxas oferecidas pelo consórcio são um dos motivos que impulsionaram esse crescimento, acredita Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da entidade:

 

“Quanto maior o prazo do consórcio mais baixa será a prestação. A taxa de administração também é menor do que o financiamento em função do prazo. Há grupos de consórcios de automóveis com prazo de oitenta meses, de motos com 72 meses e de caminhões com cem meses”.

 

Outro motivo, disse Rossi, é que o consumidor está controlando seu orçamento por causa da crise econômica, substituindo o imediatismo do consumo pelo planejamento financeiro, que é a essência do consórcio.

 

O número de contemplações diminuiu 10,6% no primeiro semestre na comparação com o mesmo período do ano passado, caindo de 627 mil para 560,4 mil. Consequentemente o volume de crédito disponibilizado diminuiu 5,1%, passando de R$ 16 bilhões 530 milhões para R$ 15 bilhões 680 milhões.

“O consorciado tem acesso ao crédito por sorteio ou por lance. Por causa da crise o consorciado não quer usar reserva financeira para fazer seu lance, o que influencia as contemplações e o volume de crédito ofertado.”

 

Leves e pesados – O número de novos consorciados para veículos leves cresceu 20,5% no primeiro semestre na comparação com igual período do ano anterior, pulando de 428,8 mil para 516,6 mil. No primeiro semestre o volume de créditos subiu 26,7%, de R$ 16 bilhões 98º milhões para R$ 21 bilhões 510 milhões.

 

O número de novos consorciados para veículos pesados também aumentou, 10,4%, no semestre, passando de 21 mil 30 para 23 mil 450 mil. O volume de créditos comercializados cresceu 12,3%, de R$ 3 bilhões 460 milhões para R$ 3 bilhões 8 milhões.

 

Com o fim do Finame, observou o presidente da Abac, o consórcio se tornou uma opção para ampliar ou renovar a frota de caminhões e máquinas agrícolas: “O consórcio é visto como uma forma de investimento, pois o bem será retirado depois de um prazo”.

 

O segmento de veículos representa a maior fatia do total de consórcios, que também inclui imóveis e eletrônicos. Do total de 6 milhões 930 mil de consorciados 6 milhões 6 mil são de veículos, o que corresponde a 87,4%.

Seminovos rendem R$ 2,5 bilhões às locadoras

Localiza, Movida e Unidas, principais nomes do segmento de locação de veículos no País, movimentaram R$ 2 bilhões 559 milhões 2 mil com vendas de automóveis seminovos no primeiro semestre, uma vertente de seus negócios que há muito supera as receitas com alugueis. Os balanços das companhias, referentes aos primeiros seis meses do ano, apontaram crescimento positivo nos desempenhos de cada uma no período.

 

A Localiza terminou o semestre com frota de 151 mil 750 carros em operação no País. Afora o tamanho do seu ativo a empresa despontou como líder do mercado em termos de ganhos com as vendas de veículos com mais de três anos de uso, que renderam R$ 1 bilhão 526 milhões 3 mil aos seus cofres da companhia – valor que é 16,6% maior do que o obtido no primeiro semestre do ano passado.

 

Os alugueis renderam valor inferior no mesmo período: R$ 1 bilhão 159 milhões 1 mil.

A empresa, que expandiu sua estrutura no mercado brasileiro a partir da compra da concorrente Hertz, no fim do ano passado, fechou o semestre com lucro líquido de R$ 249,5 milhões, o maior verificado no segmento de venda de seminovos e locação. O desempenho chamou a atenção até de uma empresa de gestão de ativos dos Estados Unidos, a BlackRock, que adquiriu 5,16% das ações ordinárias da Localiza na quinta-feira, 10.

 

A receita da Movida com a venda de seminovos chegou a R$ 719 milhões no primeiro semestre, crescimento de 45,3% na comparação com o primeiro semestre do ano passado – e os ganhos com locação atingiram R$ 486,5 milhões.

 

Já as vendas de seminovos da concorrente Unidas totalizaram R$ 413,8 milhões, crescimento idêntico ao da Movida no período, 45,3%, e a locação rendeu R$ 357 milhões. Para aumentar sua participação no segmento de seminovos a Unidas lançou, no mês passado, modelo de venda baseado nos feirões, com a abertura de espaço de vendas de carros usados em São Paulo e que poderá ser replicado pelo Estado por meio de franquias.

 

O desempenho das locadoras refletiu nas vendas diretas das montadoras no semestre e ajudou o setor a demonstrar recuperação nas vendas internas. Dados divulgados pela Fenabrave mostram que as vendas diretas de automóveis de passeio e utilitários leves crescem, este ano, mais de 27%, ao passo que, no varejo, maior canal de vendas das montadoras, o consumo recua 8,5% sob a influência negativa do avanço do desemprego.

 

Do total de veículos emplacados no período 23% foram vendidos de maneira direta. Ou seja: 194 mil 99 unidades foram vendidas diretamente às empresas.

 

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Movida aluga carro de luxo para pessoa física

A Movida anunciou a aquisição da Fleet Services, companhia especializada em locação corporativa, por R$ 22 milhões. Com o negócio a Movida quer explorar nicho que mostrou demanda crescente: aluguel de veículos de luxo para pessoas físicas.

De acordo com Renato Franklin, o seu presidente, em abril a Movida inaugurou o serviço de leasing operacional, o Movida Flex, e ao longo dos meses a empresa percebeu clientes buscando veículos de luxo no modelo leasing: “O serviço Flex contava com uma frota de veículos populares, e vimos que havia demanda para a oferta de carros premium”.

A efetivação da compra está condicionada à aprovação em assembleia geral extraordinária da companhia, que tem capital aberto, e pelo Cade, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica. O executivo disse que a expectativa é a de que o processo de aprovação se encerre até o fim de setembro.

A Fleet Services era marca pertencente à BVHD Locação de Veículos e Serviços, e agregará à frota da Movida 153 carros das marcas Audi, BMW, Jaguar Land Rover, Mini e Porsche. Para Franklin a compra representa, também, oportunidade de a empresa diversificar a oferta de veículos de outras marcas: “Já trabalhamos com veículos da Mercedes-Benz em ofertas corporativas. Com a compra da Fleet nos aproximamos de outras marcas”.

O executivo disse ainda que a aquisição dará mais escala para os serviços prestados a grandes empresas, que recorrem à locadora em busca de veículos para viagens corporativas: “O mercado de locação no Brasil ainda é muito imaturo, mas apresenta um potencial enorme, sobretudo no segmento corporativo. Empresas passaram a investir em locação, reduzindo frotas próprias”.

Disse, também, que atualmente menos de 1% da frota nacional é de veículos para locação.

No segundo trimestre a Movida registrou recorde no número de diárias de aluguel, atingindo 2,7 milhões, aumento de 42,3% com relação ao mesmo período do ano passado devido à captura da demanda progressiva no setor.

As concorrentes Localiza e Unidas também possuem serviços no segmento premium,o Localiza Prime e o Unidas Bestfleet.

MWM fornecerá motor MAR-I

A MWM fornecerá motores que atendem à legislação MAR–I para a fabricante de máquinas e implementos agrícolas, JAN. O contrato terá início neste semestre. Segundo a MWM os motores serão os da série Acteon 4.12TCE, de 160 cv, para os pulverizadores JAN Power Jet 2650L e Power Lancer 4000L, e de 190 cv para os equipamentos Spartan 2650L e Spartan 3000L.

Em nota a MWM informou que há outro acordo para o desenvolvimento de uma nova aplicação, a do distribuidor autopropelido Hidro Spartlancer 6200, com motorização série Acteon 6.12TCE, de 260 cv, MAR-I. O lançamento está previsto para o último trimestre do ano.

Thomas Püschel, diretor de vendas e marketing para motores e peças, disse que “a JAN é um importante parceiro do segmento agrícola e o fornecimento dos motores MAR-I para novas aplicações demonstra o fortalecimento e a expansão dessa parceria”.

As empresas são parceiras há dez anos e as aplicações JAN, equipadas em sua totalidade com motorização MWM, são comercializadas no Brasil e na América do Sul.

BNDES já liberou R$ 11 bilhões para Finame

O BNDES desembolsou, de janeiro a julho, R$ 11 bilhões por meio da Finame, valor 10% maior do que o liberado no mesmo período de 2016. Ao todo foram 38,5 mil operações, segundo o banco de fomento. A linha de financiamento é específica para a compra de máquinas e equipamentos e caminhões.

Segundo o BNDES só em julho a Finame repassou R$ 2,3 bilhões, o que representou crescimento de quase 90% com relação ao mesmo mês do ano passado. O desembolso mensal da Finame vem acelerando desde maio, quando registrou a primeira alta, de 11%, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Em junho as liberações subiram 28% na comparação com junho do ano passado.

Comunicado do banco disse que “a alta de 90% em julho confirma a tendência de aceleração”.

Essa linha de financiamento é a mais utilizada na compra de caminhões. Até julho, de acordo com a Anfavea, 25 mil 990 veículos foram licenciados no País. Apesar do recuo de 14,1% no comparativo com os primeiros sete meses de 2016, representou uma melhora pois as vendas estão, mês a mês, diminuindo o ritmo de queda.

No acumulado do ano até julho as aprovações da Finame chegaram a R$ 12,6 bilhões, 35% acima dos R$ 9,3 bilhões registrados no mesmo período de 2016, informa o comunicado: “As aprovações da Finame refletem os investimentos de curto prazo prestes a ingressar na economia, pois a contratação e o desembolso ocorrem, em média, em menos de duas semanas”.

Tropicalizar é o futuro da engenharia

Valorizar a nossa realidade como uma alavanca para desenvolver a tecnologia na indústria automotiva brasileira. Este é o caminho de acordo com Camilo Adas, membro do board da SAE Brasil, Sociedade de Engenharia Automotiva, durante o Seminário AutoData Os Novos Desafios da Indústria Automotiva Brasileira:

“A engenharia automotiva brasileira desenvolveu o álcool como combustível por causa do alto preço do barril do petróleo na década de 1970. O etanol e o biodiesel são invenções genuinamente brasileiras de que podemos nos orgulhar”.

A cada ano, o País vive uma nova supersafra, o que estimula o desenvolvimento de soluções em veículos e máquinas agrícolas, como o caminhão VM desenvolvido pelo centro de desenvolvimento e pesquisa da Volvo em Curitiba, PR: “Tropicalizar é fazer tecnologia integrada com a nossa realidade desde os primeiros traços do projeto. Qual multinacional não iria querer investir?”.

Para tanto, é preciso investir na formação dos engenheiros. Segundo Adas, o futuro dos cursos de engenharia não será com currículo segmentado, mas fruto da interação com diversas áreas como elétrica, mecânica e mecatrônica – como algumas universidades no exterior já fazem: “Ficamos surpresos de ver veiculo europeu autônomo, mas a Universidade Federal de São Paulo na cidade de São Carlos já desenvolve seus próprios modelos”.

Por causa da crise no setor automotivo brasileiro dos últimos anos, algumas montadoras extinguiram seus centros de pesquisa e desenvolvimento. Para Adas, estes ciclos de alta e baixa são próprios do mercado. Nesse caso, as empresas poderiam enviar seus profissionais para um intercâmbio em suas filiais no exterior para troca de conhecimento.