Onde estão as menores taxas do mercado?

As taxas de juros nos financiamentos de veículos oferecidos pelos bancos das montadoras são menores do que as de bancos de varejo, de acordo com dados do Banco Central. Na primeira semana de agosto, por exemplo, a menor taxa era praticada pela BMW Financeira, com 12,33% ao ano, e a menor taxa de um banco de varejo era quase o dobro, 20,46% ao ano, oferecida pela Alfa Financeira. Depois dos da BMW Financeira os juros mais baixos praticados no mercado são 12,68% ao ano do banco da Mercedes-Benz e 13,15% ao ano do Banco PSA.

 

A diferença nas taxas de juros ocorre porque os bancos das montadoras têm interesse estratégico alinhado com suas empresas, para incentivar as vendas e diminuir os seus estoques nos pátios, de acordo com Marcelo Prata, fundador da plataforma Canal do Crédito: “Os bancos das montadoras são focados nos financiamentos de veículos enquanto os de varejo atendem clientes dos mais variados perfis para diferentes produtos. Por esse motivo seu risco é maior e, consequentemente, a taxa de juros é mais alta. É como se os bancos das montadoras se autofinanciassem e, por esse motivo, podem praticar taxas de juros mais agressivas”.

 

Segundo ele as taxas de juros dos bancos de montadoras costumam ser menores, mas a disparidade com os bancos tradicionais diminui quando o mercado está aquecido e as vendas em alta.

 

Concessão de crédito – Com a recuperação nas vendas de veículos o volume na concessão de crédito deve aumentar este ano, de acordo com a Anef, Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras. A entidade revisou para cima sua projeção do total de liberação de recursos para financiamentos em 2017, com alta de 10,2% contra a estimativa de 5,5% do início do ano. A entidade calcula que serão liberados R$ 90,6 bilhões em novos contratos em 2017 contra R$ 82,2 bilhões em 2016.

 

Segundo Luiz Montenegro, presidente da Anef, o aumento na projeção se deve à combinação de fatores econômicos como a queda na Selic, a inflação sob controle, a estabilização da taxa de desemprego e a projeção de crescimento do PIB para 2018:

 

“A estabilidade econômica provoca aumento da confiança do consumidor, o que, aliado à demanda reprimida, deverá aumentar a venda de veículos no segundo semestre. Mas será uma retomada lenta e gradual no setor automotivo”.

 

Só no primeiro semestre deste ano os bancos de montadoras e de varejo liberaram R$ 45,8 bilhões, o que representa alta de 18,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior, R$ 38,6 bilhões.

Michelin foca nos superesportivos

Com o lançamento do pneu Pilot Sport4 S, o foco da Michelin se volta para o segmento de veículos superesportivos. Mesmo com a crise no setor automotivo, este nicho está em franco crescimento, de acordo com Ruy Ferreira, diretor comercial da Michelin América Latina. “O segmento de superesportivos apresenta crescimento duas vezes mais rápido do que os veículos de entrada no Brasil e nos demais países da América Latina”.

 

Produzido nas fábricas da Michelin na França, Alemanha e Estados Unidos, o pneu será importado para o mercado sul-americano, até porque os modelos superesportivos também não são produzidos no Brasil. Os veículos que já são equipados com o pneu são Ferrari GTC4LUSSO 2017, Mercedes AMG Classe E E63 2017, Mercedes AMG Classe E E43 2017 e os modelos Porsche Boxster, Panamera 2016 e 718 Cayman.

 

Segundo Ferreira, o mercado brasileiro de pneus de passeio e caminhonetes fechou o primeiro semestre com aumento de 10% em relação ao mesmo período do ano passado, puxado pelos pneus importados. Por sua vez, ainda segundo Ferreira, os fabricantes nacionais tiveram redução de 3% nas suas vendas nesse período.

 

As fábricas de Resende e Campo Grande, ambas no Rio de Janeiro, mantiveram a capacidade de produção mesmo com a queda nas vendas de veículos, compensada pelo aumento nas vendas para o mercado de reposição. A capacidade de produção da unidade de Resende é de 41 mil 800 toneladas de pneus por ano enquanto que em Campo Grande é de 144 mil 700 toneladas.
“No Brasil, o mercado de equipamentos originais, incluindo todas as fabricantes, gira em torno de 14 milhões de pneus. Já o mercado de reposição atinge 38 milhões de pneus. Ou seja, o mercado de peças originais é quase um terço do de reposição”, diz Ferreira. O executivo também acredita que o consumidor prefere comprar itens de série da mesma marca do veículo.

 

Com o Pilot Sport4 S, a empresa mantém a estratégia de lançar um pneu por ano desde 2012. O modelo XM2, voltado para veículos de entrada, o Primacy 3, para sedãs médios, e o LTX Force, para caminhonetes e SUV, são fabricados no Brasil. “O número maior de produtos no nosso portfolio aumenta as chances de atingir o consumidor.” Daqui, eles são exportados para a América do Sul, bem como para países das américas Central e do Norte, como México, Panamá, Costa Rica, Guatemala, El Salvador, República Dominicana.

 

Outra tática da empresa é vender pneus originais para os veículos mais comercializados das montadoras instaladas no Brasil como Toyota Corolla, Honda HR-V e Peugeot 208.

 

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Crise impulsiona surgimento de startups brasileiras do setor automotivo

Uma pesquisa com cinco mil startups de todo o País mapeou as 193 startups brasileiras que estão inovando no segmento automotivo. Elas foram divididas em 22 categorias, sendo que 28% investem na área de logística e transporte, 27% em recursos para mobilidade, 23% em tecnologia automotiva e 22% em tecnologia aplicada. O estudo Liga Insights AutoTech foi realizado pela Liga Ventures, empresa especializada em gerar a intermediação de negócios das startups e grandes empresas como Mercedes-Benz, Michelin e Eaton.

 

Mais da metade das startups brasileiras nasceram nos últimos dois anos, impulsionadas por criar novas oportunidades diante da crise econômica, de acordo com Raphael Augusto, startup hunter da Liga Ventures: “Muitas empresas cortaram investimentos no setor de logística e transporte e tiveram que buscar soluções para seus negócios. As startups identificaram essas janelas de oportunidades e ofereceram alternativas. Como resultado, a empresa pode focar na sua área de atuação e diminuir despesas com transporte”.

 

Uma das áreas que apresenta maior número de startups é a de mobilidade, em que atuam empresas de compartilhamento de veículos ou car sharing, como o aplicativo de transporte de passageiros 99. A novidade é o compartilhamento de veículos para o transporte de carga, que varia de acordo com o perfil do frete, podendo ser de bicicleta, moto, furgão para pequenas distâncias nos centros urbanos até caminhões para percursos mais longos. Um exemplo é a Truckpad, especializada no transporte de carga pesada e que conta com mais de 300 mil caminhoneiros autônomos cadastrados de todo o Brasil.

 

A automação também apresenta forte tendência de crescimento com tecnologias que permitem o monitoramento da frota e o comportamento dos motoristas, como esclarece Rogério Tamassia, fundador e diretor da Liga Ventures: “A Keycar é uma startup de Santos, SP, que criou soluções para acessar o veículo diretamente do celular como abrir e fechar as portar, acionar o ar condicionado e cortar combustível”.

 

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Renave enfim em setembro, promete Denatran

O Renave, Registro Nacional de Veículos em Estoque, deverá entrar em operação em setembro, de acordo com o Denatran, Departamento Nacional de Trânsito. O sistema está em fase final de desenvolvimento, com testes realizados em concessionárias de Aracaju, SE, e Fortaleza, CE, para os últimos ajustes referentes aos fluxos e funcionalidades dos veículos.

 

Por meio de um sistema eletrônico o Renave permitirá o registro da entrada e da saída dos veículos novos e usados nos estoques de concessionárias e de lojas multimarcas. Ao fazer a compra ou a venda do veículo a loja emitirá a nota fiscal eletrônica. Toda a transação, que hoje é feita em papel, será realizada de forma eletrônica. Isso trará mais segurança ao negócio, proporcionando uma maior garantia na legitimidade do emplacamento de veículos e simplificando os procedimentos burocráticos.

 

De acordo com Carlos Magno da Silva Oliveira, coordenador geral de planejamento operacional do Denatran, o Renave trará benefícios para os concessionários e para as lojas multimarcas: “Os estabelecimentos poderão realizar consultas a bancos de dados do Denatran para conhecer as características do veículo antes do fechar o negócio. O registro do veículo no estoque da empresa pode ser uma forma de obter empréstimos para financiamento do capital de giro com taxas mais atrativas”.

 

Aumento das vendas – A nota fiscal eletrônica diminuirá a informalidade nas revendas, que hoje chega a 85%, de acordo com Elis Siqueira, coordenador da área de informações da Fenauto, Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (foto): “Apenas 20% da compra e venda de veículos usados fazem a transferência formal para as lojas. Por causa da burocracia e das despesas o lojista transfere diretamente a posse do veículo do nome do vendedor para o do comprador, como se não houvesse a sua intermediação. Mas se ocorrer algum problema durante o processo o lojista terá que arcar com os gastos”.

 

Segundo ele as despesas com a transferência do veículo podem chegar a R$ 1,2 mil, envolvendo custos com vistoria, emissão de documentos autenticados em cartório e taxas do Detran. Já o tempo de transferência depende do Estado e pode ser de até 21 dias, como ocorre no Rio Grande do Sul: “Acredito que o Renave aumentará as vendas das revendas independentes. Ao reduzir as despesas e o tempo do processo de transferência é possível reduzir o preço do veículo para o consumidor. Todos acabam ganhando”.

 

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Novos veículos puxarão negócios da ABB no País

O ciclo de lançamentos de veículos no País, que deve se intensificar a partir de 2018 com a chegada de novas famílias de compactos e modelos inéditos de SUVs, é visto pela fabricante de robôs ABB como a oportunidade de expandir suas vendas na região, diversificar a oferta na área de serviços e aumentar o número de máquinas conectadas dentro dos clientes que dão os primeiros passos no universo da indústria 4.0.

 

A companhia, que segundo seus cálculos possui, no mercado brasileiro, 5 mil robôs em atividade com a sua logomarca – dentre os quais 70% estão dentro do setor automotivo –, afirmou que historicamente os períodos de lançamentos são marcados por volumes maiores de vendas de robôs. As novas linhas trazem a reboque equipamentos mais avançados para a montagem das carrocerias dos veículos, e este panorama é favorável aos negócios da ABB no Brasil.

 

Para seu gerente da divisão de serviços, Cássio Scarpi, ainda que o mercado esteja retomando o ritmo de vendas internamente, o que em tese refletiria no desempenho da empresa, muitos dos clientes hoje trabalham na finalização de projetos que envolvem mais automação nas fábricas: “Muita coisa está sendo feita neste momento, mesmo que o mercado esteja longe dos volumes de vendas de 2013. Chegarão novos produtos e, com eles, linhas mais modernas. Já temos diversos pedidos fechados com montadoras instaladas daqui”.

 

Levantamento feito pela consultoria IHS, especializada no setor automotivo, indicou onze lançamentos para 2018 utilizando como base a análise do ciclo de desenvolvimento das montadoras nos últimos anos. São esperadas novidades na BMW, Chery, Mercedes-Benz, Hyundai, Mitsubishi, PSA, Renault Nissan, Jaguar Land Rover, Toyota e Volkswagen.

 

Scarpi afirmou que as conversas com fabricantes e sistemistas se encontram em ritmo avançado no que diz respeito aos novos projetos de linhas de montagem: “Excluindo a FCA, que tem como fornecedor de equipamento de automação uma empresa do próprio grupo, os demais fabricantes são clientes globais que estão otimistas sobre os próximos anos a ponto de se prepararem para um aumento da demanda”.

 

O executivo disse, também, que afora a renovação do ciclo de alguns veículos a chegada de novos equipamentos servirá para aumentar o índice de automação da indústria brasileira: “O gosto do consumidor brasileiro demanda veículos com mais tecnologia, da estrutura ao acabamento, e as fabricantes estão buscando mercados mais exigentes nas exportações. A reformulação das linhas inaugura um novo período para o setor automotivo no caminho da conectividade”.

 

A ABB, ex-Asea Brown Boveri, neste sentido, planeja dobrar o número de robôs conectados no Brasil – aqueles que trocam ideias nas linhas de montagem –, chegando a cem unidades até o fim do ano.

 

Dados de pesquisa divulgada durante o Fórum Econômico Mundial, em janeiro, indicam que o Brasil está na 81ª posição em ranking de competitividade que conta com 138 países. Enquanto o nosso parque industrial conta com dez robôs para cada 10 mil funcionários a Coreia do Sul, líder do índice, soma 478. O governo, na semana passada, deu indícios de que pavimenta o caminho para a chegada de mais equipamentos de automação no País, ao anunciar que zerou a alíquota para a importação destes itens e outros ligados ao setor de autopeças.

 

Remanufatura – A ABB, que importa os robôs vendidos aqui, possui cinco unidades no País: uma em Blumenau, SC, um centro de distribuição e uma fábrica de motores e equipamentos de baixa tensão para o setor elétrico em Sorocaba, SP, um centro de distribuição e uma fábrica em Guarulhos, SP. Nesse último funciona linha de produção de equipamentos para o setor elétrico, centro de desenvolvimento em robótica e, nos últimos meses, uma área de remanufatura de robôs. A nova célula faz parte de um processo de diversificação da oferta da empresa em serviços:

 

“Percebemos que muitos setores que estão começando a se automatizar compraram equipamentos usados, e também há clientes tradicionais que decidiram apostar na manutenção dos seus robôs em vez de comprar equipamentos novos. É um mercado pouco explorado no Brasil”.

 

O centro de remanufatura é o primeiro da empresa na América Latina e tem capacidade para reparar trezentos componentes por ano. Sua concepção foi espelhada na unidade que a ABB possui na República Tcheca, em Ostrava. O equipamento que passa pelo processo, segundo Scarpi, chega a custar de 60% a 70% do valor de um novo.

 

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Bosch projeta alta demanda por conectividade

A Bosch projetou crescimento de 25% no volume de veículos conectados até 2025, chegando a 250 milhões de carros em circulação no mundo todo. O cenário traçado estimulou a companhia a investir na oferta de serviços ligados à conectividade. O mais recente esforço foi a construção de um centro de armazenamento de dados, ou datacenter, na cidade de Bremen, na Alemanha.

 

Segundo Besaliel Botelho (foto), presidente da Bosch do Brasil, serão reunidos nos servidores do local os dados gerados pelos veículos conectados que possuem os sensores da empresa: “O investimento foi de € 1 bilhão no local e mostra como a empresa está se preparando para atender uma demanda que será importante no futuro”. O executivo disse também, durante o Seminário AutoData Os Novos Desafio da Indústria Automotiva Brasileira, que a estratégia faz parte de um novo pacote de serviços ligados à internet com lançamento esperado para 2018.

 

O serviço citado é o Bosch Automotive Cloud Suite, anunciado em março deste ano. Em linhas gerais, é uma plataforma de software por meio da qual os clientes desenvolvam serviços de mobilidade, seja diagnóstico preditivo ou estacionamento on-line. A oferta da Bosch é fruto de uma parceria com a TomTom e também com os provedores chineses AutoNavi, Baidu e NavInfo.

 

Botelho justifica os esforços da companhia na área de serviços de tecnologia com o atual rumo que a arquitetura dos veículos esta tomando, principalmente após a popularização de motores menores e mais eficientes: “Um motor elétrico tem 200 partes. A combustão, mais de mil. Existe uma transformação total do powertrain no que diz respeito à cadeia de fornecedores. A transformação vai acontecer, as montadoras e os sistemistas estão atentos a isso, e no futuro haverá uma combinação nas tecnologias destes dois lados do setor”. De acordo com balanço da companhia do ano passado, as vendas na área de soluções de mobilidade cresceram 7% na comparação com as vendas de 2015.

 

Crédito da foto: Mauricio de Paiva

General Motors conecta 200 mil carros na América Latina

A General Motors atingiu a marca de 200 mil veículos conectados na América Latina por meio do sistema OnStar, a maioria deles no modelo Chevrolet Onix, disse Péricles Mosca, diretor de OnStar e Maven da GM, durante o Seminário AutoData Os Novos Desafios da Indústria Automotiva Brasileira.

 

O OnStar surgiu há 20 anos nos Estados Unidos e tem em todo o mundo sete milhões de usuários. No Brasil foi lançado em setembro de 2015 no modelo sedã Cruze. Entram na contabilidade da empresa carros equipados com sistemas de entretenimento e navegação de fábrica. O volume de veículos pode aumentar na região em função das vendas do Onix no Brasil, o mais vendido do País até julho com 98 mil 469 unidades. Outros fatores que podem contribuir são o desempenho das vendas da versão Activ nos países vizinhos e a parceria anunciada recentemente com o aplicativo Waze.

 

O sistema da General Motors havia atingido a marca de 130 mil em adesões, em março, desde o seu lançamento no Brasil. O sistema oferece conexão do usuário com o veículo tendo as funções de navegação, monitoramento remoto e uma central de atendimento que dá suporte em emergências, na busca de informações úteis e na localização do carro.

 

O executivo chegou há dois anos na GM com a responsabilidade de expandir a operação da plataforma de conectividade OnStar e o serviço de aluguel e compartilhamento de veículos Maven no Brasil. Este último está em funcionamento aqui apenas nas três fábricas da GM instaladas no Rio Grande do Sul e em São Paulo, restrito ao uso dos funcionários. Não há previsão, segundo Mosca, de estar disponível para fora dos portões da montadora.

 

Nos Estados Unidos, no entanto, detém uma fatia de 9% do concorrido mercado de compartilhamento de veículos. A plataforma Maven tem mais de 35 mil usuários em 13 cidades daquele país e iniciou operação em Nova York em maio deste ano.

 

Crédito da foto: Mauricio de Paiva

Aprovada compra da NXP pela Qualcomm

Foi aprovada nos Estados Unidos a compra da empresa de semicondutores NXP pela Qualcomm no valor de US$ 38 bilhões. Com o negócio a Qualcomm aumentará sua participação no segmento automotivo – a NXP tem onze montadoras como clientes e dez sistemistas – e, globalmente, passa a concentrar mais seus esforços no segmento de conectividade de veículos.

 

Há três anos, quando foi criada, a divisão de negócios para a indústria automobilística da Qualcomm estava abaixo das demais em termos de faturamento. À época, com o mercado de smartphones em alta, o segmento de chips para dispositivos móveis era o que mais gerava receita – a empresa é a principal fornecedora do componente para o iPhone, da Apple. Hoje, o setor automotivo é a terceira área de atuação da companhia e se prepara para ser, com o aumento da demanda por conectividade nos veículos, a principal.

 

De acordo com Marcos Lacerda, vice-presidente da Qualcomm no Brasil, o negócio vai aumentar o número de funcionários da empresa no mundo todo. O quadro saltará dos atuais 30 mil para 70 mil com os funcionários da NXP: “Atualmente está sendo estruturada a nova composição de executivos com a chegada de novos diretores, é cedo para dimensionarmos os impactos da aquisição no Brasil”.

 

O que se sabe, disse Lacerda na segunda-feira, 21, durante o Seminário AutoData Os Novos Desafios da Indústria Brasileira, é que a Qualcomm manterá a marca NXP nos chips vendidos a partir do momento em que for finalizado o processo de integração das duas empresas, que deverá ser finalizado até 2019.

 

Afora a participação em clientes importantes com a aquisição, o negócio vai imprimir uma nova dinâmica à gestão da Qualcomm. Conhecida no mercado como a única empresa de semicondutores do mundo que não tinha fábricas, agora a empresa passa a contar com unidades de produção nos seus ativos. São 33 unidades de produção no mundo todo.

 

No Brasil, a NXP produz componentes na área de conectividade desde 1997 na cidade de Campinas, SP. A unidade também funciona como centro comercial da empresa na América do Sul. A atuação no País, no entanto, começou em 1967 por meio de uma operação local da Motorola.

 

O setor automotivo é o segundo maior mercado de atuação da NXP. No segundo trimestre deste ano, o desempenho com a venda de chips para este mercado foi recorde e atingiu US$ 938 milhões, um aumento de 9% na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados do último balanço divulgado pela empresa, que é listada na bolsa de valores de tecnologia Nasdaq.

A NXP tem em carteira a Audi, BMW, Daimler, Ford, GM, Honda, Hyundai, Renault Nissan, Tesla, Toyota e Volkswagen. Nas sistemistas, Autoliv, Bosch, Brose, Continental, Delphi, Denso, Fujitsu, TRW, Valeo e Visteon.

 

Crédito da foto: Mauricio de Paiva

Vendas caminham para o melhor mês desde dezembro de 2015

Até sexta-feira, 18, foram emplacados em agosto 113,3 mil unidades de veículos no País, de acordo com dados do Renavam, Registro Nacional de Veículos Automotores, apresentados à AutoData por uma fonte do mercado. Caso mantenha este ritmo nos próximos nove dias úteis até o fechamento do mês de agosto, no dia 31, os emplacamentos chegarão a 207 mil unidades, o melhor desempenho desde dezembro de 2015. O volume envolve também os emplacamentos de caminhões e ônibus.

 

De 2015 pra cá, o mês em que mais houve licenciamentos foi dezembro do ano passado, quando foram registrados 204 mil 329 emplacamentos. Apesar de mostrar uma recuperação das vendas no mercado nacional – que vinha abaixo da casa dos 200 mil desde então –, o volume segue distante do patamar observado no ano de 2013, quando os licenciamentos mensais superavam as 300 mil unidades.

 

De janeiro a julho deste ano foram emplacados 1 milhão 204 mil 260 veículos no País, a uma média diária de pouco menos de nove mil veículos, apontaram dados da Anfavea divulgados no início deste mês. A quantidade de licenciamentos foi 3,4% maior do que a verificada no mesmo período em 2016. Para a entidade, o desempenho traduz a confirmação da retomada das vendas de automóveis e diminuição das perdas no segmento de caminhões.

 

Ao contrário do anunciado para produção e exportações, a Anfavea ainda não reviu projeções de vendas internas para o ano. A entidade manteve em julho, em seu último balanço do setor, a expectativa de crescimento de 4% no mercado brasileiro. Segundo o presidente da Anfavea, Antonio Megale, a entidade ainda não tem confiança para alterar os cálculos. Para ele, o crescimento no semestre está ainda abaixo do projetado para o ano.

Isenta a importação de robôs industriais

O governo publicou um decreto que zera o Imposto de Importação, II, para máquinas e equipamentos industriais sem produção no Brasil. A medida, publicada nesta quinta-feira, 17 foi proposta pela Camex, Câmara de Comércio Exterior, e beneficiará quase cinco mil produtos. Os 4 mil 903 itens importados que anteriormente estavam com alíquota de 2%, estão robôs industriais para indústria automotiva e motores marítimos a diesel.

 

A medida cria um cenário favorável à aquisição destes equipamentos que são aplicados em linhas de montagem das fabricantes de veículos. Os processos descritos no texto da medida incluem robôs para estampagem e punção de portas, capô e tampas traseiras. Para Armando Carvalho, diretor de compras da FCA, zerar o imposto incentiva a indústria a investir na modernização de suas linhas: “São equipamentos importados que têm um alto valor agregado no processo de produção de uma carroceria. Assim, a medida representa um horizonte favorável para aumentar a automação e qualidade dos veículos produzidos aqui”.

 

Segundo dados de uma pesquisa divulgada durante o Fórum Econômico Mundial, em janeiro deste ano, indicam que o Brasil está na 81ª posição em um ranking de competitividade que conta com 138 países. Enquanto o nosso parque industrial conta com 10 robôs para cada 10 mil funcionários, a Coreia do Sul, líder do índice, soma 478.

 

Zerar a tributação desses equipamentos pavimenta o caminho das montadoras para a fabricação de novos veículos no País, disse Cassio Scarpi, gerente da área de serviços do departamento de robótica da ABB, empresa que já instalou no País 5 mil robôs, 70% deles em companhias do setor automotivo:

 

“A maioria dos lançamentos que estão sendo feitos demandou das fabricantes a aquisição de robôs novos. Esperamos para 2018 mais anúncios de veículos nacionais, e a medida de zerar o imposto de importação acelera o processo de instalação aqui”. A ABB mantém no Brasil áreas de desenvolvimento e manutenção em robótica e importa seus robôs das fábricas instaladas na Europa.

 

A proposta foi apresentada pelo titular do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, MDIC, na última reunião da Camex, no dia 15 de agosto, e foi aprovada por unanimidade pelo conselho de ministros. Ela passa a valer a partir desta quinta-feira com a publicação da resolução no Diário Oficial da União. Do total de 4 mil 903 itens, 4 mil 552 referem-se à bens de capital e 351 são bens de informática e telecomunicações. A nova regra vale apenas para as máquinas e equipamentos que não tiverem sido internalizados. As novas listas de produtos isentos do imposto de importação já virão com a alíquota reduzida de 2% para 0%.

 

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