Grupo BMW cresce e mantém liderança no segmento premium da América Latina

São Paulo – O Grupo BMW registrou 48,6 mil vendas de veículos de sua produção e Mini na Argentina, Brasil, México e mercados importadores, “garantindo a liderança do segmento premium na América Latina”. O crescimento sobre 2022 foi de 8%.

Deste volume 11,7 mil foram elétricos ou híbridos plug-in, crescimento de 28%. Um em cada quatro modelos do grupo vendidos na região foram eletrificados, informou a empresa em comunicado.

Foram 41,3 mil BMW, alta de 9%, e 7,2 mil Mini vendidos, avanço de 7%.

“Um em cada três veículos premium na região é um BMW”, disse Reiner Braun, CEO e presidente do grupo na região. “Gostaria de agradecer sinceramente aos nossos clientes pela preferência e à nossa equipe e rede de concessionárias pelo comprometimento.”

No Brasil, principal mercado regional, a BMW liderou as vendas com 15,1 mil unidades e a Mini registrou 1,5 mil vendas, crescimento de 9% e 24%, respectivamente. No México, combinando as duas marcas, o desempenho foi melhor: 14 mil BMW, 12% de alta, e 3,7 mil Mini, queda de 4%.

A Argentina registrou 911 BMW, 11% de aumento, e 129 Mini, 22% de alta. Nos demais mercados foram comercializados 11,3 mil BMW, uma alta de 4%, e 1,8 mil Mini, 15% de avanço.

GWM começa a produzir o Ora 03 fora da China

São Paulo – O primeiro elétrico GWM produzido fora da China é o Ora 03, que passou a sair de linhas de montagem de Rayong, Tailândia. O compacto é, também, o primeiro 100% elétrico produzido no país do Sudeste da Ásia, onde a companhia ingressou em novembro de 2020 com a aquisição da unidade que pertencia à General Motors.

Da unidade sai também um veículo híbrido, também o primeiro com a tecnologia a ser produzido na Tailândia. Atualmente o índice de nacionalização supera os 50%, de acordo com a GWM. 

Lá também foi instalada a S-Volt, primeira fábrica de baterias automotivas do Sudeste Asiático, que será a fornecedora das baterias do Ora 03 de Rayong. Sua capacidade anual é de 60 mil baterias.

Quarta Ram House será inaugurada em Florianópolis

São Paulo – A rede de concessionárias Ram dobrou de tamanho no ano passado, passando de sessenta revendas ao fim de 2022 para 123 em dezembro. Destas três são as Ram House, lojas-conceito que reforçam o posicionamento da marca: em Barueri, SP, em São Paulo e em Goiânia, GO. Nos próximos meses será a vez de Florianópolis, SC, ganhar uma Ram House, segundo Juliano Machado, vice-presidente para a América do Sul. E, com o lançamento da Rampage, a tendência é seguir a expansão.

“Nós nos preparamos para vivenciar o melhor momento da história da nossa marca. Estávamos cientes de que, com o lançamento da Rampage, a demanda aumentaria significativamente. Por isto nos dedicamos a expandir a presença da Ram no País, sempre mantendo nosso compromisso com o atendimento de qualidade e a experiência premium que caracterizam a marca. Dobramos nossa rede de concessionárias e lançamos a Ram House, a primeira loja conceito da marca no mundo. Para 2024 estamos confiantes no caminho de sucesso das nossas picapes, sempre atendendo às expectativas dos clientes em todo o País.”

RAV Correntes verticaliza produção e agiliza entrega para crescer dois dígitos

São Paulo – Em movimento diametralmente oposto ao das empresas fabricantes de caminhões, que amargaram tombo de 37,5% na produção em 2023, a RAV Correntes, fabricante de peças e componentes para implementos rodoviários, principalmente graneleiros e de carga seca, expandiu seu faturamento em 37%, para R$ 9 milhões.

Em parte o crescimento amortece a queda registrada em 2022, quando a receita alcançou R$ 6,6 milhões, 14,3% a menos do que em 2021, quando o faturamento atingiu R$ 7,7 milhões. A escassez de materiais e o aumento dos preços dos insumos, à época, justificou o mau desempenho. Para 2024, entretanto, o plano é crescer de 20% a 30% sobre o resultado positivo.

Segundo a diretora comercial da RAV Correntes, Camila Brezolin, um dos motivos a que se pode atribuir esta perspectiva é a decisão de internalizar a produção e verticalizar processos antes terceirizados, em busca de custo menor e logística facilitada. Por exemplo: foram incorporadas atividades de corte a laser, galvanização e montagem de alguns produtos. Para este ano mais uma máquina a laser foi adquirida, processos de furação e montagem que ainda estão com terceiros serão feitos pela companhia e o portfólio de peças será ampliado.

“Pensamos em começar a oferecer partes em alumínio, como proteção de ciclistas, suporte de para-lamas e a própria grade inteira pronta, pois hoje trabalhamos com as peças que compõem a grade da carreta mas gostaríamos de produzir a tampa completa.”

Camila Brezolin, diretora comercial da RAV Correntes. Foto: Divulgação.

Para melhor comportar a expansão da produção a empresa comprou terreno, ainda à espera da liberação da matrícula, para poder iniciar a construção de fábrica em local próprio. Hoje, no galpão alugado, a área é de 1,4 mil m2. A ideia é, inicialmente, ampliar o tamanho do espaço em 50% e, posteriormente, dobrá-lo.

A RAV Correntes, como o próprio nome diz, começou sua história em 2017 com a produção de correntes de elo soldado em São Marcos, RS. Com o passar do tempo, entretanto, foi incorporada a fabricação de peças como pinos, dobradiças, grampos fixadores, engates fêmea e ganchos.

Quase a totalidade da produção é dedicada ao setor automotivo: 90%. Deste índice 65% são fornecidos a fabricantes de implementos rodoviários e os 35% restantes ao mercado de reposição. Os outros 10% vão para o ramo agrícola.

Para manter o ritmo de crescimento da RAV Correntes, que já forneceu para a Rodofort e hoje é cliente da Guerra, Brezolin contou que está certificando a companhia com o ISO 9001, e a expectativa é que tudo fique pronto até o fim de fevereiro: “Acreditamos que isso nos abrirá portas para outras fabricantes”.

Segundo a executiva o plano é também participar de importantes feiras do setor, como a Fenatran, Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Cargas, e dar continuidade a ações no Exterior iniciadas em 2022. Naquele ano a RAV Correntes expôs em feira no Chile e firmou parcerias.

Em 2023 expandiu seu comércio exterior ao exportar itens para a Bolívia e para o Paraguai. O próximo passo é aguardar as diretrizes do novo governo da Argentina para também negociar no país vizinho. Hoje em torno de 5% do faturamento provêm de exportações. O objetivo é, pelo menos, dobrar este porcentual em 2024.

Galpão de 1,4 mil m2 alugado dará espaço para terreno próprio cujo objetivo é ampliar, em um primeiro momento, em 50% esta área. Foto: Divulgação.

Com operação enxuta, composta por apenas dezesseis funcionários, Brezolin contou que, com os planos de ampliação, três contratações estão engatilhadas e, até o fim do ano, serão somadas mais oito ou dez.

O diferencial, de acordo com a executiva, é a automatização da produção, o que deixa o processo mais constante e menos custoso, afirmou. Algumas máquinas, inclusive, foram projetadas por dois dos três sócios, sendo ela a terceira, mas que se dedica mais à parte administrativa e comercial.

“Um dos nossos pilares é a entrega rápida. Trabalhamos com estoque de produtos, este sempre foi um dos nossos diferenciais. Enquanto algumas empresas do nosso segmento trabalham com prazo de quinze dias, um mês e até dois meses, geralmente, mesmo nos períodos de maior demanda não ultrapassamos uma semana. E isto é algo de que não pretendemos abrir mão.”

BYD patrocina a UEFA Euro 2024, na Alemanha

São Paulo – A BYD assinou contrato para ser a patrocinadora oficial da UEFA Euro 2024, torneio de futebol de seleções europeias que será realizado em junho, em dez cidades da Alemanha. Além de estampar os materiais publicitários da principal competição europeia de países a companhia fornecerá os veículos elétricos para transporte durante o campeonato.

Estão previstas ações nas fan zones espalhadas pelo país e em centenas de eventos em lojas em países de toda a Europa. Segundo a BYD é a primeira vez que um patrocínio de montadora em competições da UEFA envolve apenas veículos 100% elétricos.

“Existem grandes sinergias nas duas organizações”, disse Michael Shu, diretor geral da BYD Europa. “Tal como a UEFA pretendemos inspirar por meio de experiências positivas e inclusivas, com um foco claro nos objetivos da nossa companhia. A BYD está empenhada em tornar a mobilidade elétrica acessível a todos.”

O mercado europeu receberá três novos modelos BYD em 2024 e a submarca Denza está pronta para ser lançada no continente.

Chevrolet estreia nova assinatura e identidade visual

São Paulo – A Chevrolet lançou no domingo, 14, seu novo posicionamento de comunicação no Brasil, o primeiro país da região a adotar a assinatura que foi introduzida nos Estados Unidos em outubro. Após dez anos o Encontre Novos Caminhos, Find New Roads, dá lugar ao Juntos na Direção.

Houve mudança também no logo: a tradicional gravata passa a adotar estilo minimalista, uma tendência da indústria automotiva nos últimos anos – Volkswagen, Renault e Nissan são alguns exemplos de marcas que transformaram seus logos. As peças publicitárias passarão a usar também cores mais vivas e uma nova fonte foi adotada.

Segundo a empresa, em nota, o objetivo é “alinhar a marca com as atuais tendências da sociedade, em um período de grandes transformações rumo à mobilidade mais sustentável, com veículos inovadores, tecnologias inéditas e alterações no perfil do consumidor, que está buscando não apenas produtos de qualidade, mas também marcas com valores bem definidos”.

A campanha de lançamento, produzida pela Commonwealth//WMcCann, já está no ar, com narração de Marcos Mion e trilha sonora criada pela dupla de DJ Tropkillaz.

As mudanças ocorrerão de forma gradual, iniciando pelas campanhas de comunicação e canais com o cliente, como o site Chevrolet. As concessionárias, mais adiante, também deverão passar por transformações com um novo projeto visual.

Veja o filme que dá início à nova campanha:

BYD negocia aquisição da mineira Sigma Lithium 

São Paulo – A BYD negocia com a Sigma Lithium, produtora brasileira de lítio instalada no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, uma possível aquisição, joint-venture ou acordo de fornecimento do metal, importante componente das baterias de carros elétricos. Em entrevista ao Financial Times o porta-voz Alexandre Baldy confirmou as conversas com a empresa, avaliada em US$ 2,9 bilhões e listada nas bolsas de valores de Toronto e Nasdaq:

“Diferentes vertentes estão sendo discutidas sobre fornecimento, joint-venture, uma aquisição… nada é concreto”.

Baldy disse ter se encontrado com a CEO Ana Cabral Gardner em São Paulo no mês passado, mas declinou dar outros pormenores das conversas, citando um contrato de confidencialidade.

O planejamento da BYD em Camaçari, BA, prevê o processamento de lítio e de ferro fosfato, componentes importantes na produção da bateria. Na primeira etapa confirmada no ano passado, porém, que envolve R$ 3 bilhões em investimentos, este processo ainda não está contemplado, embora seja um dos desejos do CEO Wang Chuanfu tornar a Bahia uma espécie de Vale do Silício brasileira.

Indústria ganha bilhões em incentivos sem obrigação de reduzir preços dos carros

Nos últimos dias de 2023 o governo publicou a medida provisória 1205 que cria o Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, uma continuação aperfeiçoada do Rota 2030, com a concessão de muitos bilhões de reais em incentivos tributários para estimular o desenvolvimento da indústria automotiva no País mas sem sinais de redução de preços e de estímulo ao crescimento do mercado.

Nenhum problema em incentivar o desenvolvimento e a produção, no País, de veículos mais eficientes e seguros, com aplicação de IPI menor e descontos no imposto para quanto mais sistemas de segurança eles tiverem e mais sustentáveis eles forem na reciclabilidade e nas emissões.

Inclui-se aí a mundialmente inédita e muito mais justa adoção de medição de emissões de CO2 do poço à roda – e do berço ao túmulo a partir de 2027 –, levando em consideração todo o ciclo de produção e uso do combustível, ou fonte de energia, e do próprio veículo.

Também não há nenhum problema em estimular investimentos na produção nacional de veículos com tecnologias mais avançadas e limpas de propulsão, focando principalmente a eletrificação, por meio da concessão de até R$ 19,3 bilhões de créditos tributários nos próximos cinco anos, na média de R$ 3,8 bilhões por ano – mais do que o dobro da renúncia fiscal concedida na primeira fase do Rota 2030 de 2018 a 2023, de R$ 1,7 bilhão ao ano.

Os incentivos serão concedidos em troca de investimentos obrigatórios mínimos de 0,3% a 0,6% da receita bruta das empresas fabricantes de veículos e de seus fornecedores em pesquisa, desenvolvimento e engenharia, incluindo aportes em fábricas, produtos e seus sistemas.

Com isto a cada R$ 1 investido as empresas terão de volta de R$ 0,50 a R$ 3,20 em créditos tributários que poderão ser abatidos de qualquer imposto devido. Na primeira fase do Rota 2030 o crédito máximo era de R$ 0,12 por real investido para abatimento somente no imposto de renda ou CSLL, contribuição social sobre lucro líquido.

Muito menos problema há no aumento de R$ 200 milhões para R$ 300 milhões e R$ 500 milhões por ano em recursos dedicados a institutos de pesquisa nacionais para o desenvolvimento de tecnologias sem produção nacional.

O problema é que nenhum centavo sequer de todos estes incentivos tem obrigação de chegar na ponta final que faz girar toda essa cadeia produtiva: o consumidor.

Carro melhor para quem?

Não parece haver dúvidas de que os maiores fabricantes de veículos e autopeças instalados no País utilizarão o máximo que puderem esta montanha de incentivos para produzir veículos melhores do que os já feitos atualmente, mas é claro que cobrarão por isto.

Todos os fabricantes elegíveis ao Programa Mover utilizarão os incentivos para compensar aumentos de custos ou, muito mais provável, para aumentar sua rentabilidade – uma obrigação de qualquer empresa quando não há qualquer freio em contrário.

Então a indústria fabricará carros melhores para quem? Para os que puderem comprá-los, que no caso brasileiro são os poucos mais abastados, menos de 10% dos viventes em terras nacionais.

Isto significa que todos os avanços e aperfeiçoamentos esperados de eficiência, emissões e segurança terão alcance bastante reduzido, pois são poucos os que podem pagar pelos benefícios trazidos pelas novas tecnologias.

Na prática os preços dos veículos, que no Brasil atingem altas históricas nos últimos cinco anos, continuarão altos ou crescerão ainda mais, com lançamentos de muitos SUVs – ou coisa parecida – e a óbvia justificativa de que os produtos agregaram maior valor em tecnologia.

Seguindo essa lógica o tíquete médio de venda de automóveis no Brasil – a soma de todos os preços de tabela dos veículos vendidos dividida pelo volume de unidades emplacadas – saltou de R$ 71 mil em 2017 para o dobro disto no fim do ano passado: R$ 140 mil, segundo monitoramento da consultoria Jato Dynamics. O tal valor agregado está cerca de R$ 20 mil acima da correção pela inflação IPCA acumulada nestes seis anos.

Ilusão da escala

Se o governo pensou, acertadamente, em incentivar a indústria nacional e os benefícios que o setor traz ao País em desenvolvimento tecnológico e empregos de melhor qualidade parece ter se esquecido que também é necessário estimular o mercado para sustentar este desenvolvimento. Para isto ao menos parte dos incentivos oferecidos deveria obrigatoriamente chegar aos preços dos veículos.

A alegação geral do setor e do governo é que os preços cairão “naturalmente” por efeito do aumento da escala de produção das novas tecnologias. Mas como se aumenta escala se o mercado não cresce?

A escala de produção acontece na mesma medida da demanda do mercado, e não acontece no atual ambiente de preços muito acima do poder de compra médio da população e financiamentos tão caros quanto inacessíveis.

Sendo mais direto, alguém tem realmente a ilusão de que um fabricante cobrará menos por um carro híbrido flex do que cobra hoje por um modelo 100% a combustão? Independentemente dos incentivos tributários que este veículo recebe, como o novo IPI Verde criado agora pelo Programa Mover – que ainda carece de regulamentação – e 3 pontos porcentuais de desconto que já são aplicados sobre o imposto desde a primeira fase do Rota 2030, é absolutamente improvável que a montadora baixe o preço de uma nova tecnologia.

Este exemplo já existe: a Toyota produz no País versões híbridas flex do Corolla e do Corolla Cross, e ambas as opções são as mais caras das duas gamas de produtos.

Além do desconto de 3 pontos porcentuais no IPI que os dois modelos híbridos já recebem o powertrain é importado do Japão com redução quase a zero do imposto de importação porque não há fornecedores nacionais. Existe escala e incentivos mas nada disso chega ao preço final do produto.

Outro exemplo prático neste sentido é a multiplicação dos carros turboflex, sempre os mais caros de cada linha de produtos apesar de receberem incentivos tributários. Os fabricantes receberam e recebem abatimento de até 2 pontos porcentuais do IPI para os modelos mais econômicos que superaram as metas de eficiência energética impostas pelos programas Inovar-Auto e Rota 2030, e uma das formas de atingir este objetivo e ganhar o desconto foi a adoção de motores turbinados.

É mais um caso de expressivo aumento de escala de produção de turboalimentadores, porque as montadoras ganham incentivos para adotá-los mas nada disso é repassado em favor da redução dos preços.

Incentivo ao lucro

Nada faz crer que algo diferente do que acontece hoje vá acontecer com as tecnologias agora incentivadas pelo Programa Mover. A tendência é de alta de preços, não o contrário.

Ainda que o Mover seja um necessário programa de estímulo ao desenvolvimento da indústria automotiva nacional seus efeitos seriam muito maiores e traria mais benefícios à sociedade se junto com ele fossem adotados mecanismos de redução de preços, para estimular o crescimento do mercado, estagnado na faixa dos 2 milhões de veículos por ano desde 2020.

A pressão dos preços altos está desviando a demanda por veículos no País para a compra de modelos usados cada vez mais velhos, poluentes e inseguros. Basta observar que, em 2023, de cada cem automóveis usados negociados 59 tinham mais de nove anos de idade, e 35 mais de treze anos. Este movimento comprova que o mercado brasileiro está indo na direção oposta do desejado progresso.

Sem o repasse dos incentivos aos preços o que está sendo incentivado é o aumento dos lucros dos fabricantes e o envelhecimento da frota.

Mais de 1,2 mil trabalhadores aderiram ao PDV da General Motors

São Paulo – O PDV, Programa de Demissão Voluntária, negociado pela General Motors com os sindicatos dos metalúrgicos após a greve de dezesseis dias gerada pela demissão, por telegrama, de 1 mil 244 trabalhadores das três unidades paulistas da companhia – que acabou sendo revertida na justiça – quase alcançou a meta estabelecida: aderiram 1 mil 216 pessoas, segundo informações das entidades que representam os trabalhadores.

Com condições mais atrativas do que o que havia sido ofertado como indenização – assim como em relação à proposta anterior aos cortes, que fora rejeitada em setembro –, a empresa estabeleceu o pagamento adicional de seis meses de salário, R$ 15 mil e plano médico por mais três meses ou R$ 6 mil para quem tivesse de um a seis anos de casa e aceitasse o PDV. Aqueles acima de sete anos de empresa receberiam cinco meses de salário, um carro Onix Hatch LS sem escolha de cor ou R$ 85 mil e mais seus meses de convênio ou R$ 12 mil.

Dos1 mil 216 profissionais que aderiram à proposta 700 foram da unidade de São José dos Campos, única que ficou abaixo do volume de dispensas, com 139 a menos, 370 em São Caetano do Sul, 70 a mais, e 146 em Mogi das Cruzes, 41 a mais. No total a diferença para o que a montadora pretendia dispensar foi de 28 profissionais.

Sobre as razões que teria levado a um número maior que os dos cortes anunciados o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Mogi das Cruzes, David Martins de Carvalho, disse que houve uma quebra de confiança na relação do empregador com os funcionários.

“Do modo como tudo foi feito, a demissão por telegrama, em pleno fim de semana, sem conversar com os trabalhadores, depois a reintegração dos empregos com o PDV condicionado, deixou as pessoas indignadas e receosas. Então outros trabalhadores que não tinham sido dispensados preferiram aderir ao pacote e buscar emprego em outro lugar do que continuar na GM, pois se perdeu o elo de confiança com a empresa.”

Já o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, avaliou que a quantidade foi superior porque, durante a negociação, pessoas acidentadas, com estabilidade, optaram por acessar o PDV.

Ao todo seguem usando o crachá da General Motors 7,2 mil profissionais em São Caetano do Sul, 3,3 mil em São José dos Campos e 354 em Mogi das Cruzes, um total de 10 mil 854 trabalhadores. Até junho haverá a compensação de 50% dos dias parados durante a greve e a adesão de cada funcionário na ativa significou o retorno de outro em licença-remunerada.

Renato Almeida, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, avaliou que a “luta nas três fábricas da GM foi um fato inédito e muito positivo”. A abertura do PDV só foi possível, segundo ele, após todo o processo de paralisação concomitante com atividades e negociações que uniram forças:

“Temos estabilidade até maio, o que nos dará tranquilidade provisória nesses meses. Estaremos atentos a qualquer mudança que possa ocorrer, sempre buscando preservar empregos”.

Procurada para comentar o número de adesões ao programa de demissão voluntária a GM não respondeu até o fechamento da reportagem. Durante participação no Congresso AutoData Perspectivas 2024, em novembro, Fábio Rua, vice-presidente de comunicação e relações governamentais da General Motors do Brasil, garantiu que a empresa não sairá do Brasil e que em breve anunciará novo ciclo de investimentos, o que poderá incluir a produção de híbridos, além de elétricos.

Ford inicia estudo para produzir peças com resíduos de oliveira

São Paulo – A Ford está realizando pesquisa, na Europa, para começar a usar galhos e folhas de oliveira descartados na hora da colheita para produzir peças automotivas mais sustentáveis. A intenção é desenvolver um novo biocomposto para substituir parte do plástico usado na produção de peças.

O estudo faz parte do COMPOlive, projeto que incentiva a criação de biocompostos renováveis para substituir o uso de plástico em diversos produtos, inclusive os veículos. A Ford já utiliza forros e carpetes produzidos a partir de garrafas pet, de espuma derivada da soja e de plásticos retirados dos oceanos e reciclados em seus veículos.